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quinta-feira, 26 de julho de 2012

Roustaing e sua médium perante Allan Kardec


Por Nazareno Tourinho

Depois de mostrar as tolices e as pieguices da obra de Roustaing (apenas as maiores, é claro, as mais evidentes, porque diante delas as outras perdem significação), parece-nos interessante discorrer sobre o relacionamento desse malfadado autor, e sua médium, Emile Collignon, com Allan Kardec.

Um breve ensaio a tal respeito será extremamente útil para premunir o leitor contra o discurso dos docetistas da atualidade, que tentam, de todos os modos, fazer acreditar em uma parceria do tristemente célebre advogado de Bordéus com o codificador do Espiritismo*.

Executemos um atencioso passeio pelas páginas da Coleção da Revista Espírita, lançada no Brasil a partir de 1964 pela Editora EDICEL (tradução de Júlio Abreu Filho). Ela abrange sem lacunas o tempo que o mestre de Lyon permaneceu no corpo físico após o surgimento do primeiro livro da nossa doutrina: são doze volumes anuais correspondentes ao período de 1858 a 1869, cobrindo os fatos importantes da vida de Kardec e espelhando suas ideias.

Antes de darmos a partida a essa viagem pela história do Espiritismo nascente é bom situarmos Roustaing e sua única médium, já nominada, no universo existencial do codificador do Espiritismo. Com isso facilitaremos ao leitor a compreensão dos eventos.

Nossos três personagens tiveram a mesma nacionalidade, foram contemporâneos, porém não amigos ou vizinhos. Não há sequer notícias de que hajam um dia se encontrado pessoalmente. Kardec morava na Capital francesa, onde dirigia a Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas, por ele fundada, e os outros dois residiam na cidade de Bordeaux.

Roustaing era quase da mesma idade de Kardec (dois anos mais novo). Emilie Collignon não se sabe ao certo, mas é fora de dúvida que já havia casado com um capitalista quando psicografou Os Quatro Evangelhos (assinou publicamente com o esposo um documento publicado na Revista Espírita de março de 1862).

Roustaing sobreviveu a Kardec, desencarnando somente em janeiro de 1879, com 73 anos, mas não produziu outras obras supostamente espíritas.

Emilie Collignon, que apenas em dezembro de 1902 deixou este mundo, deu a lume mais alguns livros, desconhecidos entre nós.

Fonte:
TOURINHO, Nazareno.  As Tolices e Pieguices da Obra de Roustaing – Nazareno Tourinho; ensaio crítico-doutrinário; 1ª edição, Edições Correio Fraterno, São Bernardo do Campo, SP, 1999.

*O autor se refere a uma passagem do livro “Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho”, onde o Espírito de Humberto de Campos, autor espiritual da obra, designa Jean Baptiste Roustaing como integrante de “uma plêiade de auxiliares” que cooperaram com a obra kardequiana, sendo responsável pela organização do “trabalho da fé”. A obra em questão, psicografia de Chico Xavier, faz parte do processo de legitimação espiritual do programa Kardec-Roustaing implantado por Bezerra de Menezes em sua gestão de presidente da FEB. (Nota de O Blog dos Espíritas).

2 comentários:

  1. Me parece que a passagem mencionada da obra De Humberto de Campos por Chico Xavier,foi uma fraude da Feb para legitimar Roustaing com "auxiliar" de Kardec.Não tenho notícia de comunicação de Bezerra nas últimas décadas legitimando ou sequer mencionando Roustaing.Ao contrário,Bezerra agora só fala em "kardequizar" nosso Espiritismo.Conclui-se que o nobre tarefeiro mudou claramente sua postura doutrinária

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  2. Foi uma exigência feita ao Chico, pela FEB para publicar o livro, com a qual ele não teria concordado em alterar a referência JBR. Chico consultou Humberto que contrariado, concordou com a alteração. Não existiu portanto, "mudança de lado". Waldomiro (Curitiba) março, 2016

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