Por José Herculano Pires
(...)A propagação do Espiritismo se tem feito, entre nós, muito mais através da prática do que da teoria, ou seja, do estudo doutrinário. Contam-se por verdadeira multidão as pessoas que se tornaram espíritas e freqüentam sessões sem jamais haverem lido “O Livro dos Espíritos” ou qualquer outra das obras básicas da doutrina. Quando muito, essas pessoas têm ouvido falar de Kardec nas palestras e conferências espíritas, e tem recebido alguns ensinamentos através da leitura de uma página ou outra de “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, nas deficientes sessões teóricas que alguns Centros ainda praticam, uma vez por semana.
Essa situação do Espiritismo no Brasil é a mais estranha e paradoxal que se poderia imaginar. Espiritismo é doutrina. Bastaria isto para nos mostrar a impossibilidade de praticar Espiritismo sem o conhecimento dos seus princípios. A prática doutrinária devia ser uma conseqüência do estudo e da assimilação da teoria. As sessões teóricas, por isso mesmo, deviam ser mais numerosas do que as sessões práticas. Ao invés de cada Centro realizar três e quatro sessões práticas por semana e apenas uma de teoria, o contrário é que devia ser feito.
Vejamos um exemplo corriqueiro. Pode alguém praticar a odontologia, curar e arrancar dentes, sem primeiro ter aprendido a profissão? Antigamente existiam os dentistas práticos, e ainda hoje existem alguns licenciados. É verdade que eles não cursaram escolas, mas antes de se entregarem à prática tiveram de aprender com outro profissional. Outro exemplo, ainda mais banal, é o do barbeiro. Pode alguém abrir um salão e praticar a arte, sem antes ter aprendido? O mesmo se dá no futebol. É possível jogá-lo, sem conhecer as regras do jogo, sem antes aprender?
Esses exemplos, pela sua própria natureza popular, de fácil compreensão por todos, devem estar constantemente na boca dos doutrinadores e dos dirigentes de associações espíritas. Ora, se para ser dentista, barbeiro ou futebolista, ninguém pode deixar de lado a teoria, o estudo, o aprendizado, que dizer do Espiritismo, que é coisa muito superior à odontologia, à arte de barbear e ao jogo de futebol? Se ninguém pode realizar com perfeição e segurança um simples ato material mecânico, sem grande importância, como pode entregar-se a coisas muito mais sérias e complicadas, como a recepção e doutrinação de Espíritos?
O erro fundamental do Espiritismo em nosso País está justamente nesse problema, que precisamos solucionar. A mistificação tomou conta de grande número de nossas sociedades, porque os seus dirigentes não se prepararam devidamente para a tarefa árdua, difícil e séria, que resolveram tomar sobre os ombros. Mas, o responsável maior por esse fato não é a ignorância, como pensam muitos. Não. A ignorância tem a sua parte de responsabilidade, sem dúvida, mas a responsabilidade maior é da vaidade, do orgulho, da pretensão. Porque a pessoa pode ser ignorante e não ser vaidosa. Então, ela não se arrogará o direito de dirigir os outros, de ensinar o que não sabe, de acreditar na tapeação dos chamados “guias”, que lhe dizem a todo instante ser ela “a maior no Grupo ou Centro a que pertence”.
O combate à prática indiscriminada do Espiritismo, feita sem o devido conhecimento da doutrina, deve, portanto, ser desenvolvido sem esmorecimentos. Esse combate tem também objetivo e conseqüências morais, visando à reforma íntima dos nossos confrades. Mostrando-lhes os erros em que tem incorrido, contribuímos para que eles compreendam o erro maior, que está nos seus próprios corações, ou seja, o erro da vaidade, e da mais tola das vaidades, aquela que não se baseia senão em si mesma.
É necessário que esclareçamos bem este ponto. Vamos, pois, a um exemplo material, pois nada melhor do que as figuras, para dizerem as coisas de maneira eficiente. Quem não conhece a história daquele homem que, por força dos elogios, se convenceu de que era peão e montou um burro chucro, para ser logo atirado ao chão pelo animal? Pois essa história nos dá a imagem perfeita do presidente de Centro, diretor de trabalhos ou doutrinador que não estudou, não estuda e não conhece a doutrina. Os Espíritos mistificadores dizem que ele “é o tal”, ensinam-lhe uma porção de bobagens, que ele não pode saber se estão certas ou erradas, e depois o atiram no lombo de um burro chucro. É por isso que vemos por aí, em tantos Centros, presidentes e doutrinadores com os olhos cheios de areia. Não enxergam nada, porque caíram do burro e a areia lhes tapou a vista.
Para ser espírita é preciso conhecer o Espiritismo. Para doutrinar Espírito é preciso saber doutrina. O que é doutrinar? Não é ensinar doutrina? E como pode alguém doutrinar, se não conhecer doutrina? O resultado dessa confusão é que os doutrinadores se afundam num emaranhado de bobagens, ensinando coisas que o Espiritismo condena. Fazem como os fariseus, de que falava Jesus, que não entram no céu e não deixam os outros entrarem. Eles não aprendem doutrina e não deixam os outros aprenderem, porque cheios de si e vazios de Cristo, só falam das suas próprias tolices.
Cada presidente de Centro, cada orador, cada doutrinador espírita tem sobre os ombros uma grande responsabilidade, que é a da difusão da verdadeira doutrina. Que cada qual, pois se compenetre dessa responsabilidade, e não se assuste de ser ignorante, pois todos os somos, numa coisa ou noutra, mas não queira nunca ser o peão que os falsos elogios atirou ao lombo do burro chucro. A ignorância tem remédio através do estudo; mas a vaidade, essa é cega e teimosa como uma bruxa.
(...)A propagação do Espiritismo se tem feito, entre nós, muito mais através da prática do que da teoria, ou seja, do estudo doutrinário. Contam-se por verdadeira multidão as pessoas que se tornaram espíritas e freqüentam sessões sem jamais haverem lido “O Livro dos Espíritos” ou qualquer outra das obras básicas da doutrina. Quando muito, essas pessoas têm ouvido falar de Kardec nas palestras e conferências espíritas, e tem recebido alguns ensinamentos através da leitura de uma página ou outra de “O Evangelho Segundo o Espiritismo”, nas deficientes sessões teóricas que alguns Centros ainda praticam, uma vez por semana.
Essa situação do Espiritismo no Brasil é a mais estranha e paradoxal que se poderia imaginar. Espiritismo é doutrina. Bastaria isto para nos mostrar a impossibilidade de praticar Espiritismo sem o conhecimento dos seus princípios. A prática doutrinária devia ser uma conseqüência do estudo e da assimilação da teoria. As sessões teóricas, por isso mesmo, deviam ser mais numerosas do que as sessões práticas. Ao invés de cada Centro realizar três e quatro sessões práticas por semana e apenas uma de teoria, o contrário é que devia ser feito.
Vejamos um exemplo corriqueiro. Pode alguém praticar a odontologia, curar e arrancar dentes, sem primeiro ter aprendido a profissão? Antigamente existiam os dentistas práticos, e ainda hoje existem alguns licenciados. É verdade que eles não cursaram escolas, mas antes de se entregarem à prática tiveram de aprender com outro profissional. Outro exemplo, ainda mais banal, é o do barbeiro. Pode alguém abrir um salão e praticar a arte, sem antes ter aprendido? O mesmo se dá no futebol. É possível jogá-lo, sem conhecer as regras do jogo, sem antes aprender?
Esses exemplos, pela sua própria natureza popular, de fácil compreensão por todos, devem estar constantemente na boca dos doutrinadores e dos dirigentes de associações espíritas. Ora, se para ser dentista, barbeiro ou futebolista, ninguém pode deixar de lado a teoria, o estudo, o aprendizado, que dizer do Espiritismo, que é coisa muito superior à odontologia, à arte de barbear e ao jogo de futebol? Se ninguém pode realizar com perfeição e segurança um simples ato material mecânico, sem grande importância, como pode entregar-se a coisas muito mais sérias e complicadas, como a recepção e doutrinação de Espíritos?
O erro fundamental do Espiritismo em nosso País está justamente nesse problema, que precisamos solucionar. A mistificação tomou conta de grande número de nossas sociedades, porque os seus dirigentes não se prepararam devidamente para a tarefa árdua, difícil e séria, que resolveram tomar sobre os ombros. Mas, o responsável maior por esse fato não é a ignorância, como pensam muitos. Não. A ignorância tem a sua parte de responsabilidade, sem dúvida, mas a responsabilidade maior é da vaidade, do orgulho, da pretensão. Porque a pessoa pode ser ignorante e não ser vaidosa. Então, ela não se arrogará o direito de dirigir os outros, de ensinar o que não sabe, de acreditar na tapeação dos chamados “guias”, que lhe dizem a todo instante ser ela “a maior no Grupo ou Centro a que pertence”.
O combate à prática indiscriminada do Espiritismo, feita sem o devido conhecimento da doutrina, deve, portanto, ser desenvolvido sem esmorecimentos. Esse combate tem também objetivo e conseqüências morais, visando à reforma íntima dos nossos confrades. Mostrando-lhes os erros em que tem incorrido, contribuímos para que eles compreendam o erro maior, que está nos seus próprios corações, ou seja, o erro da vaidade, e da mais tola das vaidades, aquela que não se baseia senão em si mesma.
É necessário que esclareçamos bem este ponto. Vamos, pois, a um exemplo material, pois nada melhor do que as figuras, para dizerem as coisas de maneira eficiente. Quem não conhece a história daquele homem que, por força dos elogios, se convenceu de que era peão e montou um burro chucro, para ser logo atirado ao chão pelo animal? Pois essa história nos dá a imagem perfeita do presidente de Centro, diretor de trabalhos ou doutrinador que não estudou, não estuda e não conhece a doutrina. Os Espíritos mistificadores dizem que ele “é o tal”, ensinam-lhe uma porção de bobagens, que ele não pode saber se estão certas ou erradas, e depois o atiram no lombo de um burro chucro. É por isso que vemos por aí, em tantos Centros, presidentes e doutrinadores com os olhos cheios de areia. Não enxergam nada, porque caíram do burro e a areia lhes tapou a vista.
Para ser espírita é preciso conhecer o Espiritismo. Para doutrinar Espírito é preciso saber doutrina. O que é doutrinar? Não é ensinar doutrina? E como pode alguém doutrinar, se não conhecer doutrina? O resultado dessa confusão é que os doutrinadores se afundam num emaranhado de bobagens, ensinando coisas que o Espiritismo condena. Fazem como os fariseus, de que falava Jesus, que não entram no céu e não deixam os outros entrarem. Eles não aprendem doutrina e não deixam os outros aprenderem, porque cheios de si e vazios de Cristo, só falam das suas próprias tolices.
Cada presidente de Centro, cada orador, cada doutrinador espírita tem sobre os ombros uma grande responsabilidade, que é a da difusão da verdadeira doutrina. Que cada qual, pois se compenetre dessa responsabilidade, e não se assuste de ser ignorante, pois todos os somos, numa coisa ou noutra, mas não queira nunca ser o peão que os falsos elogios atirou ao lombo do burro chucro. A ignorância tem remédio através do estudo; mas a vaidade, essa é cega e teimosa como uma bruxa.
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