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quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Chico Xavier e o Espiritismo

Por José Manoel F. Barboza*

A Doutrina Espírita constitui um mecanismo perspicaz e racional de conhecimento da verdade sobre a origem e o fim de tudo que existe. É o consolador prometido por Jesus que veio dar sequência ao cristianismo à luz da lógica e da razão com os seguintes princípios básicos: existência de Deus, existência e sobrevivência da alma, pluralidade das existências (reencarnação), mundos habitados (as diversas moradas da casa do Pai), comunicabilidade dos espíritos e perfeição para todos.

Esse conjunto de princípios revelado no séc.XIX pelo mecanismo mediúnico ou sensitivo de centenas de pessoas desconhecidas umas das outras e em várias partes do planeta, identificadas como médium, oriundas de quaisquer religiões, está alicerçado em três pilares dos conhecimentos humanos, ou seja, o da filosofia, o da ciência e o da melhor ética comportamental para se viver em paz e harmonia com tudo, que se traduz na moral ensinada por Jesus.

É comum, por ignorância ou má-fé, a insistência na fusão de mediunidade com Espiritismo, como se fossem sinônimos. Existem médiuns (sensitivos capazes de captar inteligências fora de si e manifestá-las pela escrita, voz ou diversas outras ações, independentes de suas religiões), que são ou foram excelentes receptores dessas informações que podem provir de inteligências (espíritos) boas ou más, de alto nível intelectual. É como os aparelhos de rádio: captam as mensagens de onde são sintonizados, e de acordo com os interesses dos indivíduos.

Naquilo que se instituiu e está por aí, como movimento espírita, por exemplo, por influência de interesses comerciais e administrativos dominantes, a confusão visa ao lucro. É só observar que o tal movimento espírita só abraça e explora a mediunidade psicográfica, que gera livros e mais livros, que podem ser vendidos.

Não interessa usar como prova da mediunidade, por exemplo, aquela de efeito físico utilizada por Jesus que é muito mais tocante e até convincente (quando verdadeira), porque esse tipo é do próprio médium e não pode ser comercializado pelo sistema federativo que se mantém às custas dos valores arrecadados no mercado da mediunidade psicográfica (como a do Chico Xavier) mesmo que esta turve e afaste o conhecimento espírita.

Usam, abusam e exploram, por exemplo, o pobre homem (já falecido) Francisco Cândido Xavier, que pouco ou quase nada entendia de Espiritismo.

Era católico por origem e tendência mariana. Rezava Ave Maria, não era doador de órgãos, tinha medo da morte, era devoto de Nossa Senhora da Abadia, proibiu que seu sepultamento fosse em Pedro Leopoldo/MG (onde nasceu) porque lá foi excomungado pelo padre, deixou palavras ‘secretas’ para identificá-lo em futuras mensagens, processou o médium Divaldo Franco por plágio em tema de origem mediúnica etc, etc, tudo em absoluto desacordo com o que se espera de quem conhece a doutrina espírita conforme ela está em O Livro dos Espíritos, O Livro dos Médiuns, O Evangelho Segundo o Espiritismo, O Céu e o Inferno e A Gênese, obras básicas da Codificação.

Tirando do Chico a mediunidade, nada o caracteriza como espírita. Nenhum dos mais de 400 livros foi de sua autoria. Foi um homem simples que morreu pobre e com poucos conhecimentos intelectuais, tendo sido usado por espíritos do jeito que eles (espíritos) quiseram e, com essa trajetória, intermediou centenas de livros que, apesar de frases e textos bonitos (o que é muito comum em todos de autoajuda), contaminam com erros doutrinários graves, o verdadeiro Espiritismo codificado por Allan Kardec.

A FEB – Federação Espírita Brasileira (detentora da maioria dos direitos autorais cedidos pelo médium), é a maior interessada em transformá-lo em ‘ícone’ do Espiritismo ou até mesmo ‘santo’, já tendo armado um esquema nacional para esse incremento, pouco lhe interessando as consequências de o Chico não ter sido espírita.

O que importa é o mercado de livros, cujo conteúdo a FEB criminosamente deixou de corrigir, permitindo a infiltração de preconceitos e dogmas de fé cega do passado (principalmente católicos), com distorções e contrariedades doutrinárias que misturam o conteúdo do Espiritismo num escandaloso sincretismo com o catolicismo que lhe dá mercado.

No programa Terceira revelação na TV, que apresento aqui em Nova Friburgo na TV Focus – canal 20, há mais de seis anos, tenho conseguido esclarecer muitos e muitos que buscam uma doutrina séria, respeitável e convincente pela razão e pelo bom senso, ou seja, a doutrina espírita conforme está codificada por Allan Kardec.

Por isso devo alertar: conhecer o Espiritismo, só pelas obras codificadas por Kardec que constituem as cinco básicas já citadas acima. Fora delas é como o cristianismo pulverizado em milhares de Igrejas e dezenas de Bíblias, cada uma impondo as ‘verdades’ de acordo com seus interesses formados pela vaidade, arrogância, orgulho, dividindo mais e mais os homens com as ameaças da ‘vingança’ de Deus que com a certeza deles, serão jogados nas fornalhas eternas, ‘criadas’ por aquele que dizem aceitar como supremo smor, justiça e perfeição. Algo pior que as fornalhas do nazismo que foram passageiras.

As de Deus (segundo todas as igrejas que se dizem cristãs, exceto o Espiritismo) são eternas. Para sempre. Não tem fim. Sinistro, não?

Finalizando, não levem a sério essa campanha puramente interessada na fama, dinheiro e poder que estão levantando em nome do pobre médium, não espírita, Francisco Cândido Xavier. Bom, simples, humilde e caridoso como milhares de homens e mulheres deste Brasil que anonimamente estão cumprindo a vontade de Deus. Entretanto absolutamente inadequado para ser apontado como fonte do conhecimento espírita e, principalmente, como caminho a ser seguido.

Pobre dos grupos que se dizem espíritas e que, num gesto de desespero tentando marcar suas presenças e acender suas luzes (ou velas), apelam para um brado de ‘glória’ e suicídio doutrinário espírita, entregando-se a ele, o pobre Chico, e, como ele, acabando devotos de N. Sra. Abadia sob o manto sagrado da ‘virgem’.

Conheçam o verdadeiro para não serem iludidos pelo falso.

Em matéria de Espiritismo, só estudando, pesquisando e analisando O Livro dos Espíritos, O Livro dos Médiuns, O Evangelho Segundo o Espiritismo, O Céu e o Inferno e A Gênese, todos organizados por Allan Kardec. O resto pode ser falso . Cai quem quer!!

* Apresentador do programa "Terceira Revelação na TV" – TV FOCUS – CANAL 20 / sábados e domingos às 9 h