Por Ricardo Malta
Conforme já tivemos a oportunidade de externar (1º parte): a reencarnação não é um processo punitivo. “Reencarna-se para aprender, para educar-se, para crescer, a partir de novos elementos, de uma nova oportunidade, num novo ambiente, onde se possa construir ou reconstruir sua própria elevação espiritual.” (Adenáuer Novaes; Reencarnação-Processo Educativo)
Vivemos numa grande escola. Retornamos ao envoltório carnal na condição de aprendizes. Alunos em busca de novos conhecimentos. Repetimos tarefas outrora mal acabadas, pois “o processo de aprendizagem se dá também por repetição e revisão das lições. A experiência repetida significa a mesma lição ainda não aprendida” (op.cit.)
O aprendizado exige esforço, dedicação e, não raro, causa-nos uma espécie sofrimento. Mas esse é o caminho natural que deve ser traçado pelo estudante. Não há como adquirir conhecimento sem esforço. Quem deseja passar num concurso público não espera facilidades, sabe que terá que abdicar de muitos momentos de lazer, mas também reconhece que há um objetivo maior para ser conquistado. Isso ocorre com o graduando, mestrando, doutorando, etc. Enfim, porque haveria de ser diferente com o aluno matriculado na escola terrestre? Inconcebível.
“É comum dizer-se que o espírito reencarnou para “pagar”, pois quem deve tem que pagar. Tal afirmação deve ser entendida no seu sentido figurado. A “dívida” deve ser entendida como ausência de conhecimento, isto é, desconhecimento em relação às leis de Deus. O entendimento deve ser de que, se o espírito, por exemplo, odeia, ele desconhece a lei do Amor. Reencarna, portanto, para viver experiências que o façam aprender aspectos que o levem ao conhecimento da respectiva lei. ‘Divida’ e ‘Resgate’ são expressões simbólicas de nossa ignorância às leis de Deus.” (op.cit.)
Ninguém deseja sofrer. Nada mais natural do que a busca pelo bem estar. Parece-nos uma espécie de “pressentimento” ou “intuição” de que algo maior nos espera. O Espírito guarda a certeza intima de existências mais felizes, que será conquistada mediante o esforço incessante de evolução.
Será por acaso a existência de tsunamis, terremotos, furacões, etc.? Não. Tudo tem um objetivo especifico. “Há métodos educativos coletivos, os quais visam alcançar grupos de espíritos necessitados de um mesmo aprendizado. A humanidade, por vezes, atravessa processos educativos coletivos, cujo planejamento pertence a instâncias superiores e visam dar novo ritmo ao planeta” (op.cit.)
Como são perfeitas as leis divinas! A doutrina da reencarnação é fantástica. É a peça que faltava no quebra-cabeça. Como é bom saber que Deus não é temor, e sim que é Amor, Misericórdia, Bondade, Justiça, enfim: Perfeição absoluta.
Nada de penas eternas, punições ou castigos macabros. Também não há ociosidade entediante do céu teológico infantil. Tudo é trabalho, progresso, evolução incessante! Não existem eleitos e excluídos: há seres em constante ascensão. A reencarnação, se bem compreendida, constitui um valioso mecanismo de progresso da humanidade. A vida, diante da visão reencarnacionista, passa a ter um objetivo maior. Estamos (re)encarnados a fim de evoluir no campo intelecto-moral, o egoísmo cede lugar à caridade, compreende-se, por conseqüência, conforme a expressão de Leon Denis, o problema do ser, da dor e do destino. Tudo é aprendizado.
Claro que não são as vicissitudes (dor, doença, sofrimento, etc.) da vida, compreendidas em si mesmas, que nos fazem crescer espiritualmente, mas nossas atitudes diante delas. Podemos nos resignar (não confundir com conformismo) e lutar para superar as provas e expiações ou passar toda uma encarnação blasfemando contra a vida e a divindade. Na primeira situação haverá evolução, na segunda hipótese o ser permanece estacionado na escala ascensional e, provavelmente, passará por situações análogas, ou mais complexas, até que o aprendizado seja verdadeiramente auferido. Pelo exposto, resta evidente que somos nós os responsáveis pelo nosso destino, iremos colher em existências futuras aquilo que estamos semeando agora: “Se você prefere sofrer a ser alegre, o universo obedecerá com todo prazer” (Lou Marinoff; Pergunte a Platão)
“No mundo tereis aflições” – disse o mestre nazareno – “mas tende bom ânimo; eu venci o mundo.” (João 16:33) Chegará o momento em que nós também iremos dizer: Eu venci o mundo! Mas para que isso se concretize é “indispensável a luta para tornar possível o triunfo e fazer surgir o herói.” (Leon Denis; O problema do ser do destino e da dor)
Clique aqui para ler a primeira parte do artigo de Ricardo Malta.
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