Por Maria Ribeiro
Ainda atualmente, há dúvidas entre os adeptos do Espiritismo quanto à sua real natureza. Afinal, é o Espiritismo religião, ciência ou filosofia?
Sem pretensões descabidas, gostaríamos de examinar as Letras Espíritas, com a finalidade de buscar a luz para tal impasse.
No capítulo I, item 17 de A Gênese, Kardec elucida que ”...todas as ciências se encadeiam e se sucedem numa ordem racional; elas nascem umas das outras, à medida que encontram um ponto de apoio nas idéias e conhecimentos anteriores.”
Já no item anterior, o lúcido mestre lionês faz paralelo entre os objetos de estudo de ambos, a ciência ordinária e o Espiritismo, sendo o primeiro o das leis do princípio material e o segundo, o das leis do princípio espiritual. É do conhecimento geral que, para constituir-se uma ciência é necessário que haja um objeto de estudo. O Espiritismo, sob este aspecto investigativo, é, portanto, Ciência, com seus próprios métodos e postulados, explorando ao máximo o uso da observação, da lógica, da racionalidade.
Entende-se que a ciência Espírita dá prosseguimento a pesquisas que a ciência comum está impossibilitada de atuar. Ao menos pelos mesmos meios, pois, dentro do seu campo de ação, também participa da grande obra divina, que é trazer informações e disponibilidades nas mais diversas áreas para os homens. São palavras do magno codificador em Obras Póstumas, no capítulo intitulado ’Perguntas e problemas’: “...(O Espiritismo) não repudia nenhuma das descobertas da ciência, tendo em vista que a ciência é a compilação das leis da Natureza, e que, sendo essas leis de Deus, repudiar a ciência seria repudiar a obra de Deus.”
E quanto as ciências têm progredido! Em todos os setores, os aprimoramentos vão surgindo com novas roupagens nos fazendo acreditar que são criações inéditas. Os avanços na medicina nos deixam na expectativa do aparecimento de curas, ou ao menos tratamentos mais eficazes e ao mesmo tempo menos agressivos, para doenças como o câncer e mesmo para a AIDS. A tecnologia disparou criando mecanismos e aparatos cada vez mais modernos em praticamente todos os níveis. Não se pode negar o quanto o progresso tem promovido maior bem estar para a vida humana.
“O Espiritismo é uma doutrina filosófica que tem conseqüências religiosas, como toda doutrina espiritualista”¹. Encontramos na Doutrina Espírita os mais elevados valores, que desde tempos imemoriais vêm sendo apregoados por diversas personalidades que visitaram o planeta. Muitas vezes considerados como loucos, desordeiros e subversivos, tiveram suas grandezas de alma reconhecidas, somente após o desencarne.
Com este curto período, Kardec não deixa espaço para a separatividade de Espiritismo, filosofia e religião, uma vez que a Filosofia é que deu origem às religiões e às ciências. Por isso, é incompreensível a forma de enxergar o Espiritismo sem filosofia, sem ciência e sem religião, já que o texto Espírita nos sugere ser a Doutrina a fusão harmônica de um trio que, por causa da ignorância dos homens, esteve disperso por longos séculos.
Há, obviamente, que se considerar, em como os homens constituíram suas crenças, organizando-as segundo um entendimento limitado perfeitamente inteligível. Surgindo dissidências, o que pode parecer natural, surgem também novas formas de adoração ao ser superior, novos dogmas, novos rituais, e outra vez novas dissidências, formando grupos muito heterogêneos somente em determinados aspectos. A Doutrina Espírita não se compara a nada disso, porque não é uma dissidência de nenhuma outra, mas sim, a soma de todas as verdades contidas esparsamente nas diversas expressões religiosas, nada menos que o consolador prometido pelo Cristo. “Mas aquele consolador, O Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, vos ensinará todas as coisas, e vos fará lembrar de tudo quanto vos tenho dito”(João, 14, 26).
Ora, Jesus fala em “todas as coisas” – vos ensinará todas as coisas. Se reconhecemos o Espiritismo como o cumprimento desta promessa de Jesus, é necessário atribuí-lo o mérito que ele merece. Não pode ser reduzido à uma ou outra esfera de ação. Examinemos o que o item XIII da introdução de O Livro dos Espíritos assevera: “Portanto, não nos enganemos: o estudo do Espiritismo é imenso, toca em todas as questões da metafísica e da ordem social, e é todo um mundo que se abre diante de nós.” Em outras palavras, não é o mesmo que Jesus pronunciou? Em todos os aspectos – científico, filosófico e religioso, precisa ser investigado, compreendido e divulgado, sob pena de reforçarmos a já existente idéia de que Espiritismo é diferente de religião, que é diferente de ciência. Uma coisa é utilizar formas didáticas para melhor compreensão de sua complexa transcendência, outra é querer deturpar palavras e esclarecimentos de Espíritos que estão muito além de nós, como o próprio Codificador, apenas para atender a uma fração de orgulho audacioso.
Por outro lado, “o Espiritismo, essencialmente positivo em suas crenças, repele todo misticismo”, conforme assinala Kardec, (Obras Póstumas, Perguntas e problemas). E, sem sabermos ainda se felizmente ou infelizmente, existe uma vertente para este lado, mas sem sombra de dúvida, é anti doutrinário. O que pode haver de errado em uma pessoa oferecer ou receber uma aplicação de reike, ou de fazer tratamentos cromoterápicos, ou de se submeter às terapias com cristais, pirâmides e florais? Será que é errado alguém tomar um banho de sal grosso, ou acender incensos e velas ou praticar coisas afins? Certamente que errado não é, tendo em vista as boas intenções com que são feitas, mas sustentar que isso tem a ver com o Espiritismo é erro grave, pois entre ambos vai uma distância galáctica.
Sendo ’essencialmente positivo em suas crenças’, o Espiritismo é baseado nos fatos e na experiência; é um objeto de caráter prático e objetivo. Dirige a fé do homem para o raciocínio. Daí o não parecer racional acreditar-se que a queima de um incenso seja capaz de espantar os maus Espíritos e fluidos “carregados”, esquecidos do item 13 do nono capítulo de O Livro dos Médiuns. Também é apalermante ver-se a confiança que se depositam no tratamento dos tais florais, que garantem interferência benéfica, segundo alguns, no perispírito, quando sabe-se que sem reformulações de valores levadas a efeito cotidianamente, não existe outra forma de se adquirir bem estar físico e/ou psíquico.
A reflexão que se faz importante é que o respeito pelas diversas formas de crenças precisa existir, já que somos parte de um grupo heterogêneo de Espíritos em diferentes graus evolutivos. Daí, o concluir-se que, entre os Espíritas haverá aqueles em estado de transição, onde a total convicção ainda não surgiu e só o fará gradualmente, como é natural. Entretanto, não será por causa disso que se deixará de esclarecê-los, preservando sempre e a todo custo, a pureza doutrinária.
Sob a identificação de Um Espírito, um companheiro da pátria espiritual nos elucida ainda em Obras Póstumas, no capítulo cujo título é ’O futuro do Espiritismo’: “O Espiritismo está chamado a desempenhar um papel imenso sobre a Terra; será ele que reformará a legislação tão freqüentemente contrária às leis divinas; será ele que retificará os erros da história; será ele que reconduzirá a religião do Cristo que, nas mãos dos sacerdotes, se tornou um comércio e um vil tráfico; instituirá a verdadeira religião, a religião natural, a que parte do coração e vai direto a Deus, sem se deter nas franjas de uma batina, ou no escadote de um altar(...)”
O Irmão fala de uma ’religião do Cristo’, de uma ’religião natural que parte do coração e vai direto a Deus’, removendo de nós qualquer pensamento de forma ligado à questão religiosa, ressuscitando seu real significado.
O que se entendeu por religião, na realidade, jamais o foi. Do latim religare assume significação comprovadamente diversa. O “religar” o homem a Deus jamais pôde fazer entender práticas exteriores eivadas de uma caprichosa superstição, abstração feita para homens ainda de entendimentos elementares, e aos abusos que se registraram, principalmente no período dantesco da Idade Média.
A Doutrina Espírita veio restaurar o cristianismo que ao longo da história sofreu deturpações, mutilações e abusos de toda sorte. Como eximi-la de qualquer de seus aspectos, sem repetir os mesmos erros do passado?
Necessidade urgente é que os Espíritas assumam logo o seu papel, já que tantas responsabilidades estão reservadas ao Espiritismo, que só agirá mediante ação efetiva de seus adeptos. Estes parecem esperar algo extraordinário acontecer por si mesmo, enquanto pequenas divergências ameaçam intimidar a disseminação das idéias veramente Espíritas. Ainda bem que o notável codificador garantiu: ”Que importam, aliás, algumas dissidências que estão mais na forma que no fundo! Observai que os princípios fundamentais são os mesmos por toda parte e devem vos unir num pensamento comum: o amor de Deus e a prática do bem. Quaisquer que sejam, portanto, o modo de progressão que se admita, ou as condições normais da existência futura, o objetivo final é o mesmo: fazer o bem; ora, não há duas maneiras de fazê-lo.”(O Livro dos Espíritos – Conclusão, item IX)
Ainda atualmente, há dúvidas entre os adeptos do Espiritismo quanto à sua real natureza. Afinal, é o Espiritismo religião, ciência ou filosofia?
Sem pretensões descabidas, gostaríamos de examinar as Letras Espíritas, com a finalidade de buscar a luz para tal impasse.
No capítulo I, item 17 de A Gênese, Kardec elucida que ”...todas as ciências se encadeiam e se sucedem numa ordem racional; elas nascem umas das outras, à medida que encontram um ponto de apoio nas idéias e conhecimentos anteriores.”
Já no item anterior, o lúcido mestre lionês faz paralelo entre os objetos de estudo de ambos, a ciência ordinária e o Espiritismo, sendo o primeiro o das leis do princípio material e o segundo, o das leis do princípio espiritual. É do conhecimento geral que, para constituir-se uma ciência é necessário que haja um objeto de estudo. O Espiritismo, sob este aspecto investigativo, é, portanto, Ciência, com seus próprios métodos e postulados, explorando ao máximo o uso da observação, da lógica, da racionalidade.
Entende-se que a ciência Espírita dá prosseguimento a pesquisas que a ciência comum está impossibilitada de atuar. Ao menos pelos mesmos meios, pois, dentro do seu campo de ação, também participa da grande obra divina, que é trazer informações e disponibilidades nas mais diversas áreas para os homens. São palavras do magno codificador em Obras Póstumas, no capítulo intitulado ’Perguntas e problemas’: “...(O Espiritismo) não repudia nenhuma das descobertas da ciência, tendo em vista que a ciência é a compilação das leis da Natureza, e que, sendo essas leis de Deus, repudiar a ciência seria repudiar a obra de Deus.”
E quanto as ciências têm progredido! Em todos os setores, os aprimoramentos vão surgindo com novas roupagens nos fazendo acreditar que são criações inéditas. Os avanços na medicina nos deixam na expectativa do aparecimento de curas, ou ao menos tratamentos mais eficazes e ao mesmo tempo menos agressivos, para doenças como o câncer e mesmo para a AIDS. A tecnologia disparou criando mecanismos e aparatos cada vez mais modernos em praticamente todos os níveis. Não se pode negar o quanto o progresso tem promovido maior bem estar para a vida humana.
“O Espiritismo é uma doutrina filosófica que tem conseqüências religiosas, como toda doutrina espiritualista”¹. Encontramos na Doutrina Espírita os mais elevados valores, que desde tempos imemoriais vêm sendo apregoados por diversas personalidades que visitaram o planeta. Muitas vezes considerados como loucos, desordeiros e subversivos, tiveram suas grandezas de alma reconhecidas, somente após o desencarne.
Com este curto período, Kardec não deixa espaço para a separatividade de Espiritismo, filosofia e religião, uma vez que a Filosofia é que deu origem às religiões e às ciências. Por isso, é incompreensível a forma de enxergar o Espiritismo sem filosofia, sem ciência e sem religião, já que o texto Espírita nos sugere ser a Doutrina a fusão harmônica de um trio que, por causa da ignorância dos homens, esteve disperso por longos séculos.
Há, obviamente, que se considerar, em como os homens constituíram suas crenças, organizando-as segundo um entendimento limitado perfeitamente inteligível. Surgindo dissidências, o que pode parecer natural, surgem também novas formas de adoração ao ser superior, novos dogmas, novos rituais, e outra vez novas dissidências, formando grupos muito heterogêneos somente em determinados aspectos. A Doutrina Espírita não se compara a nada disso, porque não é uma dissidência de nenhuma outra, mas sim, a soma de todas as verdades contidas esparsamente nas diversas expressões religiosas, nada menos que o consolador prometido pelo Cristo. “Mas aquele consolador, O Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, vos ensinará todas as coisas, e vos fará lembrar de tudo quanto vos tenho dito”(João, 14, 26).
Ora, Jesus fala em “todas as coisas” – vos ensinará todas as coisas. Se reconhecemos o Espiritismo como o cumprimento desta promessa de Jesus, é necessário atribuí-lo o mérito que ele merece. Não pode ser reduzido à uma ou outra esfera de ação. Examinemos o que o item XIII da introdução de O Livro dos Espíritos assevera: “Portanto, não nos enganemos: o estudo do Espiritismo é imenso, toca em todas as questões da metafísica e da ordem social, e é todo um mundo que se abre diante de nós.” Em outras palavras, não é o mesmo que Jesus pronunciou? Em todos os aspectos – científico, filosófico e religioso, precisa ser investigado, compreendido e divulgado, sob pena de reforçarmos a já existente idéia de que Espiritismo é diferente de religião, que é diferente de ciência. Uma coisa é utilizar formas didáticas para melhor compreensão de sua complexa transcendência, outra é querer deturpar palavras e esclarecimentos de Espíritos que estão muito além de nós, como o próprio Codificador, apenas para atender a uma fração de orgulho audacioso.
Por outro lado, “o Espiritismo, essencialmente positivo em suas crenças, repele todo misticismo”, conforme assinala Kardec, (Obras Póstumas, Perguntas e problemas). E, sem sabermos ainda se felizmente ou infelizmente, existe uma vertente para este lado, mas sem sombra de dúvida, é anti doutrinário. O que pode haver de errado em uma pessoa oferecer ou receber uma aplicação de reike, ou de fazer tratamentos cromoterápicos, ou de se submeter às terapias com cristais, pirâmides e florais? Será que é errado alguém tomar um banho de sal grosso, ou acender incensos e velas ou praticar coisas afins? Certamente que errado não é, tendo em vista as boas intenções com que são feitas, mas sustentar que isso tem a ver com o Espiritismo é erro grave, pois entre ambos vai uma distância galáctica.
Sendo ’essencialmente positivo em suas crenças’, o Espiritismo é baseado nos fatos e na experiência; é um objeto de caráter prático e objetivo. Dirige a fé do homem para o raciocínio. Daí o não parecer racional acreditar-se que a queima de um incenso seja capaz de espantar os maus Espíritos e fluidos “carregados”, esquecidos do item 13 do nono capítulo de O Livro dos Médiuns. Também é apalermante ver-se a confiança que se depositam no tratamento dos tais florais, que garantem interferência benéfica, segundo alguns, no perispírito, quando sabe-se que sem reformulações de valores levadas a efeito cotidianamente, não existe outra forma de se adquirir bem estar físico e/ou psíquico.
A reflexão que se faz importante é que o respeito pelas diversas formas de crenças precisa existir, já que somos parte de um grupo heterogêneo de Espíritos em diferentes graus evolutivos. Daí, o concluir-se que, entre os Espíritas haverá aqueles em estado de transição, onde a total convicção ainda não surgiu e só o fará gradualmente, como é natural. Entretanto, não será por causa disso que se deixará de esclarecê-los, preservando sempre e a todo custo, a pureza doutrinária.
Sob a identificação de Um Espírito, um companheiro da pátria espiritual nos elucida ainda em Obras Póstumas, no capítulo cujo título é ’O futuro do Espiritismo’: “O Espiritismo está chamado a desempenhar um papel imenso sobre a Terra; será ele que reformará a legislação tão freqüentemente contrária às leis divinas; será ele que retificará os erros da história; será ele que reconduzirá a religião do Cristo que, nas mãos dos sacerdotes, se tornou um comércio e um vil tráfico; instituirá a verdadeira religião, a religião natural, a que parte do coração e vai direto a Deus, sem se deter nas franjas de uma batina, ou no escadote de um altar(...)”
O Irmão fala de uma ’religião do Cristo’, de uma ’religião natural que parte do coração e vai direto a Deus’, removendo de nós qualquer pensamento de forma ligado à questão religiosa, ressuscitando seu real significado.
O que se entendeu por religião, na realidade, jamais o foi. Do latim religare assume significação comprovadamente diversa. O “religar” o homem a Deus jamais pôde fazer entender práticas exteriores eivadas de uma caprichosa superstição, abstração feita para homens ainda de entendimentos elementares, e aos abusos que se registraram, principalmente no período dantesco da Idade Média.
A Doutrina Espírita veio restaurar o cristianismo que ao longo da história sofreu deturpações, mutilações e abusos de toda sorte. Como eximi-la de qualquer de seus aspectos, sem repetir os mesmos erros do passado?
Necessidade urgente é que os Espíritas assumam logo o seu papel, já que tantas responsabilidades estão reservadas ao Espiritismo, que só agirá mediante ação efetiva de seus adeptos. Estes parecem esperar algo extraordinário acontecer por si mesmo, enquanto pequenas divergências ameaçam intimidar a disseminação das idéias veramente Espíritas. Ainda bem que o notável codificador garantiu: ”Que importam, aliás, algumas dissidências que estão mais na forma que no fundo! Observai que os princípios fundamentais são os mesmos por toda parte e devem vos unir num pensamento comum: o amor de Deus e a prática do bem. Quaisquer que sejam, portanto, o modo de progressão que se admita, ou as condições normais da existência futura, o objetivo final é o mesmo: fazer o bem; ora, não há duas maneiras de fazê-lo.”(O Livro dos Espíritos – Conclusão, item IX)
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