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sexta-feira, 25 de junho de 2010

A Morte não existe

Por Léon Denis

A morte é uma simples mudança de estado, a destruição de uma forma frágil que já não proporciona à vida as condições necessárias ao seu funcionamento e à sua evolução. Para além da campa, abre-se uma nova fase de existência. O Espírito, debaixo da sua forma fluídica, imponderável, prepara-se para novas reencarnações; acha no seu estado mental os frutos da existência que findou.

Por toda parte se encontra a vida. A Natureza inteira mostra-nos, no seu maravilhoso panorama, a renovação perpétua de todas as coisas. Em parte alguma há a morte, como, em geral, é considerada entre nós; em parte alguma há o aniquilamento; nenhum ente pode perecer no seu princípio de vida, na sua unidade consciente. O Universo transborda de vida física e psíquica. Por toda parte o imenso formigar dos seres, a elaboração de almas que, quando escapam às demoradas e obscuras preparações da matéria, é para prosseguirem, nas etapas da luz, a sua ascensão magnífica.

A vida do homem é como o Sol das regiões polares durante o estio. Desce devagar, baixa, vai enfraquecendo, parece desaparecer um instante por baixo do horizonte. É o fim, na aparência; mas, logo depois, torna a elevar-se, para novamente descrever a sua órbita imensa no céu.

A morte é apenas um eclipse momentâneo na grande revolução das nossas existências; mas, basta esse instante para revelar-nos o sentido grave e profundo da vida. A própria morte pode ter também a sua nobreza, a sua grandeza. Não devemos temê-la, mas, antes, nos esforçar por embelezá-la, preparando-se cada um constantemente para ela, pela pesquisa e conquista da beleza moral, a beleza do Espírito que molda o corpo e o orna com um reflexo augusto na hora das separações supremas. A maneira por que cada qual sabe morrer é já, por si mesma, uma indicação do que para cada um de nós será a vida do Espaço.

Há como uma luz fria e pura em redor da almofada de certos leitos de morte. Rostos, até aí insignificantes, parecem aureolados por claridades do Além. Um silêncio imponente faz-se em volta daqueles que deixaram a Terra. Os vivos, testemunhas da morte, sentem grandes e austeros pensamentos desprenderem-se do fundo banal das suas impressões habituais, dando alguma beleza à sua vida interior. O ódio e as más paixões não resistem a esse espetáculo. Ante o corpo de um inimigo, abranda toda a animosidade, esvai-se todo o desejo de vingança. Junto de um esquife, o perdão parece mais fácil, mais imperioso o dever.

Toda morte é um parto, um renascimento; é a manifestação de uma vida até aí latente em nós, vida invisível da Terra, que vai reunir-se à vida invisível do Espaço. Depois de certo tempo de perturbação, tornamos a encontrar-nos, além do túmulo, na plenitude das nossas faculdades e da nossa consciência, junto dos seres amados que compartilharam as horas tristes ou alegres da nossa existência terrestre. A tumba apenas encerra pó. Elevemos mais alto os nossos pensamentos e as nossas recordações, se quisermos achar de novo o rastro das almas que nos foram caras.

Não peçais às pedras do sepulcro o segredo da vida. Os ossos e as cinzas que lá jazem nada são, ficai sabendo. As almas que os animaram deixaram esses lugares, revivem em formas mais sutis, mais apuradas. Do seio do invisível, onde lhes chegam as vossas orações e as comovem, elas vos seguem com a vista, vos respondem e vos sorriem. A Revelação Espírita ensinar-vos-á a comunicar com elas, a unir os vossos sentimentos num mesmo amor, numa esperança inefável.

Muitas vezes, os seres que chorais e que ides procurar no cemitério estão ao vosso lado. Vêm velar por vós aqueles que foram o amparo da vossa juventude, que vos embalaram nos braços, os amigos, companheiros das vossas alegrias e das vossas dores, bem como todas as formas, todos os meigos fantasmas dos seres que encontrastes no vosso caminho, os quais participaram da vossa existência e levaram consigo alguma coisa de vós mesmos, da vossa alma e do vosso coração. Ao redor de vós flutua a multidão dos homens que se sumiram na morte, multidão confusa, que revive, vos chama e mostra o caminho que tendes de percorrer.

Ó morte, ó serena majestade! Tu, de quem fazem um espantalho, és para o pensador simplesmente um momento de descanso, a transição entre dois atos do destino, dos quais um acaba e o outro se prepara. Quando a minha pobre alma, errante há tantos séculos através dos mundos, depois de muitas lutas, vicissitudes e decepções, depois de muitas ilusões desfeitas e esperanças adiadas, for repousar de novo no teu seio, será com alegria que saudará a aurora da vida fluídica; será com ebriedade que se elevará do pó terrestre, através dos espaços insondáveis, em direção àqueles a quem estremeceu neste mundo e que a esperam.

Para a maior parte dos homens, a morte continua a ser o grande mistério, o sombrio problema que ninguém ousa olhar de frente. Para nós, ela é a hora bendita em que o corpo cansado volve à grande Natureza para deixar à Psique, sua prisioneira, livre passagem para a Pátria Eterna.

Essa pátria é a Imensidade radiosa, cheia de sóis e de esferas. Junto deles, como há de parecer raquítica a nossa pobre Terra” O Infinito envolve-a por todos os lados. O infinito na extensão e o infinito na duração, eis o que se nos depara, quer se trate da alma, quer se trate do Universo.

Assim como cada uma das nossas existências tem o seu termo e há de desaparecer, para dar lugar a outra vida, assim também cada um dos mundos semeados no Espaço tem de morrer, para dar lugar a outros mundos mais perfeitos.

Dia virá em que a vida humana se extinguirá no Globo esfriado. A Terra, vasta necrópole, rolará, soturna, na amplidão silenciosa.

Hão de elevar-se ruínas imponentes nos lugares onde existiram Roma, Paris, Constantinopla, cadáveres de capitais, últimos vestígios das raças extintas, livros gigantescos de pedra que nenhum olhar carnal voltará a ler. Mas, a Humanidade terá desaparecido da Terra somente para prosseguir, em esferas mais bem dotadas, a carreira de sua ascensão. A vaga do progresso terá impelido todas as almas terrestres para planetas mais bem preparados para a vida. É provável que civilizações prodigiosas floresçam a esse tempo em Saturno e Júpiter; ali se hão de expandir humanidades renascidas numa glória incomparável. Lá é o lugar futuro dos seres humanos, o seu novo campo de ação, os sítios abençoados onde lhes será dado continuarem a amar e trabalhar para o seu aperfeiçoamento.

No meio dos seus trabalhos, a triste lembrança da Terra virá talvez perseguir ainda esses Espíritos; mas, das alturas atingidas, a memória das dores sofridas, das provas suportadas, será apenas um estimulante para se elevarem a maiores alturas.

Em vão a evocação do passado, lhes fará surgir à vista os espectros de carne, os tristes despojos que jazem nas sepulturas terrestres. A voz da sabedoria dir-lhes-á: “Que importa as sombras que se foram! Nada perece. Todo ser se transforma e se esclarece sobre os degraus que conduzem de esfera em esfera, de sol em sol, até Deus”. Espírito imorredouro, lembra-te disto: “A morte não existe”.

Léon Denis - O Problema do Ser, do Destino e da Dor.

quarta-feira, 23 de junho de 2010

Reformar ou Estudar o Espiritismo?

Por Francisco Amado

Kardec era extremamente crítico quanto a tudo o que chegava em suas mãos. Antes de desencarnar ele mostrou como fez e deixou todo o método necessário para que a doutrina pudesse continuar evoluindo de maneira segura e confiável, tal como quando foi codificada. Todavia o que vemos nos dias atuais é o abandono de toda uma metodologia onde começaram a aceitar qualquer novidade para a doutrina, como se ela, a doutrina, tivesse que ser um "Almanaque Abril”, que precisa sempre de novidades e atualizações anuais para vender bem.

Disto, percebe-se com facilidade a popularidade de romance e mais romance com todo tipo de incoerência doutrinaria. Não sei se sou muito crítico, mas, na minha visão, é só parar e pensar um pouco que vocês vão ver que a Doutrina Espírita se transformou num dos maiores e mais rentáveis meios literários brasileiros.

Não existe por parte das editoras um compromisso sequer com a Doutrina, e sim com a venda de livros e com o lucro $$$. (Deixando claro que sou capitalista).

Ao se questionar algum autor ou titulo nas comunidades do Orkut ou em fóruns é com extrema facilidade que vozes lhe taxam como espírita fundamentalista, espírita ortodoxo. Na verdade já me informaram que eu era assalariado das trevas. Só que jamais vi meu contra-cheque, pois nem sabia que tinha direito a salário.(risos).

Mas, vamos esclarecer algumas mentiras ditas repetidamente e quando isso acontece, acaba por tornarem-se como verdades.

O que é um fundamentalista? É todo aquele que acredita em seus dogmas como verdade absoluta, indiscutível, sem abrir-se, portanto, à premissa do diálogo.
Outra falácia que adoram repetir é sobre a ortodoxia xiita que existe dentro de muitos espíritas e Casa Espírita. (leia somente Kardec “fora dele não há salvação” )
Espalham a mão cheia que os ortodoxos querem tirar Jesus do Espiritismo.
Os espíritas ortodoxos. Pensam que o conhecimento ESPÍRITA, deve ficar confinado ao conhecimento da espiritualidade ou da erraticidade do tempo de Kardec.

Onde está a falácia e o sofisma nestas afirmações? Ora, se sou ortodoxo, sei que a Doutrina Espírita busca a discussão e o debate, portanto coloca por terra a firmação de fundamentalista.

Seguindo neste contexto a leitura de todas as obras são recomendáveis, quando se critica uma obra não é com o objetivo de proibição, mas, antes, de apontar as incoerências doutrinárias.

Sobre tirar Jesus da doutrina. Não se tira Jesus do Espiritismo porque ele é claramente citado na codificação. Devemos respeitar Jesus no seu exato valor, mas nunca fazer dele um mito, um novo bezerro de ouro.

Se a codificação espírita informa que devemos avançar na busca de conhecimento e se os ortodoxos defendem esta mesma codificação, então, por conseqüência óbvia, os ortodoxos são os maiores interessados na ampliação de conhecimentos e busca de informações novas no meio espírita.

E justamente quando se levantam alguns contra toda esta prostituição da Doutrina Espírita, tentando voltar ao começo para que não se perca de vez o fio da meada, são taxados de retrógrados e desatualizados, xiitas e sectários, sendo que a única coisa que se pretende é mostrar a verdadeira beleza da doutrina como em seu principio, numa tentativa de não deixar que aconteça com ela o mesmo que aconteceu com o cristianismo primitivo.

A verdade é que, sem a formação doutrinária, não teremos um movimento espírita coeso e coerente. E, sem coesão e coerência, não teremos Espiritismo.

Como afirmou Kardec: “A crença nos Espíritos constitui sem dúvida a sua base, mas não basta para fazer um espírita esclarecido, como a crença em Deus não basta para fazer um teólogo.” No Espiritismo, a questão dos Espíritos está em segundo lugar, não constituindo o seu ponto de partida. E é esse, precisamente, o erro em que se cai e que acarreta o fracasso com certas pessoas.

Ortodoxia não quer dizer, segundo afirma o vulgo, uma espécie de "ferrugem de idéias" ou "idéias ultrapassadas". A ortodoxia significa a "doutrina correta", livre do pluralismo filosófico, das emendas orientalistas e esotéricas que querem dar ao Espiritismo.

Nos debates que participo no Orkut muitas vezes percebo que as coisas se distanciam do campo das idéias e parte para o pessoal, mas vejo também que muitos que discordam do meu posicionamento discordam 40%, poucos discordam 90% ou 100%.

Apesar de divulgar os livros de J. Herculano que é considerado por alguns erroneamente como o pai dos ortodoxos, não concordo quando ele afirma que a doutrina é religião. Religião lembra muito mais a manutenção da ignorância, da dificuldade de entendimento e do livre-pensamento e dos partidários das verdades incontestáveis, que todos devem se curvar (convertendo-se), sem questionamentos em busca da salvação.

Encarar o Espiritismo como uma nova religião só pode levar ao que estamos constatando. Um distanciamento ideológico do movimento espírita em relação ao pensamento de Allan Kardec e o afeiçoamento da ação dos espíritas a padrões confessionais e ritualísticos, velados ou explícitos, caracterizando um processo de sectarização do Espiritismo.

Dessa forma, as Casas Espíritas assumiram, ao longo do tempo, em sua esmagadora maioria, a feição de “casas de oração” e de “pronto socorro”, em detrimento de sua função maior de educadora de almas e libertadora de consciências, consoante os objetivos maiores do Espiritismo.

Como conseqüência tem aquele que procura o Centro unicamente para levar "água fluidificada" para casa e alguns mesmo pasmem-se, levam seus familiares para um "banho de ervas" aconselhado por um dirigente "espírita". Ora, nada temos contra quem é adepto da Umbanda, Candomblé, etc., mas confundir-se Espiritismo com tais denominações é, no mínimo, ignorância das obras básicas do Espiritismo.

O que o Espiritismo objetiva é a transformação interior das criaturas, para que se tornem mais esclarecidas e com isso, dotadas de mente mais arejada e coração mais puro. O que se pretende quando buscamos defender Kardec não é proibir ou decretar o que é certo ou errado e sim o que é Doutrina Espírita e o que é espiritualismo.

Kardec afirma, na introdução de "O Livro dos Espíritos," que a força do Espiritismo não está nos fenômenos, como geralmente se pensa, mas na sua "filosofia"

Para mim, a honestidade intelectual deve levar o indivíduo a tratar o Espiritismo como sério e ortodoxamente, porém esse é um processo de consciência íntima; se a ortodoxia e a seriedade foram a mola mestra dos Espíritos Superiores, ser sério ou ser ortodoxo é condição primeira de quem adere à Doutrina.

Já fui chamado de ortodoxo, mas eu não sou Ortodoxo, e não sou Kardecista. Eu sou apenas Espírita. E isto me basta. Pois, se digo que sou Espírita é porque sigo os princípios da doutrina espírita, e se eu sigo estes princípios conseqüentemente sou espírita. Agora se eu conheço a doutrina, aceito algumas partes mas não outras, eu seria espiritualista, e não espírita.

O ortodoxo sabe avaliar o místico, porque já foi um místico; mas o místico não pode avaliar o ortodoxo, porque nunca foi ortodoxo.

"O Blog dos Espíritas" é elogiado por defesa do estudo de Allan Kardec

Por Fabiano Vidal

A leitora de "O Blog dos Espíritas", Simone Prado, entrou em contato conosco por e-mail para elogiar nossa postura em defender o estudo das obras de Allan Kardec. Segundo ela, "A preocupação de vocês em insistir no estudo constante das obras de Kardec mostra a qualidade do blog. Temos visto muitas obras que se intitulam espíritas, mas que se atêm mais a temas espiritualistas carregados de misticismos, empenhadas mais em cativar os leitores do que realmente instruir e informar com honestidade sobre a doutrina. Apenas estudando muito mesmo é que poderemos entender e separar o joio do trigo, no meio de tantas informações tidas como espíritas.Parabéns mais uma vez a vocês, pela dedicação em divulgar a necessidade de estudo e também pelo louvável propósito de informar, esclarecer acerca do sentido moral que a doutrina espírita nos propõe como meio de progresso para o bem de todos."

Agradecemos o reconhecimento do trabalho de nosso blog, que continuará batendo na tecla em que o Codificador da Doutrina Espírita tanto alertou: "Os maus Espíritos temem o exame; eles dizem: 'Aceitai nossas palavras e não as julgueis.' Se tivessem a consciência de estar com a verdade, não temeriam a luz. O hábito de escrutar as menores palavras dos Espíritos, de pesar-lhes o valor, distancia forçosamente os Espíritos mal intencionados, que não vêm, então, perder inutilmente seu tempo, uma vez que se rejeite tudo o que é mau ou de origem suspeita. Mas quando se aceita cegamente tudo o que dizem, que se coloca, por assim dizer, de joelhos diante de sua pretensa sabedoria, fazem o que fariam os homens - disso abusam." (Allan Kardec, Escolhos dos Médiuns, Revista Espírita, fevereiro de 1859)

sábado, 19 de junho de 2010

[VÍDEO] - O Livro dos Médiuns - Parte III

Série de vídeos da TV Mundo Maior sobre "O Livro dos Médiuns".

Vídeo 09:


Vídeo 10:


Vídeo 11:


Vídeo 12:

Anjos de guarda

Por Rogério Coelho

“(...) E apareceu-Lhe um anjo do Céu, que O confortava”. – Lucas, 22:43.

Por heranças oriundas do caldo cultural judaico-cristão, inúmeras criaturas, e até mesmo muitos que se dizem espíritas, possuem ideias equivocadas a respeito do que se convencionou chamar “Anjo de Guarda”.

Seria um papel extremamente fastidioso, em especial para um Espírito Superior, estar de guarda todo o tempo, acompanhando de perto o seu tutelado, em geral um ser indisciplinado, alienado, sem descortinos espirituais...

Na verdade, ele recebe a missão à semelhança de um pai ou mãe em relação aos filhos: para guiar o seu protegido pela senda do bem, dar-lhe conselhos, consolá-lo nas aflições e levantar-lhe o ânimo nas provas da vida.1

Mas, por acaso, os pais ficam vinte e quatro horas ao lado dos filhos?!

São Luís explica2: Mesmo estando o Espírito Protetor a muitos milhões de léguas distante de seu protegido, não deixa de oferecer-lhe ajuda todas as vezes em que ela se fizer necessária, pois as distâncias, por maiores que sejam, nada são para os Espíritos.

Kardec ensina2:

“(...) Nada tem de surpreendente a doutrina dos anjos guardiães, a velarem pelos seus protegidos, malgrado a distância que medeia entre os mundos. É, ao contrário, grandiosa e sublime. Não vemos na Terra o pai velar pelo filho, ainda que de muito longe, e auxiliá-lo com seus conselhos correspondendo-se com ele? Que motivo de espanto haverá, então, em que os Espíritos possam, de um outro mundo, guiar os que, habitantes da Terra, eles tomaram sob sua proteção, uma vez que, para eles, a distância que vai de um mundo a outro é menor do que a que, neste planeta, separa os continentes? Não dispõem, além disso, do fluido universal, que entrelaça todos os mundos, tornando-os solidários; veículo imenso da transmissão dos pensamentos, como o ar é, para nós, o da transmissão do som?”

Ainda com o Mestre Lionês aprendemos3: “(...) Além do Anjo guardião, que é sempre um Espírito superior, temos Espíritos protetores que, embora menos elevados, não são menos bons e magnânimos. Contamo-los entre amigos, ou parentes, ou, até, entre pessoas que não conhecemos na existência atual. Eles nos assistem com seus conselhos e, não raro, intervindo nos atos da nossa vida.

(...) Deus, em o nosso Anjo guardião, nos deu um guia principal e superior e, nos Espíritos protetores e familiares, guias secundários”.

Onde quer que estejamos, tenhamos a certeza de que receberemos sempre a assistência e o carinho de nossos irmãos maiores da Espiritualidade.

Sem embargo, devemos entender que esses amigos espirituais, mesmo sendo respeitáveis vexilários do bem, têm as suas limitações e, tal como nós, vão escalando os planos superiores da vida até lograrem alcançar, em segurança, a meta assinada pelo Pai Celestial para todas as Suas criaturas.

Enquanto estamos a caminho, eles serão os braços do Cristo a oferecer-nos o apoio necessário para os nossos passos claudicantes na senda do Bem.

1 - KARDEC, Allan. Livro dos Espíritos. 88.ed. Rio [de Janeiro]: FEB, 2006, q. 491.
2 - Idem, ibidem, q. 495.

3 - KARDEC, Allan. O Evangelho Seg. o Espiritismo. 129.ed. Rio: FEB, 2009, cap. XXVIII, item 11.


Por que ler as obras fundamentais do Espiritismo?

Por Vinícius Lousada (1)
vlousada@hotmail.com

A pergunta acima, ao adepto estudioso, pode parecer dispensável por ser sua resposta uma obviedade, pois, nas obras fundamentais do Espiritismo, as de Allan Kardec, é que encontramos a Filosofia Espírita na sua totalidade, e, sem a leitura delas não seremos capazes de apreender seus postulados, nem tampouco, o seu objetivo essencial.

No entanto, do ponto de vista de quem interage junto ao movimento espírita, percebemos muita gente se esquecendo de ler Kardec – ou lendo-o de maneira fragmentada, apenas selecionando trechos ou páginas ao acaso – e saindo à cata de novidades espiritualistas ou as difundindo (e confundindo) como se fossem mesmo da alçada da Doutrina Espírita, ignorando, por sua vez, os princípios filosóficos do Espiritismo ou se detendo nos comentários, leituras e concepções de terceiros sobre o assunto sem se ocuparem da bibliografia kardequiana.

Como, de modo geral, trazemos atavismos religiosos dos quais não nos libertamos por desconhecimento de nós mesmos ou preguiça, lidamos com o Espiritismo como se fosse apenas mais uma religião, ignorando que a convicção espírita se elabora muito mais no exercício da fé raciocinada do que na simples adesão às instituições humanas.

Aliás, escreveu Kardec que “O Espiritismo é uma questão de fé e de crença, e não de associação.” (2), ao responder à reclamação do queixoso Abade Barricand acerca da análise do codificador, presente na Revista Espírita, a respeito das pretensas refutações deste sacerdote à tese espírita nos cursos que ministrava, obviamente, sem conhecimento de causa. Disso, deve ficar evidente que a convicção espírita se edifica mediante o estudo sério e com uma atitude filosofante, por parte do adepto, em relação aos saberes presentes nas obras fundamentais da Doutrina dos Espíritos.

E, no que tange a questão que dá título a esse artigo, o que corrobora no sentido de termos consciência da relevância das obras de Allan Kardec consiste no fato de que, numa perspectiva antropológica do quefazer científico, o emérito professor pode ser considerado co-autor ou co-fundador dessa ciência, em especial conexão com o Espírito Verdade e sua equipe, além de notável codificador do Espiritismo – função mais destacada na primeira edição de O Livro dos Espíritos.

Confirma essa constatação o erudito Canuto Abreu, ao prefaciar a sua tradução da primeira edição de O Livro dos Espíritos, afirmando ser o mestre lionês aprendiz e secretário dos Espíritos passando, na segunda edição (1860), de discípulo a mestre, ou seja, naquela produção “Nivela-se o Aprendiz com os Instrutores” (3). Enfim, visando valorizar efetivamente o trabalho missionário de Kardec é útil levarmos em conta a co-laboração em que se deu a dinâmica de sua pesquisa e produção teórica com os Espíritos Superiores.

Quais são as obras fundamentais?

Muito se ouve falar, da parte daqueles que se consideram versados no Espiritismo, que a pessoa que queira se iniciar no conhecimento espírita precisa ler ou estudar as obras básicas da Doutrina. Essa afirmação corrente parece óbvia, mas nem tanto, e, no meu ponto de vista, por dois motivos.

O primeiro deles se refere ao que podemos depreender de um texto do escritor italiano Ítalo Calvino, em que defende a relevância da leitura das obras consideradas clássicas na literatura e de diferentes campos do saber.

Lendo esse artigo, verificamos que os clássicos são o tipo de livros com os quais todos deveriam se ocupar, todavia poucos o fazem e raras são as pessoas que admitem, ao menos publicamente, não terem feito essas leituras e, não por humildade.

É o caso de alguns adeptos descomprometidos com a Causa que desconhecem os textos de Kardec e afirmam ter ouvido falar ou fingem que sabem deles, atendendo a expedientes nas atividades da casa ou do movimento espírita sem se proporem a ler as tais obras (que consideram básicas!), indiscutível fonte primacial do Espiritismo.

Outro motivo que demonstra a não-obviedade da necessidade de se ler e estudar os livros de Kardec, em nosso meio, consiste na redução que se faz da produção de Allan Kardec ao denominado Pentateuco Kardequiano.

Dito isto, atenhamo-nos à pergunta: quais são as obras fundamentais do Espiritismo? A resposta está num opúsculo escrito por Allan Kardec no ano de 1869, trata-se do “Catálogo Racional: obras para se fundar uma biblioteca espírita”. Nesse pequeno livro, o co-fundador da Doutrina Espírita apresenta um conjunto de obras catalogadas que se vinculavam, de algum modo, ao objeto de estudos da ciência com que se ocupava.

Assim, encontramos citadas no referido catálogo (4) as obras fundamentais da Doutrina Espírita, obras diversas sobre Espiritismo, obras produzidas fora do Espiritismo e as que a ele se opunham.

Kardec nomeia da seguinte forma as obras fundamentais do Espiritismo:
O Livro dos Espíritos (parte filosófica); O Livro dos Médiuns (parte experimental);
O Evangelho segundo o Espiritismo (parte moral);
O Céu e o Inferno ou a Justiça Divina segundo o Espiritismo;
A Gênese, os milagres e as predições, segundo o Espiritismo;
O que é o Espiritismo? – Introdução ao conhecimento do mundo dos Espíritos;
O Espiritismo em sua mais simples expressão;
Resumo da lei dos fenômenos espíritas;
Viagem Espírita em 1862 e a
Revista Espírita: jornal de estudos psicológicos.

Logo é fácil perceber que o essencial para aprender a Filosofia Espírita está nessas obras consideradas por Kardec como fundamentais, entre livros, brochuras e a Revista que produziu até a sua desencarnação em 1869.

Estudando Kardec:

“Temos dito que a melhor maneira de uma pessoa adquirir conhecimentos sobre o Espiritismo é estudar-lhe a teoria. Os fatos virão depois, naturalmente, e serão compreendidos, qualquer que seja a ordem em que os tragam as circunstâncias. Nossas publicações têm sido feitas com o propósito de favorecer esse estudo.” (5)
Notas

1- Educador, escritor e palestrante espírita residente em POA/RS. Contatos: vlousada@hotmail.com
2 - Revista Espírita de julho de 1864.
3 - ABREU, Canuto. O primeiro livro dos espíritos de Allan Kardec. Texto bilíngüe. SP: ICESP, 2007, p. XV.
4 - KARDEC, Allan. Catálogo Racional: obras para se fundar uma biblioteca espírita. Tradução de Julia Vidili. Ed. fac-similar bilíngüe histórica. SP: Madras:USE, 2004.
5 - O que é o Espiritismo? – Terceiro Diálogo – o padre.

No Espiritismo o único errado é Kardec

Por Francisco Amado

Não acredite em qualquer coisa simplesmente porque você escutou.

Não acredite em qualquer coisa simplesmente porque foi dito e fofocado por muitos.

Não acredite em qualquer coisa simplesmente porque foi encontrado escrito em seus livros religiosos.

Não acredite em qualquer coisa meramente na autoridade de seus professores e anciãos.

Não acredite em tradições porque elas foram passadas abaixo por gerações.

"Mas após observação e análise, quando você descobre que qualquer coisa concorda com a razão e o bom senso, então aceite e viva para isso."

O Espiritismo é, ao mesmo tempo, Ciência Experimental e doutrina filosófica.

Como Ciência prática, tem a sua essência nas relações que se podem estabelecer com os Espíritos.

Como Filosofia, compreende todas as conseqüências morais decorrentes dessas relações.
Pode ser definido assim: O Espiritismo é uma ciência que trata da natureza, origem e destino dos Espíritos, bem como de suas relações com o mundo corporal.
(A. Kardec – O Que é o Espiritismo. – Preâmbulo)

Já no O "O Livro dos Médiuns", cap. III, item 35 o seu autor é categórico em afirmar:
Dissemos que o Espiritismo é toda uma Ciência, toda uma Filosofia.
Quem desejar conhecê-lo seriamente deve pois, como primeira condição, submeter-se a um estudo sério e persuadir-se de que, mais do que qualquer outra ciência, não se pode aprendê-lo brincando.

Neste contento oferece a seguinte ordem de estudo de suas obras:
1. O que é o Espiritismo;
2. O Livro dos Espíritos;
3. O Livro dos Médiuns;
4. Seleta, por ele elaborada, depois que escreveu o livro a Gênese, contendo matéria publicada na Revue Spirite, com destaque para um estudo sobre a desobsessão, onde apresenta um quarto caso não incluído no LM ao qual chamou de "obsessão física", onde o Espírito perturbador só quer chamar a atenção do seu pretenso médium para seus predicados. Conta, até, o caso do Espírito corneteiro.

Agora o que ninguém pode contestar e que Kardec não menciona o estudo do evangelho como fundamento doutrinário, portanto, a atual tendência dos seguidores de ensinos mediúnicos oriundos de Entidades espirituais ligadas à Igreja não tem amparo nos conceitos de Kardec.

Atribui-se o fato à massificação da Igreja sobre nossa sociedade há dois milênios, criando a idéia de que Jesus seja nosso salvador.

E tem mais: em nenhum momento Kardec define Jesus como Guia do nosso planeta; pelo contrário, em o Livro dos Espíritos, o que o Espírito instrutor afirma é que, se quisermos um exemplo humano a ser seguido, devemos ver Jesus de fato, o Guia do Planeta jamais poderia se encarnar nele, já que, se o fizesse, durante esse tempo não teria condições de exercer seus poderes supremos porque estaria bitolado aos liames do corpo.

O que salta aos olhos e o interesse enorme de muitos em transformar o Espiritismo em mais uma seita evangélica, descaracterizando-o como doutrina puramente filosófica e tirando-lhe justamente a finalidade precípua que é a de levar os ensinamentos de Jesus àqueles que não aceitem o evangelismo.

Pois justamente, o grande valor do Espiritismo é poder levar tais conhecimentos aos cientistas sem os dogmas e preconceitos religiosos do cristianismo.

A problemática nasce pois a grande maioria que adentra o espiritismo vem de leituras de romances espiritualistas de obras mediúnicas ditadas pelo médiun de sua preferência.

E segundo estes novos praticantes Kardec é que tem que se adequar ao que o espírito ditou em tal e qual obra e não ao contrário.

Na verdade a maioria nem conhecem Kardec e o resto vai na onda e não fique surpreendido pois, não vai demorar para surgir uma obra, que venha denunciar que na verdade o único errado dentro da Doutrina Espírita seja Allan Kardec.

E bom que todos saibam que a Doutrina dos Espíritos NÃO É OBRA DE ROMANCES.

O Espiritismo é OBRA DE FILOSOFIA.

sexta-feira, 18 de junho de 2010

A Renovação Moral do Homem: Possibilidades e Certezas

Por Marcus Alberto de Mario

Passando o olhar pelos acontecimentos sociais que envolvem a humanidade, sejam eles nacionais ou internacionais, tem-se a impressão que no tempo atual tudo está muito pior do que década atrás, que o homem está mais violento, egoísta, materialista. Essa impressão é tão forte que uma amiga, externando seu pensamento sobre os últimos acontecimentos - atentados suicidas, miséria, guerras, crimes, corrupção - disse-nos que a única solução possível para a humanidade é a explosão de uma gigantesca bomba atômica, de tal maneira que todos morressem e o planeta ficasse livre do próprio homem.

É um exagero, sem dúvida, mas fruto do despreparo do próprio homem em saber enfrentar os males sociais com visão de futuro, mostrando o quanto ele próprio está longe de sua espiritualidade. Engana-se minha amiga, pois é fato patente a evolução intelectual e também moral do ser humano, apesar das distorções ainda existentes no campo moral. As leis mudaram, a ética ecológica está atuante, a procura pelas doutrinas espiritualistas é fluxo incessante. Barbarismos de ontem não são mais aceitos hoje.

Estamos em progresso porque é da lei divina a evolução, entretanto, progredindo em estado de crise. Crise de valores, de sentimentos contraditórios, que ainda arrojam parte da humanidade em conflitos que eclodem em manchetes da mídia de comunicação, levando muitos a se enganarem quanto aos prognósticos relativos ao homem e seu estado social. Se crermos em Deus, e o espírita é senhor dessa crença, positivada pela razão, não podemos discursar esse "tudo vai muito mal", "do jeito que a coisa anda, não tem solução", porque tudo tem solução, sim, tudo há de se resolver, mas não do jeito que eu ou qualquer um de nós quer, e sim do jeito certo e sem desvios da sabedoria de Deus, que sabe exatamente o que cada um de seus filhos necessita, qual o mérito de cada um e quais as provas e expiações ainda necessárias ao nosso progresso.

Lembrando o apóstolo João ao declarar que "Deus é amor", temos a plena convicção que nada acontece fora desse verdadeiro manto divino, que tudo cobre, mas nada acoberta. E por nada acobertar, nem jogar para baixo do tapete, compreende que os homens, utilizando o livre arbítrio, ainda errem em seus julgamentos, troquem valores, pois o amor divino espera com paciência ilimitada que todos nós, aproveitando as oportunidades vivenciais, compreendamos, de nossa parte, o que devemos fazer para tudo melhorar na vida.

Deus não desampara seus filhos, por isso recebemos sempre o auxílio direto de espíritos missionários, nas artes, na filosofia, na literatura, na religião e em todos os setores da cultura humana, presentes para mostrar à sociedade o melhor caminho para a renovação, para a construção de novas estruturas, levando o homem a trocar o "TER" pelo "SER". Essa troca é um ponto essencial do pensamento espírita. Se ainda contamos com muitos males, sem dúvida isso devemos à condição individual do homem, teimosamente materialista e egoísta. Seus valores, portanto muitos dos nossos valores, são imediatistas, terra a terra, fugindo da questão "morte" e agarrando-se profundamente na questão "vida", mas vida enquanto nascer, viver e morrer.

Com pouco sentido de espiritualidade, apesar de sermos espíritos imortais, satisfazendo apenas o corpo e ao status social, o homem, enquanto individualidade, é ele mesmo responsável pelo caos social, pois a sociedade é o reflexo dos indivíduos que se juntam em grupo de convívio. Entretanto, muitos alegam: se o governo fizesse sua parte, tudo estaria melhor; se o vizinho respeitasse os outros, tudo estaria melhor; se o patrão cumprisse com suas obrigações, tudo estaria melhor.

Sem dúvida, se cada um deles cumprisse com suas obrigações, claro que tudo estaria melhor, mas você já parou para pensar que, assim como você está reclamando dos outros, com os outros podem estar reclamando de você? Será que eu e você não temos defeitos? Será que eu e você cumprimos com todas as obrigações? Quem nos pede essa reflexão é a Doutrina Espírita, pois a existência é oportunidade de aprendizagens, reeducação, troca de experiências, auxílio mútuo, construção de um viver cada vez mais pautado na solidariedade, na fraternidade e na tolerância.

A possibilidade de progresso do homem e a renovação das estruturas sociais é ilimitada, não somente do ponto de vista intelectual, tecnológico, caminho trilhado com vigor até os dias atuais; mas igualmente do ponto de vista moral, desde que utilizemos a educação para propiciar a formação moral e o desenvolvimento da espiritualidade do homem. A certeza dessa renovação está no tempo, ferramenta divina que o homem está fertilizando, nem sempre com correção, mas sempre utilizando, pois o tempo é o maior tesouro que podemos possuir; tempo para conhecer, para refletir, para pensar, para criar, para corrigir, para construir, para mudar de rumo, para perdoar, para amar.

Cabe perguntar sobre uma possibilidade: podemos acelerar a caminhada rumo à perfeição? Nisso temos uma certeza: se tudo fizermos com amor e por amor, estaremos com Deus assim como Ele sempre está conosco. E estar conjugado conscientemente com o divino não é o tão sonhado estado de felicidade? Procuremos esse caminho, o melhor para trabalhar possibilidades e certezas futuras.

As perspectivas futuras são muito boas. Acreditar ou não na renovação social pela renovação moral dos indivíduos, depende do ponto de vista filosófico em que nos situamos para fazer essa análise. Estudando o Espiritismo, temos essa certeza, que não é mística, pois uma ciência conjugada com uma filosofia, qual a Doutrina Espírita, leva-nos a pensar, raciocinar, estudar, comparar e verificar os fatos. Só por isso já basta aceitarmos o convite para conhecer o Espiritismo e acreditar positivamente no futuro.

"DEVEMOS ACREDITAR E LUTAR NA RENOVAÇÃO SOCIAL PELA RENOVAÇÃO MORAL DOS INDIVÍDUOS".

Fonte: Jornal Espírita, fevereiro/04

domingo, 13 de junho de 2010

Detalhe Esquecido

Por Orson Peter Carrara

Presença é constante no cotidiano humano

É comum nos esquecermos e ocorre com todos. Pelo conhecimento que já detemos, deveríamos guardar isso como indicativo permanente na memória. Sim, para que a confiança plena no auxílio que nunca falta esteja como autêntico farol a iluminar nossas decisões e nossos caminhos, normalmente assinalados pelas dúvidas, neuroses, conflitos e equívocos do cotidiano.

E devemos considerar também que o mesmo detalhe de tal esquecimento, por outro lado, pode precipitar-nos na sintonia perturbadora que sempre vem acompanhada (ou por ela se inicia), da irritação, da agressividade, do medo ou dos desequilíbrios oriundos da precipitação, da calúnia ou da multidão de vícios e condicionamentos a que nos permitimos na vida humana.

Referimo-nos à presença e influência dos espíritos na vida de todos que nos encontramos ocupando corpos físicos na presente encarnação. Ressalte-se, todavia, que tal presença e conseqüente influência, é sempre fruto da sintonia mental que funciona como verdadeiro imã que liga as mentes que se situam no mesmo padrão de vibrações mentais.

Esta citação leva-nos a recordar, igualmente, que nem sempre é salutar a influência ou presença junto ao nosso cotidiano. Espíritos em desequilíbrio, vingativos ou movidos por quaisquer motivos que fujam da fraternidade, só se aproximam e influenciam negativamente porque nos permitimos sintonizar com suas idéias e sentimentos. Aliás, princípios também válidos para nos referirmos aos espíritos bons, elevados, ou integrados com o bem geral.

Em O Livro dos Espíritos e em O Livro dos Médiuns, Allan Kardec aborda o assunto em diversos capítulos e questionamentos, fornecendo informações preciosas para estudo do tema.

Duas questões, todavia, inspiram-nos os presentes comentários: a) a afeição entre os espíritos; e b) A notável doutrina dos anjos guardiões e espíritos protetores, familiares ou simpáticos. Estes temas estão, especialmente, em O Livro dos Espíritos, nas questões 484 a 521.

Motivados pelo teor das respostas nas perguntas acima referidas, deparamo-nos com singela mensagem que Kardec colocou na Revista Espírita (1), que ele mesmo fundou em 1858 e que ainda continua sendo editada, em mensagem que classificou como “I”, de texto psicografado pela mediunidade do Sr. Delanne e ditado pelo espírito que identificou-se como H. Dozon. A mensagem está dentro da abordagem sobre Mediunidade Mental. Ei-la em transcrição parcial, no que mais nos interessa no presente estudo:

“(...) Ora, sabei que a comunicação do mundo incorpóreo com os vossos sentidos é constante; ela se dá a cada hora, a cada minuto, pela lei das relações espirituais. Que os encarnados ousem aqui negar uma lei mesma da natureza! Acabam de dizer-vos que os Espíritos se vêem e se visitam uns aos outros durante o sono: tendes muitas provas. Por que quereríeis que isto não ocorresse na vigília? Os Espíritos não têm noite. Não. Constantemente estão ao vosso lado; eles vos vigiam; vossos familiares vos inspiram, vos suscitam pensamentos, vos guiam; falam-vos e vos exortam; protegem os vossos trabalhos, ajudam-vos a elaborar os vossos desígnios, formados pela metade e os vossos sonhos ainda indecisos; anotam vossas boas resoluções, lutam quando lutais. Lá estão esses bons amigos, no fim de vossa encarnação; eles vos riem no berço, vos esclarecem nos estudos; depois se intrometem em todos os atos de vossa passagem aqui na Terra; oram quando vos vêem vos preparando para ir encontrá-los. Oh! Não, jamais negueis vossa assistência diária (...)”

Ora, lembremo-nos desta presença carinhosa dos bons espíritos, convidando-nos à renovação e ao equilíbrio. São eles os amigos anônimos, invisíveis sim aos olhos carnais, mas sempre presentes. Com esta lembrança guardada e alimentada seremos mais fortes no enfrentamento das dificuldades e nos caminhos do progresso que almejamos.

(1) De março de 1866, dentro da matéria Mediunidade Mental, edição Edicel, tradução de Julio Abreu Filho.

Matéria publicada originariamente no jornal O Clarim, edição de setembro/05.

[BIOGRAFIA] - Deolindo Amorim

Deolindo Amorim (Baixa Grande, Bahia, 23 de janeiro de 1906 — Rio de Janeiro, 24 de abril de 1984) foi um jornalista, escritor e conferencista espírita brasileiro.

Colaborou no Jornal do Commercio e em praticamente toda a imprensa espírita do país.

Deolindo Amorim nasceu no seio de uma família pobre e católica, vindo a tornar-se presbiteriano fervoroso. Rompeu com a sua igreja e permaneceu muitos anos sem definição filosófica ou religiosa.

Mudou-se para o Rio de Janeiro, então capital do país. Graduou-se em Sociologia, pela Faculdade de Filosofia da Universidade do Brasil, tendo feito, ainda, outros cursos de nível superior. Tornou-se jornalista e, posteriormente, funcionário público, tendo galgado elevada posição funcional no Ministério da Fazenda.

Um de seus três filhos é o jornalista Paulo Henrique Amorim.

O ativista espírita

Por volta de 1935, já no Rio de Janeiro, passou a frequentar o Centro Espírita Jorge Niemeyer, onde entrou em contato com o acervo da Doutrina Espírita, mostrando-se profundo admirador das obras de Léon Denis.

Já em 1939 idealizou e promoveu o I Congresso de Jornalistas e Escritores Espíritas, realizado na sede da Associação Brasileira de Imprensa, no Rio de Janeiro. A importância da iniciativa pode ser avaliada considerando-se que, no plano externo, iniciava-se a Segunda Guerra Mundial, e que, no plano interno, o Espiritismo era perseguido por setores da Igreja Católica e pela polícia do Estado Novo.

Também esteve ao lado de Leopoldo Machado na promoção do I Congresso de Mocidades e Juventudes Espíritas do Brasil (Rio de Janeiro, julho de 1948) e na criação do Conselho Consultivo de Mocidades Espíritas.

Privou da amizade de grandes vultos do Espiritismo no Brasil e no exterior, como, por exemplo, Carlos Imbassahy, Leopoldo Machado, Herculano Pires, Leôncio Correia e Humberto Mariotti.

Um dos mais ardorosos defensores das obras codificadas por Allan Kardec e profundo admirador de Léon Denis, foi presidente do Instituto de Cultura Espírita do Brasil e presidente de honra da Associação Brasileira de Jornalistas e Escritores Espíritas.

Levou o Espiritismo ao meio universitário, proferindo bela conferência no Instituto Pinel da Universidade do Brasil, focalizando o tema: "O Suicídio à luz do Espiritismo".
Em defesa do conceito de Espiritismo

Um dos problemas mais emergentes relativos ao bom entendimento da Doutrina Espírita, em meados do século XX, foi a constante tentativa de confundi-lo quer seja com o Candomblé, quer com a Umbanda, quer com as diversas doutrinas espiritualistas. As confusões eram muito grandes, principalmente com os cultos afro-brasileiros. A própria Federação Espírita Brasileira (FEB) pretendeu chamar de "Espiritismo" todas as práticas mediúnicas ou assemelhadas e de "Doutrina Espírita", os conceitos decorrentes da obra codificada por Allan Kardec.

Para dirimir dúvidas, lançando luz sobre o assunto, em 1947 Deolindo Amorim publicou "Africanismo e Espiritismo", obra onde deixa clara a inexistência de ligações filosóficas, práticas ou doutrinárias entre o Espiritismo e as correntes espiritualistas apoiadas na cultura africana, trazida pelo escravos e que se converteram em vários cultos de gosto popular.

Posteriormente, determinado a explanar didaticamente as bases da doutrina de Allan Kardec, escreveu "O Espiritismo e os Problemas Humanos" e o "O Espiritismo à Luz da Crítica", este último em resposta a um padre que escrevera uma obra criticando a Doutrina. Segui-se-lhes "Espiritismo e Criminologia", oriundo de uma conferência no Instituto de Criminologia da Universidade do Rio de Janeiro. Por fim, em 1958, lançou a obra "O Espiritismo e as Doutrina Espiritualistas", onde sem combater nenhuma corrente ou filosofia espiritualista, como a Teosofia, a Rosacruz, e as diversas seitas de origem asiática e africana, embora ressaltando eventuais coincidências de pontos filosóficos, simplesmente define, separa e identifica o que é o Espiritismo, mostrando a sua independência.

Sobre a questão religiosa

Sobre a questão religiosa no Espiritismo, a sua posição foi a mesma de Kardec. Citando as palavras do fundador, concluía que, como qualquer filosofia espiritualista, o Espiritismo tinha consequências religiosas, mas de forma alguma se tornava uma religião constituída.
A fundação do ICEB

Tendo existido, no Rio de Janeiro, a Faculdade Brasileira de Estudos Psíquicos a que pertenceu e foi seu último presidente, quando a instituição se tornou insubsistente Deolindo Amorim promoveu a criação do Instituto de Cultura Espírita do Brasil (ICEB), fundado em 7 de dezembro de 1957 e por ele dirigido até sua desencarnação.

A questão da unificação do movimento

Quanto à questão da unificação do movimento, Deolindo Amorim nunca se ligou à Federação Espírita Brasileira, tendo mantido laços com a Liga Espírita do Brasil, entidade criada em 1927 por Aurino Barbosa Souto e da qual Deolindo Amorim foi o último 2º vice-presidente.

Em 1949, com a assinatura do "Pacto Áureo", a Liga Espírita do Brasil, que não tinha representatividade nacional, deixou de existir, transformando-se numa entidade federativa estadual. Atualmente, após várias denominações, é denominada União das Sociedades Espíritas do Estado do Rio de Janeiro (USEERJ).

Deolindo foi contra o acordo, à época, referindo: "quando a Liga [Espírita do Brasil] aceitou o Acordo de 5 de outubro [de 1949], acordo que se denominou depois, Pacto Áureo, tomei posição contrária (...) votei contra a resolução, porque não concordei com o modo pelo qual se firmara esse documento. E o fiz em voz alta, de pé, na Assembleia, com mais doze companheiros que pensavam da mesma forma."

Obras publicadas

  • Africanismo e Espiritismo
  • Allan Kardec
  • Análises Espíritas
  • Doutrina Espírita
  • Espiritismo à Luz da Crítica
  • Espiritismo e as Doutrinas Espiritualistas
  • Espiritismo e Criminologia
  • Idéias e Reminiscências Espíritas (Documentário)
  • Ponderações Doutrinárias
  • Relembrando Deolindo-Vol.1
  • Relembrando Deolindo-Vol.2
Fonte: Wikipédia

terça-feira, 8 de junho de 2010

Estranha contradição

Por Cairbar Schutel

Parece paradoxal que o Espiritismo conte dentre os seus maiores adversários os sacerdotes da Igreja de Roma e os mais entusiastas prosélitos da Religião Católica. Se a nossa Doutrina não faz outra coisa senão proclamar a existência de Um Deus bom, amoroso, indulgente e sábio; se ela apresenta esse Deus cheio de carícias para com seus filhos, e nos recomenda que O adoremos, em espírito e verdade, e em toda parte, com todas as forças do nosso entendimento, do nosso coração, da nossa alma, por que motivo a Igreja nos apoda e assaca injúrias, quando deveria unir-se a nós para extinguir a incredulidade que lavra pelo mundo, ainda mesmo entre aqueles que se intitulam católicos porque os pais o foram?

Se o Espiritismo preceitua, como o Cristo, o amor ao próximo, sem exclusão de católicos, de judeus e de gentios, se ele ordena a caridade para com todos, como meio de salvação, por que razão o sacerdotalismo o impugna, taxando-o de herético e pagão?

Se a Doutrina Espírita, sancionando a Comunicação dos Espíritos, vem nos demostrar a imortalidade da alma, o prosseguimento da vida, portanto, dos que indevidamente chamamos de “mortos”, os nossos parentes e amigos, conhecidos e desconhecidos, sendo esses fatos a base fundamental da Religião, a rocha inamovível da Fé, por que repele a Igreja esta Verdade, preferindo substituí-la por manifestações diabólicas, que nada edificam e vão de encontro com a bondade e justiça de Deus, vão de encontro com a Doutrina da imortalidade e da Esperança do futuro dos nossos entes caros e do nosso próprio futuro além do túmulo?

Se o Espiritismo tem como base dos seus estudos o Novo Testamento, a Palavra de Jesus Cristo e reproduz a mesma Doutrina do Mestre num maravilhoso fac-símile, a ponto de proclamar como Jesus fazia, a excelsa recomendação: “Amai os vossos inimigos; fazei o bem aos que vos perseguem e caluniam; orai pelos que vos maltratam”, qual é a razão da Igreja execrar o Espiritismo e excomungar aos que dão obediência às suas recomendações?

Se nós, com o Espiritismo, fazemos muita questão de recomendar aos estudiosos o cumprimento dos preceitos de Jesus, exarados nas parábolas do Bom Samaritano (S. Lucas, X, 25-37); do Juízo Final (Mateus, XXV, 31-46); das Dez Virgens (Mateus, XXV, 1-13); Dos Talentos (Mateus, XXV, 14-30); e todas as mais: do Joio e do Trigo, da rede, do grão de mostarda, do fermento, da pérola, do tesouro escondido, do cego que guia cegos; se, enfim, a nossa recomendação é o estudo do Evangelho, em espírito e verdade, por que o sacerdotalismo, que se diz representante de Deus, nos renega e afirma que não temos parte com Jesus?

Se, com conclusão, recomendamos a oração como um preceito de submissão ao Senhor do Céu e da Terra, e a “Prece Dominical”, que foi a que Jesus ensinou aos seus discípulos como a regra áurea para nos dirigirmos a Deus e obtermos perdão das nossas faltas, como ousa o clero afirmar que somos irreligiosos, descrentes e partícipes das instruções do Satanás?

Uma das duas: ou a Igreja de Roma não conhece a Doutrina de Jesus, ou então ela constitui-se sua legítima inimiga.

Estranha contradição!

Fonte: O Clarim - Publicado em 01 de agosto de 1936Justificar

quinta-feira, 3 de junho de 2010

Sai edição de junho da gazeta eletrônica "Pensador"

Por Fabiano Vidal

A Agência de Notícias Espíritas da Paraíba - ANESPB, divulga a edição de junho da gazeta eletrônica "Pensador", agora colorida para atender aos pedidos dos leitores.

Os destaques desta edição são:

  • O recordista Chico Xavier
  • A nossa incapacidade de ouvir
  • Pedofilia e sexualidade
  • Doutrina livre
  • A missão do educador
  • A mídia e o Espiritismo
  • A discussão do laicismo
  • Guerra e paz
Comentários sobre a edição através do e-mail da Redação: cabarros157pensador@hotmail.com.

Clique na imagem da edição para efetuar o download.

O Céu e o Inferno

Por José Herculano Pires

Allan Kardec apresenta a verdadeira face do desejado Céu, do temido Inferno, como também do chamado Purgatório. Põe fim às penas eternas, demonstrando que tudo no universo evolui.

Lendo-se este livro com atenção vê-se que a sua estrutura corresponde a um verdadeiro processo de julgamento. Na primeira parte temos a exposição dos fatos que o motivaram e a apreciação judiciosa, sempre serena, dos seus vários aspectos, com a devida acentuação dos casos de infração da lei. Na segunda parte o depoimento das testemunhas. Cada uma delas caracteriza-se por sua posição no contexto processual. E diante dos confrontos necessários o juiz pronuncia a sua sentença definitiva, ao mesmo tempo enérgica e tocada de misericórdia. Estamos ante um tribunal divino.

Os homens e suas instituições são acusados e pagam pelo que devem, mas agravantes e atenuantes são levados em consideração à luz de um critério superior.

A 30 de Setembro de 1863, como se pode ver em Obras Póstumas, Kardec recebeu dos Espíritos Superiores este aviso: "Chegou a hora de a Igreja prestar contas do depósito que lhe foi confiado, da maneira como praticou os ensinamentos do Cristo, do uso que fez de sua autoridade, enfim, do estado de incredulidade a que conduziu os espíritos". Esse julgamento começava com a preliminar constituída pelo Evangelho Segundo o Espiritismo e devia continuar com O Céu e o Inferno. Dentro de dois anos, em seu número de Setembro de 1865, a Revista Espírita publicaria em sua seção bibliográfica a notícia do lançamento do quarto livro de Codificação Espírita: O Céu e o Inferno. Faltava apenas A Gênese para completar a obra da Codificação da III Revelação.

Dois capítulos de O Céu e o Inferno foram publicados antecipadamente na Revista: o capítulo intitulado Da apreensão da morte, vigorosa peça de acusação, no número de Janeiro de 1865, e o capítulo Onde é o Céu, no número de Março do mesmo ano. Apareceram ambos como se fossem simples artigos para a Revista, mas o último trazia uma nota final anunciando que ambos pertenciam a uma "nova obra que o Sr. Allan Kardec publicará proximamente". Em Setembro a obra já aparece anunciada como à venda.

Kardec declara que, não podendo elogiá-la nem criticá-la, a Revista se limitava a publicar um resumo do seu prefácio, revelando o seu conteúdo. Os capítulos antecipadamente publicados aparecem, o primeiro com o mesmo título com que saíra e o segundo com o título reduzido para O Céu.

Estava dado o golpe de misericórdia nos dogmas fundamentais da teologia do cristianismo formalista, tipo inegável de sincretismo religioso com que o Cristianismo verdadeiro, essencial e não formal conseguira penetrar na massa impura do mundo e levedá-la à custa de enormes sacrifícios. Kardec reafirma o caráter científico do Espiritismo. Como ciência de observação a nova doutrina enfrenta o problema das penas e recompensas futuras à luz da História, estabelecendo comparações entre as idealizações do céu e do inferno nas religiões anteriores e nas religiões cristãs, revelando as raízes históricas, antropológicas, sociológicas e psicológicas dessas idealizações na formulação dos dogmas cristãos.

A comparação do inferno pagão com o inferno cristão é um dos mais eficazes trabalhos de mitologia comparada que se conhece. A mitologia cristã se revela mais grosseira e cruel que a pagã. Bastaria isso para justificar o Renascimento. O mergulho da humanidade no sorvedouro medieval levou a natureza humana a um retrocesso histórico só comparável ao do nazi-fascismo em nosso tempo. Os intelectuais materialistas assustaram-se com o retrocesso do homem nos anos 40 do nosso século e puseram em dúvida a teoria da evolução. Se houvessem lido este livro de Kardec, saberiam que a evolução não se processa em linha reta; mas em ascensão espiralada.

Vemos assim que este livro de Kardec tem muito para ensinar, não só aos espíritas, mas também aos luminares da inteligência néo-pagã que perdem o seu tempo combatendo o Espiritismo, como gregos e romanos combateram inutilmente o Cristianismo. O processo espírita se desenvolve na linha de sequência do processo cristão. A conversão do mundo ainda não se completou. Cabe ao Espiritismo dar-lhe a última demão, como desenvolvimento natural, histórico e profético do Cristianismo em nosso tempo.

A leitura e o estudo sistemático deste livro se impõem a espíritas e não-espíritas, a todos os que realmente desejam compreender o sentido da vida humana na Terra. Mesmo entre os espíritas este livro é quase desconhecido. A maioria dos que o conhecem nunca se inteirou do seu verdadeiro significado. Kardec nos dá nas suas páginas o balanço da evolução moral e espiritual da humanidade terrena até os nossos dias. Mas ao mesmo tempo estabelece as coordenadas da evolução futura. As penas e recompensas de após a morte saem do plano obscuro das superstições e do misticismo dogmático para a luz viva da análise racional e da pesquisa científica. É evidente que essa pesquisa não pode seguir o método das ciências de mensuração, pois o seu objetivo não é material, mas segue rigorosamente as exigências do espírito científico moderno e contemporâneo.

O grave problema da continuidade da vida após a morte despe-se dos aparatos mitológicos para mostrar-se com a nudez da verdade à luz da razão esclarecida.

José Herculano Pires, na introdução de O Céu e o Inferno