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sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

Viagem Espírita

Por Orson Peter Carrara

Agora que já iniciamos o parágrafo, podemos acrescentar a continuidade do título: em 1862. Sim o nome correto é Viagem Espírita em 1862. Trata-se de excepcional obra, esquecida dos espíritas, que relata as viagens que Kardec fez com dupla finalidade: oferecer e colher experiências e orientações. Além disso, havia o desejo de confraternizar com os irmãos espíritas de outras localidades, vivendo a fraternidade que o ideal espírita por si só proporciona, conforme suas próprias palavras na introdução da obra, que ele intitulou Impressões Gerais, especificando localidades, manifestando gratidão e, sobretudo, destacando os benefícios do conhecimento espírita nas instituições que pôde visitar. Aliás, o texto, apesar de ser apenas um intróito com menos de 20 páginas, é de uma riqueza impressionante.

A obra está editada pela Federação Espírita Brasileira, com tradução de Evandro Noleto Bezerra, e pela Casa Editora O Clarim, com tradução de Wallace L. Rodrigues. Na obra traduzida por Wallace, o Prefácio do tradutor igualmente é de grandeza histórica e doutrinária. Destaca Wallace, referindo-se à experiência pessoal do Codificador em suas falas aos espíritas de sua época: “(...) Entre o homem e sua felicidade, ergue-se a sombra, a terrível paixão: o egoísmo. (...)” e cita o percurso de 1862 em mais de 20 cidades, onde presidiu mais perto de cinqüenta reuniões, num período de mais de seis semanas num percurso de 193 léguas.

Wallace também ressalta que os conceitos expressos no livro são tão atuais, tão fundamentais à boa conduta das entidades espíritas que ter sido escritos em 1962 (época da tradução), sendo que podemos perfeitamente atualizar essa data para 2009, face à atualidade do texto integral. Por isso vale repetir o que disse Wallace: “(...) O leitor arguto e atento fará aqui mil descobertas de transcendental valor. (...)” E discorre que após cem anos (à época da tradução, repetimos, e que atualizamos sem receio) transcorridos, tais instruções de Kardec são ainda perfeitamente aplicáveis e uma garantia para a pureza doutrinária, caracterizando-se pela firmeza, lucidez e responsabilidade.

E do editorial da Revista Espírita, de novembro de 1862, o tradutor transcreve dois parágrafos que ele considera magníficos e que recomendamos aos leitores.

O livro está, pois, composto de pronunciamentos de Kardec em reuniões que participou. Há ainda os preciosos documentos Instruções particulares aos grupos em resposta a algumas das questões propostas e Projeto de Regulamento para o uso de grupos e pequenas sociedades espíritas. Esses últimos documentos deveriam ser impressos em separata e distribuídos, divulgados, estudados por diretorias e trabalhadores de nossas instituições, tamanho seu conteúdo doutrinário e valor de orientação, capaz de vencer – se aplicados – os imensos desafios vividos pelo movimento espírita.

Parece-nos que quanto mais o tempo passa mais necessidade há de divulgarmos, estudarmos e divulgarmos o pensamento de Kardec. Seja pelo aumento dos adeptos, seja porque esquecemos tais instruções e nos deixamos perder pela própria vaidade ou porque não temos vigilantes o suficiente para vencer a nós mesmos...

O fato patente, todavia, é que a obra é um tesouro para todos nós. De riquíssimo valor doutrinário para nossas instituições, é obra que todo dirigente e tarefeiro espírita não pode deixar de ler, sob pena de encontrar-se desatualizado com o lúcido e claro pensamento de Allan Kardec.

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