Por José Soares de Almeida
Para se acreditar na Doutrina Espírita poder-se-ia dispensar a série de manifestações, tais como mesas girantes e falantes, levitações, aparições de entes queridos ou amigos desencarnados, escrita psicografada e outros fenômenos, embora elas se tornem necessárias para desfazer as dúvidas de certas pessoas que, como São Tomé, precisam “ver para crer”.
A própria existência do ser humano, a maravilhosa estrutura do seu organismo, o poder ilimitado da sua mente e outros dons, bem compreendidos e analisados, bastariam, só por si, para induzir o homem a meditar sobre a continuidade da vida após a morte, baseado na certeza de que Deus nada fez de inútil e sem uma finalidade, e que a morte não é a destruição total do homem, mas, apenas, uma fase de transição na sua longa trajetória evolutiva.
Comecemos a pensar no nosso corpo físico, na maravilha que ele é, com os seus inúmeros órgãos, tecidos, músculos, nervos, glândulas, válvulas e outras partes, todas elas funcionando ritmicamente, em perfeita harmonia, cada uma delas exercendo a sua função e cumprindo a sua tarefa, algumas delas extremamente importantes e delicadas e, o mais estranho de tudo, sem ninguém as dirigindo, como se fossem uma grande orquestra que tocasse esplêndidas sinfonias durante décadas e décadas, sem intervalo e sem maestro.
Acrescente-se a tudo isso que todas essas partes do corpo são periodicamente substituídas, sem contudo perderem a harmonia e a unidade, e sem que a pessoa - o dono do corpo - tenha a mínima consciência dessa renovação orgânica, pois a sua individualidade mantém-se inalterável, do que se conclui que o ser real está na alma da pessoa e não no seu corpo material.
Além desse trabalho extraordinário e silencioso do nosso organismo, a que, geralmente, não prestamos a mínima atenção, temos várias outras faculdades que independem das funções físico-químicas do corpo, como o pensamento, o raciocínio, a vontade, a noção do bem e do mal, as emoções, o amor, o ódio e outros sentimentos que nenhum órgão físico tem a capacidade de produzir, mas que fazem parte do ser vivente. São características da natureza espiritual do homem.
Nota-se também que, não obstante todos os seres humanos apresentarem idêntica estrutura anatômica, não há dois deles com a mesma individualidade.
Essa diferença é marcada pela formação espiritual de cada um - formação essa que dá ao ser a noção da sua existência individual, a consciência do EU.
Conclui-se, portanto, que o homem é a fusão de duas naturezas: a material e a espiritual, o corpo e a alma. Quando chega a morte, o indivíduo deixa de viver neste mundo, podendo-se dizer que a morte é o limite da vida material após o que se reinicia a vida no mundo espiritual. O que se perde é o corpo carnal e não o espírito individual. Essa é uma dedução lógica e racional.
É do conhecimento geral, com exceção de alguns materialistas obstinados, que a alma sobrevive à morte física, crença essa que é não só universal, mas também tão antiga quanto o homem. O grande mistério, que a Ciência Espírita veio elucidar, estava em saber o que acontecia ao Espírito e qual o seu destino depois da desencarnação.
Uma vez admitida a sobrevivência da alma, embora em outra dimensão, em forma etérea, pergunta-se: pode ela entrar em contato com os seres vivos?
Reconhecerá ela as pessoas que lhe foram queridas durante a vida terrestre? É natural que as perguntas continuem. O fato, porém, que não se deve esquecer e que a razão impõe, é que a individualidade da pessoa não morre com o corpo físico. É como uma fruta, uma manga, por exemplo, de que se remove a casca, mas, mesmo assim, continua sendo manga, sem perder o seu sabor. O nosso corpo que morre é apenas a casca que se inutiliza, perde-se o invólucro que reveste o ser real, mas este permanece intacto.
A verdade da nossa sobrevivência é que a vida continua com as suas características individuais, embora em forma etérea, invisível e intangível, podendo-se mesmo dizer que a alma de algum ente querido esteja, neste momento, ao nosso lado, ajudando-nos nas dificuldades, protegendo-nos contra os perigos, velando por nós.
De acordo com a lógica, se a morte fosse o fim de tudo, por que Deus, em sua suprema inteligência, teria permitido a existência do ser humano, com um organismo tão complexo e maravilhoso? Será para fazer dele um simples brinquedo que, depois de quebrado, se joga fora? Isto seria contrário à sabedoria divina. O Espiritismo esclarece esse mistério. Ele nos dá uma noção mais clara e ampla do ser humano, da sua existência aquém e além da morte corporal, do Espírito que o anima e do seu destino. Pode-se dizer que o Espiritismo desvendou o segredo da tumba: ele venceu o silêncio da morte.
A Doutrina Espírita trouxe até nós os Espíritos desencarnados, mostrou-nos a realidade do mundo invisível, estabeleceu contato entre o nosso mundo e o outro além da fronteira da morte, e confirmou, mediante provas visíveis e racionais, a imortalidade da alma.
Pelo Espiritismo conhecemos a causa de certos fenômenos, normalmente inexplicáveis, sem termos de recorrer ao “misterioso” e ao “sobrenatural”, porque no Universo não há mistério, tudo tem a sua causa, sendo que os mistérios são criados pela nossa deficiente e limitada capacidade perceptiva; quanto ao “sobrenatural”, temos que nos convencer de que nada existe fora das leis da Natureza, que Deus estabeleceu eternas e imutáveis.
Existem, de fato, certos casos que ultrapassam a nossa compreensão e que, portanto, consideramos “milagrosos” ou fraudulentos, mas que à luz do Espiritismo estão dentro das possibilidades espirituais.
Há no mundo invisível Espíritos altamente evoluídos que, de quando em quando, são enviados a este mundo como líderes espirituais, homens que se distinguem pela sua santidade, para alertar a Humanidade e iluminar o caminho da redenção. Outras vezes, algum Espírito de grau elevado recebe uma missão divina e reencarna, a fim de espalhar o bem, o amor e a caridade, obrando maravilhas, ajudando os infelizes, curando os doentes.
Podemos, portanto, concluir que o que chamamos de morte é apenas um fato natural, mas que se torna inconsolável para os que não querem ver, mesmo à luz da razão, o que está além da matéria densa e grosseira que forma o nosso mundo visível. Para esses, é difícil compreender o mundo dos Espíritos, onde a vida individual continua. Sobre o assunto, Kardec explica: “ Diz-se muitas vezes ao falar da vida futura que não se sabe o que nela acontece, pois ninguém de lá volta. É um erro. São precisamente aqueles que lá se encontram que vêm nos instruir, e Deus o permite hoje mais do que em nenhuma outra época, como última advertência à incredulidade e ao materialismo”.
O que o Espiritismo ensina não está baseado em superstições nem em probabilidade, mas, em comunicações autênticas e concretas dos que habitam o outro mundo, tão verídico como o nosso, embora em outra dimensão. Esta é a realidade que se nos impõe quando examinamos os fatos à luz reveladora da razão, de uma razão livre de dogmas e preconceitos.
Fonte: Revista Reformador – Set/1998
Para se acreditar na Doutrina Espírita poder-se-ia dispensar a série de manifestações, tais como mesas girantes e falantes, levitações, aparições de entes queridos ou amigos desencarnados, escrita psicografada e outros fenômenos, embora elas se tornem necessárias para desfazer as dúvidas de certas pessoas que, como São Tomé, precisam “ver para crer”.
A própria existência do ser humano, a maravilhosa estrutura do seu organismo, o poder ilimitado da sua mente e outros dons, bem compreendidos e analisados, bastariam, só por si, para induzir o homem a meditar sobre a continuidade da vida após a morte, baseado na certeza de que Deus nada fez de inútil e sem uma finalidade, e que a morte não é a destruição total do homem, mas, apenas, uma fase de transição na sua longa trajetória evolutiva.
Comecemos a pensar no nosso corpo físico, na maravilha que ele é, com os seus inúmeros órgãos, tecidos, músculos, nervos, glândulas, válvulas e outras partes, todas elas funcionando ritmicamente, em perfeita harmonia, cada uma delas exercendo a sua função e cumprindo a sua tarefa, algumas delas extremamente importantes e delicadas e, o mais estranho de tudo, sem ninguém as dirigindo, como se fossem uma grande orquestra que tocasse esplêndidas sinfonias durante décadas e décadas, sem intervalo e sem maestro.
Acrescente-se a tudo isso que todas essas partes do corpo são periodicamente substituídas, sem contudo perderem a harmonia e a unidade, e sem que a pessoa - o dono do corpo - tenha a mínima consciência dessa renovação orgânica, pois a sua individualidade mantém-se inalterável, do que se conclui que o ser real está na alma da pessoa e não no seu corpo material.
Além desse trabalho extraordinário e silencioso do nosso organismo, a que, geralmente, não prestamos a mínima atenção, temos várias outras faculdades que independem das funções físico-químicas do corpo, como o pensamento, o raciocínio, a vontade, a noção do bem e do mal, as emoções, o amor, o ódio e outros sentimentos que nenhum órgão físico tem a capacidade de produzir, mas que fazem parte do ser vivente. São características da natureza espiritual do homem.
Nota-se também que, não obstante todos os seres humanos apresentarem idêntica estrutura anatômica, não há dois deles com a mesma individualidade.
Essa diferença é marcada pela formação espiritual de cada um - formação essa que dá ao ser a noção da sua existência individual, a consciência do EU.
Conclui-se, portanto, que o homem é a fusão de duas naturezas: a material e a espiritual, o corpo e a alma. Quando chega a morte, o indivíduo deixa de viver neste mundo, podendo-se dizer que a morte é o limite da vida material após o que se reinicia a vida no mundo espiritual. O que se perde é o corpo carnal e não o espírito individual. Essa é uma dedução lógica e racional.
É do conhecimento geral, com exceção de alguns materialistas obstinados, que a alma sobrevive à morte física, crença essa que é não só universal, mas também tão antiga quanto o homem. O grande mistério, que a Ciência Espírita veio elucidar, estava em saber o que acontecia ao Espírito e qual o seu destino depois da desencarnação.
Uma vez admitida a sobrevivência da alma, embora em outra dimensão, em forma etérea, pergunta-se: pode ela entrar em contato com os seres vivos?
Reconhecerá ela as pessoas que lhe foram queridas durante a vida terrestre? É natural que as perguntas continuem. O fato, porém, que não se deve esquecer e que a razão impõe, é que a individualidade da pessoa não morre com o corpo físico. É como uma fruta, uma manga, por exemplo, de que se remove a casca, mas, mesmo assim, continua sendo manga, sem perder o seu sabor. O nosso corpo que morre é apenas a casca que se inutiliza, perde-se o invólucro que reveste o ser real, mas este permanece intacto.
A verdade da nossa sobrevivência é que a vida continua com as suas características individuais, embora em forma etérea, invisível e intangível, podendo-se mesmo dizer que a alma de algum ente querido esteja, neste momento, ao nosso lado, ajudando-nos nas dificuldades, protegendo-nos contra os perigos, velando por nós.
De acordo com a lógica, se a morte fosse o fim de tudo, por que Deus, em sua suprema inteligência, teria permitido a existência do ser humano, com um organismo tão complexo e maravilhoso? Será para fazer dele um simples brinquedo que, depois de quebrado, se joga fora? Isto seria contrário à sabedoria divina. O Espiritismo esclarece esse mistério. Ele nos dá uma noção mais clara e ampla do ser humano, da sua existência aquém e além da morte corporal, do Espírito que o anima e do seu destino. Pode-se dizer que o Espiritismo desvendou o segredo da tumba: ele venceu o silêncio da morte.
A Doutrina Espírita trouxe até nós os Espíritos desencarnados, mostrou-nos a realidade do mundo invisível, estabeleceu contato entre o nosso mundo e o outro além da fronteira da morte, e confirmou, mediante provas visíveis e racionais, a imortalidade da alma.
Pelo Espiritismo conhecemos a causa de certos fenômenos, normalmente inexplicáveis, sem termos de recorrer ao “misterioso” e ao “sobrenatural”, porque no Universo não há mistério, tudo tem a sua causa, sendo que os mistérios são criados pela nossa deficiente e limitada capacidade perceptiva; quanto ao “sobrenatural”, temos que nos convencer de que nada existe fora das leis da Natureza, que Deus estabeleceu eternas e imutáveis.
Existem, de fato, certos casos que ultrapassam a nossa compreensão e que, portanto, consideramos “milagrosos” ou fraudulentos, mas que à luz do Espiritismo estão dentro das possibilidades espirituais.
Há no mundo invisível Espíritos altamente evoluídos que, de quando em quando, são enviados a este mundo como líderes espirituais, homens que se distinguem pela sua santidade, para alertar a Humanidade e iluminar o caminho da redenção. Outras vezes, algum Espírito de grau elevado recebe uma missão divina e reencarna, a fim de espalhar o bem, o amor e a caridade, obrando maravilhas, ajudando os infelizes, curando os doentes.
Podemos, portanto, concluir que o que chamamos de morte é apenas um fato natural, mas que se torna inconsolável para os que não querem ver, mesmo à luz da razão, o que está além da matéria densa e grosseira que forma o nosso mundo visível. Para esses, é difícil compreender o mundo dos Espíritos, onde a vida individual continua. Sobre o assunto, Kardec explica: “ Diz-se muitas vezes ao falar da vida futura que não se sabe o que nela acontece, pois ninguém de lá volta. É um erro. São precisamente aqueles que lá se encontram que vêm nos instruir, e Deus o permite hoje mais do que em nenhuma outra época, como última advertência à incredulidade e ao materialismo”.
O que o Espiritismo ensina não está baseado em superstições nem em probabilidade, mas, em comunicações autênticas e concretas dos que habitam o outro mundo, tão verídico como o nosso, embora em outra dimensão. Esta é a realidade que se nos impõe quando examinamos os fatos à luz reveladora da razão, de uma razão livre de dogmas e preconceitos.
Fonte: Revista Reformador – Set/1998
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