Sob a ótica da Medicina Legal, hereditariedade é o fenômeno biológico pelo qual se opera a transmissão de caracteres físicos e morais dos pais aos filhos. Temos, assim, a hereditariedade fisiológica que, por si mesma, não pode explicar determinados fatos que vão além dos seus acanhados limites. Há certas particularidades, no campo da hereditariedade, que demonstram heranças que nada têm a ver com os caracteres biológicos dos ascendentes. Filhos de pais, sem quaisquer índices de inteligência, nascem com faculdades intelectivas fulgurantes e com inatas vocações para as artes, para a ciência, para a literatura, a música e outros ramos do conhecimento. Assim sendo, a hereditariedade, no seu amplo sentido, para ser melhor compreendida, tem de ser completada, também, com o conceito da hereditariedade psíquica, ou seja, aquela herança que o Espírito já traz consigo mesmo, quando retorna o vaso carnal. Meus amigos, quem, a não ser o Espírito Imortal, pode constituir o fio condutor que, através de um contínuo nascer e morrer de formas, rege o desenvolvimento da evolução? Sim, através das múltiplas vivências, o Espírito vai amadurecendo e acumulando experiências, bem como, vai adquirindo cultura, patrimônio inalienável que o acompanha. Daí, então, a hereditariedade psíquica que transcende as barreiras da hereditariedade fisiológica. Esse conceito de hereditariedade psíquica, por certo, conduz à inevitável conclusão extraída de fatos já vivenciados relativos à sobrevivência de um Princípio Psíquico depois da morte. Sócrates já nos ensinava que "viver é recordar".
Os animais, nossos irmãozinhos menores, também, possuem o seu "corpo astral", (Perispírito), que sobrevive à morte do corpo físico e que é, justamente, aquele "fio condutor", ligando as numerosas fases das reencarnações.
Sim, meus amigos, se o Psiquismo, (Espírito), já está demonstrado, como fazendo parte dos fenômenos biológicos, forçoso é admitir que ele, assim como sobrevive à morte orgânica, deva preexistir ao nascimento. Ao Espírito são confiados os últimos produtos da vida e a continuidade do transformismo evolutivo, como Unidade Diretora que é de todas as suas formas sucessivas. A hereditariedade nos apresenta determinados fenômenos que só podem ser explicados à luz da hereditariedade psíquica, ou seja, o Espírito herdando de si mesmo as suas qualidades ou os seus defeitos. Quantas vezes, os filhos superam os pais e os gênios nascem de antepassados medíocres! Como pode o mais ser gerado pelo menos?
Entre pais e filhos prevalecem mais as semelhanças orgânicas do que as qualidades psíquicas. Notemos que a gênese do psiquismo, a formação do instinto, da consciência, por certo, são problemas de outra maneira insolúveis, caso não sejam analisados e equacionados à luz da legítima herança psíquica.
Um rio não pode criar-se a si mesmo; também o Espírito não pode criar-se a si mesmo. E, como o rio, o Espírito percorre uma longa distância, vencendo os acidentes da jornada, para alcançar a amplidão do oceano. Não podemos aceitar a tese de algumas crenças de que a Alma nasce com o corpo. Nesta hipótese, se a Alma nasce com o corpo fatalmente deve morrer com o corpo e, nesse caso, a lógica nos conduzirá ao mais desesperado materialismo. Isso não é verdade, porque já está provada cientificamente a sobrevivência do Espírito.
Meus amigos, tudo obedece a uma lei fatal de causalidade, uma lei íntima, invisível e inviolável, contra a qual nada podem a astúcia e a prepotência. Nunca se pode fugir às conseqüências das próprias ações. O Bem ou o mal que alguém faz, o faz para si mesmo.
Devemos considerar que antes da hereditariedade fisiológica, há uma hereditariedade psíquica que se sobrepõe àquela, resumindo todas as nossas obras e encerrando o nosso destino.
Mantemos com os nossos Pais uma relação de afinidade. Por isso mesmo reencarnamos nos ambientes onde devemos reencarnar e cruzamos com aquelas criaturas que devemos cruzar, ou por um toque de bem querer ou para restabelecimento de elos partidos.
Nossos Espíritos, normalmente, escolhem o lugar e o tempo em que, prescientes das provas, as têm que vencer.
Curvemo-nos, assim, ante nossa hereditariedade psíquica, pois, espiritualmente, somos os nossos próprios herdeiros e, assim sendo, temos que arcar com a partilha dos nossos Bens ou dos nossos males.
Fonte: Jornal Verdade e Luz Nº 166 Novembro de 1999
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