Por Marco Tulio Michalick
A palavra eutanásia é de origem grega, formada pela junção dos termos “eu” (bom) e tanathos (morte), então “Boa Morte”. Pode ser entendida como morte serena sem sofrimento; ou uma prática sem amparo legal, pelo qual se busca abreviar, sem dor ou sofrimento, a vida de um doente reconhecidamente incurável.
Na realidade é uma ação homicida cometida por um médico ou um leigo (em geral alguém da família), ou legislador que tem o poder de decidir a respeito da sobrevivência do enfermo.
A prática da eutanásia pode ser: positiva, em que se põe fim à vida do paciente, em geral, pela aplicação de fármacos. Negativa, em que se omitem os meios ordinários indispensáveis para a manutenção da vida. Eugenética, em que se elimina toda vida considerada sem valor; na Grécia antiga, a hegemonia espartana, sempre armada para a guerra e a destruição, inseriu no seu Estatuto o emprego legal desta eutanásia em referência aos enfermos, mutilados, psicopatas considerados inúteis. Involuntária, em que o paciente não é consultado, não se pronuncia ou é incapaz de fazê-lo, ou até mesmo não a deseja. Voluntária, em geral praticada pelo médico a pedido do paciente, considerado suicídio assistido.
Joanna de Ângelis, no seu livro Após a Tempestade..., psicografado por Divaldo Pereira Franco, descreve da seguinte forma a eutanásia: “Prática nefanda que testemunha a predominância do conceito materialista sobre a vida, que apenas vê a matéria e suas implicações imediatas, em detrimento das realidades espirituais, reflete, também, a soberania do primitivismo animal na constituição emocional do homem”.
Essa questão é debatida no mundo inteiro. A maioria dos países é contrária à prática da eutanásia, punindo àqueles que agem assim em situação humanitária, mesmo que seja para abreviar o sofrimento indesejado a um enfermo. As religiões, também, se opõem a essa prática, por acreditarem que somente Deus dá a vida e só Ele pode tirar.
Os que são favoráveis à eutanásia dizem agir em nome do doente em fase terminal, que se caracteriza por apresentar um quadro clínico irreversível, no qual passa por horríveis dores e sofrimentos, parecendo que somente a morte é um meio que pode livrá-lo de seu padecimento.
O argumento dos utilitaristas é que um paciente em fase terminal custa muito caro para o Estado, e que esse dinheiro poderia ser destinado à cura de pessoas com possibilidades de voltar à vida normal. Então perguntamos: O que é caro para o Estado? Esse argumento, na atualidade, não tem sustentação ao vermos o poder público fazer uso indevido do dinheiro, desviando-o para fins particulares, ou ainda gerando escândalos atrás de escândalos.
Na sociedade em que vivemos, temos responsabilidade pelos nossos semelhantes. Ao Estado cabe a responsabilidade pela administração do dinheiro público e não aos cidadãos, pela má gestão do recurso público. Pois o mau uso do dinheiro recai sobre as pessoas que pagam com a vida pela prática de atos indignos dos outros. Portanto negar ao doente terminal tratamento digno devido à escassez de recursos em favor de pesquisas para salvar vidas é uma incoerência diante da realidade.
O relato do canadense Mark Pickup, paciente crônico de esclerose múltipla progressiva há 15 anos, em um artigo publicado no National Post, em 1999, na cidade de Toronto, mostra sua preocupação diante da baixa estima que os deficientes têm por parte de seus concidadãos.
Quando Mark Pickup soube das conseqüências de sua doença, ou seja, que sua visão se debilitaria, suas pernas e braços se atrofiariam, perderia a capacidade de falar, teria incontinência, experimentaria esgotamento contínuo, sofreria períodos em que a capacidade de pensar seria obscurecida e não poderia confiar nas suas opiniões, concluiu que não haveria “qualidade de vida nessa existência, somente terror”. Ele faz um comentário muito importante em seu artigo: “Nos primeiros dias, meses e anos de minha doença, minha família me apoiou. Para eles eu era valioso, inclusive quando eu mesmo duvidava disso. Se não tivessem feito isso, eu poderia ter agradecido a visita de Jack Kevorkian. Se alguém me dissesse que minha carreira terminaria aos 37 anos, eu me desesperaria. De fato, quando chegou o momento, fiquei desesperado. Felizmente, muitos destes sintomas aterrorizantes diminuíram. Agora me movimento com muletas e disponho de um veículo adaptado às minhas necessidades. Não trabalho há nove anos, mas minha vida tem qualidade. Para quê? Para amar, para ser amado, para ser valorizado e acreditar que posso contribuir com algo para a comunidade”.
A sua história demonstra que ele valoriza a vida e o faz vencendo os obstáculos que lhe são postos no caminho. E assim segue a sua caminhada evolutiva, passando pelos espinhos. Felizmente, esta é uma atitude corajosa, ao passo que abreviar as dores por meio de uma morte digna não contribui para o processo de crescimento espiritual.
Para ele: “Existe na sociedade uma corrente subterrânea de hostilidade contra a vida humana imperfeita”. E se pergunta: “Com a aceitação da eutanásia, o que o doente incurável ou incapacitado pode esperar?”.
No Canadá, há uma política de duas medidas, ou seja, uma pessoa que tem tendência suicida recebe toda a ajuda necessária, inclusive tratamento psiquiátrico até que passe a crise. O objetivo é melhorar a auto-estima para viver com dignidade. Porém, quando se trata de um doente incurável ou um deficiente, a discussão é em volta da “morte digna”, “liberdade de escolher a própria morte”. Depois de indagar sobre a razão dessa diferença, Pickup comenta: “Sou valioso tanto quanto a pessoa sadia que deseja suicidar-se, mesmo que não me valorize ou deixe de ser amado pelos outros”.
Já no Brasil, existem poucos hospitais e associações cujo objetivo é dar o apoio necessário ao doente terminal e ainda a seus familiares a lidar com a morte. Trata-se de um tratamento paliativo onde o paciente recebe ajuda de psicólogos, médicos, enfermeiros e assistentes sociais.
O comportamento de uma pessoa que recebe a notícia de uma doença fatal é imprevisível. Sabe-se que a primeira coisa que vem a mente é o torpor pela morte. O medo toma conta da pessoa que começa se indagar a Deus. “Por que eu?” A família sofre, mas deve permanecer firme ao lado do enfermo, pois conforme Joanna de Ângelis, no livro citado, “as pessoas que se lhes vinculam na condição de pais, cônjuges, irmãos, amigos, também lhes são partícipes dos dramas e tragédias do passado, responsáveis diretos ou inconscientes, que ora se reabilitam, devendo estender-lhes mãos generosas, auxílio fraterno, pelo menos migalhas de amor”.
Segundo descreve a psiquiatra suíço-americana Elisabeth Kubler-Ross, em seu livro Sobre a Morte e o Morrer, os pacientes próximos da desencarnação passam por cinco estágios. A primeira fase é a de negar, não aceitar a idéia de morrer. Passa a ignorar o diagnóstico médico e tentam manter sua vida normal. No segundo estágio, ao se confirmar a doença, passam a ter raiva de Deus e de todos. E vem a pergunta de sempre, “Por que eu?”. Com a revolta passam a ter sentimentos de inveja das pessoas sadias e a reclamar dos familiares que não consideram. A terceira fase é o estágio da barganha, quando passam a fazer promessas a Deus na intenção de obter a cura. Nesta fase seu Espírito está mais tranqüilo e amistoso com os que lhe cercam. No quarto estágio vem a depressão. Muitas vezes, nesta fase, coincide com o agravamento do seu estado de saúde ou a frustração diante de um novo tratamento. O último estágio é o da aceitação. Fisicamente debilitado, o paciente se isola, aceita a idéia do fim e sente remorso pelo que deixou de fazer. Tem a sensação de derrota e impotência. Porém, emocionalmente, está mais saudável. A luta pela vida cessou e deu lugar à resignação.
Diante dessa realidade é que o médico Jack Kevorkian responde pela morte de 130 pacientes terminais. Em 1989, ele criou a primeira máquina para praticar a morte rápida, a qual batizou com o nome de Tanatron, palavra originária do grego que significa “máquina da morte”. Com ela, são aplicadas doses altíssimas de analgésicos seguidas por fortes dosagens de relaxantes musculares e soluções de potássio que interrompem o funcionamento do sistema cardiorrespiratório. Segundo ele, o processo é indolor. Sua máquina o deixava em posição cômoda, pois eram os pacientes que abriam a válvula para injetar os medicamentos mortais. Em 1998, Kevorkian operou os instrumentos da morte para Thomas Youk, de 52 anos, que sofria de um tipo de esclerose, conhecida como mal de Lou Gehrig. Thomas assinou uma declaração formal dizendo que não queria mais viver. Sua morte foi filmada por Kevorkian e mostrada na rede de tevê norte-americana CBS. Com base nesse vídeo, as autoridades judiciais de Michigan abriram um processo contra Kevorkian, o quinto aberto no país, desde 1990, por homicídio. O “Doutor Morte” foi condenado a uma pena de 25 anos na penitenciária de Pontiac.
Pesquisa revela que doentes terminais, em sua maioria, admitem a possibilidade da vida após a morte. Outro dado relevante nas pesquisas é que muitas pessoas se sintam culpadas ou com remorso por deixar assunto mal resolvido ou não ter reconciliado.
Não poderíamos deixar de terminar sem escrever um parágrafo que se encontra em Após a Tempestade..., no qual, Joanna de Ângelis dedica um capítulo ao assunto da eutanásia: “No que tange aos enfermos ditos irrecuperáveis, convém considerar que doenças, ontem detestáveis quanto incuráveis, são hoje capítulo superado pelo triunfo de homens-sacerdotes da Ciência Médica, que a enobrecem pelo contributo que suas vidas oferecem a benefício da Humanidade. Sempre há, pois, possibilidade de amanhã conseguir-se a vitória sobre a enfermidade irreversível de hoje. Diariamente, para esse desiderato, mergulham na carne Espíritos Missionários que se prestam e impulsionam o progresso, realizando descobrimentos e conquistas superiores para a vida, fonte poderosa de esperança e conforto para os que sofrem, em nome do Supremo Pai”. E finaliza o parágrafo: “cada minuto em qualquer vida é, portanto, precioso para o Espírito em resgate abençoado. Quantas resoluções nobres, decisões felizes ou atitudes desditosas ocorrem num relance, de momento?”.
Temos aqui considerações importantes, que abrem a possibilidade de refletirmos melhor sobre as reais necessidades de aplicação da eutanásia em pacientes terminais e as posteriores implicações desse ato.
Fonte: Revista Cristã de Espiritismo, edição nº 20, ano 2003.
A palavra eutanásia é de origem grega, formada pela junção dos termos “eu” (bom) e tanathos (morte), então “Boa Morte”. Pode ser entendida como morte serena sem sofrimento; ou uma prática sem amparo legal, pelo qual se busca abreviar, sem dor ou sofrimento, a vida de um doente reconhecidamente incurável.
Na realidade é uma ação homicida cometida por um médico ou um leigo (em geral alguém da família), ou legislador que tem o poder de decidir a respeito da sobrevivência do enfermo.
A prática da eutanásia pode ser: positiva, em que se põe fim à vida do paciente, em geral, pela aplicação de fármacos. Negativa, em que se omitem os meios ordinários indispensáveis para a manutenção da vida. Eugenética, em que se elimina toda vida considerada sem valor; na Grécia antiga, a hegemonia espartana, sempre armada para a guerra e a destruição, inseriu no seu Estatuto o emprego legal desta eutanásia em referência aos enfermos, mutilados, psicopatas considerados inúteis. Involuntária, em que o paciente não é consultado, não se pronuncia ou é incapaz de fazê-lo, ou até mesmo não a deseja. Voluntária, em geral praticada pelo médico a pedido do paciente, considerado suicídio assistido.
Joanna de Ângelis, no seu livro Após a Tempestade..., psicografado por Divaldo Pereira Franco, descreve da seguinte forma a eutanásia: “Prática nefanda que testemunha a predominância do conceito materialista sobre a vida, que apenas vê a matéria e suas implicações imediatas, em detrimento das realidades espirituais, reflete, também, a soberania do primitivismo animal na constituição emocional do homem”.
Essa questão é debatida no mundo inteiro. A maioria dos países é contrária à prática da eutanásia, punindo àqueles que agem assim em situação humanitária, mesmo que seja para abreviar o sofrimento indesejado a um enfermo. As religiões, também, se opõem a essa prática, por acreditarem que somente Deus dá a vida e só Ele pode tirar.
Os que são favoráveis à eutanásia dizem agir em nome do doente em fase terminal, que se caracteriza por apresentar um quadro clínico irreversível, no qual passa por horríveis dores e sofrimentos, parecendo que somente a morte é um meio que pode livrá-lo de seu padecimento.
O argumento dos utilitaristas é que um paciente em fase terminal custa muito caro para o Estado, e que esse dinheiro poderia ser destinado à cura de pessoas com possibilidades de voltar à vida normal. Então perguntamos: O que é caro para o Estado? Esse argumento, na atualidade, não tem sustentação ao vermos o poder público fazer uso indevido do dinheiro, desviando-o para fins particulares, ou ainda gerando escândalos atrás de escândalos.
Na sociedade em que vivemos, temos responsabilidade pelos nossos semelhantes. Ao Estado cabe a responsabilidade pela administração do dinheiro público e não aos cidadãos, pela má gestão do recurso público. Pois o mau uso do dinheiro recai sobre as pessoas que pagam com a vida pela prática de atos indignos dos outros. Portanto negar ao doente terminal tratamento digno devido à escassez de recursos em favor de pesquisas para salvar vidas é uma incoerência diante da realidade.
O relato do canadense Mark Pickup, paciente crônico de esclerose múltipla progressiva há 15 anos, em um artigo publicado no National Post, em 1999, na cidade de Toronto, mostra sua preocupação diante da baixa estima que os deficientes têm por parte de seus concidadãos.
Quando Mark Pickup soube das conseqüências de sua doença, ou seja, que sua visão se debilitaria, suas pernas e braços se atrofiariam, perderia a capacidade de falar, teria incontinência, experimentaria esgotamento contínuo, sofreria períodos em que a capacidade de pensar seria obscurecida e não poderia confiar nas suas opiniões, concluiu que não haveria “qualidade de vida nessa existência, somente terror”. Ele faz um comentário muito importante em seu artigo: “Nos primeiros dias, meses e anos de minha doença, minha família me apoiou. Para eles eu era valioso, inclusive quando eu mesmo duvidava disso. Se não tivessem feito isso, eu poderia ter agradecido a visita de Jack Kevorkian. Se alguém me dissesse que minha carreira terminaria aos 37 anos, eu me desesperaria. De fato, quando chegou o momento, fiquei desesperado. Felizmente, muitos destes sintomas aterrorizantes diminuíram. Agora me movimento com muletas e disponho de um veículo adaptado às minhas necessidades. Não trabalho há nove anos, mas minha vida tem qualidade. Para quê? Para amar, para ser amado, para ser valorizado e acreditar que posso contribuir com algo para a comunidade”.
A sua história demonstra que ele valoriza a vida e o faz vencendo os obstáculos que lhe são postos no caminho. E assim segue a sua caminhada evolutiva, passando pelos espinhos. Felizmente, esta é uma atitude corajosa, ao passo que abreviar as dores por meio de uma morte digna não contribui para o processo de crescimento espiritual.
Para ele: “Existe na sociedade uma corrente subterrânea de hostilidade contra a vida humana imperfeita”. E se pergunta: “Com a aceitação da eutanásia, o que o doente incurável ou incapacitado pode esperar?”.
No Canadá, há uma política de duas medidas, ou seja, uma pessoa que tem tendência suicida recebe toda a ajuda necessária, inclusive tratamento psiquiátrico até que passe a crise. O objetivo é melhorar a auto-estima para viver com dignidade. Porém, quando se trata de um doente incurável ou um deficiente, a discussão é em volta da “morte digna”, “liberdade de escolher a própria morte”. Depois de indagar sobre a razão dessa diferença, Pickup comenta: “Sou valioso tanto quanto a pessoa sadia que deseja suicidar-se, mesmo que não me valorize ou deixe de ser amado pelos outros”.
Já no Brasil, existem poucos hospitais e associações cujo objetivo é dar o apoio necessário ao doente terminal e ainda a seus familiares a lidar com a morte. Trata-se de um tratamento paliativo onde o paciente recebe ajuda de psicólogos, médicos, enfermeiros e assistentes sociais.
O comportamento de uma pessoa que recebe a notícia de uma doença fatal é imprevisível. Sabe-se que a primeira coisa que vem a mente é o torpor pela morte. O medo toma conta da pessoa que começa se indagar a Deus. “Por que eu?” A família sofre, mas deve permanecer firme ao lado do enfermo, pois conforme Joanna de Ângelis, no livro citado, “as pessoas que se lhes vinculam na condição de pais, cônjuges, irmãos, amigos, também lhes são partícipes dos dramas e tragédias do passado, responsáveis diretos ou inconscientes, que ora se reabilitam, devendo estender-lhes mãos generosas, auxílio fraterno, pelo menos migalhas de amor”.
Segundo descreve a psiquiatra suíço-americana Elisabeth Kubler-Ross, em seu livro Sobre a Morte e o Morrer, os pacientes próximos da desencarnação passam por cinco estágios. A primeira fase é a de negar, não aceitar a idéia de morrer. Passa a ignorar o diagnóstico médico e tentam manter sua vida normal. No segundo estágio, ao se confirmar a doença, passam a ter raiva de Deus e de todos. E vem a pergunta de sempre, “Por que eu?”. Com a revolta passam a ter sentimentos de inveja das pessoas sadias e a reclamar dos familiares que não consideram. A terceira fase é o estágio da barganha, quando passam a fazer promessas a Deus na intenção de obter a cura. Nesta fase seu Espírito está mais tranqüilo e amistoso com os que lhe cercam. No quarto estágio vem a depressão. Muitas vezes, nesta fase, coincide com o agravamento do seu estado de saúde ou a frustração diante de um novo tratamento. O último estágio é o da aceitação. Fisicamente debilitado, o paciente se isola, aceita a idéia do fim e sente remorso pelo que deixou de fazer. Tem a sensação de derrota e impotência. Porém, emocionalmente, está mais saudável. A luta pela vida cessou e deu lugar à resignação.
Diante dessa realidade é que o médico Jack Kevorkian responde pela morte de 130 pacientes terminais. Em 1989, ele criou a primeira máquina para praticar a morte rápida, a qual batizou com o nome de Tanatron, palavra originária do grego que significa “máquina da morte”. Com ela, são aplicadas doses altíssimas de analgésicos seguidas por fortes dosagens de relaxantes musculares e soluções de potássio que interrompem o funcionamento do sistema cardiorrespiratório. Segundo ele, o processo é indolor. Sua máquina o deixava em posição cômoda, pois eram os pacientes que abriam a válvula para injetar os medicamentos mortais. Em 1998, Kevorkian operou os instrumentos da morte para Thomas Youk, de 52 anos, que sofria de um tipo de esclerose, conhecida como mal de Lou Gehrig. Thomas assinou uma declaração formal dizendo que não queria mais viver. Sua morte foi filmada por Kevorkian e mostrada na rede de tevê norte-americana CBS. Com base nesse vídeo, as autoridades judiciais de Michigan abriram um processo contra Kevorkian, o quinto aberto no país, desde 1990, por homicídio. O “Doutor Morte” foi condenado a uma pena de 25 anos na penitenciária de Pontiac.
Pesquisa revela que doentes terminais, em sua maioria, admitem a possibilidade da vida após a morte. Outro dado relevante nas pesquisas é que muitas pessoas se sintam culpadas ou com remorso por deixar assunto mal resolvido ou não ter reconciliado.
Não poderíamos deixar de terminar sem escrever um parágrafo que se encontra em Após a Tempestade..., no qual, Joanna de Ângelis dedica um capítulo ao assunto da eutanásia: “No que tange aos enfermos ditos irrecuperáveis, convém considerar que doenças, ontem detestáveis quanto incuráveis, são hoje capítulo superado pelo triunfo de homens-sacerdotes da Ciência Médica, que a enobrecem pelo contributo que suas vidas oferecem a benefício da Humanidade. Sempre há, pois, possibilidade de amanhã conseguir-se a vitória sobre a enfermidade irreversível de hoje. Diariamente, para esse desiderato, mergulham na carne Espíritos Missionários que se prestam e impulsionam o progresso, realizando descobrimentos e conquistas superiores para a vida, fonte poderosa de esperança e conforto para os que sofrem, em nome do Supremo Pai”. E finaliza o parágrafo: “cada minuto em qualquer vida é, portanto, precioso para o Espírito em resgate abençoado. Quantas resoluções nobres, decisões felizes ou atitudes desditosas ocorrem num relance, de momento?”.
Temos aqui considerações importantes, que abrem a possibilidade de refletirmos melhor sobre as reais necessidades de aplicação da eutanásia em pacientes terminais e as posteriores implicações desse ato.
Fonte: Revista Cristã de Espiritismo, edição nº 20, ano 2003.
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