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segunda-feira, 23 de julho de 2012

Um absurdo a mais

Por Nazareno Tourinho

Está na hora de pormos um ponto final nesta dúzia de breves escritos analisando os dislates e disparates da obra de Roustaing, que após retumbante fracasso editorial na época de seu lançamento, em terras francesas, foi ressuscitada no Brasil por alguns companheiros místicos, em briga com outros chamados de “científicos”, nos primórdios de nosso movimento doutrinário, sendo ainda hoje lida graças aos esforços e manobras dos dirigentes da FEB.

Poderíamos ir adiante no presente ensaio crítico, útil e necessário, oportuno em face de acontecimentos lamentáveis, pois, em se tratando dos quatro volumes da 6ª edição febeana da obra rustenista, até nas derradeiras folhas do Volume 4 existem tolices e pieguices dignas de reprovação. Padecendo de explicacite aguda (doença que consiste em querer explicar tudo), o célebre advogado de Bordéus, na página 527 do referido Volume 4, resolve justificar um massacre ordenado por Moisés, e para tanto assegura que “Espíritos protetores, prepostos a vigiar as provas e expiações de cada um, para que elas se cumprissem, impelindo os culpados ou dirigindo as espadas dos que acutilavam,faziam que aqueles recebessem o golpe que os prostaria”. Uma obra que apresenta tais explicações de fatos bíblicos, situando os Espíritos Superiores como capazes de produzir assassinato em massa para cumprimento das leis de DEUS, mereceria talvez mais considerações sobre o seu caráter mistificatório. Não convém, todavia, estendermos estas linhas, porque os leitores terminam se fatigando com a insistência de um articulista no mesmo assunto, e, de resto, o tema em foco sempre foi pouco simpático a muitos espíritas brasileiros, pouco afeitos a cogitações de maior profundidade filosófica, à luz da Codificação kardequiana (infelizmente o que a maioria gosta é de ler romances e textos psicografados de conteúdo sentimental, às vezes líricos e até delirantes). Impõe-se-nos compreender e aceitar a realidade de nosso movimento ideológico, sem mágoas ou ressentimentos, nadando contra a maré da imaturidade desses companheiros de crença tão só até determinado ponto.

Necessitando encerrar aqui, avisamos, contudo, aos confrades estudiosos da matéria, que ampliaremos estes comentários sobre a deletéria obra de J.B. Roustaing com a abordagem das relações pessoais que ele, e sua única médium, Emilie Collignon, tiveram com Allan Kardec, a fim de que o leitor fique ciente de como foi tramado o primeiro cisma do Espiritismo.

A Revista Espírita, editada mensalmente pelo Codificador durante mais de dez anos, forneceu-nos interessantes subsídios a esse respeito, fazendo-nos entender inclusive porque até hoje as diversas Diretorias da FEB nunca se interessaram em traduzi-la e divulgá-la, o que, aliás, historicamente, representa um crime perante a cultura doutrinária do nosso povo.

Fonte:
TOURINHO, Nazareno.  As Tolices e Pieguices da Obra de Roustaing – Nazareno Tourinho; ensaio crítico-doutrinário; 1ª edição, Edições Correio Fraterno, São Bernardo do Campo, SP, 1999.

Um comentário:

  1. Mistificação pesada e sufocante vinda diretamente do astral inferior,mais especificamente das hostes de católicos empedernidos e inimigos fidagais da Terceira revelação.Essa é a obra de JB Roustaing.

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