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quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Conceito de mediunidade por José Herculano Pires

Por José Herculano Pires

Médium quer dizer medianeiro, intermediário. Mediunidade é a faculdade humana, natural, pela qual se estabelecem as relações entre homens e espíritos.

Não é um poder oculto que se possa desenvolver através de práticas rituais ou pelo poder misterioso de um iniciado ou de um guru. A Mediunidade pertence ao campo da comunicação. Desenvolve-se naturalmente nas pessoas de maior sensibilidade para a captação mental e sensorial de coisas e fatos do mundo espiritual que nos cerca e nos afeta com as suas vibrações psíquicas e afetivas. Da mesma forma que a inteligência e as demais faculdades humanas, a Mediunidade se desenvolve no processo de relação. Geralmente o seu desenvolvimento é cíclico, ou seja, processa-se por etapas sucessivas, em forma de espiral. As crianças a possuem, por assim dizer, à flor da pele, mas resguardada pela influência benéfica e controladora dos espíritos protetores, que as religiões chamam de anjos da guarda. Nessa fase infantil as manifestações mediúnicas são mais de caráter anímico; a criança projeta a sua alma nas coisas e nos seres que a rodeiam, recebem as intuições orientadoras dos seus protetores, às vezes vêem e denunciam a presença de espíritos e não raro transmitem avisos e recados dos espíritos aos familiares, de maneira positiva e direta ou de maneira simbólica e indireta. Quando passam dos sete ou oito anos integram-se melhor no condiciona-mento da vida terrena, desligando-se progressivamente das relações espirituais e dando mais importância às relações humanas. O espírito se ajusta no seu escafandro para enfrentar os problemas do mundo. Fecha-se o primeiro ciclo mediúnico, para a seguir abrir-se o segundo. Considera-se então que a criança não tem mediunidade, a fase anterior é levada à conta da imaginação e da fabulação infantis.

É geralmente na adolescência, a partir dos doze ou treze anos, que se inicia o segundo ciclo. No primeiro ciclo só se deve intervir no processo mediúnico com preces e passes, para abrandar as excitações naturais da criança, quase sempre carregadas de reminiscências estranhas do passado carnal ou espiritual. Na adolescência o seu corpo já amadureceu o suficiente para que as manifestações mediúnicas se tornem mais intensas e positivas. É tempo de encaminhá-la com informações mais precisas sobre o problema mediúnico. Não se deve tentar o seu desenvolvimento em sessões, a não ser que se trate de um caso obsessivo. Mas mesmo nesse caso é necessário cuidado para orientar o adolescente sem excitar a sua imaginação, acostumando-o ao processo natural regido pelas leis do crescimento. O passe, a prece, as reuniões para estudo doutrinário são os meios de auxiliar o processo sem forçá-lo, dando-lhe a orientação necessária. Certos adolescentes integram-se rápida e naturalmente na nova situação e se preparam a sério para a atividade mediúnica. Outros rejeitam a mediunidade e procuram voltar-se apenas para os sonhos juvenis. É a hora das atividades lúdicas, dos jogos e esportes, do estudo e aquisição de conhecimentos gerais, da integração mais completa na realidade terrena. Não se deve forçá-los, mas apenas estimulá-los no tocante aos ensinos espíritas. Sua mente se abre para o contato mais profundo e constante com a vida do mundo. Mas ele já traz na consciência as diretrizes próprias da sua vida, que se manifestarão mais ou menos nítidas em suas tendências e em seus anseios. Forçá-lo a seguir um rumo que repele é cometer uma violência de graves conseqüências futuras. Os exemplos dos familiares influem mais em suas opções do que os ensinos e as exortações orais. Ele toma conta de si mesmo e firma a sua personalidade. É preciso respeitá-lo e ajudá-lo com amor e compreensão. No caso de manifestações espontâneas da mediunidade é conveniente reduzi-las ao círculo privado da família ou de um grupo de amigos nas instituições juvenis, até que sua mediunidade se defina, impondo-se por si mesma.

O terceiro ciclo ocorre geralmente na passagem da adolescência para a juventude, entre os dezoito e vinte e cinco anos. É o tempo, nessa fase, dos estudos sérios do Espiritismo e da Mediunidade, bem como da prática mediúnica livre, nos centros e grupos espíritas. Se a mediunidade não se definiu devidamente, não se deve ter preocupações. Há processos que demoram até a proximidade dos 30 anos, da maturidade corporal, para a verdadeira eclosão da mediunidade. Basta mantê-lo em ligação com as atividades espíritas, sem forçá-lo. Se ele não revela nenhuma tendência mediúnica, o melhor é dar-lhe apenas acesso a atividades sociais ou assistenciais. As sessões de educação mediúnica (impropriamente chamadas de desenvolvimento) destinam-se apenas a médiuns já caracterizados por manifestações espontâneas, portanto já desenvolvidos.

Há ainda um quarto ciclo, correspondente a mediunidades que só aparecem após a maturidade, na velhice ou na sua aproximação. Trata-se de manifestações que se tornam possíveis devido às condições da idade: enfraquecimento físico, permitindo mais fácil expansão das energias perispiríticas; maior introversão da mente, com a diminuição de atividades da vida prática, estado de apatia neuropsíquica, provocado pelas mudanças orgânicas do envelhecimento. Esses fatores permitem maior desprendimento do espírito e seu relacionamento com entidades desencarnadas. Esse tipo de mediunidade tardia tem pouca duração, constituindo uma espécie de preparação mediúnica para a morte. Restringe-se a fenômenos de vidência, comunicação oral, intuição, percepção extra-sensorial e psicografia. Embora seja uma preparação, a morte pode demorar vários anos, durante os quais o espírito se adapta aos problemas espirituais com que não se preocupou no correr da vida. Esses fatos comprovam o conceito de mediunidade como simples modalidade do relacionamento homem-espírito. Kardec lembra que o fato de o espírito estar encarnado não o priva de relacionar-se com os espíritos libertos, da mesma maneira que um cidadão encarcerado pode conversar com um cidadão livre através das grades. Não se trata das conhecidas visões de moribundos no leito mortuário, mas de típico desenvolvimento tardio de mediunidade que, pela completa integração do indivíduo na vida carnal, imantado aos problemas do dia-a-dia, não conseguiu aflorar. A sua manifestação tardia lembra o adágio de que os extremos se tocam. A velhice nos devolve à proximidade do mundo espiritual, em posição semelhante à das crianças.

Na verdade, a potencialidade mediúnica nunca permanece letárgica. Pelo contrário, ela se atualiza com mais freqüência do que supomos, passa de potência a ato em diversos momentos da vida, através de pressentimentos, previsões de acontecimentos simples, como o encontro de um amigo há muito ausente, percepções extra-sensoriais que atribuímos à imaginação ou à lembrança e assim por diante. Vivemos mediunicamente, entre dois mundos e em relação permanente com entidades espirituais. Durante o sono, como Kardec provou através de pesquisas ao longo de mais de dez anos, desprendemo-nos do corpo que repousa e passamos ao plano espiritual. Nos momentos de ausência psíquica de distração, de cochilo, distanciamo-nos do corpo rapidamente e a ele retornamos como o pássaro que voa e volta ao ninho. A Psicologia procura explicar esses lapsos fisiologicamente, mas as reações orgânicas a que atribui o fato não são causa e sim efeito de um ato mediúnico de afastamento do espírito. Os estudos de Hipnotismo comprovam isso, mostrando que a hipnose interfere constantemente em nossa vigília, fazendo-nos dormir em pé e sonhar acordados, como geralmente se diz. A busca científica de uma essência orgânica da mediunidade nunca deu nem dará resultados. Porque a mediunidade tem sua essência na liberdade do espírito.

Chegando a este ponto podemos colocar o problema em termos mais precisos: a mediunidade é a manifestação do espírito através do corpo. No ato mediúnico tanto se manifesta o espírito do médium como um espírito ao qual ele atende e serve. Os problemas mediúnicos consistem, portanto, simplesmente na disciplinação das relações espírito-corpo. É o que chamamos de educação mediúnica. Na proporção em que o médium aprende como espírito, a controlar a sua liberdade e a selecionar as suas relações espirituais, sua mediunidade se aprimora e se torna segura. Assim o bom médium é aquele que mantém o seu equilíbrio psicofísico e procede na vida de maneira a criar para si mesmo um ambiente espiritual de moralidade, amor e respeito pelo próximo. A dificuldade maior está em se fazer o médium compreender que, para tanto, não precisa tornar-se santo, mas apenas um homem de bem. Os objetivos de santidade perseguidos pelas religiões, através dos milênios, gerou no mundo uma expectativa incômoda para todos os que se dedicam aos problemas espirituais. Ninguém se torna santo através de sufocação dos poderes vitais do homem e adoção de um comportamento social de aparência piedosa. O resultado disso é o fingimento, a hipocrisia que Jesus condenou incessantemente nos fariseus, uma atitude permanente de condescendência e bondade que não corresponde às condições íntimas da criatura. O médium deve ser espontâneo, natural, uma criatura humana normal, que não tem motivos para se julgar superior aos outros. Todo fingimento e todo artifício nas relações sociais leva os indivíduos à falsidade e à trapaça. A chamada reforma - íntima esquematizada e forçada não modifica ninguém, apenas artificializa enganosamente os que a seguem. As mudanças interiores da criatura decorrem de suas experiências na existência, experiências vitais e consciências que produzem mudanças profundas na visão íntima do mundo e da vida.

Essa colocação dos problemas mediúnicos sugere um conceito da mediunidade que nos leva às próprias raízes do Espiritismo. A Mediunidade nos aparece como o fundamento de toda a realidade. O momento do Fiat, da Criação do Cosmos, é um ato mediúnico. Quando o espírito estrutura a matéria para se manifestar na Criação, constrói o elemento intermediário entre ele e a realidade sensível ou material. A matéria se torna o médium do espírito. Assim, a vida é uma permanente manifestação mediúnica do espírito que, por ela, se projeta e se manifesta no plano sensível ou material. O Inteligível, que é o espírito, o princípio inteligente do Universo, dá a sua mensagem inteligente através das infinitas formas da Natureza, desde os reinos mineral, vegetal e animal, até o reino hominal, onde a mediunidade se define em sua plenitude. A responsabilidade do Homem, da Criatura Humana, expressão mais elevada do Médium, adquire dimensões cósmicas. Ele é o produto multimilenar da evolução universal e carrega em sua mediunidade individual o pesado dever de contribuir para que a Humanidade realize o seu destino cósmico. A compreensão deste problema é indispensável para que os médiuns aprendam a zelar pelas suas faculdades.

In: HERCULANO PIRES, José. Mediunidade.

Realización de las Prácticas Mediumnicas en el Hogar

Por Mercedes Cruz

Lo que realmente atrae a los buenos espíritus es la conducta moral y la armonía psíquica de las personas, independientemente de los lugares donde se practiquen las sesiones mediúmnicos. . Sin embargo, no es muy conveniente realizar trabajos mediúmnicos en hogares familiares que resultan, en cambio, propicios para las reuniones de estudio y practica del evangelio o doctrinarios espiritas, y para intercambio con los espíritus benefactores y esclarecidos. Las vibraciones de la oración y los temas sublimes del evangelio de Jesucristo son balsámicos y reconfortantes, beneficiando a los desencarnados afligidos y perturbados, que comparecen bajo el control de entidades superiores.

Respaldados por los temas evangélicos, los trabajaos mediumnicos que se realizan en los hogares, son del gusto de los buenos espíritus que contribuyen con su influencia a la armonía y entendimiento cristiano de sus moradores. Los miasmas psíquicos que penetran durante el día en el hogar, atraídos por los disturbios familiares, se desintegran bajo el impacto poderoso de la oración y la fuerza crística que se desprende del culto a las enseñanzas de Jesucristo.

Las sesiones espiritas en el hogar doméstico, siempre que se orienten según la palabra del Sublime Maestro resultan extraordinarios recursos de adoctrinación espiritual para los espíritus infelices y perturbados, aunque no puedan “hablar” a través del médium.

Estos trabajos benefician enormemente a los desencarnados parientes de la familia donde se hacen las sesiones, ya que no hay mejor ambiente para ellos, que la morada física que tuvieron antes de desencarnar. No siempre es conveniente promover el desarrollo de los mediúms, el tratamiento de los obsesos y el intercambio con los grupos de entidades equivocadas o vengativas. Los niños principalmente, son los más sensibles a los fluidos mórbidos, deletéreos o agresivos que los espíritus sufrientes y perturbados diseminan en el ambiente doméstico, después del intercambio mediúmnico.

Esos niños se vuelven apáticos, impertinentes o temerosos, pues su periespiritu, bastante alejado del cuerpo físico, sufre con gran violencia los impactos mórbidos del mundo astral. Por supuesto que también los niños tienen protectores espirituales que los vigilan desde el Más Allá de día y de noche. A pesar de esto, no es conveniente, sobre cargar el trabajo de vigilancia de los guías ante la necesidad de tener que contrarrestar el efecto nocivo de los fluidos repulsivos o enfermos de los espíritus perturbados sobre el niño. Las postraciones, los aflojamientos musculares y las perturbaciones hepáticas, muy comunes en los niños no siempre se deben a los fluidos nocivos de los encarnados. Muchas veces obedecen a la absorción del fluido pernicioso que perdura en el ambiente doméstico después de una sesión agitada y mórbida, durante la cual se comunicaron almas sufrientes desatinadas o rebeldes. A pesar del esfuerzo abnegado de los guías por disolver a tiempo los coágulos fluídicos que a veces permanecen a la altura del cerebelo, de la región cardiaca o de la hepato-intestinal de los niños, la índole sutil de las vibraciones, les impide ejercer una eficaz acción directa. Entonces recurren a la intuición, aconsejando a los encarnados que utilicen los pases “corta fluidos” que los entendidos conocen.

Después de la sesión mediumnica de adoctrinamiento a los espíritus sufrientes o rebeldes, los fluidos mórbidos quedan flotando en el aire por algún tiempo, hasta ser disueltos por la presencia física de la misma familia o por los espíritus guías y amigos del otro lado. Tan importante es el higienizar, previamente el lugar donde actuaran los espíritus superiores, también es importante, higienizar el lugar donde se ha mantenido el trabajo angustioso de contacto con espíritus de baja vibración para que los fluidos y miasmas residuales no enfermen a los moradores del hogar.

Así como el amor, la ternura, la humildad y la pureza, emiten ondas y fluidos que embalsaman el ambiente, y alivian y curan a los individuos, el odio, la ira, el sufrimiento y la desesperación, lanzan dardos que mortifican y abaten a quienes son vulnerables en sus defensas magnéticas. Después de lo trabajos evangélicos en el hogar, se crea un ambiente saturado de emanaciones balsámicas que alimentan los buenos propósitos y las ideas afines de sus moradores. Por el contrario, después de la comunicación con espíritus sufrientes p rebeldes, quedan en el ambiente los residuos fluídicos de las deletéreas y mórbidas explosiones desatadas durante dicho intercambio mediúmnico.

Los hogares donde no hay verdadera armonía espiritual, son los menos adecuados para sesiones mediumnicas de intercambio con espíritus sufrientes, puesto que resulta más difícil disolver los malos fluidos que están dispersos en el ambiente al igual que no invitamos a nuestra casa a los malhechores y a la gente de mal vivir, tampoco conviene atraer al propio hogar a entidades malhechoras, vengativas o capciosas para su adoctrinamiento.

Esto no quiere decir que el adoctrinamiento a los espíritus perturbados solo sea realizado en los centros, si Francisco de Asís realizara sesiones espiritas en su casa las advertencias no serian para el. Allan Kardec realizó innumerables sesiones mediumnicas en su residencia, sin jamás haber sufrido influencias indignas, o trastornos en su equilibrada personalidad. La conducta, el sentimiento y la franqueza de las acciones de Kardec imponían respeto y temor a los verdaderos genios de la sombras; pero tales defensas morales son poco frecuentes en los miembros de las familias comunes.

Esta advertencia de nada sirve en el caso de los hogares donde habitan obsesos o médium perturbados, puesto que existe un permanente desequilibrio provocado por la presencia constante de almas infelices o vengativas.

Hay trabajos domésticos donde se consiguen la conversión de espíritus terriblemente enfermos; pero se trata de sesiones en las que sus miembros son asistidos de modo permanente y poderoso, desde lo Alto, por espíritus superiores que los inmunizan contra los ataques del astral inferior y el toxico de los fluidos enfermizos.

Los mediúms bien desarrollados y preparados para cumplir determinados trabajos propuestos por lo Alto, no deben empañar su cometido prestándose a los intereses exclusivos de alguna familia determinada, que los explota como si fueran rica veta de oro.

Algunos mediúms imprudentes son serviciales y acuden solícitos a participar de las sesiones realizadas en la casa del famoso académico, del político prestigioso, o del militar de alta graduación, agotándose en el esfuerzo por demostrar la supervivencia del alma ante una audiencia escéptica y maliciosa que lo pone a prueba con burlas y dudas.

Estos mediúms, lamentablemente, se dejan dominar por un complejo mesiánico, y desperdician sus energías en el afán por convencer de que el espíritu es inmortal, a los amantes del mundo del Cesar e indiferentes al reino de Cristo, restando, en cambio su concurso, a las tareas de esclarecimiento espiritual a los hermanos más modestos. Son capaces de hacer frente a todos los impedimentos para atender a las indagaciones particulares y capciosas de los ricos curiosos, y cuando la ocasión lo permite y les favorece la tarea para ir a ayudar y esclarecer a los pobres y modestos con pretextos y excusas desdeñan hacerlo.

El médium que realmente se dedica a los objetivos fundamentales de la doctrina espirita, no debe distinguir en la ayuda espiritual, al soldado del general, al pobre del rico, al analfabeto del sabio, la prostituta de la dama de la sociedad, al delincuente del buen ciudadano.

El trabajo mediúmnico en el hogar puede transformarse en una etapa de progreso espiritual para la propia familia, además de un recursos doctrinario bastante eficiente para los parientes desencarnados. Más el servicio con cristo exige al médium, su acción provechosa en el mundo profano, cooperando con el medicamento, el pase, el agua fluidificada y el bienestar espiritual, a la elevación de las personas que realmente buscan la paz espiritual y el conocimiento de si mismas.

La relaciones con los Espíritu inferiores exigen cierta seguridad de ideas, tacto, y firmeza. Todos los hombres no son aptos para obtener de estas relaciones los buenos efectos que son de esperar. Hay que poseer una verdadera superioridad moral para dominar a estos espíritus, reprimir sus desvíos y dirigirles por el buen camino. Esta superioridad solo se adquiere con una vida exenta de pasiones materiales. En este caso, los fluidos purificados del evocador dominan cómodamente a los fluidos de los Espíritus atrasados.

El estudio de los fenómenos espiritas y las realizaciones con el mundo invisible presentan muchas dificultades, y a veces hasta peligros, para el hombre ignorante y frívolo que se preocupa poco de la parte moral de la cuestión. El que penetra bruscamente en el contacto con lo invisible, sin conocimientos, y se entrega sin precaución a las manifestaciones, se encuentra desde el principio en contacto con millares de seres y sin ningún medio de comprobar sus acciones y sus palabras.

Por eso el estudio de la codificación Espirita y el fiel cumplimientos de los requisitos que requiere una sesión mediúmnica y que se especifica muy claro en el libro de los médiums permitirá a los médiums un ejercicio fructífero para auxilio de las almas que necesitan ayuda y esclarecimiento en ambos lados de la vida.

Implicaciones Psicológicas y sociales de la reencarnación

Por Jaci Regis

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En una reunión de estudios del Instituto Cultural Kardecista de Santos (ICKS) realizada habitualmente en la sexta-feria, a las 20 horas, durante la discusión sobre la reencarnación, fueron hechas muchas preguntas sobre las dificultades para que esa ley sea plenamente aceptada por la cultura.

En este trabajo pretendemos levantar algunas cuestiones relativas a la reencarnación y su posición en la Doctrina Espirita, comparativamente a la aceptación de esa ley en los países asiáticos. Intentaremos también enumerar las dificultades de la cultura occidental judaico-cristiana en aceptar la tesis de las vidas sucesivas.

Allan Kardec solo acepto la reencarnación después de un análisis profundo. Es lo que el dice en la Revista Espirita de abril de 1860, debajo de un largo artículo sobre la formación de la Tierra, analizando el valor de las comunicaciones de los espíritus

“Como se ve, tenemos muchos motivos para no aceptar livianamente todas las teorías dadas por los espíritus. Cuando surge una, nos hallamos en el papel de observador. Hacemos abstracción de su origen espirita, sin dejarnos ofuscar por el brillo de nombres pomposos. Examinándolo como si emanase de un simple mortal y vemos si es racional, se da cuenta de todo, se resuelve todas las dificultades. Así es como se procede con la doctrina de la reencarnación, que no adoptó, aunque vino de los espíritus, sino después de haber reconocido que ella solo, y solamente ella, podía resolver aquello que ninguna filosofía había resuelto. (Traducción de Julio Abreu Hijo, pag.115 – Edición)

LA REENCARNACIÓN EN LA HISTORIA DE LA HUMANIDAD.

La idea de la reencarnación es conocida desde la más remota antigüedad. Más se perdió en el enmarañado de las supersticiones y del misticismo, reflejando las dificultades de la cultura en liberarse de las presione de la criatura con el Creador. La vivencia de los problemas cotidianos y la fragilidad del ser humano ante la naturaleza fomentaron una relación causal entre los humores de los dioses y los sufrimientos basados en el miedo, en la condición de culpa, desobediencia y punición.

Dentro de ese cuadro confuso, se crearon sectas fundamentadas en creencias y supersticiones acerca de la reencarnación. Por eso, la metempsicosis fue aceptada largamente por simbolizar el castigo más cruel impuesto al pecador, haciendo que, por ser una persona humana, reencarnase en un animal. Hasta un filósofo como Pitágoras la acepto y difundió.

La reencarnación es muy aceptada en la cultura asiática, más no tuvo una acción social redentora, revolucionaria. Al contrario, propició una actitud contemplativa, conformista y acomodada. En culturas como la indiana, la reencarnación no evito, al contrario, dio cierta consistencia a la separación de las castas sociales, manteniendo un estado de flagelo para los más pobres y desafortunados.

La cultura occidental sufrió sucesivas transformaciones hasta cristalizarse, de una manera general, bajo la egida de la Iglesia, con la visión judaico-cristiana. La predominancia de la religión, como centro de conocimiento y comportamiento, creó una forma no-racional de ver y comprender al ser humano.

Aunque espiritualistas, la Iglesia no acepto la reencarnación y se fijo en la unicidad de la existencia. Con eso, estableció el principio de la finitud y concreción del ser humano. El es el producto biológico al cual se adiciona un alma. Vive un cierto tiempo y muere. Y ahí finaliza su periodo productivo. La inmortalidad del alma es reflejo de la existencia terrena y no presenta ninguna oportunidad de reciclaje, una vez que después del periodo de la encarnación, ella está definitivamente catalogada como buena o mala.

Por lo tanto, la persona humana es un ser con trayectoria fijada entre la cuna y la tumba. En la cultura, eso significa que él es concreto, definido y mortal.

Toda la estructura doctrinaria de la Iglesia se funda en el pecado original. La moralidad y la culpa se injieren en la cultura como instrumentos, como una fase preparatoria para la vida eterna.

Ciertamente, la idea de punición por la desobediencia y hasta por los humores de los dioses o de Dios, no es exclusiva del judaísmo-cristiano. Más si la adopción del Dios Jehová de los judíos mantuvo la relación criatura-Creador dentro de los límites del miedo, terror e inseguridad.

LA REENCARNACIÓN EN EL ESPIRITISMO

La reencarnación, sin embargo, no es un principio solitario y autónomo en el pensamiento Kardecista. Forma parte de un corolario de leyes que se encadenan y dan un nuevo sentido, una nueva visión de vida y de la persona.

El proyecto espirita es atrayente e innovador. El proyecta viejos conceptos sobre la naturaleza del ser humano, el progreso, sobre Dios y los redefine, actualiza, dándoles nuevas dimensiones, desechando supersticiones y creencias.

La doctrina kardecista procura purgar sus principios de las concepciones místicas procurando darles una base científica, camino que Kardec definió para dar validez a la propuesta doctrinaria.

La doctrina kardecista reformula el entendimiento sobre la Justicia Divina, que ha sido vista con una forma policial, punitiva, exigiendo pagamiento. Para eso, presenta una nueva comprensión de la ley de causa y efecto, generalmente tomada en su aspecto negativo, de expiación. Para la doctrina kardecista, la Justicia Divina, al contrario, solo tiene por objetivo dar oportunidad de crecimiento y ampliación de las cualidades del ser espiritual.

La reencarnación, como fue dicho, es un hilo en el proceso evolutivo de la Ley de Evolución, una concepción revolucionaria del Espiritismo, que ayuda a entender al ser humano y el mundo.

Detallaremos para seguir algunos conceptos básicos del Espiritismo y las dificultades de la cultura cristiana en aceptarlos.

EL ESPIRITISMO Y LA EVOLUCIÓN

La existencia, evolución e inmortalidad del espíritu, conforme postula el Espiritismo, es diferente de cualquier análisis o propuesta anterior o presente a respecto de la naturaleza espiritual del ser humano.

Si en la visión univivencial, la esencia espiritual, el alma, tiene vida productiva limitada y su creación coincide como el nacimiento del cuerpo, para el Espiritismo el ser espiritual es creado por Dios sin cualquier ligación específica con determinado cuerpo o determinada situación. Por la doctrina kardecista, la creación de espíritus es un proceso divino, inaccesible a nuestro conocimiento, conduciendo la esencia espiritual por el camino del auto crecimiento, explorando sus potencialidades innatas.

Es básico en la Doctrina afirmar que el ser espiritual es creado simple e ignorante, como un principio espiritual. Es generalmente aceptado que ese principio espiritual, inicialmente sin estructura, camina en lento progreso y que va consolidándose y agregando factores instintivos en el reino animal hasta despertar la razón, eso es, aprender el conocimiento, discernir factores y determinar el propio futuro, alcanzando el nivel hominal.

Cuando se alcanza el nivel hominal, el principio espiritual se torna espíritu, definido como el ser inteligente del universo. Después del despertar de la razón, comienza a desenvolver la afectividad, lo que corresponde, en términos genéricos, a la moralidad, a la civilización y a la cultura.

Ese principio espiritual, germen del espíritu, desenvuelve sus aptitudes innatas, potencias, en el conflicto de la formación y vivencia en organismos, hasta eclosionar en la especie humana.

Por eso, se verifica que el ser humano actual es un producto de la evolución singular de los espíritus.

LA SINGURALIDAD Y EL TIEMPO

El concepto de singularidad valoriza la individualidad, la construcción y el desenvolvimiento de la sabiduría del ser en cuanto al ser, dentro de una visión solidaria. Este concepto puede ser explicado en la asertiva: “toda decisión es solitaria, más su realización es solidaria”, que es la base del proceso evolutivo.

El crecimiento del ser espiritual es temporal. La noción del tiempo es colocada en la dinámica del proceso, sin parámetros cronológicos o comparativos.

Cada individuo, en su singularidad, describe la curva de su tiempo, tomándola compatible con su disponibilidad de crecimiento, reflexión, y la estratificación y dinamismo, dando sentido a la adversidad de caracteres y opciones vivencias visibles en la existencia humana.

En ese entendimiento, existe un eje coordinador del proceso de progreso de las individualidades, que es la Ley natural o divina, propuesta por Allan Kardec.

Ese eje establece la reciprocidad del acto y de la reacción como forma de conflicto positivo o negativo, generando reacciones adecuadas y aprendizaje gradual, por la infinita repetición de procesos, en los cuales la encarnación, la vida, la muerte y la reencarnación son instrumentos básicos para desencadenar el crecimiento.

EL ESPÍRITU Y LA INMORTALIDAD

La inmortalidad es una característica natural del principio espiritual y, por consecuencia, del espíritu. Es de su naturaleza ser inmortal. Esa afirmación estructural es la que da soporte a la Ley de Evolución.

Siendo inmortal y potencial, el ser espiritual necesita de instrumentos de aprensión de los factores externos, de modo a crear condiciones de permanencia de si mismo. La noción de un alma inmortal, creada junto con el cuerpo y manteniendo la llama de la vida después de la muerte, sin posibilidades de reciclaje y crecimiento, es comparada a la muerte total, nada tiene que ver con la inmortalidad dinámica que el Espiritismo enseña.

La encarnación y la reencarnación del espíritu forman parte de los mecanismos de la evolución.

Ella es necesaria para llevar al ser espiritual a la perfección (LE, cuestión 132). La reencarnación es un corolario de ese proceso: “… las encarnaciones sucesivas son siempre muy numerosas, porque el progreso es infinito. “ (Ídem, cuestión 169).

El ser espiritual, para su desenvolvimiento integral en relación con los organismos, en la reencarnación, se somete a una acción existencial repetitiva: nacer, vivir, morir, renacer. En este círculo completo se injiere el “estado errante”, el tiempo vivido entre dos encarnaciones, en el plano extra físico.

He ahí delineado, en líneas simples, el proyecto de la evolución de los espíritus.

RESISTENCIAS A LAS NUEVAS IDEAS

La cultura es fruto de la actuación del ser singular y que, simultáneamente, lo influencia y en cierta forma lo somete en una relación dialéctica y continua.

Aunque dinámica, existen algunos fundamentos de la cultura que fueron cristalizados por siglos de sucesivas afirmaciones. Más allá de eso, con relación a muchas cosas, la visualidad determina el concepto, aun mismo que errado.

Esa es la primera dificultad a ser superada.

Por analogía, recordemos que la cultura ancestral decía que la Tierra era parada y que el Sol se movía. Durante siglos esa era la verdad, porque correspondía a la realidad visual, existencial. Después, por la ciencia y también por la constatación visual, se verifico que la Tierra es apenas un pequeño planeta azul, participando del sistema solar, dentro de una galaxia entre muchas galaxias, en un universo sin límites.

Hoy la cultura sabe que la Tierra gira en torno a si misma, en un periodo de 24 horas y algunos minutos y que se realiza un movimiento de traslación en torno del Sol, correspondiendo al año de 365 días.

Mientras tanto, para la vida común, en el día a día, la Tierra parece y es vista como parada. Solo intelectualmente se percibe su movimiento.

De la misma forma, en la vivencia común, la persona nace, vive y muere. Al nacer, es una criatura que pasa invariablemente por las etapas del desenvolvimiento físico y psicológico comunes a la especie y que nada parece resaltar, a no ser en ocasiones especiales, que no sea realmente un ser totalmente nuevo. No tiene recuerdos vivos de un pasado. Se somete al proceso de madurez corporal y psicológica como alguien que nunca hubiese vivido esa experiencia anteriormente.

Solamente intelectualmente es que se puede entender al ser humano como un espíritu reencarnado. De ahí las dificultades de entenderse como un espíritu adulto se pueden encarnar en una criatura.

En el Evangelio, tenemos el dialogo de Nicodemo con Jesús. Cuando este dice que es preciso nacer de nuevo, el fariseo argumenta: “¿Cómo puede el espíritu de un hombre viejo entrar en el cuerpo de una criatura? Y la misma pregunta continua perturbando a las personas porque es difícil entender el engranaje de la reencarnación, una vez que para la mayoría el ser humano es su cuerpo.

EFECTOS PSICOLOGICOS DE LA DOCTRINA DE LA REENCARNACIÓN

La insistencia en afirmar determinados principios, con la autoridad divina, como las iglesias generalmente se tornan, conducto a la inevitable aceptación de ellos como verdad, creando una cultura especifica. La superación de esos principios, pues, es difícil. La incorporación de nuevos conceptos, que se apoyan en ellos, es tarea educativa de persuasión y consistencia que demanda tiempo, algunas veces muy largo, pues implica en la restructuración mental y psicológica.

La aceptación de la reencarnación como un fenómeno natural implica profundos cambios en la psicología personal y social.

La naturaleza del ser, su estructura mental, el conjunto de deseos, el posicionamiento moral e intelectual, pasan a tener nuevos fundamentos y la Psicología tendrá que redireccionar su trabajo, colocando esos componentes en análisis de los factores que concurren para la formación, atracción y refección entre las personas.

Instituciones como la familia tienen nuevos parámetros, una vez que cada componente es entendido como un ser vivido, sin embargo sometido a los padrones culturales y a las exigencias genéticas, psicosociales.

Todo el objetivo de la existencia terrena es revisado. Específicamente, debido a la función que cada uno desempeña y se relaciona consigo mismo, refleja las experiencias de los ciclos existenciales sucesivos sin, con todo, perturbar el ritmo existencial aquí y ahora.

Ósea, la reencarnación no puede alinear el presente, ni mutilar el deseo y la espontaneidad vivencial, personal. Bien entendida, ella es una retaguardia de entendimientos para mejorar el desempeño de la vida actual.

EFECTOS SOCIALES DE LA DOCTRINA DE LA REENCARNACIÓN

De la misma forma, la doctrina de la reencarnación produce profundas cambios en los conceptos de sociedad y de las relaciones interpersonales. Preconceptos y discriminaciones sufren un ataque fulminante, porque la prevalencia del mérito espiritual desestructura toda una red de pruritos y condiciones sociales.

Tal cosa no resolverá, en corto plazo, esos problemas más si dará soporte realmente amplio, espiritual para los cambios en las relaciones humanas.

TEORIA Y PRÁCTICA

La aceptación de la reencarnación tiene que ser hecha, pues fuera de los parámetros místicos-religiosos que cercean la inteligencia de los hechos y procuran de una forma u otra, la salvación de las personas, centradas en la concepción de la vida terrena como un pasaje sin gloria, sufrido y expiatorio, preparatoria para la vida eterna y sometida a la voluntad arbitraria de la divinidad. Al contrario de esa limitación, la ley de las vidas sucesivas es camino de restructuración, vivencia y reciclaje continuo del espíritu en evolución.

El ejemplo de las civilizaciones que aceptan livianamente la reencarnación, más que mantienen no apenas una mentalidad absurda en términos de superstición y no utilizan la ley de las vidas sucesivas de forma positiva, para modificar el panorama, debe ser siempre recordado, cuando postulamos la separación de la ley de las vidas sucesivas de los parámetros religiosos y místicos. En esas civilizaciones la creencia en la reencarnación es una retorica para justificar el caos social o la formación de castas.

Por eso, el espiritismo deberá enseñar la reencarnación como una ley natural, instrumento de la Ley de Evolución y desvincularla de las puniciones, del castigo y de la expiación, mientras entendida como una forma de flagelación del alma para purgar pecados.

TRADUCIDO POR M.C.R.

Fonte: “Novas Ideias, Textos Reescritos” – Jaci Regis. ICKS Edições, 1ª edição, outubro de 2007 – Santos-SP.

terça-feira, 28 de dezembro de 2010

O Evangelho Condena o Espiritismo?

Por Paulo da Silva Neto Sobrinho

Sempre acompanhamos a coluna de Carlos de Brito Imbassahy, Qual é a Dúvida?, no Jornal Espírita, editado pela FEESP, onde podemos esclarecer dúvidas que sempre temos. Na edição de nº 302, mês outubro de 2000, lemos sua resposta a um leitor que lhe questiona a propósito das provas que possam existir no Evangelho sobre a condenação de princípios da Doutrina Espírita.

O colunista apresenta uma relação que lhe foi oferecida por um pastor seu amigo. Nela constam as seguintes passagens:

Condenação do Espiritismo

Atos 16, 16 a 18 = Gál. 5: 19 a 21 = Rev. 21: 8 e 22:15.

Ressurreição e condenando a reencarnação

João 5: 28, 29 e 11:25 = I Co 15:40 e 20 a 25 = Fil 3:20, 21 = Atos 17:31 = Mat 12: 31, 32 = Rom 5:19 + Rev 20:4 e 5:13 e 21:34.

Salvação pela fé em Jesus

Atos 4:12 + Luc 13:24 = I Tim 4:10 = I João 4:9 e 14 = Tiag 20:14 e 26 = Rom 6, 23.

Completa: “Segundo este meu amigo, o Espiritismo não tem amparo nenhum no Novo Testamento e mais, a palavra de Jesus, segundo ele, contida nos textos acima citados, provam que o Espiritismo é condenado pelo Mestre”.

É interessante como tentam de todas as maneiras colocar o Espiritismo como sendo proibido ou condenado pela Bíblia. Nesse, em particular, chamou-nos a atenção por ser, até então, o único que encontramos que não busca a nossa condenação no Antigo Testamento. É louvável, pois parece, realmente, que o autor dessas citações compreendeu bem o que Jesus queria dizer, quando, na narrativa de Mateus 9, 16-17, disse: “Ninguém põe remendo de pano novo em vestido velho; porque o remendo tira parte do vestido, e fica maior a rotura. Nem se põe vinho novo em odres velhos; do contrário, rompem-se os odres, derrama-se o vinho, e os odres se perdem. Mas, põe-se vinho nove em odres novos, e ambos se conservam”.

Entretanto, não consegue ainda separar nos textos o que é verdadeiramente de Jesus e o que é apenas opinião dos diversos autores que constam do Novo Testamento. Dizemos isso, pois não podemos admitir como verdade nada que venha a ser contrário ao que Ele tenha dito, pouco nos importando qual seja a fonte. Até porque, devemos seguir o que disse: “O discípulo não está acima do seu mestre, nem o servo acima do seu senhor”, conforme citado em Mateus 10, 24.

Não podemos deixar de falar também como, em alguns casos, mudam completamente o sentido do texto sagrado, procurando, sempre, adaptá-los às suas convicções ou dogmas, apesar da advertência clara que encontramos em 2 Pedro 3, 16: “Ao falar acerca destes assuntos, como de fato costuma fazer em todas as suas epístolas, nas quais há certas cousas difíceis de entender, que os ignorantes e instáveis deturpam, como também deturpam as demais Escrituras, para a própria destruição deles”.

Assim, no decorrer deste estudo, vamos mostrar como certas citações são contraditórias ao que Jesus nos passou e como algumas interpretações que querem dar aos textos não condizem com o seu real sentido. Infelizmente notamos que são apegados demais à letra, outras vezes não buscam o contexto, agindo com o espírito preconcebido, arraigados aos dogmas que lhes são impostos.

Vamos fazer nossos contra-argumentos por partes, utilizando os textos citados.

Condenação do Espiritismo

Atos 16, 16-18: Aconteceu que, indo nós para o lugar de oração, nos saiu ao encontro uma jovem possessa de espírito de adivinhador, a qual, adivinhando, dava grande lucro aos seus senhores. Seguindo a Paulo e a nós, clamava, dizendo: Estes homens são servos do Deus Altíssimo, e vos anunciam o caminho da salvação. Isto se repetia por muitos dias. Então Paulo, já indignado, voltando-se, disse ao espírito: Em nome de Jesus Cristo, te mando: Retire dela. E ele na mesma hora saiu.

Nessa passagem não existe nenhuma condenação feita por Jesus ao Espiritismo. O que vemos, e não há como negar, é que Paulo após ser importunado diversas vezes por uma jovem que estava possessa de espírito adivinhador fica indignado, por isso resolve, num determinado momento, livrar a jovem de tal possessão, para que também pudesse realizar sua tarefa sem ser amolado. Sabemos que nos casos de possessão o espírito exerce uma tal subjugação que, a grosso modo, impõe a sua vontade à daquele sobre o qual domina. Nesse caso, a pobre jovem não tinha nenhuma culpa nos atos que fazia, sua única culpa, conforme sabemos, é por ter ficado na mesma faixa vibracional que o espírito, assim lhe deu as condições necessárias para que a ligação entre dos dois se consumasse. Por outro lado, é uma situação que existe desde que o homem entrou no mundo, não sendo, portanto, a possessão algo que somente acontece na Doutrina Espírita, a vemos acontecer em todos os seguimentos religiosos, muito embora, revestida com outro nome, é a tal da possessão demoníaca. E não há, aqui na terra, quem possa proibir que isso aconteça, pois se encontra dentro das leis naturais. Temos é que fazer como Paulo fez, ou seja, promover a libertação daqueles que se encontram sob a influência desses espíritos inferiores, é o que também fazer, até mesmo por caridade ao nosso próximo.

Não podemos deixar de falar que a jovem, mesmo possessa, estava sendo usada por alguém que lhe explorava, fazendo que o espírito adivinhador fosse consultado proporcionando-lhe lucros. Mas, em qualquer caso isso não tem nada a ver com a Doutrina Espírita, são praticas que absolutamente não fazemos, embora vejamos muitas pessoas quererem, a todo custo, atribuir-nos tais coisas, é pura distorção dos fatos.

Por outro lado, se a comunicação com os mortos fosse mesmo condenada por Jesus, não teria sentido algum ele próprio fazer o que estava condenando. Como pode ser isto? Vejamos, então:

Mateus 17, 1-3: Seis dias depois, toma Jesus consigo a Pedro e aos irmãos Tiago e João, e os leva, em particular, a um alto monte. E foi transfigurado diante deles; o seu rosto resplandecia como o sol, e as suas vestes tornaram-se brancas como a luz. E eis que lhes apareceram Moisés e Elias, falando com ele.

Nessa passagem, é bem claro, que Jesus estava conversando com os espíritos Moisés e Elias, tendo como testemunhas Pedro, Tiago e João. Como vemos que Ele nunca se contradisse em nenhum dos seus ensinamentos, por que somente nesta questão estaria se contradizendo? Concluímos, então, que agora estava era justamente sancionando o intercambio com os ditos mortos, vivos em espírito, mostrando qual a maneira correta de se fazer.

Gálatas 5, 19-21: Ora, as obras da carne são conhecidas, e são: prostituição, impureza, lascívia, idolatria, feitiçarias, inimizades, porfias, ciúmes, iras, discórdias, dissensões, facções, invejas, bebedices, glutonarias, e cousas semelhantes a estas, a respeito das quais eu vos declaro, como já outrora vos preveni, que não herdarão o reino de Deus os que tais cousas praticam.

Apocalipse 21, 8: Quanto, porém, aos covardes, aos incrédulos, aos abomináveis, aos assassinos, aos impuros, aos feiticeiros, aos idólatras e a todos os mentirosos, a parte que lhes cabe será no lago que arde com fogo e enxofre, a saber, a segunda morte.Apocalipse 22, 15: Fora ficam os cães, os feiticeiros, os impuros, os assassinos, os idólatras, e todo aquele que ama e pratica mentira.

Não falamos de que alguns textos são interpretados segundo a conveniência dogmática de determinadas pessoas, não tendo, portanto, nenhum fundamento. Os textos acima, por exemplo, não possuem nada com Jesus condenando o Espiritismo. Vemos é Paulo e João dizer que entre outras coisas condenáveis está a feitiçaria, que parece ser a única entre estas condenações que pode ser confundida com Espiritismo. Mas esta confusão é dos que nada conhecem de Espiritismo, muitas vezes, apenas, repetem o que outros lhe passaram por puro fanatismo religioso.

Por outro lado, se querem mesmo herdar o reino de Deus deveriam seguir a orientação de Paulo aos Gálatas deixando de fazer inimizades, porfias, ciúmes, iras, discórdias, dissensões, facções contra qualquer outra corrente religiosa, principalmente contra a Doutrina Espírita, que tem um enorme respeito por todas elas.

Ressurreição e condenação à reencarnação

João 5, 28-29: Não vos maravilheis disto; porque vem a hora em que todos os que se acham nos túmulos ouvirão a sua voz e sairão: e os que tiverem feito o bem, para a ressurreição da vida; e os que tiverem praticado o mal, para a ressurreição do juízo.

João 11, 25: Disse-lhe Jesus: Eu sou a ressurreição e a vida. Quem crê em mim, ainda que morra, viverá;

Esses textos sim, são realmente palavras de Jesus entretanto, se aqui entendermos que Ele estava falando contra a reencarnação, temos que convir que estaria contradizendo a si mesmo e até contrário ao que pensava o povo, vejamos, então as passagens:

Mateus 11, 11-15: Em verdade vos digo: Entre os nascidos de mulher, ninguém apareceu maior do que João Batista; mas o menor no reino dos céus é maior do que ele. Desde os dias de João Batista até agora o reino dos céus é tomado por esforço, e os que se esforçam se apoderam dele. Porque todos os profetas e a lei profetizaram até João. E, se o quereis reconhecer, ele mesmo é Elias, que estava para vir. Quem tem ouvidos (para ouvir) ouça.

Mateus 17, 9-12: E, descendo eles do monte, ordenou-lhes Jesus: A ninguém conteis a visão, até que o Filho do homem ressuscite dentre os mortos. Mas os discípulos o interrogaram: Por que dizem, pois, os escribas ser necessário que Elias venha primeiro? Então Jesus respondeu: De fato Elias virá e restaurará todas as cousas. Eu, porém, vos declaro que Elias já veio, e não o reconheceram, antes fizeram com ele tudo quanto quiseram. Assim também o Filho do homem há de padecer nas mãos deles.

Mateus 16, 13-14: Indo Jesus para as bandas de Cesaréia de Filipe, perguntou a seus discípulos: Quem diz o povo ser o Filho do homem? E eles responderam: Uns dizem: João Batista; outros: Elias; e outros: Jeremias, ou algum dos profetas.

Não vemos claramente Jesus dizer que João Batista era o Elias que estava para vir, ou seja, João era o Elias reencarnado. Observamos que inclusive esse era o pensamento do povo, que acreditava que um morto pudesse voltar a vida em outro corpo, se assim não fosse Jesus, não poderia ser, como pensavam, ou João Batista, ou Elias, ou Jeremias ou algum dos profetas.

Assim devemos buscar outro sentido para os dois textos anteriores. É certo que todos nós seremos julgados pelos atos que tenhamos praticado, quando na carne, quer bons ou maus. Então figuradamente sairemos do túmulo para este julgamento. E “o ainda que morra, viverá” é porque não morreremos, pois somos, na verdade, espíritos eternos, somente existindo a morte para o nosso corpo físico.

1 Coríntios 15, 40: Também há corpos celestiais e corpos terrestres; e, sem dúvida, uma é a glória dos celestiais e outra a dos terrestres.

1 Coríntios 15, 20-25: Mas de fato Cristo ressuscitou dentre os mortos, sendo ele as primícias dos que dormem. Visto que a morte veio por um homem, também por um homem veio a ressurreição dos mortos. Porque, assim como em Adão todos morreram, assim também todos serão vivificados em Cristo. Cada um, porém, por sua própria ordem: Cristo, as primícias; depois os que são de Cristo, na sua vinda. E então virá o fim, quando ele entregar o reino ao Deus e Pai, quando houver destruído todo principado, bem como toda potestade e poder. Porque convém que ele reine até que haja posto a todos os inimigos debaixo de seus pés.

Passagens onde Paulo dá orientações aos Coríntios, não sendo, portanto, um ensinamento de Jesus. Sabemos que nosso corpo espiritual é muito diferente do nosso corpo físico, é um fato, foi o que percebeu Paulo. Não devemos ter dúvida alguma que para cada situação que Deus nos coloca, receberemos um corpo apropriado àquele meio em que iremos viver. Observem aqui na Terra, como nossos corpos possuem diferenças conforme o meio em que vivemos, ou seja, na água, na terra e no ar. Quanto à questão de a morte ter vindo por um homem, não podemos concordar com este absurdo, pois estaríamos dizendo que também a morte dos animais entrou no mundo por causa do pecado de Adão. Não condiz com “a cada um segundo suas obras” conforme afirmativa de Jesus.

Uma coisa é certa: o que terá fim aqui na terra é a maldade do homem, depois disso o reino de Deus estará estabelecido. Não existem inimigos de Deus, somente aqueles que ainda não o compreenderam, o que não quer dizer necessariamente inimigos, apenas seriam aos olhos dos ignorantes.

Filipenses 3, 20-21: Pois a nossa pátria está nos céus, de onde também aguardamos o Salvador, o Senhor Jesus Cristo, o qual transformará o nosso corpo de humilhação, para ser igual ao corpo da sua glória, segundo a eficácia do poder que ele tem de até subordinar a si todas as cousas.

Onde aqui está a condenação à reencarnação? “A nossa pátria está nos céus”, é interessante isso que Paulo diz, pois é exatamente o que a Doutrina Espírita vem confirmar, que na realidade todos nós viemos do mundo espiritual e para lá voltaremos depois da morte, que a nossa verdadeira pátria é o plano espiritual, simbolicamente “os céus”. Nela retomaremos o nosso corpo espiritual, esse corpo sem humilhação de que fala Paulo.

Atos 17, 31: Porquanto estabeleceu um dia em que há de julgar o mundo com justiça por meio de um varão que destinou e acreditou diante de todos, ressuscitando-o dentre os mortos.

Pelo que já expomos, não sentimos necessidade de falar sobre este item, pois estaríamos apenas repetindo argumentos já colocados.

Mateus 12, 31-32: Por isso vos declaro: Todo pecado e blasfêmia serão perdoados aos homens; mas a blasfêmia contra o Espírito não será perdoada. Se alguém proferir alguma palavra contra o Filho do homem ser-lhe-á isso perdoado; mas se alguém falar contra o Espírito Santo, não lhe será isso perdoado, nem neste mundo nem no porvir.

Não sei de onde tiram que nessa passagem existe condenação à reencarnação, por mais que tenhamos nos esforçados, não vimos nada neste sentido.

Romanos 5, 19: Porque, como pela desobediência de um só homem muitos se tornaram pecadores, assim também por meio da obediência de um só muitos serão feitos justos.

Apocalipse 20, 4: Vi também tronos, e nestes sentaram-se aqueles aos quais foi dada autoridade de julgar. Vi ainda as almas dos decapitados por causa do testemunho de Jesus, bem como por causa da palavra de Deus, tantos quantos não adoraram a besta, nem tampouco a imagem, e não receberam a marca na fronte e na mão; e viveram e reinaram com Cristo por mil anos.

Apocalipse 5, 13: Então ouvi que toda a criatura que há no céu e sobre a terra, debaixo da terra e sobre o mar, tudo o que neles há, estava dizendo: Àquele que está sentado no trono, e ao Cordeiro, seja o louvor, e a honra, e a glória, e o domínio pelos séculos dos séculos.

Apocalipse 21,34: (???) Este capítulo só vai até versículo 27.

Na carta de Paulo aos romanos, de certa forma repete o que diz aos coríntios quanto ao pecado de Adão. Especificamente quanto ao Apocalipse, não temos nada a dizer, pois tais textos, são para nós tão confusos que qualquer coisa que fossemos dizer poderia parecer ridículo. Entretanto, achamos que somente o próprio autor poderia nos passar o que quis dizer com aquela linguagem mística e simbólica que nos trás em sua revelação.

Salvação pela fé em Jesus

Atos 4, 12: E não há salvação em nenhum outro; porque abaixo do céu não existe nenhum outro nome, dado entre os homens, pelo qual importa ser sejamos salvos.

Lucas 13, 24: Respondeu-lhes: “Esforçai-vos por entrar pela porta estreita, pois eu vos digo que muitos procurarão entrar e não poderão”.

Se aceitarmos que somente pela fé estamos salvos estaremos sendo contrários ao que Jesus ensinou, conforme as seguintes passagens, que também servem como argumento aos outros itens:

Mateus 16, 27: Porque o Filho do homem há de vir na glória de seu Pai, com os seus anjos, e então retribuirá a cada um conforme as suas obras.

Conforme já citamos várias vezes, a retribuição de cada um será conforme as obras que tenha praticado.

Mateus 25, 31-46: Quando vier o Filho do homem na sua majestade e todos os anjos com ele, então se assentará no trono da sua glória; e todas as nações serão reunidas em sua presença, e ele separará uns dos outros, como o pastor separa dos cabritos as ovelhas; e porá as ovelhas à sua direita, mas os cabritos à esquerda; então dirá o Rei aos que estiverem à sua direita: Vinde, benditos de meu Pai! entrai na posse do reino que vos está preparado desde a fundação do mundo. Porque tive fome e me destes de comer; tive sede e me destes de beber; era forasteiro e me hospedastes; estava nu e me vestistes; enfermo e me visitastes; preso e fostes ver-me. Então perguntarão os justos: Senhor, quando foi que te vimos com fome e te damos de comer? ou com sede e te demos de beber? E quando te vimos forasteiro e te hospedamos? ou nu e te vestimos? E quando te vimos enfermo ou preso e te fomos visitar? O Rei, respondendo, lhes dirá: Em verdade vos afirmo que sempre que o fizestes a um destes meus pequeninos irmãos, a mim o fizestes. Então o Rei dirá também ao que estiverem à sua esquerda: Apartai-vos de mim, malditos, para o fogo eterno, preparado para o diabo e seus anjos. Porque tive fome e não me destes de comer; tive sede e não me destes de beber; sendo forasteiro, não me hospedastes; estando nu, não me vestistes; achando-me enfermo e preso, não fostes ver-me. E eles lhe perguntarão: Senhor quando foi que te vimos com fome, com sede, forasteiro, nu, enfermo ou preso, e não te assistimos? Então lhes responderá: Em verdade vos digo que sempre que o deixastes de fazer a um destes mais pequeninos, a mim o deixastes de fazer. E irão estes para o castigo eterno, porém os justos para a vida eterna.

Os que foram para a direita foram os que tiveram fé, ou somente aqueles que ajudaram ao próximo? Não podemos distorcer os textos à nossa conveniência, temos dito. Os justos, ou seja, os que conquistaram sua evolução espiritual vivem na vida eterna, não mais necessitando de reencarnar.

Lucas 10, 25-37: E eis que certo homem, intérprete da lei, se levantou com o intuito de pôr Jesus em provas, e disse-lhe: Mestre, que farei para herdar a vida eterna? Então Jesus lhe perguntou; Que está escrito na lei? Como interpretas? A isto ele respondeu: Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todas as tuas forças e de todo o teu entendimento; e amarás o teu próximo como a ti mesmo. Então Jesus lhe disse: Respondeste corretamente; faze isto, e viverás. Ele, porém, querendo justificar-se, perguntou a Jesus: Quem é o meu próximo? Jesus prosseguiu, dizendo: Certo homem descia de Jerusalém para Jericó, e veio a cair em mãos de salteadores, os quais, depois de tudo lhe roubarem e lhe causarem muitos ferimentos, retiraram-se, deixando-o semimorto. Casualmente descia um sacerdote por aquele mesmo caminho e, vendo-o, passou de largo. Semelhantemente um levita descia por aquele lugar e, vendo-o, também passou de largo. Certo samaritano, que seguia o seu caminho, passou-lhe perto e, vendo-o, compadeceu-se dele. E, chagando-se, pensou-lhe os ferimentos, aplicando-lhes óleo e vinho; e, colocando-o sobre o seu próprio animal, levou-o para uma hospedaria e tratou dele. No dia seguinte tirou dois denários e os entregou ao hospedeiro, dizendo: Cuida deste homem e, se alguma cousa gastares a mais, eu to indenizarei quando voltar. Qual destes três te parece ter sido o próximo do homem que caiu nas mãos dos salteadores? Respondeu-lhe o intérprete da lei: O que usou de misericórdia para com ele. Então lhe disse; Vai, e procede tu de igual modo.

O sacerdote e o levita representam todos os que se encontram à frente dos segmentos religiosos que mesmo conhecendo o que consta do Evangelho de Jesus não o coloca em prática, ou seja, não exercem o amor ao próximo através da caridade. Já o samaritano é o símbolo de todos aqueles que mesmo sem pertencerem a nenhuma das religiões organizadas pratica a caridade, seguindo, mesmo sem saber, os ensinos de Jesus. Qual deles Jesus nos oferece como exemplo a ser seguido? Foram os de fé ou o de ação? A conclusão é por demais óbvia, não foram os de fé.

Mateus 7, 21-29: Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai que está nos céus. Muitos, naquele dia, hão de dizer-me: Senhor, Senhor! porventura não temos nós profetizado em teu nome, e em teu nome não expelimos demônios, e em teu nome não fizemos muitos milagres? Então lhes direi explicitamente: Nunca vos conheci. Apartai-vos de mim, os que praticais a iniqüidade. Todo aquele, pois, que ouve estas minhas palavras e as pratica será comparado a um homem prudente, que edificou a sua casa sobre a rocha; e caiu a chuva, transbordaram os rios, sopraram os ventos e deram com ímpeto contra aquela casa, que não caiu, porque fora edificada sobre a rocha. E todo aquele que ouve estas minhas palavras e não as pratica será comparado a um homem insensato, que edificou a sua casa sobre a areia; e caiu a chuva, transbordaram os rios, sopraram os ventos e deram com ímpeto contra aquela casa, e ela desabou, sendo grande a sua ruína. Quando Jesus acabou de proferir estas palavras, estavam as multidões maravilhadas da sua doutrina; porque ele as ensinava como quem tem autoridade, e não como os escribas.

Novamente estamos diante da prática da caridade como aquilo que devemos fazer para merecer o reino dos céus.

Fica até incisivo a lição de Jesus acerca do que realmente nos salva. Em nenhuma das passagens acima fala que é a fé, muito antes, pelo contrário deixa taxativo ser as obras de caridade que tenhamos feito ao nosso semelhante. Qualquer ensinamento, venha de onde vier, fora disso é contrário ao que Jesus ensina.

1 Timóteo 4, 10: Ora, é para esse fim que labutamos e nos esforçamos sobremodo, porquanto temos posto a nossa esperança no Deus vivo, Salvador de todos os homens, especialmente dos fiéis.

Não vemos nesta passagem que é a fé que salva. Deus não pode ser o nosso Salvador, pois tiraria o nosso mérito. O que em realidade acontece é que ele fornece a todos nós os meios de nos salvarmos. Como é justo este meio, deverá ser um que todos nós indistintamente podemos fazer. Vejam que somente a caridade é algo que todos podem fazer, mesmo aqueles que são ateus – não é o caso do bom samaritano? A fé ao contrário, os que não conhecem o Deus verdadeiro, poderão estar adorando um deus qualquer, estariam assim desprovido de fé nEle.

1 João 4, 9: Nisto se manifesta o amor de Deus em nós, em haver Deus enviado o seu Filho unigênito ao mundo, para vivermos por meio dele.

1 João 4, 14: E nós temos visto e testemunhamos que o Pai enviou o seu Filho como Salvador do mundo.

A questão da salvação de maneira fácil, somente por crer, aceitar ou ter fé, é contrária, conforme já cansamos de dizer, ao: “a cada um segundo suas obras”, então porque ainda insistem nesse absurdo? Entretanto, este não parece ser o pensamento de Tiago, ele conforme veremos, dizia que a fé sem obras é morta. Vamos, então à sua narrativa:

Tiago 2, 14-18 e 26: Meus irmãos, qual é o proveito, se alguém disser que tem fé, mas não tiver obras? Pode, acaso, semelhante fé salvá-lo? Se um irmão ou uma irmã estiverem carecidos de roupa, e necessitados do alimento cotidiano, e qualquer dentre vós lhes disser: Ide em paz, aquecei-vos, e fartai-vos, sem, contudo, lhes dardes o necessário para o corpo, qual é o proveito disso? Assim também a fé, se não tiver obras, por si só esta morta. Mas alguém dirá: Tu tens fé e eu tenho obras; mostra-me essa tua fé sem as obras, e eu, com as obras, te mostrarei a minha fé. Porque assim como o corpo sem espírito é morto, assim também a fé sem obras é morta.

Mas, ao lemos Paulo, notamos que ele ora fala que é a fé, ora que é o amor, esse se manifestando na ajuda que damos aos necessitados, vejamos:

Romanos 5, 1: Justificados, pois, mediante a fé, temos paz com Deus, por meio de nosso Senhor Jesus Cristo.

Romanos 10, 9: Se com a tua boca confessares a Jesus como Senhor, e em teu coração credes que Deus o ressuscitou dentre os mortos, serás salvo.

1 Coríntios 13, 1-13: Ainda que eu fale as línguas dos homens e dos anjos, se não tiver amor, serei como o bronze que soa, ou como o címbalo que retine. Ainda que eu tenha o dom de profetizar e conheça todos os mistérios e toda a ciência, ainda que eu tenha tamanha fé ao ponto de transportar montes, se não tiver amor, nada serei. E ainda que eu distribua todos os meus bens entre os pobres, e ainda que entregue o meu próprio corpo para ser queimado, se não tiver amor, nada disso me aproveitará. O amor é paciente, é benigno, o amor não arde em ciúmes, não se ufana, não se ensoberbece, não se conduz inconvenientemente, não procura os seus interesses, não se exaspera, não se ressente do mal; não se alegra com a injustiça, mas regozija-se com a verdade; tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta. O amor jamais acaba; mas, havendo profecias, desaparecerão; havendo línguas, cessarão; havendo ciência, passará; porque em parte conhecemos, e em parte profetizamos. Quando, porém, vier o que é perfeito, então o que é em partes será aniquilado. Quando eu era menino, falava como menino, sentia como menino, pensava como menino; quando cheguei a ser homem, desisti das cousas próprias de menino. Porque agora vemos como em espelho obscuramente, então veremos face a face; agora conheço em parte, então conhecerei como também sou conhecido. Agora, pois, permanecem a fé, a esperança e o amor, estes três: porém o maior destes é o amor.

Tiago 20, 14 e 26: (???)

Não existe este capítulo, pois esta carta vai somente até capítulo 5.

Romanos 6, 23: Porque o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna em Cristo Jesus, nosso Senhor.

Não podemos censurar os que ainda acreditam que a morte veio ao mundo porque Adão pecou. Para nós é ilógico, pois vemos tudo, na natureza em nossa volta, passar pelo ciclo nascer-viver-morrer, nada mesmo escapa de tal lei. Assim a morte do homem nada mais é que aplicação desta lei, não sendo, portanto castigo de Deus. Tenhamos que convir que aos homens era necessário dar uma explicação para a morte, daí inventaram esta lenda do pecado de Adão e Eva para que ele aceitasse a morte mais naturalmente. Temos, por lógica, aceitar que é uma lenda, pois não poderemos acreditar que um simples ato de comer uma fruta tenha provocado tamanho disparate, até porque é de se estranhar que tenha existido alguma árvore que ao comermos de seu fruto passamos a ter conhecimento do bem e do mal.

Conclusão

Provamos que Jesus nunca condenou o Espiritismo, buscando para nossa sustentação os textos do Evangelho. Mas se a Doutrina Espírita ainda incomodar a alguém, usaremos em nossa defesa as palavras de Gamaliel, mestre da lei, quando no Sinédrio advogou a favor de Pedro e os demais apóstolos, dizendo: “Daí de mão a estes homens, deixai-os; porque se este conselho ou esta obra vem de homens, perecerá; mas, se é de Deus, não podereis destruí-los, para que não sejais, porventura, achados lutando contra Deus”, conforme Atos 5, 38-39.

Outubro/2000.

Bibliografia:

A Bíblia Anotada = The Ryrie Study Bible/Texto bíblico: Versão Almeida, revista e atualizada, com introdução, esboço, referências laterais e notas por Charles Caldwell Ryrie; Tradução de Carlos Oswaldo Cardoso Pinto, - São Paulo: Mundo Cristão, 1994.

Função Social do Espiritismo

Por Amílcar Del Chiaro Filho

Teria o Espiritismo uma função social? Claro que sim! O Espiritismo não tem a incumbência de fazer a reforma social, mas pelos seus ensinamentos é a doutrina mais apta a secundar as reformas. Por que? Os motivos são vários, mas poderíamos citar o conhecimento da imortalidade e para que se é imortal. A certeza da paternidade de Deus, por tanto, a certeza de que somos todos irmãos, o que deverá nos levar à fraternidade.

O Espiritismo propugna por reformas, por mudanças, que não sejam apenas periféricas, mas amplas e profundas. Para isto é preciso revolucionar o mundo, deflagrar uma revolução, entretanto, não armada, e sim, centrada no amor e na educação.

Este é um caminho muito válido, a educação. O homem educado, tem maiores possibilidades de opção, ou de escolha. A democratização do ensino, levará, não a igualdade, mas a uma proximidade, acabando com as brutais diferenças sociais que existem no momento.

Allan Kardec, na Viagem Espírita de 1862, em discurso aos espíritas Lioneses, afirmou: "Assim, pela força das coisas, o Espiritismo levará, por inevitável conseqüência, ao aprimoramento moral. Esse aprimoramento conduzirá à pratica da caridade, e da caridade nascerá o sentimento de fraternidade, quando os homens estiverem imbuídos dessas idéias, conformarão a elas suas instituições e será assim que realizarão, naturalmente e sem agitações, as reformas desejáveis. Esta será a base sobre a qual se assentará o edifício social do futuro".

Queremos fazer apenas uma observação, a de que não se entenda a caridade no seu sentido restrito de beneficência, mas sim, no seu amplo sentido de benevolência. E podemos traduzir como sentimento de bondade, amizade, compreensão, fraternidade. Precisamos, pois, trabalhar nos efeitos, porque é preciso socorrer os necessitados, mas devemos aplicar-nos a erradicar as causas da miséria e da ignorância. As duas maiores enfermidades da humanidade ainda são, a pobreza e a ignorância. Nossos esforços devem ser no sentido de extirpá-las.

O Crivo da Razão

Por Amílcar Del Chiaro Filho

Allan Kardec afirmou que todas as comunicações mediúnicas devem ser passadas pelo crivo da razão. Disse mais ainda, afirmou que não se deve divulgar tudo que os espíritos dizem ou escrevem, porque, no mundo dos espíritos, como no dos encarnados, existem muitos escritores, mas os bons são poucos.

O exercício da razão é indispensável, para que mensagens fraudulentas, mistificadoras não venham turvar o movimento espírita. Não importa qual seja o médium, ou qual seja o espírito, é importante analisar a mensagem. Se fizéssemos isto cm mais freqüência, certamente não haveria donos de centros espíritas, nem médiuns principais, que dominam o ambiente, apoiados por seus guias.

Contudo, do que adiantará usarmos o crivo se não conhecermos Doutrina Espírita? Para analisarmos as comunicações precisamos conhecer a Doutrina Kardequiana, e isto se consegue com estudo, muito estudo. Logicamente, a intenção não é a de formar intelectuais espíritas, mas conhecedores da Doutrina Espírita.

Quando o Espírito da Verdade, numa comunicação em Paris, afirmou: Espíritas – amai-vos, eis o primeiro ensinamento. Instrui-vos, este o segundo, exatamente nesta ordem, havia uma razão de ser. Amai-vos para unir-vos no sentimento que une os corações, e instrui-vos para que conheçam, e conhecendo se unam ainda mais no amor. O amor instrumentaliza o conhecimento, e afasta o orgulho, o exibicionismo.

A assertiva de Erastos, para que recusássemos 9 verdades, para não aceitar uma mentira, continua válida. Na dúvida, é melhor abster-nos, esperando o amadurecimento da idéia. Nenhum espírito verdadeiramente superior ficará aborrecido se examinarmos criteriosamente a mensagem dada por ele. Entretanto, os espíritos fraudadores, mistificadores e de pouca evolução, ficam contrariados e aborrecidos, se colocamos em dúvida a sua palavra.

Além da contrariedade do espírito comunicante, deparamos, não raro, com a contrariedade do médium, que fica aborrecido e intranqüilo com a observação e a crítica à sua produção. Estudemos profundamente o Espiritismo para melhor compreendê-lo e praticá-lo.

domingo, 26 de dezembro de 2010

Educação Mediúnica

Por Dora Incontri

Três requisitos fundamentais para a prática consciente e elevada da mediunidade são:

1) A capacidade de concentração: “Mais importante (…) é a calma e o recolhimento que se deve ter, juntos a um desejo e uma firme vontade de êxito. E por vontade não entendemos aqui um desejo efêmero e inconseqüente, a cada momento interrompido por outras preocupações, mas uma vontade séria, perseverante, sustentada com firmeza, sem impaciência nem ansiedade. O recolhimento é favorecido pela solidão, pelo silêncio e o afastamento de tudo o que possa provocar distrações.” (O Livro dos Médiuns, item 204). Durante os trabalhos mediúnicos, é preciso saber isolar a mente de todas as dispersões a que estamos habituados. Focar o pensamento no propósito de servir, fixar a emoção em Jesus (pode-se usar o recurso de projeção de uma imagem de Cristo, de preferência não do Cristo crucificado, mas do Cristo doce e consolador, à beira dos lagos, no alto dos montes…), direcionar conscientemente vibrações para os Espíritos sofredores comunicantes. Trata-se de uma disciplina mental, que deveríamos aliás praticar diariamente e não apenas na hora da prática mediúnica. Saber centrar e controlar os próprios pensamentos é conquista importante do Espírito. Mas não é algo que se atinge facilmente. É preciso calma e persistência. Entretanto, há dois movimentos mentais distintos na sessão mediúnica: a) o direcionar o pensamento, tendo em vista a prece, a emissão de vibrações ou a projeção de uma imagem e b) o esvaziar a mente para permitir que o Espírito comunicante manifeste o seu pensamento.

2) O autoconhecimento: Sendo a mediunidade um ato de comunicação entre nós e outras inteligências em estágios mais ou menos avançados, é indispensável saber exatamente o que somos, o que pensamos e o que desejamos, para dinstingüir o mais possível o nosso pensamento dos pensamentos que nos chegam durante a sessão mediúnica ou no cotidiano. Na posse de nós mesmos, conscientes de nossas conquistas e de nossas fraquezas, fica mais fácil separar a manifestação dos Espíritos da nossa própria personalidade. Embora em toda manifestação mediúnica, sempre haja uma influência maior ou menor do médium. “…o Espírito do médium não é jamais completamente passivo? — Ele é passivo quando não mistura suas próprias idéias com as do Espírito comunicante, mas nunca se anula por completo. Seu concurso é indispensável como intermediário, mesmo quando se trata dos chamados médiuns mecânicos.” (O Livro dos Médiuns, item 223, questão 10 – Ver também o resto do capítulo XIX – O papel do médium nas comunicações).

3) O engajamento na auto-educação: “Se o médium, quanto à execução, é apenas um instrumento, no tocante à moral exerce grande influência. Porque o Espírito comunicante identifica-se com o Espírito do médium e, para essa identificação, é necessário haver simpatia entre eles, e se assim podemos dizer, afinidade. A alma exerce sobre o Espírito comunicante uma espécie de atração ou repulsão, segundo o grau de semelhança ou disssemelhança entre eles. Ora, os bons têm afinidade com os bons e os maus, com os maus, de onde se segue que as qualidades morais do médium têm influência capital sobre a natureza dos Espíritos que se comunicam por seu intermédio. Se o médium é de baixa moral, os Espíritos inferiores se agrupam em torno dele e estão sempre prontos a tomar o lugar dos bons Espíritos a que ele apelou. As qualidades que atraem de preferência os Espíritos bons são: a bondade, a benevolência, a simplicidade de coração, o amor ao próximo, o desprendimento das coisas materiais. Os defeitos que os afastam são: o orgulho, o egoísmo, a inveja, o ciúme, o ódio, a cupidez, a sensualidade e todas as paixões pelas quais o homem se apega à matéria.” (O Livro dos Médiuns, item 227) É evidente que não se espera a atitude já santificada por parte de um médium, sujeito às leis da evolução terrena. Porém, a simpatia e a proteção dos bons Espíritos se dão na medida dos esforços que ele faz para vencer a si mesmo e superar deficiências e desequilíbrios — sendo a própria mediunidade um instrumento inigualável de elevação. Por ela, muitas vezes recebemos as inspirações, os conselhos e as orientações morais necessários ao nosso adiantamento. Por ela, melhor identificamos as nossas fraquezas, pois se fizermos atenção a nós mesmos, observaremos como os Espíritos perturbadores se aproveitam delas.

Mediunidade e emoção

A percepção extra-sensorial dos Espíritos se dá geralmente em primeiro lugar no patamar da emoção. A assimilação de idéias é sempre posterior ao impacto emocional. E isso tanto no cotidiano, quanto no espaço de uma sessão mediúnica. Tristeza, angústia, raiva, nervosismo, tédio ou, por outro lado, alegria, paz de espírito, até mesmo sensação de êxtase podem ser sintomas de uma presença espiritual.

Nesse passo, deve entrar o médium com seu autoconhecimento para distingüir as suas próprias emoções daquelas provocadas ou potencializadas pelos Espíritos. As emoções que pertencem ao próprio médium são aquelas cujas causas são facilmente identificáveis. Fica-se triste ou irritado por algum motivo. Se não há motivo algum, pode-se desconfiar de alguma interferência estranha. E se há algum motivo, mas a nossa reação está exagerada, então pode-se estar juntando à nossa raiva ou à nossa trsiteza, a influência de outros Espíritos. Eles potencializam as nossas emoções.

Inversamente também acontece. Se algum dia nos sentimos especialmente leves, tranqüilos e felizes, sem nenhum motivo aparente, isto pode se dar pela recordação de um contato espiritual venturoso durante o sono ou ainda pela aproximação de algum Espírito, durante o estado de vigília.

Para sabermos lidar com as nossas próprias emoções e ainda com emoções alheias, é preciso desenvolver larga autodisciplina. Anular emoções ou racionalizá-las em excesso não é o caminho, pois não se trata de esfriá-las a ponto de nos tornarmos indiferentes. Mas é preciso controlá-las, ao invés de nos deixarmos atropelar por elas. Chorar, rir, indignar-se, entristecer-se são reações humanas naturais. Porém, tanto a alegria quanto a dor, assim como a indignação, devem ser comedidas, não devem nos deixar sair do eixo. No médium, o descontrole emocional pode ser a porta aberta à obsessão, pois é no justo momento em que perdemos o nosso autocontrole que os Espíritos perturbadores podem instalar seus pensamentos e seus impulsos nos nossos e podemos ser levados a falar e agir empurrados por eles. Isso no que se refere à vigilância diária que o médium deve ter consigo mesmo.

Na hora propriamente dita da comunicação, tal autocontrole é essencial para que haja um fluir mais eficiente entre os dois planos. Se o Espírito comunicante está em desequilíbrio emocional é justamente a serenidade do médium que vai contribuir para seu reequilíbrio. Se o médium se deixa dominar completamente, ao invés de ajudar o outro, estará desajudando a si mesmo. Se o Espírito comunicante for um Espírito superior e, sobretudo, se tiver ligação afetiva profunda com o médium, as lágrimas serão manifestação natural de gratidão, amor ou saudades. Mas se houver excesso, o conteúdo da comunicação, seja oral ou escrita, sofrerá em qualidade, pois o médium estará inteiramente tomado pela emoção e não facilitará a clareza de idéias. É verdade que, às vezes, o Espírito Superior não deseja se comunicar ou não pode fazê-lo por qualquer circunstância: faz-se apenas sentir, provocando lágrimas e tocando os corações, com sua vibração amorosa. Nesse caso, não há a preocupação de uma transmissão de idéias, mas justamente o despertar de sentimentos fecundos no médium e nos assistentes da reunião.

Mediunidade e Educação

Estes dois temas estão intrinsecamente relacionados, pois tudo que é próprio do ser humano deve ser compreendido de forma pedagógica. Já que a meta do Espírito é a perfeição, todo os meios para atingi-la são Educação.

No caso, a mediunidade é meio e fim.

A mediunidade como meio de aperfeiçoamento

É meio porque pode se tornar importante instrumento da evolução humana, tanto para quem a pratica, como para quem dela é beneficiário. O médium pode empregá-la para melhorar a sua percepção do mundo, para instruir-se com o conteúdo espiritual de que é intermediário, instruindo também o próximo. Quando lida com outros Espíritos, superiores ou inferiores a ele, em moralidade ou inteligência, está em processo de aprendizagem e interação, acumulando um conhecimento experimental do ser, que não pode ser buscado em nenhum compêndio.

Esse aprendizado que a mediunidade proporciona tem um alcance pedagógico mais amplo. No decorrer da história humana, filósofos e profetas, artistas e cientistas, conscientemente ou não, têm servido de intermediários interexistenciais, construindo o conhecimento humano, de forma interativa com o plano espiritual. Sócrates referia-se ao seu daimon, como voz inspiradora de suas ações. Descartes afirmava que toda a sua filosofia havia se iniciado a partir de três sonhos, proporcionados pelo Espírito da Verdade. Rousseau contava como tivera uma visão das idéias que desenvolveria em seus livros. Mas o assumir a comunicação mediúnica, como parte constitutiva da construção do conhecimento nunca foi tão explícito e transparente.

A abnegação mediúnica

O engajamento do médium num processo de auto-educação significa que ele usará as suas potencialidades psíquicas de forma responsável e benéfica. O Livro dos Médiuns fala em “desejar o bem e repelir o egoísmo e o orgulho”. (Cap. XX, ítem 226, n. 11). Diz o Livro dos Espíritos que “a sublimidade da virtude consiste no sacrifício do interesse pessoal para o bem do próximo, sem segunda intenção” (questão 893). Dentre os empenhos morais do médium, um dos maiores deve ser o de abnegar-se, o de agir no Bem sem desejo de recompensa de qualquer espécie. Isso engloba o abandono de todo interesse pessoal: dinheiro, poder, fama ou mesmo retribuição psíquica e afetiva.

Ao contrário das correntes espiritualistas anglo-saxônicas, em que se faz o comércio aberto da mediunidade, é corrente no meio espírita brasileiro, a rejeição do interesse financeiro mesclado à atividade mediúnica. Em sua maioria, os médiuns adeptos da Doutrina de Kardec, abstêm-se de tirar proveito econômico de suas faculdades. Quando o fazem, sua seriedade mediúnica é posta em suspeita. De fato, misturar a ambição de lucro monetário a uma atividade que requer todo respeito, toda abnegação e toda elevação mental, é sujeitá-la à influência mais aviltante possível. Pretender lidar com o mundo espiritual, ser intermediário de seres em outra dimensão, fazer a ponte entre os dois mundos — ao preço de um produto mercadológico é abrir espaço para qualquer tipo de mistificação. O cliente que paga tem direitos; quem vende um produto tem de dar garantia do que vende. Sendo o ato mediúnico uma interação de inteligências autônomas e livres, o médium nada pode oferecer com garantia e muito menos fazer-se pagar por comunicações que não dependem dele. Além disso, mercadejar as bênçãos do alto ou a caridade praticada é infração grave das leis divinas. Basta lembrar de que uma das poucas vezes em que Jesus se indignou com energia, foi contra os vendilhões do templo.

É importante frisar esse aspecto, porque a tentação diária a que o médium se vê submetido é muito grande. E, apesar da costumeira rejeição do movimento espírita brasileiro à mediunidade comercial, começa a surgir certa tolerância em relação a médiuns de cura, o que também é inadmissível. Ainda mais considerando-se o fato de que a mediunidade é sempre um fenômeno delicado para ser comprovado e oferece apenas um grau relativo de segurança. Dessa forma, a exclusão do interesse financeiro é a primeira garantia de seriedade, embora não suficiente. Isto também serve para os livros mediúnicos. Em qualquer atividade, onde há interesse de lucro, ele poderá sobrepor-se a qualquer preocupação de ética e qualidade. Assim, quando se trata de algo sagrado, a abnegação deve ser absolta.

Mas não se trata de desinteresse financeiro apenas. Dado o atavismo milenar da humanidade de procurar gurus e agarrar-se a pajés, oráculos e ledores de sorte, existe a tendência de se projetar esses anseios de dependência para os médiuns contemporâneos — e alguns se comprazem nisso. Pelo fato de possuírem um conhecimento mais preciso de dadas situações ou pessoas ou mesmo do passado e do futuro, esse conhecimento muitas vezes é usado como meio de manter os outros em dependência psíquica ou em estado de idolatria. O médium e seu cliente entram num jogo de vampirismo mútuo, em que o primeiro se alimenta da adoração servil e o segundo se vicia nas orientações e conselhos para sua vida particular. Portanto, uma relação de poder, em que o orgulho e o egoísmo entram como atores principais.

A dominação psíquica pode ser também coletiva, quando o médium se deixa inebriar pela fama derivada de obras e fenômenos de que foi intermediário, julgado-se merecedor de elogios e privilégios. Precaver-se contra a vaidade, para abnegar-se de si mesmo é o remédio. Segundo Kardec, o médium moralizado, ao contrário do médium vaidoso, “convicto de que sua faculdade é um dom que lhe foi concedido para o bem, não se prevalecerá dela de maneira alguma, nem se atribuirá qualquer mérito por possuí-la. Recebe como uma graça as boas comunicações, devendo esforçar-se por merecê-las através da sua bondade, da sua benevolência e da sua modéstia. O primeiro se orgulha de suas relações com os Espíritos superiores; este se humilha, por se considerar sempre indigno desse favor.” (Livro dos Médiuns, item229).

(Extraído http://pedagogiaespirita.org.br/texto/3.htm, acessado em 20/10/2007)

* Educadora, mestre e doutora em Educação, jornalista, escritora, criadora da Associação Brasileira de Pedagogia Espírita (ABPE) e do curso de pós-graduação lato sensu em Pedagogia Espírita.

Da Pena de Talião à Misericórdia da Lei

Por Amilcar Del Chiaro Filho

Houve uma época em que o mundo viveu sem lei e sem ordem, e o fraco, o pobre, era completamente desvalido. O rico, o forte, o poderoso fazia o que queria e ninguém ousava contrariá-los. Foi neste ambiente que Moisés implantou no seio do povo judeu a Pena de Talião, conhecida como o olho por olho, dente por dente. Hoje, o rigor desta lei nos parece excessiva, mas com certeza foi abençoada por muitos, que viram nela a esperança de justiça.

Promulgada por Moisés, em nome de Deus, imperou por milênios, até que o Evangelho de Jesus veio substituir a dureza da lei, impiedosa, pela suavidade do perdão, do amor, da compaixão.

Até a vinda de Jesus predominavam as doutrinas secretas que exigiam iniciação e graus iniciáticos que dosavam o conhecimento. Quando Jesus de Nazaré expirou na cruz, o véu do Templo rasgou-se de alto a baixo, significando que os conhecimentos já não seriam mais secretos, mas que estariam ao alcance de todos. Os graus passaram a ser o da capacidade de entendimento de cada indivíduo.

É exatamente sobre a capacidade de entendimento pessoal que queremos falar. Paulo de Tarso escreveu a uma das igrejas fundadas por ele: "Leite vos dei a beber; não vos dei comida, porque ainda não podíeis. Porém, ainda agora não podeis". O que ele quis dizer claramente é que nem todos estão capacitados a entender as coisas do espíritos, por isso procuram nas religiões as coisas materiais de que necessitam. São crianças que só suportam o leite, ou as histórias da Carochinha, próprios para embalar o sono infantil.

Igrejas existem onde se faz promessas em troca dos favores dos céus, ou se acredita na magia do sangue ou do nome de Jesus. Como muitos espíritas vieram dessas igrejas, é possível ver distorções doutrinárias, devido ao formalismo igreijeiro, por estarem nas mesmas condições dos cristãos da igreja de Corintho, a que Paulo admoestou, porque seus estômagos suportam somente o leite destinado ao entendimento infantil.

Esta situação é visível nos centros espíritas quando se compara o comparecimento às reuniões de estudos com as de passe ou de consultas com os guias. É por isso que parte dos espíritas são embalados por contos fabulosos, comunicações extravagantes, excentricidades de alguns médiuns e guias espirituais.

Mas já é tempo dos espíritas que ainda se satisfazem com o leite destinado às crianças, preparem seus estômagos para receber o manjar sólido da verdade e do conhecimento espírita, que na verdade não se destina a curar corpos perecíveis que um dia terão que morrer, mas destina-se, especialmente, ao espírito imortal na sua caminhada fabulosa em busca da perfeição.

O Espiritismo é uma doutrina viril, destinada a equacionar os grandes problemas humanos, e não uma coisa amorfa de beatos rezadores a pedir, pedir e pedir, sempre e insaciavelmente.

Em nossas preces, pedimos sim, o auxílio superior para o nosso discernimento, para a solução de grandes problemas. Pedimos forças, coragem e a luz do entendimento.

Se Paulo de Tarso voltasse hoje à Terra, verificaria que grande parcela dos cristãos continua se alimentando do leite das cabras, incapazes de suportar o alimento sólido, representado pela Doutrina Espírita. Entre os espíritas, constataria que muitos ainda se apegam às cabras celestes em busca do leite da inocência, ou do comodismo.

A Doutrina Espírita é uma das poucas capaz de acompanhar as rápidas mudanças do mundo, mas para isto é preciso digerir os alimentos sólidos do conhecimento espírita e abandonar o leite da ilusão.

sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

El Espirita Y El Mundo Actual

Por José Herculano Pires

La Tierra está pasando por un periodo crítico de crecimiento. Nuestro pequeño mundo, encerrado en concepciones mezquinas y estrechos límites, madura para el infinito. Sus fronteras se abren en todas direcciones. Estamos a las vísperas de una Nueva Tierra y un Nuevo Cielo, según las expresiones del Apocalipsis. El Espiritismo vino para ayudar a la Tierra en esa transición.

Procuremos, pues comprender nuestra responsabilidad de espiritas, en todos los sectores de la vida contemporánea. No somos espiritas por acaso, ni porque precisamos del auxilio de los Espíritus para la solución de nuestros problemas terrenales. Somos espiritas porque asumimos en la vida espiritual graves responsabilidades para esta hora del mundo. Ayudémonos a nosotros mismos, ampliando nuestra comprensión del sentido y de la Naturaleza del Espiritismo, de su importante misión en la Tierra. Y ayudemos al Espiritismo a cumplirla.

El mundo actual está lleno de problemas y conflictos. El crecimiento de la población, el desenvolvimiento económico, el progreso científico, el mejoramiento técnico, y la profunda modificación de las concepciones de la vida y del hombre, nos colocan ante una situación de asustadora inestabilidad. Las viejas religiones se sienten abaladas hasta lo más hondo de sus cimientos. Amenazan con caer, al impacto del avance científico y de la propagación del escepticismo. Los escépticos de los viejos dogmas, los hombres se vuelcan para la fiebre de los instintos, en una inútil tentativa de regresar a la irresponsabilidad animal.

El espirita no escapa a esa explosión del instinto. Más el Espiritismo no es una vieja religión ni una concepción superada. Es una doctrina nueva, que apareció precisamente para sustentar el futuro. Sus bases no son dogmaticas, más si científicas, experimentales. Su estructura no es teológica, más si filosófica, apoyada en la lógica más rigurosa. Su finalidad religiosa no se define por las promesas y las amenazas de la Teológica, más si por la conciencia de la libertad humana y de la responsabilidad espiritual de cada individuo, sujeta al control natural de la ley de causa y efecto. El espirita no tiene el derecho de temer y acelerarse, ni de huir de sus deberes y entregarse a los instintos. Su deber es uno solo: luchar por la implantación del Reino de Dios en la Tierra.

¿Más como luchar? En este folleto procuro indicar, a los espiritas, varias maneras de proceder en las circunstancias de la vida y cara a los múltiples problemas de la hora actual. No se trata de ofrecer un manual, con reglas uniformes y rígidas, más si de presentar el esbozo de un derrotero, con base en la experiencia personal de los autores y en la inspiración de los Espíritus que los auxiliaron a escribir estas líneas. La lucha del espirita es incesante. Sus frentes de batallas comienzan en su propio interior y van hasta extremados limites del mundo exterior. Más el espirita no está solo, pues cuenta con el auxilio constante de los Espíritus del Señor que presiden la propagación y el desenvolvimiento del Espiritismo en la Tierra.

La mayoría de los espiritas llegaron al Espiritismo a causa del dolor, por el sufrimiento físico o moral, por la angustia de problemas y situaciones insolubles. Más, una vez integrados en la Doctrina, no pueden y no deben continuar con las preocupaciones personales que motivaron su transformación conceptual. El Espiritismo les abrió la mente para una comprensión enteramente nueva de la realidad. Es necesario que todos los espiritas procuren alimentar cada vez más esa nueva comprensión de la vida y del mundo, a través del estudio y de la meditación. Es necesario también que aprendan a usar la poderosa arma de la oración, tan desmoralizada por el automatismo habitual que las religiones formalistas la relegaron.

La oración es el arma más poderosa de la que el espirita dispone, como enseño Kardec, como proclamó León Denis y como acentuó Miguel Vives. La oración verdadera, brotada del interior, como la fuente límpida brota de las entrañas de la tierra, es de un poder incalculable para el hombre. El espirita debe servirse constantemente de la oración. Ella le calmará el corazón inquieto y aclarara los caminos del mundo. La propia ciencia materialista está hoy probando el poder del pensamiento y su capacidad de transmisión al infinito. El pensamiento empleado en la oración lleva a la carga emotiva de los más puros y profundos sentimientos. El espirita ya no puede dudar del poder de la oración, predicado por el Espiritismo. Cuando algunos “maestros” ocultistas o espiritas distraídos llamaron a la oración de muleta, el espirita convicto debe recordar que Cristo también la usaba y también la enseñó. Bendita muleta es esa, que el propio Maestro de los Maestros manejo al margen del camino, en su luminoso pasaje por la Tierra!

El espirita sabe que la muerte no existe, que el dolor no es una venganza de los dioses o un castigo de Dios, más si una fuerza de equilibrio y una ley de educación, como explico León Denis. Sabe que la vida terrena es apenas un periodo de pruebas y expiaciones, en e las que el espíritu inmortal se mejora, con vistas a la verdadera vida, que es la espiritual. Los problemas angustiantes del mundo actual no pueden perturbarlo. El está amparado, no en una fortaleza perecible, más si en la seguridad dinámica de la comprensión, del apercibimiento constante de la realidad viva que lo rodea y de la que el mismo es parte integrante. Los cambios incesantes de las cosas, que nos revelan la inestabilidad del mundo, ya no pueden asustar al espirita, que conoce la ley de evolución. ¿Cómo puede el inquietarse o angustiarse, ante el mundo actual?

El Espiritismo le enseña y demuestra que este mundo en que ahora nos encontramos, lejos de amenazarnos con la muerte y la destrucción, nos anima con la resurrección y nueva vida. el espirita ha de enfrentar el mundo actual con la confianza que el Espiritismo le da, esa confianza racional en Dios y en sus admirables leyes, que rigen las constelaciones atómicas en el seno de la materia y en las constelaciones astrales en el seno del infinito. El espirita no teme, porque conoce el proceso de la vida, en sus múltiples aspectos, y, sabe que el mal es un fenómeno relativo, que caracteriza los mundos superiores, que lo esperan en la distancia y que los propios materialistas hoy procuran alcanzar con sus cohetes y naves espaciales. No son, por tanto, mundos utópicos, ilusorios, más si realidades concretas del Universo visible.

Confiando en Dios, inteligencia suprema del Universo y causa primera de todas las cosas, -poder supremo e indefinible, al que las religiones dogmaticas dieron la apariencia errónea de la propia criatura humana,- el espirita no tiene que temer, desde que procure seguir los principios sublimes de su Doctrina. Dios es amor, escribió el apóstol Juan. Dios es la fuente del Bien y de la Belleza, como afirmaba Platón. Dios es aquella necesidad lógica a la que se refería Descartes, que no podemos quitar del Universo sin que el Universo se deshaga. El espirita sabe que no tiene apenas creencias, pues posee conocimientos. Y quien conoce no teme, pues solo lo desconocido nos da miedo.

El mundo actuales el campo de batalla del espirita. Más también su oficina, aquella oficina en la que el forja un mundo nuevo. Día a día el debe golpear el yunque del futuro. A cada día que pasa, un poco de trabajo se realiza. El espirita es el constructor de su propio futuro en el mundo. Si el espirita rechaza, si teme, si vacila, puede comprometer su gran obra. Nada le debe perturbar el trabajo, en la turbulenta más si promisora oficina del mundo actual.

En resumen:

El espirita es el consciente constructor de una nueva forma de vida humana en la Tierra y de la vida espiritual en el Espacio; su responsabilidad es proporcional a su conocimiento de la realidad, que la Nueva Revelación le dio; su deber es el de enfrentar las dificultades actuales, y transformarlas en nuevas oportunidades de progreso, no puede ser olvidado un momento siquiera; espiritas, cumplamos con nuestro deber!

Traducido por M.C.R

Versão em português