Por Ricardo Malta
O leigo geralmente questiona por qual motivo nós, espíritas, utilizamos determinados textos Bíblicos e, algumas vezes, rejeitamos outros. A primeira vista parece incoerência, mas isso não passa da aplicação do princípio da fé raciocinada. Paulo de Tarso, o apóstolo dos Gentios, certa vez afirmou: "Examinai tudo e retendes o que for bom". Parece-nos que, mesmo naquele tempo, a fé raciocinada já encontrava suporte. Para o espírita não basta crer, é necessário saber. “A fé raciocinada, por se apoiar nos fatos e na lógica, nenhuma obscuridade deixa. A criatura então crê, porque tem certeza, e ninguém tem certeza senão porque compreendeu. Eis por que não se dobra. Fé inabalável só o é a que pode encarar de frente a razão, em todas as épocas da Humanidade.” (ESE, Cap.19, Item 7)
“Aprendei a discernir,” – exorta Leon Denis – “a separar as coisas imaginárias das reais. Abstende-vos de combater a Ciência e renegar a razão, porque a razão é Deus dentro de nós, e o seu santuário é a nossa consciência.” (Cristianismo e Espiritismo)
O grande problema é que as pessoas enxergam a Bíblia como um todo unitário. Não conseguem diferenciar o que é de origem humana e, portanto, mutável, daquilo que é origem divina e imutável. “A palavra Bíblia vem do grego (biblia=plural de biblion ou biblios= livro), portanto é um conjunto de livros”, escritos por diversos autores, muitos deles desconhecidos. Ressaltamos, por exemplo, que a Bíblia Protestante contém 66 livros, a Católica possui 73 e a Hebraica apenas 24. Onde estaria, neste caso, a tão proclamada “palavra de Deus” (expressão de origem judaica)?
Nem iremos adentrar na questão das adulterações, mas destacamos e indicamos o estudo da obra “Analisando as traduções Bíblicas” de autoria do Dr. Severino Celestino. As revelações são surpreendentes. “É um trabalho original, de fôlego, com muita força analítica”, diz o prefaciador.
Reconhecemos nos textos Bíblicos a existência de ensinamentos sublimes que, provavelmente, têm suas origens inspiradoras nas esferas mais elevadas da espiritualidade, por outro lado, há também aberrações e barbaridades que nos fazem pensar na inferioridade moral e espiritual dos seus autores e co-autores (Espíritos malévolos). Vejamos, por exemplo, o quadro de atrocidades e bobagens Bíblicas que nos traz Richard Simmoneti:
“Os filhos devem pagar pelos pecados dos pais (Êxodo, 20:5); Quem trabalhar no sábado será morto (Êxodo, 35:2); Animais e aves serão sacrificados, sangue espargido sobre altares, atendendo a variados objetivos (Levítico, caps. 1 a7); Quando morrer um homem sem deixar descendentes, seu irmão deve casar-se com a viúva (Deuteronômio, 25:5); Os filhos desobedientes e rebeldes, que não ouçam os pais e se comprometam em vícios, serão apedrejados até a morte (Deuteronômio 21: 18-21); È proibido comer carne de porco, lebre ou coelho (Levítico, 11: 5-7); O homossexualismo será punido com morte (Levítico, 20:13); A zoofilia sexual será punida com morte (Levítico, 20:15-16); Deficientes físicos estão proibidos de aproximar-se do altar do culto, para não profaná-lo com seu defeito (Levítico, 21: 17-23); O hanseniano deve ser segregado da vida social, vivendo no isolamento (Levítico, Cap. 13); Os adúlteros serão apedrejados até a morte (Deuteronômio, 22:22); A blasfêmia contra Deus será punida com o apedrejamento, até a morte (Levítico, 24: 16-16).”
Afirmar que tudo isso é a “palavra de Deus” seria, no mínimo, uma ofensa para com a divindade. Portanto, não consideramos a Bíblia por esse foco dogmático, mas encontraremos nela, assim como em inúmeros outros livros ditos "sagrados", uma série de fatos e postulados espíritas. Ora, sendo a moral divina universal e os fatos espíritas (reencarnação e fenomenologia mediúnica) fenômenos naturais, nada mais lógico do que encontrarmos o registro desses ensinamentos e eventos em todos as épocas da humanidade, em diversos livros “sagrados”, entre os filósofos da antiguidade, nas mais diversas culturas e tradições.
A fundamentação espírita encontra suas raízes no que há de mais lógico, racional, pautada no bom senso e, principalmente, na universalidade do ensino dos Espíritos. Não precisaríamos buscar o apoio Bíblico para confirmar aquilo que é um fato, mas como dizer que Saul não se comunicou com o Espírito Samuel (I Samuel 28:7 a 17) e que Jesus não conversou com os Espíritos Elias e Moises (Mateus 17:3)? Como defender que João Batista não era a reencarnação de Elias (Mateus 11:14; 17: 10-13)? Enfim, como negar tantos fatos espíritas que saltam aos olhos em diversas passagens Bíblicas (indicamos a leitura do artigo “A Bíblia: um Livro de origem mediúnica” de autoria de Francisco Amado)? Não foram os espíritas que inventaram tudo isso. Está tudo lá na Bíblia, basta ter olhos para ver. O fanático religioso não consegue entender isso, “porque eles, vendo, não vêem; e, ouvindo, não ouvem nem compreendem.” (Mateus 13:13)
Assim, fazemos coro às palavras de José Reis Chaves: “respeitamos a Bíblia, mas com moderação, com uma visão racional dela, pois ela é tal como uma rosa que tem pétalas e perfume, mas tem também espinhos, obviamente humanos, e não divinos.” (Revista Espiritismo e Ciência, nº 64)
O leigo geralmente questiona por qual motivo nós, espíritas, utilizamos determinados textos Bíblicos e, algumas vezes, rejeitamos outros. A primeira vista parece incoerência, mas isso não passa da aplicação do princípio da fé raciocinada. Paulo de Tarso, o apóstolo dos Gentios, certa vez afirmou: "Examinai tudo e retendes o que for bom". Parece-nos que, mesmo naquele tempo, a fé raciocinada já encontrava suporte. Para o espírita não basta crer, é necessário saber. “A fé raciocinada, por se apoiar nos fatos e na lógica, nenhuma obscuridade deixa. A criatura então crê, porque tem certeza, e ninguém tem certeza senão porque compreendeu. Eis por que não se dobra. Fé inabalável só o é a que pode encarar de frente a razão, em todas as épocas da Humanidade.” (ESE, Cap.19, Item 7)
“Aprendei a discernir,” – exorta Leon Denis – “a separar as coisas imaginárias das reais. Abstende-vos de combater a Ciência e renegar a razão, porque a razão é Deus dentro de nós, e o seu santuário é a nossa consciência.” (Cristianismo e Espiritismo)
O grande problema é que as pessoas enxergam a Bíblia como um todo unitário. Não conseguem diferenciar o que é de origem humana e, portanto, mutável, daquilo que é origem divina e imutável. “A palavra Bíblia vem do grego (biblia=plural de biblion ou biblios= livro), portanto é um conjunto de livros”, escritos por diversos autores, muitos deles desconhecidos. Ressaltamos, por exemplo, que a Bíblia Protestante contém 66 livros, a Católica possui 73 e a Hebraica apenas 24. Onde estaria, neste caso, a tão proclamada “palavra de Deus” (expressão de origem judaica)?
Nem iremos adentrar na questão das adulterações, mas destacamos e indicamos o estudo da obra “Analisando as traduções Bíblicas” de autoria do Dr. Severino Celestino. As revelações são surpreendentes. “É um trabalho original, de fôlego, com muita força analítica”, diz o prefaciador.
Reconhecemos nos textos Bíblicos a existência de ensinamentos sublimes que, provavelmente, têm suas origens inspiradoras nas esferas mais elevadas da espiritualidade, por outro lado, há também aberrações e barbaridades que nos fazem pensar na inferioridade moral e espiritual dos seus autores e co-autores (Espíritos malévolos). Vejamos, por exemplo, o quadro de atrocidades e bobagens Bíblicas que nos traz Richard Simmoneti:
“Os filhos devem pagar pelos pecados dos pais (Êxodo, 20:5); Quem trabalhar no sábado será morto (Êxodo, 35:2); Animais e aves serão sacrificados, sangue espargido sobre altares, atendendo a variados objetivos (Levítico, caps. 1 a7); Quando morrer um homem sem deixar descendentes, seu irmão deve casar-se com a viúva (Deuteronômio, 25:5); Os filhos desobedientes e rebeldes, que não ouçam os pais e se comprometam em vícios, serão apedrejados até a morte (Deuteronômio 21: 18-21); È proibido comer carne de porco, lebre ou coelho (Levítico, 11: 5-7); O homossexualismo será punido com morte (Levítico, 20:13); A zoofilia sexual será punida com morte (Levítico, 20:15-16); Deficientes físicos estão proibidos de aproximar-se do altar do culto, para não profaná-lo com seu defeito (Levítico, 21: 17-23); O hanseniano deve ser segregado da vida social, vivendo no isolamento (Levítico, Cap. 13); Os adúlteros serão apedrejados até a morte (Deuteronômio, 22:22); A blasfêmia contra Deus será punida com o apedrejamento, até a morte (Levítico, 24: 16-16).”
Afirmar que tudo isso é a “palavra de Deus” seria, no mínimo, uma ofensa para com a divindade. Portanto, não consideramos a Bíblia por esse foco dogmático, mas encontraremos nela, assim como em inúmeros outros livros ditos "sagrados", uma série de fatos e postulados espíritas. Ora, sendo a moral divina universal e os fatos espíritas (reencarnação e fenomenologia mediúnica) fenômenos naturais, nada mais lógico do que encontrarmos o registro desses ensinamentos e eventos em todos as épocas da humanidade, em diversos livros “sagrados”, entre os filósofos da antiguidade, nas mais diversas culturas e tradições.
A fundamentação espírita encontra suas raízes no que há de mais lógico, racional, pautada no bom senso e, principalmente, na universalidade do ensino dos Espíritos. Não precisaríamos buscar o apoio Bíblico para confirmar aquilo que é um fato, mas como dizer que Saul não se comunicou com o Espírito Samuel (I Samuel 28:7 a 17) e que Jesus não conversou com os Espíritos Elias e Moises (Mateus 17:3)? Como defender que João Batista não era a reencarnação de Elias (Mateus 11:14; 17: 10-13)? Enfim, como negar tantos fatos espíritas que saltam aos olhos em diversas passagens Bíblicas (indicamos a leitura do artigo “A Bíblia: um Livro de origem mediúnica” de autoria de Francisco Amado)? Não foram os espíritas que inventaram tudo isso. Está tudo lá na Bíblia, basta ter olhos para ver. O fanático religioso não consegue entender isso, “porque eles, vendo, não vêem; e, ouvindo, não ouvem nem compreendem.” (Mateus 13:13)
Assim, fazemos coro às palavras de José Reis Chaves: “respeitamos a Bíblia, mas com moderação, com uma visão racional dela, pois ela é tal como uma rosa que tem pétalas e perfume, mas tem também espinhos, obviamente humanos, e não divinos.” (Revista Espiritismo e Ciência, nº 64)
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