Por Marcelo Henrique Pereira
De tempos em tempos, graças à mentalidade fértil de certos escritores, médiuns, dirigentes ou, na sua evidência mais comum, Espíritos que ditam mensagens (por via psicográfica ou psicofônica), aparecem conceitos, adjetivações ou, até, teorias que recebem da platéia espírita ressonância e aceitação, passando a ter respaldo como verdades inquestionáveis. De imediato, devemos salientar que nada temos contra o potencial criativo humano, sobretudo quando expresso na forma de construções literárias e, neste aspecto singular, obras de ficção (inclusive espírita) existem aos borbotões, mas, infeliz e negativamente, nem sempre isto fica claro para o incauto leitor. Corroborando esta diagnose está a gama de editoras “espiritualistas”, especializadas na produção e comercialização de um sem-número de obras de duvidosa origem e questionável conteúdo, que inundam prateleiras (mormente das instituições espíritas), em “pacotes” atrativos e catálogos coloridos e bem-formatados, vendendo uma imagem às vezes fantasiosa daquilo que não se encontra no material a ser lido, ou, o que é pior, inverdades que não subsistem ao mínimo e primário cotejo com os fundamentos da Doutrina Espírita.
Herculano Pires, neste mister, a propósito, em meados da década de 60 e por toda a década de 70, mesmo advogando a liberdade de expressão e a ausência de qualquer meio filosófico-doutrinário de censura (prévia ou posterior à publicação), advertiu-nos quanto à necessidade da separação – calcada no estudo e no conhecimento espírita – entre o joio e o trigo. Historietas e composições “água-com-açúcar” grassam abundantemente nas searas espíritas, contando, inclusive, com o beneplácito e (o que é mais grave) o fomento à leitura por parte de desavisados (ou despreparados e “empolgados” dirigentes). É claro que o “povo” não quer saber de leituras densas e longas, a literatura do tipo “vale quanto pesa”, por sua aparência e contextura “pesada”, livros que esboçam parágrafos longos e terminologia avançada, de vez que a maioria, além de nunca ter desenvolvido (ou de ter odiado) a prática da consulta a dicionários ou enciclopédias – mesmo com as facilidades da internet de nossos dias – igualmente jamais apreciou leituras complementares derivadas do folheio de atlas ou obras de biologia, história, geografia, sociologia, física, medicina, direito...
Qualquer análise que exija esforço pessoal um pouco maior do que a mera leitura linear e seqüencial é, de pronto, rechaçada e esquecida, com a pífia justificativa de que falta estudo ou formação acadêmica ou, como mais se ouve por aí, “eu não tenho conhecimentos para tanto”, quando não a acusação padrão de que “estão querendo elitizar a doutrina”, com tantos professores e especialistas, eruditos e letrados, cheios de títulos e cargos, quando, “na verdade”, a doutrina “deveria manter sua simplicidade”. Há, convenhamos, uma generalizada confusão entre simplicidade e minudência ou simplificação extrema (a limitação ao básico ou ao “mínimo necessário”), ainda que este represente a alie-nação em relação à complementação dos conceitos fundamentais.
Então, opta-se pelo conhecido “chover no molhado”, com palestras repetititvas e enfadonhas e literaturas “rasteiras”, plenas de máximas, jargões e frases de efeito, ou o desfilar de historinhas e feitos de médiuns do passado, com gestos de humildade, bondade, amor, perseverança, piedade... aos montes. Nada contra, digamos, a exemplificação construtiva, a referência aos vultos e suas realizações. Mas, respeitosamente, o Espiritismo precisa “olhar para a frente”, com base no hoje, com o contributo real do espírita pensante e atuante na construção de relações, instituições, movimento e, como resultado, uma Sociedade melhor e mais espiritualizada.
As pseudo-verdades – que crescem em abundância, mesmo que não hajam sido semeadas propositadamente pelos próprios espíritas – compõem um rol que precisa ser apresentado e analisado, sem que se promova nenhuma “caça às bruxas”, nem se introduza nenhum “index” ou “santo ofício”, tampouco nenhuma “cruzada em defesa da pureza doutrinária”, mas, em verdade, para servir de alerta aos iniciantes ou aos interessados em conhecer e se aprofundar no conteúdo espiritista, os quais, as mais das vezes, são atraídos pela facilidade de alguns “livrinhos” que são acalentados como “pérolas”, manuais ou referências, mas que não passam de engodo ou falsas interpretações – peculiares ao nível ainda atrasado de quem as concebeu – ou, como costumamos dizer, representam “adequações do pensamento espírita às conveniências, gostos e raciocínios pessoais”, quando o esperado, desejável e imperioso seria justamente o contrário, ou seja, a adequação de nossos comporta-mentos, linguagem e pensamento ao perfil progressivo do Espiritismo.
Neste ensaio, sem ser conclusivo nem abrangente, apresentaremos algumas destas idéias, as quais, pelas informações “oficiais” disponíveis (em sede de Codificação) são neologismos que devem ser, no mínimo, tratados com reserva, aguardando que, pelos mesmos critérios adotados no trabalho de Kardec, haja confirmação posterior destas “teses”:
1) Alimentação espiritual similar à terrena – embora considerando nossa pouca iluminação espiritual e a proximidade aos níveis iniciais de evolutividade, os primeiros degraus da Escala Espírita (O livro dos espíritos, item 100 e seguintes), e, sobretudo, de modo mais flagrante, as viciações e os excessos comuns aos homens de nosso tempo (álcool, fumo, gula, jogatina, promiscuidade, avareza, orgulho, cupidez, egoísmo, vaidade, entre outros), é natural imaginar que carreamos para o plano invisível muitas das nossas “preferências” e “costumes” e, pela sensibilidade e pelo comprometimento perispiritual, sentimos muita “falta” daquilo que repetidamente fizemos uso numa (relativamente longa) existência corporal. Herculano Pires (em Vampirismo) comenta sobre a vinculação psíquica entre desencarnados e encarnados – uma, apenas, das variações desta intrincada simbiose – para que os primeiros possam continuar experimentando os “prazeres” que sentiam quando vivos, acompanhando os segundos em locais e eventos em que os efeitos das substâncias materiais possam ser novamente experimentados.
Todavia, daí a admitir ou preconizar que existam “alimentos fluídicos” ou psíquicos, em formatação similar à da conjuntura material é um excesso destemperado. Nada há na Codificação que ateste tal realidade e, mesmo que Kardec tivesse sido “econômico” neste particular, devemos respeitar o princípio animador da estrutura doutrinária espírita que exige, para a aceitação de “novas verdades”, a obediência ao Controle Universal do Ensino dos Espíritos (CUEE), ou, explicitamente, a confirmação do relato por médiuns diferentes, idôneos, em momentos distintos e/ou locais separados, dando substrato de validade à nova informação, acostando-a ao chamado “corpo doutrinário”. (Veja-se o contido no quesito 710, de OLlivro dos Espíritos – alimentação em planos mais sutis.)
2) Aeróbus, como meio de transporte na espiritualidade – André Luiz apresenta um meio de transporte nas colônias espirituais, idéia que deve ser encarada, a nosso ver, muito mais como figurativa e ficcional do que como real. A princípio, é característica do Espírito a locomoção pelo pensamento (questão 89, de O Livro dos Espíritos), em face da ausência das limitações naturais da existência material (em especial, o peso da estrutura corporal e a necessidade de deslocamento motor – com anteparo nos membros inferiores). Logo, a priori, fica descartada a idéia andreluiziana de que haja meios de transporte “semi-materiais” ou imateriais, mesmo em colônias que recebam Espíritos pouco adiantados, tais como os que figuraram nos relatos mediúnicos.
Há, sim, um quesito limitador ao “livre” deslocamento nos Planos Astrais, qual seja a própria condição evolutiva de cada um, que condiciona a liberdade espiritual plena. E, no caso de individualidades recalcitrantes no atraso, a prostração e a desobediência de muitos poderá, em alguns casos, significar a necessidade de participação de terceiros (mentores ou instrutores espirituais) que conduzam este ou aquele Espírito, de um local para outro, para fins de tratamento, orientação ou reeducação.
3) Dor como necessidade evolutiva – infeliz, desde o princípio, a delimitação, na literatura e na “pregação” espírita, das “duas opções” evolutivas do ser: pelo amor ou pela dor, isto é, sem ou com sofrimento. Veja o leitor, no periódico espírita que costuma ler, as conhecidas e repetidas entrevistas com personalidades (dirigentes, expositores ou médiuns) sobre as temáticas evolução, dor ou sofrimento, em que se propaga a equivocada idéia de que os encarnados “precisam” sofrer para alcançar a felicidade. Há os que alardeiam ser fundamental aceitar (com resignação) todo e qualquer revés da vida, porque o “bem suportar” significará a promoção espiritual para os “gozos futuros”: - Sofre hoje, porque o teu futuro “está garantido”!
A mecânica da dor (ou a sua sistemática, em tom impositivo) não é uma exigência da Lei Natural. Não há, convenhamos, entre as pontuais Leis Morais, nenhuma prescrição sobre o sofrimento necessário. Há muito excesso em tentar acondicionar a dor à Lei de Destruição, como se a transformação da matéria pudesse sugerir a indispensabilidade do concurso do sofrimento em nossas vidas. Outro excesso (ou, no mínimo, impropriedade na diagnose) é considerar que expiação seja necessária e totalmente sinonímia de dor, como “purgação” de erros pretéritos, pré-encarnatórios. Do contrário, melhor seria apresentá-la como dificuldade, obstáculo, ou, até, deficiência, mas, daí, a confiná-la – a expiação – como “sofrimento inafastável”, há uma perigosa e quase absoluta tendência explicativa.
Mais oportuna, vibrante e positiva é a apreciação da dor como reflexo (atual) de nossas posturas, hábitos e comportamentos (atuais ou passados), efeito inteligente de uma causa inteligente, aplicação pura e simples da Lei Divina que governa o Infinito, que nos coloca no papel de atores principais de nossas vidas, construtores de nossos atos, e não marionetes obedientes a instruções, ordens ou condicionamentos de instrutores ou “departamentos” da espiritualidade.
Evidentemente, não param por aí as invencionices ou as deficiências interpretativas. Muitas outras há, tão ou mais preocupantes, contingenciais às nossas limitações evolutivas, realidade que só pode ser modificada com a utilização do único antídoto, apontado pelos preclaros gênios de todos os tempos, luminares espirituais, deste e de outros mundos: o Estudo, sério e dedicado. Vacine-se, pois, freqüentemente... estudando!
De tempos em tempos, graças à mentalidade fértil de certos escritores, médiuns, dirigentes ou, na sua evidência mais comum, Espíritos que ditam mensagens (por via psicográfica ou psicofônica), aparecem conceitos, adjetivações ou, até, teorias que recebem da platéia espírita ressonância e aceitação, passando a ter respaldo como verdades inquestionáveis. De imediato, devemos salientar que nada temos contra o potencial criativo humano, sobretudo quando expresso na forma de construções literárias e, neste aspecto singular, obras de ficção (inclusive espírita) existem aos borbotões, mas, infeliz e negativamente, nem sempre isto fica claro para o incauto leitor. Corroborando esta diagnose está a gama de editoras “espiritualistas”, especializadas na produção e comercialização de um sem-número de obras de duvidosa origem e questionável conteúdo, que inundam prateleiras (mormente das instituições espíritas), em “pacotes” atrativos e catálogos coloridos e bem-formatados, vendendo uma imagem às vezes fantasiosa daquilo que não se encontra no material a ser lido, ou, o que é pior, inverdades que não subsistem ao mínimo e primário cotejo com os fundamentos da Doutrina Espírita.
Herculano Pires, neste mister, a propósito, em meados da década de 60 e por toda a década de 70, mesmo advogando a liberdade de expressão e a ausência de qualquer meio filosófico-doutrinário de censura (prévia ou posterior à publicação), advertiu-nos quanto à necessidade da separação – calcada no estudo e no conhecimento espírita – entre o joio e o trigo. Historietas e composições “água-com-açúcar” grassam abundantemente nas searas espíritas, contando, inclusive, com o beneplácito e (o que é mais grave) o fomento à leitura por parte de desavisados (ou despreparados e “empolgados” dirigentes). É claro que o “povo” não quer saber de leituras densas e longas, a literatura do tipo “vale quanto pesa”, por sua aparência e contextura “pesada”, livros que esboçam parágrafos longos e terminologia avançada, de vez que a maioria, além de nunca ter desenvolvido (ou de ter odiado) a prática da consulta a dicionários ou enciclopédias – mesmo com as facilidades da internet de nossos dias – igualmente jamais apreciou leituras complementares derivadas do folheio de atlas ou obras de biologia, história, geografia, sociologia, física, medicina, direito...
Qualquer análise que exija esforço pessoal um pouco maior do que a mera leitura linear e seqüencial é, de pronto, rechaçada e esquecida, com a pífia justificativa de que falta estudo ou formação acadêmica ou, como mais se ouve por aí, “eu não tenho conhecimentos para tanto”, quando não a acusação padrão de que “estão querendo elitizar a doutrina”, com tantos professores e especialistas, eruditos e letrados, cheios de títulos e cargos, quando, “na verdade”, a doutrina “deveria manter sua simplicidade”. Há, convenhamos, uma generalizada confusão entre simplicidade e minudência ou simplificação extrema (a limitação ao básico ou ao “mínimo necessário”), ainda que este represente a alie-nação em relação à complementação dos conceitos fundamentais.
Então, opta-se pelo conhecido “chover no molhado”, com palestras repetititvas e enfadonhas e literaturas “rasteiras”, plenas de máximas, jargões e frases de efeito, ou o desfilar de historinhas e feitos de médiuns do passado, com gestos de humildade, bondade, amor, perseverança, piedade... aos montes. Nada contra, digamos, a exemplificação construtiva, a referência aos vultos e suas realizações. Mas, respeitosamente, o Espiritismo precisa “olhar para a frente”, com base no hoje, com o contributo real do espírita pensante e atuante na construção de relações, instituições, movimento e, como resultado, uma Sociedade melhor e mais espiritualizada.
As pseudo-verdades – que crescem em abundância, mesmo que não hajam sido semeadas propositadamente pelos próprios espíritas – compõem um rol que precisa ser apresentado e analisado, sem que se promova nenhuma “caça às bruxas”, nem se introduza nenhum “index” ou “santo ofício”, tampouco nenhuma “cruzada em defesa da pureza doutrinária”, mas, em verdade, para servir de alerta aos iniciantes ou aos interessados em conhecer e se aprofundar no conteúdo espiritista, os quais, as mais das vezes, são atraídos pela facilidade de alguns “livrinhos” que são acalentados como “pérolas”, manuais ou referências, mas que não passam de engodo ou falsas interpretações – peculiares ao nível ainda atrasado de quem as concebeu – ou, como costumamos dizer, representam “adequações do pensamento espírita às conveniências, gostos e raciocínios pessoais”, quando o esperado, desejável e imperioso seria justamente o contrário, ou seja, a adequação de nossos comporta-mentos, linguagem e pensamento ao perfil progressivo do Espiritismo.
Neste ensaio, sem ser conclusivo nem abrangente, apresentaremos algumas destas idéias, as quais, pelas informações “oficiais” disponíveis (em sede de Codificação) são neologismos que devem ser, no mínimo, tratados com reserva, aguardando que, pelos mesmos critérios adotados no trabalho de Kardec, haja confirmação posterior destas “teses”:
1) Alimentação espiritual similar à terrena – embora considerando nossa pouca iluminação espiritual e a proximidade aos níveis iniciais de evolutividade, os primeiros degraus da Escala Espírita (O livro dos espíritos, item 100 e seguintes), e, sobretudo, de modo mais flagrante, as viciações e os excessos comuns aos homens de nosso tempo (álcool, fumo, gula, jogatina, promiscuidade, avareza, orgulho, cupidez, egoísmo, vaidade, entre outros), é natural imaginar que carreamos para o plano invisível muitas das nossas “preferências” e “costumes” e, pela sensibilidade e pelo comprometimento perispiritual, sentimos muita “falta” daquilo que repetidamente fizemos uso numa (relativamente longa) existência corporal. Herculano Pires (em Vampirismo) comenta sobre a vinculação psíquica entre desencarnados e encarnados – uma, apenas, das variações desta intrincada simbiose – para que os primeiros possam continuar experimentando os “prazeres” que sentiam quando vivos, acompanhando os segundos em locais e eventos em que os efeitos das substâncias materiais possam ser novamente experimentados.
Todavia, daí a admitir ou preconizar que existam “alimentos fluídicos” ou psíquicos, em formatação similar à da conjuntura material é um excesso destemperado. Nada há na Codificação que ateste tal realidade e, mesmo que Kardec tivesse sido “econômico” neste particular, devemos respeitar o princípio animador da estrutura doutrinária espírita que exige, para a aceitação de “novas verdades”, a obediência ao Controle Universal do Ensino dos Espíritos (CUEE), ou, explicitamente, a confirmação do relato por médiuns diferentes, idôneos, em momentos distintos e/ou locais separados, dando substrato de validade à nova informação, acostando-a ao chamado “corpo doutrinário”. (Veja-se o contido no quesito 710, de OLlivro dos Espíritos – alimentação em planos mais sutis.)
2) Aeróbus, como meio de transporte na espiritualidade – André Luiz apresenta um meio de transporte nas colônias espirituais, idéia que deve ser encarada, a nosso ver, muito mais como figurativa e ficcional do que como real. A princípio, é característica do Espírito a locomoção pelo pensamento (questão 89, de O Livro dos Espíritos), em face da ausência das limitações naturais da existência material (em especial, o peso da estrutura corporal e a necessidade de deslocamento motor – com anteparo nos membros inferiores). Logo, a priori, fica descartada a idéia andreluiziana de que haja meios de transporte “semi-materiais” ou imateriais, mesmo em colônias que recebam Espíritos pouco adiantados, tais como os que figuraram nos relatos mediúnicos.
Há, sim, um quesito limitador ao “livre” deslocamento nos Planos Astrais, qual seja a própria condição evolutiva de cada um, que condiciona a liberdade espiritual plena. E, no caso de individualidades recalcitrantes no atraso, a prostração e a desobediência de muitos poderá, em alguns casos, significar a necessidade de participação de terceiros (mentores ou instrutores espirituais) que conduzam este ou aquele Espírito, de um local para outro, para fins de tratamento, orientação ou reeducação.
3) Dor como necessidade evolutiva – infeliz, desde o princípio, a delimitação, na literatura e na “pregação” espírita, das “duas opções” evolutivas do ser: pelo amor ou pela dor, isto é, sem ou com sofrimento. Veja o leitor, no periódico espírita que costuma ler, as conhecidas e repetidas entrevistas com personalidades (dirigentes, expositores ou médiuns) sobre as temáticas evolução, dor ou sofrimento, em que se propaga a equivocada idéia de que os encarnados “precisam” sofrer para alcançar a felicidade. Há os que alardeiam ser fundamental aceitar (com resignação) todo e qualquer revés da vida, porque o “bem suportar” significará a promoção espiritual para os “gozos futuros”: - Sofre hoje, porque o teu futuro “está garantido”!
A mecânica da dor (ou a sua sistemática, em tom impositivo) não é uma exigência da Lei Natural. Não há, convenhamos, entre as pontuais Leis Morais, nenhuma prescrição sobre o sofrimento necessário. Há muito excesso em tentar acondicionar a dor à Lei de Destruição, como se a transformação da matéria pudesse sugerir a indispensabilidade do concurso do sofrimento em nossas vidas. Outro excesso (ou, no mínimo, impropriedade na diagnose) é considerar que expiação seja necessária e totalmente sinonímia de dor, como “purgação” de erros pretéritos, pré-encarnatórios. Do contrário, melhor seria apresentá-la como dificuldade, obstáculo, ou, até, deficiência, mas, daí, a confiná-la – a expiação – como “sofrimento inafastável”, há uma perigosa e quase absoluta tendência explicativa.
Mais oportuna, vibrante e positiva é a apreciação da dor como reflexo (atual) de nossas posturas, hábitos e comportamentos (atuais ou passados), efeito inteligente de uma causa inteligente, aplicação pura e simples da Lei Divina que governa o Infinito, que nos coloca no papel de atores principais de nossas vidas, construtores de nossos atos, e não marionetes obedientes a instruções, ordens ou condicionamentos de instrutores ou “departamentos” da espiritualidade.
Evidentemente, não param por aí as invencionices ou as deficiências interpretativas. Muitas outras há, tão ou mais preocupantes, contingenciais às nossas limitações evolutivas, realidade que só pode ser modificada com a utilização do único antídoto, apontado pelos preclaros gênios de todos os tempos, luminares espirituais, deste e de outros mundos: o Estudo, sério e dedicado. Vacine-se, pois, freqüentemente... estudando!
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