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sábado, 9 de outubro de 2010

A Doutrina Espírita e o Mito de Perseu

Por Francisco Amado

Perseu foi um herói e semideus grego. Sua história começa quando Zeus, numa de suas tantas escapulidas conjugais, transformou-se em chuva de ouro e derramou-se sobre a torre onde vivia a belíssima Danea, filha do rei de Argos.

Uma antiga profecia dizia que o rei seria morto por seu neto, assim, quando Perseu, fruto da relação entre Zeus e Danea, nasceu o rei enclausurou a filha e o neto em um grande baú e lançou-os ao mar. O baú foi guiado por Zeus até a ilha de Sefiro, onde viverem durante longos anos.

Perseu tornou-se um belo e intrépido rapaz. Sua mãe casou mais tarde com o rei Polidectes. Esse vendo que Perseu era corajoso e ambicioso temeu que algum dia pudesse voltar-se contra si, então propôs aos súditos do reino um torneio, o vencedor seria aquele que trouxesse a cabeça da terrível górgona Medusa.

A Medusa era uma criatura monstruosa, o objeto da maldição da deusa Atena. Quando jovem possuía admirável beleza, mas em compensação seu caráter era por demais devassos. Certa feita Atena percebeu que a aparência de Medusa lembrava-lhe os traços, a para não permitir que sua imagem fosse associada à corrupção de Medusa, execrou-a.

As belas madeixas de Medusa foram transformadas em serpentes venenosas, seu corpo macio foi revestido por uma couraça de escamas reptilianas, e para terminar fez com que todos os que olhassem para Medusa fossem transformados em pedra.

Perseu, com a ajuda da deusa Atena, consegui encontrar a terrível Medusa. Para enfrentá-la valeu-se de alguns presentes especiais, asas de Hermes nas sandálias para adquirir velocidade, escudo de Atena e um capacete de invisibilidade. Numa das versões ele ainda ganha uma foice afiada do deus Hermes. Quando se deparou com a Medusa o herói não lhe contemplou diretamente a face, mas usou o escudo que era capaz de refletir perfeitamente as imagens como um espelho.

Assim, olhando indiretamente a criatura, foi capaz de desferir-lhe um golpe mortal. A cabeça da Medusa foi decepada e de dentro dela saíram duas criaturas fantásticas, Pégaso o cavalo alado e o gigante Crisaor. Ambos eram filhos de Netuno com Medusa, mas só poderiam nascer quando essa fosse morta.

Então Perseu voltou vitorioso para casa. Outro episódio marcante de sua história foi o resgate da bela Andrômeda, filha da rainha Cassiopéia. A princesa havia sido oferecida como sacrifício vivo a Cetus, um tenebroso monstro marinho (esqueça o Kraken do filme, que era nórdico e não grego). Perseu matou o monstro utilizando-se da cabeça da Medusa. Por fim casou-se com Andrômeda e voltou para sua terra natal, Argos. Seu avô ao saber do retorno do neto fugiu para Tessália.

Aconteceu que depois Perseu também se norteou para lá, a fim de participar dos jogos fúnebres do rei de Larissa, cidade da Tessália. Enquanto competia arremesso de disco, sem querer projetou o disco na direção de seu avô que se encontrava na plateia, o impacto foi mortal, cumprindo-se assim a desalentadora profecia.

A analogia

A Medusa é um arquétipo de medo.

A petrificação como resultado de seu vislumbre era a própria morte, a aniquilação total da vida. Assim como Perseu, o espírita tem que tomar uma decisão, fugir ou comprometer-se com a doutrina espírita vacinando-se contra a anemia intelectual, que é causada pela raridade dos estudos sérios, causado pela leitura excessiva de romances espiritualistas.

É lógico que debruçar o pensamento sobre si mesmo, e às vezes colocar as nossas próprias “certezas” em dúvida é uma missão perigosa e que geralmente nos petrifica. Se realmente adotamos a doutrina espírita em nossa vida não podemos nos manter tolhidos como estátuas, indiferentes ao estudo sério e continuado. Perseu não fugiu, mas também não se arrostou sem precauções.

Não mirou diretamente para a Medusa, utilizou-se do escudo para ver apenas a imagem, a representação da criatura. Esse é o papel do Livro dos Espíritos. O Livro dos Espíritos é o escudo de Atena.

Não é possível fitar diretamente os espíritos que se comunicam por via mediúnica, mas temos uma ferramenta que nos ajuda abarcar sua subjetividade.

As Obras Básicas em seu todo nos expõe as regras das boas comunicações mediúnicas.

Ela articula os conceitos para que o investigador possa trabalhar inquirir, guerrear, desembainhar a espada para o prélio do conhecimento verdadeiramente espírita. Como as asas nas sandálias O Livro dos médiuns junto com a Revista Espírita pode fazer o herói viajar mais rápido, na contramão dos que se conservam na letargia do senso comum espiritualista.

Pode nos fazer voar acima dos montes gelados da fantasia e do maravilhoso facilitando o desenvolvimento real da doutrina em bases racionais. A Revista Espírita, como a coifa de Hades, nos faz invisíveis. O homem invisível pode fazer tudo, e justamente por isso lhe pesa maior responsabilidade ética.

O homem invisível é aquele que pode de fato agir com justeza moral, pois ele não o fará pelo temor do castigo ou das exigências sociais, ele o fará porque é bom e certo fazer.

E como Perseu o espírita que estuda participa dos jogos fúnebres da sua ignorância enterrando para sempre a falta de saber e a arremessando seu disco da busca da verdade vai cumprir finalmente a profecia de Kardec que é o demarcar uma nova era para a humanidade.

Pense nisso ou continue petrificado com as fantasias mediúnicas.

Fonte: Webartigos.com