terça-feira, 24 de abril de 2012

Um Tropeço Desastroso


Por Nazareno Tourinho

A obra de Roustaing, Os Quatro Evangelhos, ultrapassa todas as fronteiras daquilo que é razoável, lógico, tornando-se cômica e ridícula ainda no seu Volume 2, quando espelha as seguintes afirmativas:
“Moisés e Elias prometeram o Messias, Jesus prometeu outro Consolador, O Espírito da Verdade, a revelação espírita, pela intervenção dos Espíritos do Senhor junto dos homens, intervenção que teve a consagrá-la, para todos, a presença de Moisés e de Elias no monte, em colóquio, diante dos discípulos, com o mesmo Jesus transfigurado.” (Página 471 na 6ª edição da FEB, grifos dos autores.)

Preste bem atenção o leitor para esta assertiva de Roustaing, situando Moisés e Elias em colóquio com Jesus no monte, como, aliás, consta dos registros evangélicos. Ele a justifica logo adiante, à página 480:
“A presença de Moisés e de Elias nada teve que aberrasse dos fatos ordinários. Ambos estavam sempre juntos de Jesus.”
Prossigamos com o que depois lê-se na página 497:
“O que, porém, Jesus naquela ocasião não podia nem devia dizer e que agora tem que ser dito é o seguinte: Moisés – Elias – João Batista – são uma mesma e única entidade. Estamos incumbidos de vos revelar isso, porque chegou o tempo...”
Não pense o leitor que leu errado, ou que houve erro de impressão. A propósito, na página 497 os “guias” de Roustaing repetem logo a seguir o absurdo:
“Sim, Moisés, Elias e João Batista são um só; são o mesmo Espírito encarnado três vezes em missão.”
Perguntará qualquer pessoa sensata, em plena posse de suas faculdades mentais:

- Como é que Moises e Elias “são o mesmo Espírito”, se ambos entraram em colóquio com Jesus no monte?

Os “guias” de Roustaing respondem sem a menor cerimônia, na página seguinte, 498, proclamando que “no Tabor, quando da transfiguração de Jesus, um Espírito superior, da mesma elevação que Elias e João, tomou a figura, a aparência de Moisés”. Esta explicação desnuda por completo o caráter mistificatório da revelação rustenista porque, conforme já vimos, os seus autores, antes, na página 480, referindo-se a Moisés e Elias, declararam que ambos estavam sempre junto de Jesus.

Ainda que desprezemos tal gafe suficiente para desmoralizar as mensagens transmitidas a Roustaing, por intermédio de uma só médium, sobra-nos a conclusão de que, ou o Cristo também foi enganado, conversando com outro Espírito como se ele fosse Moisés, ou se prestou para a encenação de um episódio mentiroso, com a única finalidade de iludir os poucos discípulos que estavam a seu lado na ocasião, em local ermo no alto do monte Tabor, unicamente três, Pedro, Tiago e João, segundo os relatos evangélicos de Mateus, Marcos e Lucas, reproduzidos na própria obra de Roustaing, página 468/469 do Volume 2.

Que disparate!

Como podem os atuais diretores da Federação Espírita Brasileira pretenderem que uma mistificação espiritual de tamanho porte, tão agressiva ao mais elementar bom senso, tenha livre curso no seio de nosso movimento doutrinário?

Fonte:
TOURINHO, Nazareno.  As Tolices e Pieguices da Obra de Roustaing – Nazareno Tourinho; ensaio crítico-doutrinário; 1ª edição, Edições Correio Fraterno, São Bernardo do Campo, SP, 1999.

Um comentário:

  1. Espírito superior "dublê" de Moisés no episódio do Tabor é demais,mistificação pesada,tipo acredite se quiser,ou puder!

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