Por Orson Peter Carrara
Falsa idéia da Doutrina Espírita é apresentada através de livros ou publicações pseudo-espíritas, de adeptos inconscientes. Elas são mais perniciosas do que os veementes ataques sofridos pelo Espiritismo de adeptos de outras crenças.
Seria o caso de perguntar por que os espíritos responsáveis pela expansão correta do pensamento espírita permitem tais ocorrências e se há um meio de evitar esse inconveniente?
O próprio Kardec pronunciou-se sobre o assunto. Questionado sobre o assunto, forneceu preciosa instrução, que transcrevemos parcialmente:
“(...) O Espiritismo realizou, indubitavelmente, milagres de reforma moral, mas supor que essa transformação pode ser súbita e universal, seria desconhecer a Humanidade. Entre os próprios espíritas há aqueles que, como eu disse, só vêem do Espiritismo a superfície, que não compreendem o seu fim essencial. (...) Ora, a humanidade na Terra é ainda jovem, apesar da pretensão dos seus doutos. O Espiritismo, também ele, apenas acaba de nascer. Ele cresce depressa, como vedes, e desfruta de uma excelente saúde. Mas é preciso dar-lhe tempo para atingir a idade viril. Eu vos disse ainda que as afrontas que ele sofre, e que lamentais, têm seu lado bom. (...)”.
Na seqüência, o Codificador apresenta uma passagem de certa comunicação obtida com o seguinte teor: “Os espíritas esclarecidos devem se felicitar com o fato de as falsas e contraditórias idéias se revelarem neste período inicial, pois que são combatidas, arruínam-se e se esgotam no decorrer da infância do Espiritismo. (...)”.
E acrescenta depois: “(...) para sopesar o efeito dessas dissidências, basta observar o quanto se passa. Em que se apóiam elas? Em opiniões individuais que podem reunir algumas pessoas, pois não há idéia, por mais absurda que seja, que não encontre participantes. Todavia, julga-se de seu valor pela preponderância que ela adquire. Ora, onde vedes essas idéias de que falamos empolgando, ainda que em termos, as simpatias? Onde se constituem em escola, ameaçando, pelo número de aderentes, a bandeira que adotastes? Em parte alguma! Pelo contrário, as idéias divergentes assistem incessantemente à evasão dos seus participantes, que partem para aderir à unidade que se faz lei para a imensa maioria, se é que não o faz para a totalidade. (...)”.
E esta ponderação extraordinária, que podemos constatar diariamente: “(...) De resto, o erro leva consigo, quase sempre, o seu remédio. E o seu reino, por outro lado, nunca é eterno. Cedo ou tarde, enceguecido por uns poucos sucessos efêmeros, faz-se vítima de uma espécie de vertigem e curva-se ante as aberrações que precipitam sua queda. Deplorais as excentricidades de certos escritos publicados sob a cobertura do Espiritismo. Pelo contrário, devereis abençoá-los, uma vez que é por esses excessos mesmos que o erro se perde. (...)”.
Mais adiante, continua Kardec: “(...) Esses erros provêm quase sempre de Espíritos levianos, sistemáticos ou pseudo-sábios, que se comprazem vendo editadas suas fantasias e utopias (...) Mas, como esses Espíritos não possuem nem a verdadeira cultura, nem a verdadeira sabedoria, não conseguem manter por muito tempo o seu papel e a ignorância os trai. (...) é preciso que não temais, para o futuro, a influência dessas obras. Elas podem, momentaneamente, acender um fogo de palha, mas quando não se apóiam em uma lógica rigorosa, vede, ao fim de alguns anos – muitas vezes de alguns poucos meses –, a que se reduziram. (...)”
E conclui com o bom senso que o caracterizava: “(...) Uma vez que os Espíritos possuem livre-arbítrio e uma opinião sobre os homens e as coisas, compreender-se-á que a prudência e a conveniência mandam afastar esses perigos. No interesse da doutrina convém, pois, fazer uma escolha muito severa em semelhantes casos (...)”.
Essas instruções, entre outras de grande valor, estão no livro Viagem Espírita em 1862, edição da Casa Editora O Clarim, com tradução de Wallace Leal V. Rodrigues. Trata-se de trabalho publicado pelo próprio Codificador, do original francês Voyage Spirite en 1862, de uma série de 50 reuniões presididas por ele mesmo durante viagem (que durou seis semanas e numa extensão de mais de 1.100 kms) de visita a grupos espíritas franceses.
A obra contém a coletânea dos diversos pronunciamentos e depoimentos colhidos, cujo conteúdo de esclarecimento e atualidade – embora tenham sido proferidos no distante ano de 1862 – constitui-se em poderoso instrumento para a organização e administração das sociedades espíritas e mesmo para o entendimento dos fundamentos espíritas.
Destacamos a questão de publicações pseudo-espíritas, mas a obra contém preciosos outros ensinamentos.
Matéria publicada originariamente na Revista Internacional de Espiritismo, de abril de 2004.
Falsa idéia da Doutrina Espírita é apresentada através de livros ou publicações pseudo-espíritas, de adeptos inconscientes. Elas são mais perniciosas do que os veementes ataques sofridos pelo Espiritismo de adeptos de outras crenças.
Seria o caso de perguntar por que os espíritos responsáveis pela expansão correta do pensamento espírita permitem tais ocorrências e se há um meio de evitar esse inconveniente?
O próprio Kardec pronunciou-se sobre o assunto. Questionado sobre o assunto, forneceu preciosa instrução, que transcrevemos parcialmente:
“(...) O Espiritismo realizou, indubitavelmente, milagres de reforma moral, mas supor que essa transformação pode ser súbita e universal, seria desconhecer a Humanidade. Entre os próprios espíritas há aqueles que, como eu disse, só vêem do Espiritismo a superfície, que não compreendem o seu fim essencial. (...) Ora, a humanidade na Terra é ainda jovem, apesar da pretensão dos seus doutos. O Espiritismo, também ele, apenas acaba de nascer. Ele cresce depressa, como vedes, e desfruta de uma excelente saúde. Mas é preciso dar-lhe tempo para atingir a idade viril. Eu vos disse ainda que as afrontas que ele sofre, e que lamentais, têm seu lado bom. (...)”.
Na seqüência, o Codificador apresenta uma passagem de certa comunicação obtida com o seguinte teor: “Os espíritas esclarecidos devem se felicitar com o fato de as falsas e contraditórias idéias se revelarem neste período inicial, pois que são combatidas, arruínam-se e se esgotam no decorrer da infância do Espiritismo. (...)”.
E acrescenta depois: “(...) para sopesar o efeito dessas dissidências, basta observar o quanto se passa. Em que se apóiam elas? Em opiniões individuais que podem reunir algumas pessoas, pois não há idéia, por mais absurda que seja, que não encontre participantes. Todavia, julga-se de seu valor pela preponderância que ela adquire. Ora, onde vedes essas idéias de que falamos empolgando, ainda que em termos, as simpatias? Onde se constituem em escola, ameaçando, pelo número de aderentes, a bandeira que adotastes? Em parte alguma! Pelo contrário, as idéias divergentes assistem incessantemente à evasão dos seus participantes, que partem para aderir à unidade que se faz lei para a imensa maioria, se é que não o faz para a totalidade. (...)”.
E esta ponderação extraordinária, que podemos constatar diariamente: “(...) De resto, o erro leva consigo, quase sempre, o seu remédio. E o seu reino, por outro lado, nunca é eterno. Cedo ou tarde, enceguecido por uns poucos sucessos efêmeros, faz-se vítima de uma espécie de vertigem e curva-se ante as aberrações que precipitam sua queda. Deplorais as excentricidades de certos escritos publicados sob a cobertura do Espiritismo. Pelo contrário, devereis abençoá-los, uma vez que é por esses excessos mesmos que o erro se perde. (...)”.
Mais adiante, continua Kardec: “(...) Esses erros provêm quase sempre de Espíritos levianos, sistemáticos ou pseudo-sábios, que se comprazem vendo editadas suas fantasias e utopias (...) Mas, como esses Espíritos não possuem nem a verdadeira cultura, nem a verdadeira sabedoria, não conseguem manter por muito tempo o seu papel e a ignorância os trai. (...) é preciso que não temais, para o futuro, a influência dessas obras. Elas podem, momentaneamente, acender um fogo de palha, mas quando não se apóiam em uma lógica rigorosa, vede, ao fim de alguns anos – muitas vezes de alguns poucos meses –, a que se reduziram. (...)”
E conclui com o bom senso que o caracterizava: “(...) Uma vez que os Espíritos possuem livre-arbítrio e uma opinião sobre os homens e as coisas, compreender-se-á que a prudência e a conveniência mandam afastar esses perigos. No interesse da doutrina convém, pois, fazer uma escolha muito severa em semelhantes casos (...)”.
Essas instruções, entre outras de grande valor, estão no livro Viagem Espírita em 1862, edição da Casa Editora O Clarim, com tradução de Wallace Leal V. Rodrigues. Trata-se de trabalho publicado pelo próprio Codificador, do original francês Voyage Spirite en 1862, de uma série de 50 reuniões presididas por ele mesmo durante viagem (que durou seis semanas e numa extensão de mais de 1.100 kms) de visita a grupos espíritas franceses.
A obra contém a coletânea dos diversos pronunciamentos e depoimentos colhidos, cujo conteúdo de esclarecimento e atualidade – embora tenham sido proferidos no distante ano de 1862 – constitui-se em poderoso instrumento para a organização e administração das sociedades espíritas e mesmo para o entendimento dos fundamentos espíritas.
Destacamos a questão de publicações pseudo-espíritas, mas a obra contém preciosos outros ensinamentos.
Matéria publicada originariamente na Revista Internacional de Espiritismo, de abril de 2004.
Nenhum comentário:
Postar um comentário