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segunda-feira, 26 de setembro de 2011

O Espiritualismo Experimental

Por Léon Denis

Em nossos dias, mais do que nunca, o Espiritismo chama a atenção do público. Fala-se com freqüência em casas mal-assombradas, em fenômenos de telepatia, em aparições e materializações de espíritos.

A Ciência, a Literatura, o Teatro e a Imprensa deles se ocupam constantemente, porquanto as experiências do Instituto Metapsíquico, os testemunhos do grande escritor inglês Conan Doyle e as averiguações feitas por alguns jornais parisienses dão a esta questão um caráter de atualidade permanente.

Examinemos, pois, este problema, e averigüemos por que o Espiritismo, tão freqüentemente sepultado, sempre reaparece, crescendo, dia a dia, o número de seus partidários.
Não é, por acaso, uma coisa estranha?

Talvez, na História, jamais se tenha produzido nada igual.

Nunca se viu um conjunto de fatos, considerados impossíveis a princípio, cuja idéia provocava, em geral, antipatia, receio, desdém; fatos que excitavam a hostilidade de várias instituições seculares, acabarem por se impor à atenção e até à convicção de homens cultos, competentes, autorizados por suas funções e por seu caráter.

Esses homens, inicialmente céticos, terminaram por reconhecer e afirmar a realidade dos aludidos fenômenos, depois de os estudar, investigar e experimentar.

O ilustre sábio inglês William Crookes, conhecido no mundo inteiro pelo descobrimento do estado radiante da matéria, e que durante três anos obteve, em sua casa, materializações do espírito Katie King, em condições de controle rigoroso, falava, a propósito dessas manifestações: “Eu não digo que isto seja possível, eu digo: isto é".

Oliver Lodge, reitor da Universidade de Birmingham, membro da Sociedade Real, escreveu:

“Fui levado, pessoalmente, à certeza da existência futura, por provas que repousam sobre uma base estritamente científica”.

Frederico Myers, professor de Cambridge – a quem o Congresso Oficial Internacional de Psicologia de Paris, em 1890, elegeu Presidente de Honra – em seu admirável livro A Personalidade Humana, chega à conclusão de que vozes e mensagens nos vêm do Além-Túmulo.

Falando da médium Sra. Thompson, Myers escreve: “Creio que a maioria dessas mensagens vêm de espíritos que se servem, temporariamente, do organismo dos médiuns para transmiti-las a nós.”

O célebre professor Césare Lombroso, de Turim, diz na Leitura: “Os fatos observados nas casas freqüentadas por fantasmas, nas quais, durante anos, se reproduzem aparições e ruídos, de acordo com o relato de mortes trágicas, e sem a presença de nenhum médium, atestam em favor da ação dos mortos. Com freqüência, trata-se de casas desabitadas, onde esses fenômenos se produzem durante várias gerações e, muitas vezes, durante séculos.”

O Sr. Boutroux, filósofo bem conhecido, dissertava, em suas brilhantes conferências, acerca dos espíritos e as comunicações medianímicas, assegurando que: “A porta do subconsciente é a abertura por onde o divino pode entrar na alma humana.”

“Às vezes, – dizia, – as revelações espíritas são tão estranhas que parece, efetivamente, estar, o médium, em comunicação com diferentes seres dos que lhe são acessíveis normalmente.”

William James, reitor da Universidade de Harvard, New York, eminente psicólogo falecido há alguns anos, afirmava a verossimilhança das comunicações com os mortos, em seu estudo publicado no ano de 1909, no Proceedings, acerca de seu amigo Hodgson, já falecido, que vinha conversar com ele pela mediunidade da senhora Piper. James escrevia que: “Estes fenômenos dão a impressão irresistível de que é realmente a personalidade de Hodgson, com suas características próprias” e, mais adiante: “O sentimento dos assistentes era de que conversavam com o verdadeiro Hodgson”.

A origem do Espiritismo, o Espiritualismo Moderno, está na América.

Na realidade, os fenômenos do Além-Túmulo se encontram na base de todas as grandes doutrinas do passado. Em quase todos os tempos, o mundo dos vivos manteve relação com o Mundo Invisível. Porém, na Índia, no Egito e na Grécia, esses estudos eram privilégio de um pequeno número de investigadores e de iniciados, e os seus resultados se ocultavam cuidadosamente.

Para que esse estudo fosse acessível a todos, e se conhecessem as verdadeiras leis que regem o Mundo Invisível; para ensinar os homens a ver nesses fenômenos, não uma ordem de coisas sobrenatural, mas um domínio ignorado da natureza e da vida, era necessário o trabalho enorme dos séculos, todos os descobrimentos da Ciência, todas as conquistas do espírito humano sobre a matéria.
Era preciso que o homem conhecesse seu verdadeiro lugar no Universo, que aprendesse a medir a debilidade de seus sentidos e a sua impotência para explorar, por si mesmo e sem ajuda, todos os domínios da natureza viva.

A Ciência, com seus inventos, atenuou essa imperfeição de nossos órgãos.

O telescópio abriu aos nossos olhos os abismos do espaço, o microscópio nos revelou o infinitamente pequeno: assim surgiu a vida, tanto no mundo dos infusórios  como na superfície dos globos gigantes que giram na profundidade dos céus.

A Física descobriu as leis que regulam a transformação das forças e a conservação da energia e, também, as leis que mantém o equilíbrio dos mundos.

A radioatividade dos corpos revelou a existência de poderes desconhecidos e incalculáveis: raios X, ondas hertzianas, irradiações de todas as classes e de todos os graus.

A Química nos fez conhecer as combinações da matéria. O vapor e a eletricidade vieram revolucionar a superfície do globo, facilitando as relações entre os povos e as manifestações do pensamento, para que as idéias resplandeçam e se propaguem a todos os pontos da esfera terrestre.

Hoje, o estudo do Mundo Invisível vem completar essa magnífica ascensão do Pensamento e da Ciência. O problema do Além-Túmulo se ergue frente ao espírito humano com poder e autoridade.

Nos fins do século XIX, o homem, desenganado de todas as teorias contraditórias e de todos os sistemas incompletos que se lhe apresentavam, abandonava-se à dúvida; perdia, cada vez mais, a noção da vida futura.

Foi então que o Mundo Invisível veio até ele e o perseguiu até sua própria morada. Por diversos meios, os mortos se manifestaram aos vivos. As vozes do Além-Túmulo falaram. Os mistérios dos santuários orientais, os fenômenos ocultos da Idade Média, após um largo silêncio, reapareceram.

O Espiritismo nasceu.

As primeiras manifestações do Espiritualismo Moderno se produziram além dos mares, num mundo jovem, rico de energia vital, de expansão ardente, menos exposto que a velha Europa ao espírito de rotina e aos prejuízos do passado. Dali as manifestações se espalharam por todo o globo.

Essa eleição foi profundamente sensata, pois a livre América era, com efeito, o ambiente mais propício para uma obra de difusão e de renovação. Por isso ali se contam, hoje, vinte milhões de “espiritualistas modernos”. Mas, tanto de um lado do Atlântico quando do outro, embora com intensidades diferentes, as fases de progresso da idéia espírita têm sido idênticas.

Em ambos os continentes, o estudo do magnetismo e dos fluidos havia preparado certos espíritos para a observação do Mundo Invisível.

A princípio, se produziram fatos estranhos em todas as partes, fatos dos quais ninguém se atrevia a falar, senão em voz baixa, na intimidade. Depois, pouco a pouco, se foi elevando o tom. Sábios, homens de talento, cujos nomes são garantia de honorabilidade e de sinceridade, se atreveram a falar desses fatos em voz alta, afirmando-os.

Falou-se de hipnotismo, de sugestão; depois, vieram a telepatia, os casos de levitação e todos os fenômenos do Espiritismo. Agitavam-se mesas em louca rotação; deslocavam-se objetos, sem nenhum contato, ressoavam golpes nas paredes e nos móveis. Todo um conjunto de fatos se produzia; manifestações, vulgares na aparência, mas perfeitamente adaptadas às exigências do meio terrestre, ao estado de espírito positivo e cético das sociedades modernas.

O fenômeno falava aos sentidos, porque os sentidos são como aberturas por onde o fato penetra até o entendimento.

As impressões produzidas no organismo despertam surpresas, incitam à busca, e conduzem à convicção. Daí o encadeamento dos fatos, a marcha ascendente dos fenômenos.
Com efeito, depois de uma primeira fase material e grosseira, as manifestações tomaram um aspecto novo. Os golpes se fizeram mais regulares e se converteram em um meio de comunicação inteligente e consciente; a escrita automática se divulgou.

A possibilidade de estabelecer relação entre o mundo visível e o invisível apareceu como um fato imenso, derrubando as idéias herdadas, derrubando os ensinamentos habituais, mas abrindo sobre a vida futura uma saída que o homem não se atrevia ainda a transpor, deslumbrado pelas perspectivas que se apresentavam a ele.

Ao mesmo tempo que se propagava, o Espiritismo via numerosas oposições levantarem-se contra si. Como todas as idéias novas, teve que enfrentar o menosprezo, a calúnia, a perseguição moral.

Tal qual o Cristianismo, em seu começo foi sobrecarregado de amargura e de injúrias. Sempre acontece assim. Quando novos aspectos da verdade aparecem aos homens, sempre provocam assombro, desconfiança, hostilidade.

É fácil compreendê-lo. A humanidade esgotou as velhas formas de pensamento e de crença; e quando formas inesperadas da verdade se revelam, não parecem corresponder muito ao antigo ideal, que está debilitado, mas não morto.

Por isso se necessita de um período bastante longo de estudo, de reflexão, de incubação, para que a nova idéia abra caminho na opinião. Daí as lutas, as incertezas, os sofrimentos da primeira hora.
Riu-se muito das formas que tomava o Novo Espiritualismo. Os poderes invisíveis, que velam sobre a humanidade, são melhores juízes que nós dos meios de ação e de adestramento que convém adotar, segundo os tempos e os ambientes, para fazer com que o homem tome consciência do seu papel e do seu destino, sem, por isso, travar seu livre-arbítrio. Porque isto é o essencial: que a liberdade do homem fique intacta.

A Vontade Superior sabe ajustar-se às necessidades de uma época, de uma raça, e às novas formas da eterna revelação.

Ela suscita, no seio das sociedades, os pensadores, os experimentadores, os sábios que indicarão o caminho a seguir e colocarão os primeiros marcos. Sua obra se desenrola lentamente. Os resultados são, a princípio, débeis, insensíveis, mas a idéia penetra pouco a pouco nas inteligências. O movimento, por ser imperceptível, não é, por si, menos seguro e profundo.

Em nossa época, a Ciência se elegeu em dona soberana, em diretora do movimento intelectual. Cansada das especulações metafísicas e dos dogmas, a humanidade reclamava provas sensíveis, bases sólidas sobre as quais pudesse assentar suas convicções.

Fazia-se o estudo experimental, a observação dos fatos, como uma tábua de salvação. Daí o grande critério dos homens da Ciência, na atualidade. Por isso a revelação adquiriu um caráter científico. Com fatos materiais, chamou-se a atenção dos homens que se haviam materializado.

Os fenômenos misteriosos, que se achavam disseminados na História, se renovaram e se multiplicaram ao nosso redor, sucederam-se em ordem progressiva, que parece indicar um plano preconcebido, a execução de um pensamento, de uma vontade.

À medida que o Novo Espiritualismo ganhava terreno, os fenômenos se iam transformando. As manifestações, grosseiras no começo, se aperfeiçoavam, tomando um caráter mais elevado. Certos médiuns recebiam por meio da escrita, de uma forma mecânica ou intuitiva, mensagens, inspirações de fonte estranha. Instrumentos musicais tocavam sozinhos.

Ouviam-se vozes e cantos: penetrantes melodias pareciam baixar do céu e turvavam o ânimo dos mais incrédulos. A escrita direta aparecia no interior de lousas justapostas e lacradas.

Os fenômenos de incorporação permitiam aos mortos possuírem o organismo de um médium adormecido, e conversar com quem haviam conhecido na Terra.

Gradualmente, e como conseqüência de um desenvolvimento calculado, apareciam os médiuns videntes, falantes, curadores.

Enfim, os habitantes do espaço, revestindo-se de envoltórios temporários, vinham reunir-se com os humanos, vivendo, por uns instantes, sua vida material e terrestre, deixando-se ver, tocar, fotografar; dando impressões de suas mãos e de seus rostos e desvanecendo-se logo para prosseguir sua vida etérea.

Assim é que se tem produzido uma série de fatos, durante mais de meio século, desde os mais inferiores e vulgares até os mais sutis, segundo o grau de elevação das inteligências que intervêm; toda uma ordem de manifestações se desenrolou sob o olhar atento de observadores.

Por isso, e apesar das dificuldades de experimentação, apesar dos casos de fraudes e dos modos de exploração, em que esses fatos serviram muitas vezes de pretexto, a apreensão e a desconfiança se atenuaram paulatinamente, e o número de investigadores cresceu.

Há quase cinqüenta anos, em todos os países, o fenômeno espírita tem sido objeto de freqüentes investigações empreendidas e dirigidas por comissões científicas. Sábios céticos, professores célebres de todas as grandes universidades do mundo, submeteram esses fatos a um exame profundo e rigoroso. Sua intenção primeira foi sempre esclarecer o que eles acreditavam tratar-se do resultado de enganos deliberados ou de alucinações. Mas quase todos, depois de anos de estudos conscienciosos e de experimentações perseverantes, abandonaram suas prevenções e sua incredulidade, e se inclinaram ante a realidade dos fatos.

As manifestações espíritas, comprovadas por milhares de pessoas em todos os pontos do globo, demonstraram que, ao nosso redor, se agita um mundo invisível, um mundo onde vivem, em estado fluídico, aqueles que nos precederam na Terra, que lutaram e sofreram, e que constituem, além da morte, uma segunda humanidade.

O Novo Espiritualismo se apresenta hoje com um acompanhamento de provas e um conjunto de testemunhos tão imponentes, que já não é possível a dúvida para os investigadores de boa-fé. Isto mesmo expressava o professor Challis, da Universidade de Cambridge, nos seguintes termos:

“Os atestados têm sido tão abundantes e tão perfeitos, os testemunhos têm vindo de tantas fontes independentes entre si e de um número tão grande de testemunhas, que se faz necessário ou admitir as manifestações tal como se nos apresentam, ou renunciar à possibilidade de atestar, por um depoimento humano, qualquer fato que seja.”

Por essa razão, o movimento de propagação se foi acentuando cada vez mais.

No momento atual, estamos assistindo a um verdadeiro florescimento das idéias espíritas. A crença no Mundo Invisível se estendeu por sobre toda a face da Terra. Por toda parte, o Espiritismo tem suas sociedades de experimentação, seus vulgarizadores, seus periódicos.

Embora a filosofia, em suas mais atrevidas especulações, tenha conseguido elevar-se à concepção de outro mundo de existência, depois da morte do corpo, a ciência humana, não obstante, não havia logrado, experimentalmente, a certeza do fato em si.

O valor do Espiritismo consiste, precisamente, em nos proporcionar essas bases experimentais, provando-nos a possibilidade de comunicação entre os vivos e as inteligências que viveram entre nós antes de transpor o umbral da vida invisível. Essas almas puderam dar, em certos casos, a demonstração de sua identidade e de seu estado de consciência.

Para não citar senão um caso entre mil: o doutor Richard Hodgson, falecido em dezembro de 1906, comunicou-se depois com seu amigo J. Hislop, professor da Universidade de Columbia, entrando em minuciosos detalhes, acerca das experimentações e trabalhos realizados pela Sociedade de Investigações Psíquicas, de cuja seção americana era presidente.

Explicou como teriam que dirigi-los, provando sua identidade com todos esses pormenores. Essas comunicações se transmitiram por intermédio de diferentes médiuns, que não se conheciam entre si, servindo de mútua confirmação. Nelas se reconhecem as palavras e as frases familiares do comunicante durante sua vida.

Embora o início do Espiritismo tenha sido difícil e sua marcha, lenta e cheia de obstáculos, há quase vinte anos ele conquistou direito de cidadania. Converteu-se em uma verdadeira ciência e, no tempo certo, num corpo de doutrina, uma filosofia geral da vida e do destino, cimentada em um conjunto imponente de provas experimentais às quais, a cada dia, se agregam fatos novos.

Essa ciência, essa doutrina, nos tem demonstrado, cada vez melhor, a realidade de um mundo invisível, incomensurável, povoado de seres viventes, que até agora haviam passado despercebidos aos nossos sentidos. Novos horizontes se nos abriram. A perspectiva de nossos destinos se nos ampliou.

Nós mesmos pertencemos, por uma parte de nosso ser – a mais importante – a esse Mundo Invisível, que se revela cada dia mais aos observadores atentos.

Os casos de telepatia, os fenômenos de desdobramento, as exteriorizações de pessoas vivas, as aparições à distância, tantas vezes descritas por F. Myers, C. Flammarion, Charles Richet, Dr. Dariex, Dr. Maxwell, etc., o demonstram experimentalmente. As atas da Sociedade de Investigações Psíquicas, de Londres, são ricas em fatos desse gênero.

Os espiritistas crêem que essa parte invisível, imponderável de nosso ser, registro inalterável de nossas faculdades, de nosso “eu” consciente, em uma palavra, o que os crentes de todas as religiões chamaram “alma”, sobrevive à morte. Prossegue sua evolução, no decorrer do tempo e do espaço, até estados sempre melhores e mais iluminados através de raios de justiça, de verdade e de amor. Essa alma, esse “eu” consciente, tem como invólucro indestrutível, como veículo, um corpo fluídico, envoltório do corpo humano, formado de matéria sutil, radiante, invisível, sobre o qual a morte não tem ação alguma.

Achamo-nos aqui em presença de uma teoria, de uma concepção suscetível de reconciliar as doutrinas materialistas e espiritualistas, que durante tanto tempo se combateram sem se poderem derrubar, nem destruir mutuamente.

A alma já não seria uma vaga abstração, mas um centro de força e de vida, inseparável de sua forma sutil, imponderável, embora ainda material.

Há nela uma base positiva para as esperanças e as aspirações elevadas da humanidade. Tudo não termina com esta vida: o ser, indefinidamente aperfeiçoável, recolhe em seu estado psíquico – que sem cessar se refina – o fruto do trabalho, as obras, os sacrifícios de todas as suas existências.

As dores, o grito de chamada que se eleva para o céu, desde as profundezas da humanidade, não ficam sem resposta.

Aqueles que viveram entre nós, e que continuam no espaço sua evolução indefinida, sob formas mais etéreas, não se desinteressam de nossos sacrifícios e de nossas lágrimas.
Desde os cumes da vida universal caem, sem cessar, sobre a humanidade, correntes de força e inspiração. Dali procedem os relâmpagos do gênio; dali os sopros poderosos que passam sobre as multidões nas horas decisivas; dali o consolo para os que sucumbem sob a pesada carga da existência.

Um laço misterioso une o visível ao invisível.

Nosso destino se desenvolve sobre a cadeia grandiosa dos mundos e se traduz em aumentos graduais de vida, de inteligência e de sensibilidade.

Mas, o estudo do universo oculto não se faz sem dificuldades. Lá, como aqui, o bem e o mal, a verdade e o erro se misturam segundo o grau de evolução dos espíritos com os quais entramos em relação.

Por isso é necessário abordar o terreno da experimentação com uma prudência extremada, depois de estudos teóricos suficientes.

O Espiritismo é a ciência que regula essas relações e nos ensina a conhecer, a atrair, a utilizar as forças benéficas do Mundo Invisível; a separar as más influências e, ao mesmo tempo, a desabrochar os poderes escondidos, as faculdades ignoradas que dormem no fundo de todo ser humano.
 
Do livro "Espíritos e Médiuns"

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