Por Randy*
Quando se combate a visão religiosa sobre o Espiritismo deixa-se sempre a impressão de que trata-se de uma questão de preferências pessoais ou de leitura preconceituosa sobre a história das religiões.
Mas, retira-se a expressão "preconceituosa" e atingimos o âmago de tudo. A leitura histórica das religiões é desastrosa. Em todos os momentos da humanidade a religião nada mais fez do que dividir, mitigar, humilhar, aprisionar, reprimir, tolher, retardar o avanço da humanidade.
Vale lembrar que religiões são criações humanas. E absolutamente nenhum dos criadores de religiões eram espíritos puros, perfeitos, superiores. Não existem homens superiores com autoridade bastante para afirmarem que tal doutrina representa o pensamento de Deus sobre a Terra. Nenhuma religião, portanto, absolutamente nenhuma, possui autoridade divina. E o agravante de serem criadas por seres imperfeitos é que a imperfeição não cria perfeição.
A imperfeição das religiões tem seu foco principal quando confrontadas com o Espiritismo na sua capacidade de colocar homens uns contra os outros e de imporem condições de cerceamento da capacidade crítico-racional de seus seguidores. Piora quando as religiões se imiscuem na sociedade de forma a influenciar a cultura, a convivência social e a política. Com esse aspecto, acabam influenciando pessoas não-seguidoras, causando-lhes constrangimento ou impondo resignação cívica. Isso não é atributo apenas de países muçulmanos como se queira crer. No Brasil toda a cultura está voltada para a influência católica, incluindo a imposição de feriados religiosos para idolatria de seus santos, ao arrepio dos direitos dos evangélicos, judeus, ateus, etc.
Em todos os sistemas onde a religião prevaleceu, prevaleceu também o atraso social e intelectual. Consequentemente, por uma lei natural a nós trazida pela codificação espirita, onde há atraso intelectual existe evidente atraso moral. Isso destrói a falácia de que as religiões contribuíram para a ordem moral de forma decisiva. Sim, houve momentos históricos onde a imposição da disciplina religiosa evitou malefícios de ordem moral por um lado, mas impuseram outros igualmente danosos por outro. E tudo isso porque o papel das religiões nunca foi de compreender as divindades e sim satisfazer os pontos de vista de quem se arrogava ao direito de representá-las na Terra.
O próprio Jesus jamais criou uma religião. Muito ao contrário, manteve-se na religião de seus pais, sendo até coerente com seus ensinamentos de ordem moral, mas completamente afastado da instituição, ao ponto de tecer-lhe severas críticas. Isso lhe valeu a perseguição pelos próprios judeus.
No entanto, impossível é fazer desaparecer a existência da religião no passado humano. Ao contrário, a codificação enxergou nela alguma importância histórica. Mas, a mesma codificação não elege nenhuma das religiões. Não estabelece nenhuma como racional ou verdadeira. Tece críticas também. Porém, na Lei de Adoração, começamos a entender realmente o que vem a ser essa "religião" de que fala o Espiritismo. Não se trata de uma instituição, de uma estrutura. A Lei de Adoração faz prevalecer a lógica do "pensamento religioso", de natureza essencialmente intima e pessoal. Isso não se nega e nem se pode negar. A codificação conceitua o pensamento religioso ou religiosidade neste paradigma - um movimento do individuo na compreensão das leis divinas e dos mecanismos que são regidos por Deus. Ponto e acabou-se. O Espiritismo não é uma religião e os espíritas podem manter um pensamento religioso na sua relação com Deus, em adoração absolutamente pessoal e reservada, ressalvadas as exceções coletivas para fins especiais. Isso não requer estrutura, nem instituição.
De resto, a codificação nos fala o tempo todo em entendimento intelectual e moral e prática evolucionária. Mas, ora, essa mensagem cabe para toda a humanidade. Então, como repetimos sempre ao longo dos tempos, não há como se estabelecer o Espiritismo como mais uma religião, pois a visão histórica e cultural sobre as instituições religiosas não agrega pessoas - ao contrário, as separa, as estigmatiza. Bastam haverem implicações de natureza religiosa em um discurso para um outro grupo repudiar de imediato. Um "espiritismo religioso", por exemplo, seria repudiado em países islâmicos ou de influência helênica, ou eslava, ou orientais.
Desapegar o Espiritismo do conceito de religião tão falsamente imposto por influências roustanguistas e de autores idolatrados no Brasil passa a ser uma questão estratégica para a prática do Bem. Se o espírita se sente confortável com as lições que aprende, deve, por dever de caridade para com o próximo, propagar essas lições. Mas, o terreno deve ser da neutralidade das paixões. E religiões são causadoras de paixões, ou mesmo consequências delas.
Um Espiritismo desalojado do conceito religioso será capaz de motivar mentes especulativas e investigativas em sua direção. Isso incrementaria o poder científico da Doutrina Espírita, trazendo-lhe provas de verdade com impactos inexoráveis sobre a sociedade humana. Na verdade, as provas dos axiomas espíritas revolucionariam todo o conceito que os homens possuem de sua própria existência, trazendo implicações notórias sobre as relações sociais, sobre a politica e sobre a economia.
Na prática, podemos dizer que se o mínimo axioma for comprovado, passaria a ser de interesse formal de governos o fomento à pesquisa. Ou não... Não se pode esquecer que qualquer princípio revolucionário atinge interesses antagônicos. Mas, sabemos que a mudança, quando colocada de forma verossímil e evolutiva, é inevitável.
Podemos aludir ao impacto cultural que revelações espíritas devidamente comprovadas trariam para todas as estruturas da sociedade mundial. Muito possivelmente poderia haver confronto com o velho pensamento. Mas, não é possivel um confronto prolongado com fatos comprovados e científicos. Não foi possivel a Igreja Católica impedir a realidade da Terra redonda, por exemplo.
Na verdade, o Espiritismo traz um imenso poder que jaz oculto pela inação dos espíritas. Podemos até mesmo imaginar que a influenciação católica sobre os espiritas não foi fruto do acaso e sim um movimento bem orquestrado - e eficaz - de se evitar essa revolução cultural, intelectual, moral sobre a humanidade. É mais uma vez um sistema religioso institucional promovendo o atraso, a estagnação.
Quando espiritas são cúmplices nisso fica a preocupação. Não de estabelecerem-se campos de conflito, mas da percepção de que a mais poderosa arma para o avanço rápido da humanidade fica enterrada e enferrujada por quem cedeu ao seu maior inimigo. Sim, as religiões são as maiores interessadas em que o Espiritismo não se propague. E numa releitura do processo histórico, governos influenciados por religiões também não poderiam se interessar pela correta divulgação da Doutrina Espirita. Ninguém quer revoluções quando a situação se adequa aos seus interesses. Quem promove revoluções é quem não se satisfaz com essa adequação. Deveriam ser os espíritas a promoverem essa revolução, tal qual os primeiros cristãos. Apenas não precisamos repetir seus erros e cair nos apelos do poder religioso. Durante 300 anos os cristãos foram poderosos e revolucionários, até o momento em que se enxergou nisso poder. Daí foi criada a Igreja Católica e tudo ruiu. O sistema revolucionário foi substituído por um sistema repressor e contra-revolucionário.
A responsabilidade do espírita sempre foi maior do que a superfície permite entrever. Nenhuma revolução serve para o proprio individuo. Ela se estende obrigatoriamente por todos que estão em volta. Considerando os avanços possiveis com o Espiritismo, não promover essa revolução é falta de caridade para com toda a humanidade.
Espiritismo é ciência e filosofia. O Espírita deve se ater a estes terrenos de neutralidade. Estudar, investigar, instigar, questionar, refletir, buscar a verdade, repudiar os falsos escritos de falsos espíritas, disciplinar-se na metodologia, traduzir tudo isso na sua prática moral cotidiana na medida de seu entendimento - isso é fazer a revolução espírita.
Revolução espírita é ato de caridade mundial. Não tem fronteiras. Nem aquelas das próprias limitações pessoais.
Randy é moderador da comunidade "Eu sou Espírita - Espiritismo" do Orkut e idealizador do NEFCA - Núcleo Espírita de Filosofia e Ciências Aplicadas.
Quando se combate a visão religiosa sobre o Espiritismo deixa-se sempre a impressão de que trata-se de uma questão de preferências pessoais ou de leitura preconceituosa sobre a história das religiões.
Mas, retira-se a expressão "preconceituosa" e atingimos o âmago de tudo. A leitura histórica das religiões é desastrosa. Em todos os momentos da humanidade a religião nada mais fez do que dividir, mitigar, humilhar, aprisionar, reprimir, tolher, retardar o avanço da humanidade.
Vale lembrar que religiões são criações humanas. E absolutamente nenhum dos criadores de religiões eram espíritos puros, perfeitos, superiores. Não existem homens superiores com autoridade bastante para afirmarem que tal doutrina representa o pensamento de Deus sobre a Terra. Nenhuma religião, portanto, absolutamente nenhuma, possui autoridade divina. E o agravante de serem criadas por seres imperfeitos é que a imperfeição não cria perfeição.
A imperfeição das religiões tem seu foco principal quando confrontadas com o Espiritismo na sua capacidade de colocar homens uns contra os outros e de imporem condições de cerceamento da capacidade crítico-racional de seus seguidores. Piora quando as religiões se imiscuem na sociedade de forma a influenciar a cultura, a convivência social e a política. Com esse aspecto, acabam influenciando pessoas não-seguidoras, causando-lhes constrangimento ou impondo resignação cívica. Isso não é atributo apenas de países muçulmanos como se queira crer. No Brasil toda a cultura está voltada para a influência católica, incluindo a imposição de feriados religiosos para idolatria de seus santos, ao arrepio dos direitos dos evangélicos, judeus, ateus, etc.
Em todos os sistemas onde a religião prevaleceu, prevaleceu também o atraso social e intelectual. Consequentemente, por uma lei natural a nós trazida pela codificação espirita, onde há atraso intelectual existe evidente atraso moral. Isso destrói a falácia de que as religiões contribuíram para a ordem moral de forma decisiva. Sim, houve momentos históricos onde a imposição da disciplina religiosa evitou malefícios de ordem moral por um lado, mas impuseram outros igualmente danosos por outro. E tudo isso porque o papel das religiões nunca foi de compreender as divindades e sim satisfazer os pontos de vista de quem se arrogava ao direito de representá-las na Terra.
O próprio Jesus jamais criou uma religião. Muito ao contrário, manteve-se na religião de seus pais, sendo até coerente com seus ensinamentos de ordem moral, mas completamente afastado da instituição, ao ponto de tecer-lhe severas críticas. Isso lhe valeu a perseguição pelos próprios judeus.
No entanto, impossível é fazer desaparecer a existência da religião no passado humano. Ao contrário, a codificação enxergou nela alguma importância histórica. Mas, a mesma codificação não elege nenhuma das religiões. Não estabelece nenhuma como racional ou verdadeira. Tece críticas também. Porém, na Lei de Adoração, começamos a entender realmente o que vem a ser essa "religião" de que fala o Espiritismo. Não se trata de uma instituição, de uma estrutura. A Lei de Adoração faz prevalecer a lógica do "pensamento religioso", de natureza essencialmente intima e pessoal. Isso não se nega e nem se pode negar. A codificação conceitua o pensamento religioso ou religiosidade neste paradigma - um movimento do individuo na compreensão das leis divinas e dos mecanismos que são regidos por Deus. Ponto e acabou-se. O Espiritismo não é uma religião e os espíritas podem manter um pensamento religioso na sua relação com Deus, em adoração absolutamente pessoal e reservada, ressalvadas as exceções coletivas para fins especiais. Isso não requer estrutura, nem instituição.
De resto, a codificação nos fala o tempo todo em entendimento intelectual e moral e prática evolucionária. Mas, ora, essa mensagem cabe para toda a humanidade. Então, como repetimos sempre ao longo dos tempos, não há como se estabelecer o Espiritismo como mais uma religião, pois a visão histórica e cultural sobre as instituições religiosas não agrega pessoas - ao contrário, as separa, as estigmatiza. Bastam haverem implicações de natureza religiosa em um discurso para um outro grupo repudiar de imediato. Um "espiritismo religioso", por exemplo, seria repudiado em países islâmicos ou de influência helênica, ou eslava, ou orientais.
Desapegar o Espiritismo do conceito de religião tão falsamente imposto por influências roustanguistas e de autores idolatrados no Brasil passa a ser uma questão estratégica para a prática do Bem. Se o espírita se sente confortável com as lições que aprende, deve, por dever de caridade para com o próximo, propagar essas lições. Mas, o terreno deve ser da neutralidade das paixões. E religiões são causadoras de paixões, ou mesmo consequências delas.
Um Espiritismo desalojado do conceito religioso será capaz de motivar mentes especulativas e investigativas em sua direção. Isso incrementaria o poder científico da Doutrina Espírita, trazendo-lhe provas de verdade com impactos inexoráveis sobre a sociedade humana. Na verdade, as provas dos axiomas espíritas revolucionariam todo o conceito que os homens possuem de sua própria existência, trazendo implicações notórias sobre as relações sociais, sobre a politica e sobre a economia.
Na prática, podemos dizer que se o mínimo axioma for comprovado, passaria a ser de interesse formal de governos o fomento à pesquisa. Ou não... Não se pode esquecer que qualquer princípio revolucionário atinge interesses antagônicos. Mas, sabemos que a mudança, quando colocada de forma verossímil e evolutiva, é inevitável.
Podemos aludir ao impacto cultural que revelações espíritas devidamente comprovadas trariam para todas as estruturas da sociedade mundial. Muito possivelmente poderia haver confronto com o velho pensamento. Mas, não é possivel um confronto prolongado com fatos comprovados e científicos. Não foi possivel a Igreja Católica impedir a realidade da Terra redonda, por exemplo.
Na verdade, o Espiritismo traz um imenso poder que jaz oculto pela inação dos espíritas. Podemos até mesmo imaginar que a influenciação católica sobre os espiritas não foi fruto do acaso e sim um movimento bem orquestrado - e eficaz - de se evitar essa revolução cultural, intelectual, moral sobre a humanidade. É mais uma vez um sistema religioso institucional promovendo o atraso, a estagnação.
Quando espiritas são cúmplices nisso fica a preocupação. Não de estabelecerem-se campos de conflito, mas da percepção de que a mais poderosa arma para o avanço rápido da humanidade fica enterrada e enferrujada por quem cedeu ao seu maior inimigo. Sim, as religiões são as maiores interessadas em que o Espiritismo não se propague. E numa releitura do processo histórico, governos influenciados por religiões também não poderiam se interessar pela correta divulgação da Doutrina Espirita. Ninguém quer revoluções quando a situação se adequa aos seus interesses. Quem promove revoluções é quem não se satisfaz com essa adequação. Deveriam ser os espíritas a promoverem essa revolução, tal qual os primeiros cristãos. Apenas não precisamos repetir seus erros e cair nos apelos do poder religioso. Durante 300 anos os cristãos foram poderosos e revolucionários, até o momento em que se enxergou nisso poder. Daí foi criada a Igreja Católica e tudo ruiu. O sistema revolucionário foi substituído por um sistema repressor e contra-revolucionário.
A responsabilidade do espírita sempre foi maior do que a superfície permite entrever. Nenhuma revolução serve para o proprio individuo. Ela se estende obrigatoriamente por todos que estão em volta. Considerando os avanços possiveis com o Espiritismo, não promover essa revolução é falta de caridade para com toda a humanidade.
Espiritismo é ciência e filosofia. O Espírita deve se ater a estes terrenos de neutralidade. Estudar, investigar, instigar, questionar, refletir, buscar a verdade, repudiar os falsos escritos de falsos espíritas, disciplinar-se na metodologia, traduzir tudo isso na sua prática moral cotidiana na medida de seu entendimento - isso é fazer a revolução espírita.
Revolução espírita é ato de caridade mundial. Não tem fronteiras. Nem aquelas das próprias limitações pessoais.
Randy é moderador da comunidade "Eu sou Espírita - Espiritismo" do Orkut e idealizador do NEFCA - Núcleo Espírita de Filosofia e Ciências Aplicadas.
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