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segunda-feira, 7 de maio de 2012

Sexo, sexualidade e reencarnação

Por Maria Ribeiro

É difícil pensar em reprodução sem fazer uma associação ao papel do sexo.

É necessário compreender que por reprodução sexuada entende-se a união dos gametas masculino e feminino, independentemente de se tratar de vegetais ou animais.

Com exceção dos Espongiários e dos Cnidários que alternam a reprodução em sexuada e assexuada, todos os seres se reproduzem exclusivamente sexuadamente.

Entre os animais, incluído o homem, o sexo é perfeitamente caracterizado, e as uniões muito bem definidas.

A reencarnação é necessária para a evolução dos seres, portanto a necessidade do sexo, confundido bastas vezes com prática menos digna. Mas o que parece ser esquecido de muitos, inclusive de ditos espíritas, é que foram os próprios homens que, ao longo de suas experiências, se deixaram escravizar pelo prazer físico que ele proporciona, tornando-o apenas objeto desse prazer, e por extensão, o papel do outro. 

A ciência vem realizando com sucesso a chamada reprodução in vitro para casais que encontram dificuldades em engravidar, mas nem por isto estas reproduções são menos sexuadas.

Para animais e homens o contato sexual é quase uma necessidade fisiológica, e há quem defenda a prática sexual como uma necessária descarga energética. Há que se acrescentar que mesmo entre alguns irracionais a prática sexual obedece a pelo menos um critério: a simpatia.

Já os homens contam com alguns quesitos a mais que os tornam ainda mais seletivos. Nestes a afetividade está mais desenvolvida e tem um papel decisivo na busca pelo par ideal, e com isto as relações se constroem muito mais sólidas, imprimindo responsabilidade maior e mais legítima nas práticas sexuais. Assim, estas passam de uma necessidade fisiológica para um harmônico compartilhar de energias.

Ao se falar em “afetividade mais desenvolvida” nem sempre se quer dizer que as relações serão sempre sólidas ou devidamente responsáveis. Mesmo no meio espírita encontram-se pessoas com sérias dificuldades em estabelecer relacionamentos dentro dos parâmetros cristãos. Há o “ficar”, que atende aos solteiros convictos, que não querem abrir mão desta condição e assumir relações definitivas.

Como entre as outras facções, as desculpas são até muito parecidas: medo, insegurança... Mas, o que fica claro é que também entre os espíritas, está muito difícil encontrar o “par ideal”, embora para as uniões fortuitas, isto não represente dificuldade. Há, como se pode perceber, uma contradição muito grande, e talvez parecesse natural entre os jovens espíritas, mas nunca entre os adultos já experientes.

A educação sexual precisa ser instituída entre os espíritas, com o objetivo de se formarem seres realmente conscientes de seu papel na vida. A sexualidade está presente em cada obra da Criação, e negá-la é afirmar que Deus de algum modo fora impudente. Mas daí a alimentá-la fora dos preceitos cristãos é faltar com o respeito consigo mesmo e com o outro.

No comentário da questão 696 de O Livro dos Espíritos, Kardec assinala: “A união fortuita dos sexos é um estado natural...” e, como é sabido, o estado natural é o estado primitivo (776). Ou seja, nesse estado de evolução os seres são atraídos para um acasalamento atendendo aos instintos de que são dotados. O problema é que as reencarnações asseguram ao homem a educação destes, com o aumento da inteligência, do senso moral, e conseqüentemente, da responsabilidade.

Talvez o momento atual inspire os espíritas a tratarem de forma mais humana os problemas humanos, evitando a hipocrisia, evidentemente, pois há que se considerar o objetivo original do sexo, que não é exclusivamente proporcionar prazer momentâneo numa esfera carnal.

A reencarnação conta com este mecanismo para ocorrer, pelo menos em princípio; e os reencarnantes precisam de lares cristamente estabelecidos para darem ensejo às suas jornadas. Ou é isto ou é o caos...

Testemunham-se muitos confrades discursarem defendendo o planejamento familiar, porém, estabelecido fica o menor número possível de filhos... É tão dicotômico que deixa dúvidas quanto ao real conhecimento entre estes de alguns dos princípios elementares trazidos pela Doutrina Espírita.

Não cabe fazer qualquer julgamento nestas formas de proceder, mesmo porque cada qual goza a liberdade de pensar e agir. É por isso que a Casa Espírita deverá se comprometer com a verdadeira evangelização, e não, como diria Herculano Pires, com o catecismo igrejeiro, e toda a sua falsa moral, suas falsas virtudes, e, portanto, de homens hipócritas. 

2 comentários:

  1. Ótimo artigo!A articulista expôs a realidade;os Centros Espíritas devem evangelizar as crianças e jovens levando em consideração a afetividade e a sexualidade inerentes AO SER HUMANO.

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  2. Amigos, tem um DVD muito legal que fala sobre esse tema.
    Encontrei nesse site: http://www.vitrineespirita.com.br/cd-sexo-entre-outros-temas.html

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