sábado, 27 de agosto de 2011

El Karma en el Espiritismo

Por José Herculano Pires

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Este término no debe ser utilizado en el Espiritismo, por no encontrarse en ninguna de las obras de Allan Kardec. La palabra carma fue “introducida” recientemente en el Espiritismo a través de las llamadas obras subsidiarias, o sea, los libros psicografiados “escritos por espíritus a través de médiums”, más no es utilizado en ningún momento en las obras de Kardec. La palabra carma (en sanscrito Karma o Karman en pali Kamma) utilizada en la India y por muchas corrientes filosóficas religiosas, significa en primera instancia “acción”, “trabajo” o “efecto”. En el sentido secundario, el efecto de una acción, o si preferimos, la suma de los efectos de acciones (vidas) pasadas reflejándose en el presente.

En el concepto hindú, carma quiere decir “destino” determinado o fijo, o sea, aquellos cuyos actos fueron correctos, después de muertos renacieron a través de una mujer bramana (virtuosa), al paso que aquellos cuyos actos fueron malos, renacieron de una mujer paria (castas inferiores) y sufrieron muchas desgracias, acabando como simple esclavos. Inclusive una persona nacida en una casta impura (un barrendero de calle, un auxiliar de crematorio, por ejemplo) debe permanecer en la profesión heredada. Cumpliendo lo mejor posible y de manera ordenada su función, tornarse un perfecto y virtuoso miembro de la sociedad. Por otro lado, al interferir en las tareas de otras personas, el será culpado de perturbar el orden sagrado… (…), aun mismo la prostituta, que dentro de la jerarquía de la sociedad es alguien desvirtuada dueña de la casa, podrá participar, en el caso cumpla con perfección el código de su despreciable profesión - - El poder sobrehumano transindividual y sagrado que se manifiesta en el cosmos. Ella puede hasta hacer milagros que desconcierten a reyes y santos.

Sabemos, por orientación de los Espíritus, que cuando reencarnamos no escogemos un destino y si un genero de prueba que cabe a cada uno enfrentar o rechazar. De esta forma, no debemos usar la palabra Carma dentro del Espiritismo y si Causa y Efecto, porque los detalles de los acontecimientos de la vida están en dependencia de las circunstancias que el hombre provoca, con sus actos. Si encaramos el carma como un fin total e irreductible, tendremos un problema serio cuando hablamos de existencia y sufrimiento.

El carma fue “inventado” por los arianos, cuando estos invadieron la India por el rio Indo, trayendo consigo su religiosidad y “creando” las castas para diferenciarse de los parias y rebajarlos a posiciones subalternas. Si pensáramos en el carma como un fin último estancamos el hombre, de la misma forma cuando aprobamos o aceptamos la salvación apenas por la justificación de la fe o a través de la predestinación. El carma en la época surgió para los indianos como una posibilidad de explicar y entender el mundo, el hombre y su existencia. ¿Si realmente existen los dioses o un Dios bueno, porque algunas personas nacen genios y otras idiotas? ¿Cómo los dioses juzgaran en un supuesto juicio final a los hombres que no tuvieron oportunidad de conocerlos? Si Dios es omnisciente y omnipresente, entonces no poseemos libre albedrio, estamos atrapados en una predestinación o carma. Si no utiliza su omnisciencia no puede ser Dios. Estas son preguntas simples que cualquier sentido laico ya se hizo, o aun se hace, de su existencia.

Fueron estas y muchas otras preguntas mucho más elaboradas que el sistema carma vino a “resolver” o intentar explicar. Explicar el mal y encontrar el medio de hacer que los hombres acepten, si no con alegría, por lo menos con la paz del espíritu, han sido la tarea de la mayor parte de las religiones. Para los occidentales la palabra carma no debe ser llevada al pie de la letra, más si de una forma como entender que el individuo pasa por situaciones difíciles y su futuro es de su responsabilidad. En Brasil pocas corrientes filosóficas utilizan la palabra carma como los indianos, o sea, un fin en sí mismo. Los esotéricos y los místicos, en este punto, no se encuadran en los pensamientos esotéricos y místicos judíos, cristianos o islámicos, a pesar de algunos filósofos de este pensamiento aceptaran o discutieran la posibilidad de la reencarnación. Los pensamientos cármicos están más próximos de las enseñanzas esotéricas y místicos por seguir y utilizar buena parte de las enseñanzas y de la filosofía indiana, como es el caso de Shnkya, de Vedanta, de Yoga y algunos otros, o similares como es el caso de los pensamientos de Blavatsky que posee gran influencia en el medio esotérico y teosófico.

Traducción: Mercedes Cruz

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

O Carma no Espiritismo

Por José Herculano Pires

Este termo não deve ser utilizado dentro do Espiritismo, por não se encontrar em nenhuma das Obras de Allan Kardec. A palavra carma foi “introduzida” recentemente no Espiritismo através das chamadas obras subsidiárias, ou seja, os livros psicografados “escritos por espíritos através de um médium”, mas não é utilizado em nenhum momento nas obras de Kardec. A palavra carma (em sânscrito karma ou karman e em pali kamma) utilizada na Índia e por muitas correntes filosóficas religiosas, significa em primeira instância “ação”, “trabalho” ou “efeito”. No sentido secundário, o efeito de uma ação, ou se preferirmos, a soma dos efeitos de ações (vidas) passadas se refletindo no presente.

Na concepção hindu, carma quer dizer “destino” (canga) determinado ou fixo, ou seja, aqueles cujos atos foram corretos, depois de mortos renascerão através de uma mulher brâmane (virtuosa), ao passo que aqueles cujos atos foram maus, renascerão de uma mulher pária (castas inferiores) e sofrerão muitas desgraças, acabando como simples escravos. Inclusive uma pessoa nascida numa casta impura (um varredor de ruas, um auxiliar de crematório, por exemplo) deve permanecer na profissão herdada. Cumprindo o melhor possível e de maneira ordenada a sua função, tornar-se-á um perfeito e virtuoso membro da sociedade. Por outro lado, ao interferir nas tarefas de outras pessoas, ele será culpado de perturbar a ordem sagrada. (...), mesmo a prostituta, que dentro da hierarquia da sociedade está aquém da virtuosa dona de casa, pode participar – caso cumpra com perfeição o código de sua desprezível profissão – do supra-humano e transindividual Poder Sagrado que se manifesta no cosmo. Ela pode até fazer milagres que desconsertam reis e santos.

Sabemos, por orientação dos Espíritos, que quando reencarnamos não escolhemos um destino e sim um gênero de prova que cabe a cada um enfrentar ou recuar. Desta forma, não devemos usar a palavra Carma dentro do Espiritismo e sim Causa e Efeito, porque os detalhes dos acontecimentos da vida estão na dependência das circunstâncias que o homem provoca, com os seus atos. Se encararmos o carma como um fim total e irredutível, teremos um problema sério quando falamos de existência e sofrimento.

O carma foi “inventado” pelos arianos, quando estes invadiram a Índia pelo rio Indo, trazendo consigo sua religiosidade e “criando” as castas para se diferenciarem dos párias e rebaixá-los a posições subalternas. Se pensarmos no carma como um fim último estagnamos o homem, da mesma forma quando aprovamos ou aceitamos a salvação apenas pela justificação da fé ou através da predestinação. O carma na época surgiu para os indianos como uma possibilidade de explicar e entender o mundo, o homem e sua existência. Se realmente existe os deuses ou um Deus bom, por que algumas pessoas nascem gênios e outras idiotas? Como os deuses julgarão em um suposto juízo final os homens que não tiveram oportunidade de conhecê-los? Se Deus é onisciente e onipresente, então não possuímos livre-arbítrio, estamos encurralados em uma predestinação ou carma. Se não utiliza sua onisciência não pode ser Deus. Estas são perguntas simples que qualquer senso laico já se fez, ou ainda faz, de sua existência.

Foram estas e muitas outras perguntas muito mais elaboradas que o sistema carma veio “resolver” ou tentar explicar. Explicar o mal e encontrar o meio de fazer que os homens o aceitem, se não com alegria, pelo menos com paz de espírito, têm sido a tarefa da maior parte das religiões. Para os ocidentais a palavra carma não deve ser levada ao pé da letra, mas de forma a entender que o indivíduo passa por situações difíceis e seu futuro é de sua responsabilidade. No Brasil poucas correntes filosóficas ou religiosas utilizam a palavra carma como os indianos, ou seja, um fim em si mesmo. Os esotéricos e os místicos, neste ponto, não se enquadram nos pensamentos esotéricos e místicos judeus, cristãos ou islâmicos, apesar de alguns filósofos destes pensamentos aceitarem ou discutirem a possibilidade da reencarnação. Os pensamentos cármicos estão mais próximos dos ensinos esotéricos e místicos por seguirem e utilizarem boa parte dos ensinos e da filosofia indiana, como é o caso do Shankya, do Vedanta, do Yoga e alguns outros, ou similares como é o caso dos pensamentos de Blavatsky que possui grande influência no meio esotérico e teosófico.

Fonte: O Verbo e a Carne

O Homem Como Ser Único

Por Jaci Régis

O título desta crônica é o de uma palestra desenvolvida no Centro Espírita Allan Kardec, em Santos-SP.

A princípio questionei a partícula “único”. Por que único? O que denota exclusividade? Certamente não podia ser aplicado ao ser individual, que é multiplicado na população terrena.

Mas é possível analisar o ser humano enquanto “único” num mundo diversificado, considerando sua individualidade e também enquanto gênero.

O ser humano, pela teoria espírita, é o resultado de um longo processo de maturação de um princípio espiritual que evoluiu da simplicidade e da ignorância para o estágio da razão e do sentimento. Essa tese, no aspecto físico e ambiental, está mais ou menos conforme a teoria darwiniana da seleção das espécies, embora sob um novo ângulo.

Mas difere substancialmente das crenças espiritualistas e religiosas que atribuem à criação divina o surgimento do homem e depois da mulher, como seres acabados, mais ou menos na forma atual.

Já a ciência, descompromissada com a ideia de Deus, atribui a existência do ser humano a uma combinação aleatória de fatores genéticos, na cadeia de mamíferos.

Sociológica e politicamente, o ser humano vem caminhando em alternativas de criação, recriação, reformulação de sistemas econômicos, políticos e sociais, alcançando etapas progressivas, com desníveis consideráveis no conjunto da sociedade humana, matizada por ideologias, crenças religiosas, superstições e disputa pelo poder.

Examinando esse “ser único”, podemos dizer que ele é, simultaneamente, um ser do ser, um ser físico e um ser psicológico, mantendo-se, todavia, uno.

O ser do ser é a essência do ser em si mesmo e define sua estrutura íntima, reduzida à sua natureza natural. Ou seja, em relação ao ser humano, é o Espírito em si mesmo, sem nenhuma designação, nome ou forma. Isso pode, sob certas condições, aplicar-se também ao animal que, sendo um princípio espiritual em transição para tornar-se um Espírito é, também, um ser do ser.

O ser físico é a condição da relação do ser do ser, ou Espírito ou princípio espiritual, com formas orgânicas e corporais, no desencadeamento de seu desenvolvimento.

Já o ser psicológico é uma condição exclusiva do ser humano.

Entendemos como “psicológico” o conjunto de qualificações humanas relativamente à razão e ao sentimento. Aí temos a formação de uma tríade ou triângulo, em que os lados se completam, formando uma unidade.

Examinando as exclusividades humanas, temos que destacar duas posições importantes.

O ser humano é único na sua solidão.

O ser do ser, embora trabalhado pelo processo que o transforma de um princípio num Espírito é, por sua natureza, solitário. Ou seja, as emoções, pensamentos, ideias que lhe habitam a mente são exclusivas, intrínsecas e imperscrutáveis.

As relações eu/tu, que definem a natureza social, estabelecem um elo, um liame de comunicação, mas não eliminam a natureza solitária da pessoa. Esta solidão é atenuada quando as ligações são afetivamente compensatórias, seguem para uma completude, uma parceria e uma cumplicidade, descobrindo caminhos semelhantes, idênticos, ao nível das vibrações específicas no campo da integração mente a mente.

Mas isso é um processo que, na etapa evolutiva atual, nem todos conseguem. Ainda assim, permanece a intimidade indevassável da pessoa, na sua estrutura que, segundo a Psicanálise, ela mesma desconhece.

Mas existe outra condição em que o ser humano é único.

Trata-se da sua exclusiva competência e necessidade de estabelecer e desenhar o próprio destino.

Nos reinos anteriores o princípio espiritual segue, na sua condição de ser físico, uma linha determinística inexorável, tipificada pela repetição de comportamentos e formas de atuação no ambiente.

Mas quando o ser do ser atinge o nível humano, conquista o livre-arbítrio, que o torna capaz de utilizar de forma racional e consciente os recursos que já possui no campo dos automatismos comportamentais e de apreender, ordenar, utilizar e concluir sobre novas experiências vivenciais.

Na verdade, o livre-arbítrio é a condição básica sem a qual seria impossível haver o “ser psicológico”.

Nesse sentido, não é possível desconhecer o gênio de Freud ao propor uma estrutura para o ser psicológico. De um lado, com o conjunto do id, representando o acervo pulsional, instintual do ser, o ego, sua atuação no mundo real, na busca da relação com o outro e o superego, que é a sua imersão no mundo moral, dos valores e que o torna um ser psicológico. De outro lado, o inconsciente, depósito de emoções recalcadas, porém vivas, o pré-consciente, sede da memória e o consciente, a face atual da pessoa na sua relação com o ambiente.

Essa complexidade de situações é que tornam o ser humano único, porque tem condições de lidar com uma multiplicidade de pressões, realizar operações mentais simultâneas e atuar no ambiente de forma positiva, transformando-o.

Os fatores que se combinam, na medida de avanço de sua ascensão, usando seu livre-arbítrio, detém-se nos valores morais que, a partir de um dado momento, decidem sua felicidade ou infelicidade, dentro de um quadro diverso e, não raro, conflitante.

Mas esses fatores, que parecem muitas vezes adversos e imprevisíveis, são justamente os que lhe garantirão, no desenrolar de sua vida imortal, o equilíbrio básico que chamamos de perfeição, palavra que, entretanto, não qualifica exatamente o que será alcançado, pois são condições que escapam ao nosso conhecimento e sentimentos atuais.

Continua obscuro o objetivo da criação humana, sob o ponto de vista de sua destinação. Claro que a existência das criaturas humanas é justificada pela sua atuação no ambiente, modificando-o e também, pelo relativo progresso constantemente alcançado pelo uso da inteligência, criatividade e engenhosidade.

Mas qual o objetivo da Divindade ao criar o universo, dotá-lo de condições de agasalhar seres vivos cada vez mais avançados até a criatura humana, prossegue incógnito.

Por fim, parece justo também afirmar que o ser humano é único na possibilidade de sobreviver ao corpo físico, mantendo sua identidade e voltar a encarnar-se sem perder seu acervo evolutivo, embora se submetendo a um novo processo vivencial, diferenciado do anterior e assim sucessivamente.

Fonte: Jornal de cultura espírita “Abertura”, julho de 2001, ano XIV, nº 160 - Santos-SP.

Retirado do site Pense - http://viasantos.com/pense/arquivo/1343.html

¿Espiritismo: Filosofía, Ciencia O Religión?

Por Maria Ribeiro

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Aun hoy actualmente, hay dudas entre los adeptos del Espiritismo en cuanto a su real naturaleza. ¿Al fin de cuentas, el Espiritismo es religión, ciencia o filosofía?

Sin pretensiones poco razonables, nos gustaría examinar las Letras Espiritas, con la finalidad de buscar la luz para tal, callejos sin salida.

En el capítulo I, Ítem, 17 de La Génesis, Kardec elucida que “Todas las ciencias se encadenan y se suceden en un orden raciona; ellas nacen una de las otras; a medida que encuentran un punto de apoyo en las ideas y conocimientos anteriores.”

Ya en el ítem anterior, el lucido maestro lionés hizo paralelo entre los objetos de estudio de ambos, la ciencia ordinaria y el espiritismo, siendo el primero el de las leyes del principio material y el segundo, el de las leyes del principio espiritual. Es del conocimiento general que, para constituirse una ciencia es necesario que haya un objeto de estudio. El espiritismo, bajo este aspecto investigativo, es, por tanto, Ciencia, con sus propios métodos y postulados explorando al máximo el uso de la observación, de la lógica, de la racionalidad.

Se entiende que la ciencia espirita da proseguimiento a investigaciones que la ciencia está imposibilitada de actuar. Al menos por los mismos medios, pues, dentro de su campo de acción, también participa de la gran obra divina, que es trazar informaciones y disponibilidades en las más diversas áreas para los hombres. Son palabras del magno codificador en Obras Póstumas, en el capítulo titulado “Preguntas y Problemas”: “… (El espiritismo) no repudia ninguno de los descubrimientos de la ciencia, teniendo en vista que la ciencia es la recopilación de las leyes de la naturaleza, y que, siendo esas leyes de Dios, repudiar la ciencia seria repudiar la obra de Dios.”

¡Y mientras tanto las ciencias han progresado! En todos los sectores, las mejoras están surgiendo con nuevos ropajes para hacernos creer que son creaciones inéditas. Los avances en la medicina nos dejan en la expectativa del surgimiento de curas, o al menos tratamientos más eficaces y al mismo tiempo menos agresivo, para las enfermedades como el cáncer y aun mismo para el AIDS. La tecnología contribuyo creando mecanismos y aparatos cada vez más modernos en prácticamente todos los niveles. No se puede negar en cuanto al progreso que ha promovido mayor bienestar para la vida humana.

El Espiritismo es una doctrina filosófica que tienen consecuencias religiosas, como toda doctrina espiritualista”. Encontramos en la Doctrina Espirita los más elevados valores que desde tiempos inmemoriales vienen siendo predicados por diversas personalidades que visitaron el planeta. Muchas veces considerados como locos, agitadores y subversivos, tuvieron sus grandezas de almas reconocidas, solamente después que desencarnaron.

Con este corto periodo, Kardec no deja espacio para la separación del Espiritismo, filosofía y religión, una vez que la Filosofía es que dio origen a las religiones y a las ciencias. Por eso, es incomprensible la forma de ver el Espiritismo sin Filosofía, sin ciencia. Y sin religión, ya que el texto Espirita nos sugiere ser la Doctrina la fusión armónica de un trió que, por causa de la ignorancia de los hombres, estuvo disperso por largos siglos.

Hay, obviamente, que considerar, en como los hombres constituyeron sus creencias, organizándolas según un entendimiento limitado perfectamente inteligible. Surgiendo disidencias, lo que puede parecer natural, surgen también nuevas formas de adoración al ser superior, nuevos dogmas, nuevos rituales, y otra vez nuevas disidencias, formando grupos muy heterogéneos solamente en determinados aspectos. La Doctrina Espirita no se compara a nada de eso, porque no es una disidencia de ninguna otra, más si, la suma de todas las verdades contenidas esparcidamente en las diversas expresiones religiosas, nada menos que el consolador prometido por Cristo. “Más aquel consolador, el Espíritu santo, que el Padre enviara en mi nombre, os enseñará todas las cosas, y os hará recordar todo cuanto os tengo dicho” (Juan, 14, 26).

Ahora, Jesús habla de "todas las cosas" – os enseñará todas las cosas. si reconocemos el Espiritismo como el cumplimiento de esta promesa de Jesús, es necesario atribuirle el merito que el merece. No pude ser reducido a una u otra esfera de acción. Examinemos lo que el ítem XIII de la introducción de El Libro de los Espíritus asevera: “Por tanto, no nos engañemos: el estudio del Espiritismo es inmenso, toca en todas las cuestiones de la metafísica y de la orden social, y es todo un mundo que se abre ante nosotros.” en otras palabras, no es lo mismo que Jesús pronunció? En todos los aspectos – científico, filosófico y religiosos, precisa ser investigado, comprendido y divulgado, bajo pena de reforzar la ya existente idea de que Espiritismo es diferente de religión, que es diferente de ciencia. Una cosa es utilizar formas didácticas para mejor comprensión de su compleja transcendencia, otra es querer deturpar palabras y esclarecimientos de Espíritus que están mucho más allá de nosotros, como el propio Codificador, apenas para entender una fracción de audaz orgullo.

Por otro lado, “el Espiritismo, esencialmente positivo en sus creencias, repele todo misticismo”, conforme señala Kardec, (Obras Póstumas, Preguntas y problemas). Y, sin saber aun si felizmente o infelizmente, existe una vertiente para este lado, más sin sombra de duda, es anti doctrinario. Lo que puede haber de errado en una persona al ofrecer o recibir una aplicación de Reiki, o de hacer tratamientos cromoterapia, o de someter las terapias con cristales, pirámides y florales? ¿Será que es errado el que alguien tome un baño de sal gruesa, o encender inciensos y velas o practicar cosas afines? Ciertamente que errado no es, teniendo en vista las buenas intenciones con que son hechas, más sustentar que eso tiene que ver con el Espiritismo es un error grave, pues entre ambos van una distancia galáctica.

Siendo, esencialmente positivo en sus creencias, el espiritismo está basado en los hechos y en la experiencia; es un objeto de carácter práctico y objetivo. Dirige la fe del hombre para el raciocinio. De ahí no parecer racional creer que la quema de incienso sea capaz de espantar los malos Espíritus y fluidos “cargados”, olvidando el ítem 13 del noveno capítulo de El Libro de los Médiums. También es alarmante ver la confianza que se deposita en el tratamiento de las tales flores, que garantizan interferencias benéficas según algunos, en el periespiritu, cuando se sabe que sin reformulaciones de valores llevados a efecto cotidianamente, no existe otra forma de adquirirse el bienestar físico o psíquico.

La reflexión que se hace importante es que el respeto por las diversas formas de creencias es preciso que exista, ya que somos parte de un grupo heterogéneo de Espíritus en diferentes grados evolutivos. De ahí, el concluirse que, entre los Espíritas habrá aquellos en estado de transición, donde la total convicción aun no surgió y solo la hará gradualmente, como es natural. Entretanto, no será por causa de eso que se dejará de esclarecerlos, preservando siempre y a todo costo, la pureza doctrinaria.

Bajo la identificación de Un espíritu, un compañero de la patria espiritual nos elucida aun en la Obras Póstumas, en el capitulo cuyo título es “El futuro del espiritismo”: “El Espiritismo está llamado a desempeñar un papel inmenso sobre la Tierra; será el que reformará la legislación tan frecuentemente contraria a las leyes divinas; será el que rectificará los errores de la historia; será el que reconducirá a la religión de Cristo que, en las manos de los sacerdotes, se torno un comercio y un vil tráfico; instituirá la verdadera religión, la religión natural, la que parte del corazón y va directo a Dios, sin detenerse en las franjas de una sotana, o en las escaleras de un altar(…)

El Hermano habla de una “religión de Cristo”, de una religión natural que parte del corazón y va directo a Dios, removiendo en nosotros cualquier pensamiento de alguna forma ligado a la cuestión religiosa, resucitando su real significado.

Lo que se entendió por religión, en realidad, jamás lo fue. Del latín religar asume significación diversa. El “religar” el hombre a Dios jamás puede hacer entender practicas externas acosadas por una caprichosa superstición, abstracción hecha para los hombres aun de entendimiento elementales, y a los abusos que se registraron, principalmente en el periodo dantesco de la Edad Media.

La Doctrina Espirita vino a restaurar el cristianismo que a lo largo de la historia sufrió deturpación, mutilaciones y abusos de toda suerte. ¿Cómo eximirla de cualquiera de sus aspectos, sin repetir los mismos errores del Pasado?

Es una necesidad urgente que los espiritas asuman pronto su papel, ya que tantas responsabilidades están reservadas al espiritismo, que solo actuará mediante la acción efectiva de sus adeptos. Estos parecen esperar que acontezca algo extraordinario por si mismo, mientras pequeñas divergencias amenazan intimidar verazmente difundiendo las ideas espiritas. Afortunadamente el codificador garantizo:”Qué importan, más allá, de algunas disidencias que están más en la forma que en el fondo! Observad que los principios fundamentales son los mismos por todas partes y deben uniros en un pensamiento común: el amor a Dios y la práctica del bien. Cualquiera que sean, por tanto, el modo de progresión que se admita, o las condiciones normales de la existencia futura, el objetivo final es el mismo: hacer el bien; ahora, no hay dos maneras de hacerlo. “ (El Libro de los Espíritus – Conclusión ítem, IX)

terça-feira, 23 de agosto de 2011

Infância Mágica de Jesus

Por José Herculano Pires

“Quando Maria, sendo Jesus na aparência pequenino, lhe dava o seio, o leite era desviado pelos espíritos superiores que o cercavam, de um modo bem simples: em vez de ser sorvido pelo menino, que dele não precisava, era restituído à massa do sangue por uma ação fluídica que se exercia sobre Maria, inconsciente dela”.

“Eis o que fez Jesus nos três dias que esteve em Jerusalém. Ao abrir-se o templo, entrava com a multidão e com a multidão saía quando o templo se fechava. Uma vez fora e longe dos olhares humanos, desaparecia, despojando-se do seu invólucro fluídico tangível e das vestes que o cobriam, as quais, confiadas à guarda dos espíritos prepostos a esse efeito, eram transportadas para longe das vistas e do alcance dos homens. Voltava para as regiões superiores onde pairava e paira ainda, nas alturas dos esplendores celestes, como espírito protetor e governador da Terra. Ao reabrir-se o templo, reaparecia entre os homens, retomando o perispírito tangível e as vestes que o faziam passar por um homem aos olhos dos humanos”.
(Os Quatro Evangelhos - Tomo I, cap. 2.° – Jesus no Templo)

A infância mágica de Jesus, contada na obra de Roustaing, faz lembrar certos Evangelhos apócrifos que descreveram a vida do menino através de incríveis peripécias. Nos trechos acima vemos a descrição anedótica da amamentação aparente de Jesus. Maria, mais uma vez, continuava iludida. O menino fingia mamar. A transformação do sangue em leite é um ato de magia, digno de figurar nas estórias para adolescentes.

A permanência de Jesus em Jerusalém, nos três dias em que esteve perdido para os pais, caberia num enredo de aventuras infantis. Os “ministros de Deus” que deram a nova revelação criaram uma nova categoria angélica: a dos anjos guarda-roupas. Seria difícil imaginar-se maneira mais adequada de ridicularizar o Espiritismo aos olhos das pessoas de bom senso. A aceitação de uma obra como esta pelos espíritas e a sua divulgação só pode explicar-se pela falta de discernimento.

Roustaing é o anti-Kardec. Se Kardec é o bom senso, Roustaing é a falta de senso. A esta altura do exame dos textos já não se pode permanecer em atitude neutra diante dos absurdos que surgem a cada passo. Estamos em pleno mar da imaginação, flutuando ao sabor das ondas. Mas há uma intenção evidente – a de lançar o ridículo sobre o Espiritismo.

Quando falamos de magia não estamos nos referindo à magia natural que decorre das funções mediúnicas, mas sim da magia primitiva ou anímica, bem definida por Malinowski, que tanto existe nas selvas como nos meios mais civilizados. É esse o tipo de magia que constitui a essência do Roustainguismo, na mesma linha do pensamento mitológico que gerou a teoria grega do corpo fluídico de Jesus na era apostólica, contra a qual se ergueram os apóstolos, como vemos nas epístolas de Pedro e João.

A anedota da amamentação de Jesus exemplifica bem esse tipo de magia. Jesus menino não aparece ali como um ser real, mas como um ser artificial, um deus mitológico que se disfarça numa criatura humana, como o faziam os deuses gregos e romanos para iludirem os homens e pregar-lhes as suas peças. Usando o poder mágico da transmutação (alquimia) ou transubstanciação (teologia) o menino mitológico (e, portanto, anticristão) mudava o leite materno em sangue e o devolvia à circulação no corpo de Maria. É uma adaptação ao Espiritismo do dogma católico da eucaristia.

Pode-se alegar que isto seria possível por meio da ação mediúnica. O caso da transformação da água em vinho, citado no Evangelho, poderia justificar essa teoria. Mas não podemos es-quecer as seguintes diferenças: quando Jesus operou a transformação da água, não o fez para iludir ninguém, mas para demonstrar os seus poderes e despertar a fé nos que deviam ouvi-lo; foi, portanto, uma ação moralmente lícita, como todas as suas ações; essa transmutação (química e não alquímica) não foi uma encenação, mas um fato real, ainda hoje constatável na atividade mediúnica. A transmutação do leite de Maria implica problemas morais inadmissíveis numa personalidade espiritual elevada, tanto mais que por trás dela encontra-se todo o complexo fantasioso e absurdo do nascimento fingido. Estaríamos diante desta contradição que minaria os alicerces do Cristianismo e de todo conceito espiritual: a Verdade revelada através da mentira.

Não podemos separar os princípios éticos do contexto de nenhum problema espiritual. Alega-se também que Jesus ensinava em parábolas. Mas as parábolas não são mentiras, são formas alegóricas, simbólicas de transmissão da Verdade. A própria Psicologia materialista constatou essa necessidade de sermos verdadeiros no ensino das coisas mais corriqueiras, condenando as explicações fantasiosas do nascimento das crianças. Se a lenda ingênua da cegonha é um mal por ser mentirosa, que dizer do mito absurdo do nascimento fingido de Jesus? O uso da alegoria é válido e prepara o advento da verdade, mas o uso do fingimento é próprio dos mistificadores, dos embusteiros, das criaturas falsas e não de espíritos esclarecidos.

O mesmo se aplica ao episódio ridículo da permanência de Jesus menino em Jerusalém. O menino não era menino, mas um espírito adulto disfarçado em criança. Enganava os doutores da lei com suas respostas astuciosas e enganava o povo com suas fugas para o Céu, deixando as roupas em mãos dos anjos que o ajudavam na mistificação. E por que tudo isso? Porque em Jerusalém, justificam os “ministros de Deus” era difícil encontrar lugar para um menino permanecer três dias sozinho. Desculpa tola, como se vê, que só tem uma justificativa: uma mentira puxa a outra.

Bem precário seria o poder divino se estivesse submetido à condição de recorrer aos ardis humanos, às espertezas comuns dos passadores de conto do vigário, para poder trazer a Verdade à Terra. Não são os mestres espirituais que se utilizam dessas formas grosseiras de mistificação, mas os espíritos mistificadores, os embusteiros vulgares. Justifica-se, pois, o ardor de João, o evangelista, e de Pedro, o apóstolo, ao repelirem a teoria do corpo fluídico, bem como o ardor de Paulo ao nos advertir contra as fábulas que desfiguram a Doutrina do Cristo.

A frase do último trecho acima citado: “Voltava para as regiões superiores onde pairava e paira ainda...” encerra uma malícia diabólica. Afirmando que Jesus retornava aos esplendores celestes, como espírito protetor e governador da Terra, ela pretende encobrir com essa declaração enfática o ridículo da esperteza do menino. Os corações ingênuos se comovem com essa falsa abnegação de um deus mitológico, obrigado a participar entre os homens de uma pantomima celeste, e o raciocínio enganado justifica o mito.

Fonte: O Verbo e a Carne

O Corpo Fluídico de Jesus

Por José Herculano Pires

A teoria central do Roustainguismo é a do corpo fluídico de Jesus, que não possuiu corpo carnal como nós. Vejamos como se explica nos textos [de Os Quatro Evangelhos] a formação desse corpo:

“Jesus houvera podido, unicamente por ato exclusivo da sua vontade, atraindo a si os fluídos ambientes necessários, constituir o perispírito ou corpo fluídico tangível que vestiu para surgir no vosso mundo sob o aspecto de uma criancinha. Maria, porém, antes da sua encarnação, pedira, por devotamento e por amor, a graça de participar da obra de Jesus, atraindo, pela emanação de seus fluidos perispiríticos, os fluidos ambientes necessários à constituição daquele perispírito”.

“Dessa maneira se tinha que verificar a sua cooperação, mas de forma para ela inconsciente, porquanto o estado de encarnação humana lhe não permitia lembrar-se. Assim, ao aproximar-se o momento final da sua gravidez aos olhos dos homens, ela, inconscientemente, mas ardendo no desejo de cumprir a missão que o Senhor lhe revelara por intermédio do anjo ou espírito superior que lhe fora enviado, estabeleceu, pela emanação dos fluídos do seu perispírito, uma irradiação simpática que atraiu os fluídos necessários à formação do corpo fluídico de Jesus”.

“Nenhum efeito, entretanto, teria produzido a ação inconsciente de Maria, sem a intervenção da vontade daquele que ia descer ao vosso mundo. Jesus, pois, constituiu, ele próprio, pela ação da sua vontade, o perispírito tangível e quase material que se tornou, tendo-se em vista o planeta que habitais, um corpo relativamente semelhante ao vosso”.
(Tomo I – cap. I – Anunciação)

Este pequeno trecho revela uma ingenuidade assustadora. O que fez Maria nesse episódio? Encarnou-se na Terra para fingir de mãe, esqueceu-se do papel que ia desempenhar – pois era médium inconsciente... – mas agiu inconscientemente atraindo os fluídos na esperança de representá-lo. Entretanto, no momento decisivo, Jesus teve de intervir e constituir ele mesmo o seu corpo fluídico, pois só ele podia fazer tal coisa. Só restou a Maria, em todo o drama, uma “pontinha” à Hollywood para a entrada em cena da falsa gravidez.

No ponto culminante da revelação, o que nos é revelado é o papel de tola desempenhado pela falsa mãe do Messias. Tem-se a impressão de um artista piedoso admitindo uma jovem inexperi-ente ao seu lado para não desgostá-la. O artista não precisava da jovem, mas aceitou o seu pretenso concurso e acabou fazendo tudo por si mesmo. O público não percebeu nada. E a jovem muito menos. Mais adiante a veremos sendo lograda pelo nenezinho esperto que lhe suga o seio sem sugá-lo.

Poderíamos encerrar aqui a nossa análise. Não há mais o que analisar. A revelação da revelação abortou nesse episódio lírico-burlesco, ainda nas primeiras páginas do primeiro tomo da obra roustainguista de duas mil páginas. Mas acontece que o Roustainguismo é uma crença e os seus adeptos não aceitarão a nossa conclusão. Precisamos de paciência e coragem. Iremos além...

Por sinal que além desse ato lírico-burlesco só nos resta, no trecho acima, constatar o decalque da teoria do perispírito que Roustaing absorveu na leitura de O Livro dos Espíritos, de Kardec. Lemos acima que o perispírito é um corpo fluídico tangível. A expressão corpo fluídico é de Kardec. Mas Kardec mostra que esse corpo fluídico pode tornar-se tangível no fenô-meno das aparições tangíveis. Roustaing misturou as coisas e formou “aparentemente” essa nova expressão.

Outro aspecto curioso de utilização das teorias kardecianas é o do trecho médio da transcrição acima, quando Roustaing (ou seja, os espíritos que ditaram a obra) dizem que Maria produziu uma irradiação simpática do seu perispírito para atrair os fluidos necessários. É essa a teoria explicativa das manifestações medi-únicas. O espírito comunicante produz irradiações do seu perispírito que afetam o perispírito do médium, provocando o fenômeno semelhante em forma de reação. A mistura dos fluidos espirituais do espírito com os fluidos materializados do médium produz o elemento necessário, semimaterial, que permite a ação do espírito no plano material.

Estamos praticamente diante de um ato de apropriação indébita. Não há nada de novo em tudo isso, a não ser o falso emprego da teoria.

Mas vamos a outro trecho básico, relativo à gravidez de Maria. E juntemos a ele o trecho referente ao parto. Vejamo-los:

“A gravidez de Maria foi obra do Espírito Santo, porque foi obra dos Espíritos do Senhor, e, como tal, aparente e fluídica, de maneira a produzir ilusão, a fazer crer numa gravidez real”.

“Os espíritos prepostos à preparação do aparecimento do Messias na Terra reuniram em torno de Maria fluidos apropriados que lhe operaram a distensão do abdômen e o intumesceram. Ainda pela ação dos fluídos empregados o mênstruo parou durante o tempo preciso de uma gestação, contribuindo esse fato para a aparência da gravidez, pela intumescência e pelos incômodos causados. Maria, sob a inspiração do seu guia e diante desses resultados, que para ela eram o cumprimento da anunciação que lhe fizera o anjo ou espírito enviado, acreditou na realidade do seu estado”.

“Seu parto foi igualmente obra do Espírito Santo, porque também foi obra dos Espíritos do Senhor, e só se deu na apa-rência, tal como a gravidez, por isso mesmo que resultava desta, que fora simplesmente aparente. Tanto quanto da gravidez, Maria teve a ilusão do parto, na medida do que era necessário, a fim de que acreditasse, como devia acontecer, num nascimento real”.

Aqui a intenção do ridículo se torna clara. O episódio lírico-burlesco perde todo o lirismo. A análise emperra diante do absurdo, pois o absurdo não pode ser analisado. Temos de saltar por cima do abismo e encarar o texto por outro ângulo. Os espíritos reveladores empregam neste momento os ingredientes da magia para fascinar o leitor. Estamos no plano do irracional. Mas não nos enganemos. Por trás dos bastidores estão estirados e ativos os cordéis da mágica teatral. O embuste é evidente. Não se trata da magia natural, mas da artificial. Numa palavra: do ilusionismo mal intencionado. Não é à-toa que o texto inclui a expressão: “de maneira a produzir ilusão”. Os ilusionistas, seguros do efeito do seu truque, sentem-se à vontade para empregar as palavras certas.

Todos carregamos conosco os resíduos do animismo tribal, da magia primitiva que antecedeu a religião. A mágica de teatro excita em nós esses resíduos que sobem do inconsciente ao consciente e determinam a regressão psicológica. Voltamos à tribo, ao tabu, ao totemismo, ao animismo dos primórdios. Isso pode acontecer com o homem rude e simples ou com o homem ilustrado e ingênuo. E só essa regressão pode explicar a aceitação das teorias roustainguistas acima por criaturas que ostentam o verniz da civilização. É o mesmo caso dos resíduos mágicos das nossas religiões chamadas positivas. A fé ingênua da selva desperta no coração do homem atual e o leva a aceitar, emocionado, os dogmas do absurdo.

Apesar dessa explicação, podemos perguntar como admitir-se a utilização desses truques ou passes de mágica por Espíritos Superiores. Como aceitar-se o papel de Jesus, sob a permissão, pelo menos, de Deus, nesse processo de trapaça espiritual em nome da verdade? Se Descartes já não houvesse aniquilado o Gênio Maligno nas suas reflexões do Discurso do Método, ainda poderíamos recorrer a ele. Mas nesta altura dos tempos já não nos sobra mais essa possibilidade.

Fonte: O Verbo e a Carne

Espiritismo: Filosofia, Ciência ou Religião?

Por Maria Ribeiro

Ainda atualmente, há dúvidas entre os adeptos do Espiritismo quanto à sua real natureza. Afinal, é o Espiritismo religião, ciência ou filosofia?

Sem pretensões descabidas, gostaríamos de examinar as Letras Espíritas, com a finalidade de buscar a luz para tal impasse.

No capítulo I, item 17 de A Gênese, Kardec elucida que ”...todas as ciências se encadeiam e se sucedem numa ordem racional; elas nascem umas das outras, à medida que encontram um ponto de apoio nas idéias e conhecimentos anteriores.”

Já no item anterior, o lúcido mestre lionês faz paralelo entre os objetos de estudo de ambos, a ciência ordinária e o Espiritismo, sendo o primeiro o das leis do princípio material e o segundo, o das leis do princípio espiritual. É do conhecimento geral que, para constituir-se uma ciência é necessário que haja um objeto de estudo. O Espiritismo, sob este aspecto investigativo, é, portanto, Ciência, com seus próprios métodos e postulados, explorando ao máximo o uso da observação, da lógica, da racionalidade.

Entende-se que a ciência Espírita dá prosseguimento a pesquisas que a ciência comum está impossibilitada de atuar. Ao menos pelos mesmos meios, pois, dentro do seu campo de ação, também participa da grande obra divina, que é trazer informações e disponibilidades nas mais diversas áreas para os homens. São palavras do magno codificador em Obras Póstumas, no capítulo intitulado ’Perguntas e problemas’: “...(O Espiritismo) não repudia nenhuma das descobertas da ciência, tendo em vista que a ciência é a compilação das leis da Natureza, e que, sendo essas leis de Deus, repudiar a ciência seria repudiar a obra de Deus.”

E quanto as ciências têm progredido! Em todos os setores, os aprimoramentos vão surgindo com novas roupagens nos fazendo acreditar que são criações inéditas. Os avanços na medicina nos deixam na expectativa do aparecimento de curas, ou ao menos tratamentos mais eficazes e ao mesmo tempo menos agressivos, para doenças como o câncer e mesmo para a AIDS. A tecnologia disparou criando mecanismos e aparatos cada vez mais modernos em praticamente todos os níveis. Não se pode negar o quanto o progresso tem promovido maior bem estar para a vida humana.

“O Espiritismo é uma doutrina filosófica que tem conseqüências religiosas, como toda doutrina espiritualista”¹. Encontramos na Doutrina Espírita os mais elevados valores, que desde tempos imemoriais vêm sendo apregoados por diversas personalidades que visitaram o planeta. Muitas vezes considerados como loucos, desordeiros e subversivos, tiveram suas grandezas de alma reconhecidas, somente após o desencarne.

Com este curto período, Kardec não deixa espaço para a separatividade de Espiritismo, filosofia e religião, uma vez que a Filosofia é que deu origem às religiões e às ciências. Por isso, é incompreensível a forma de enxergar o Espiritismo sem filosofia, sem ciência e sem religião, já que o texto Espírita nos sugere ser a Doutrina a fusão harmônica de um trio que, por causa da ignorância dos homens, esteve disperso por longos séculos.

Há, obviamente, que se considerar, em como os homens constituíram suas crenças, organizando-as segundo um entendimento limitado perfeitamente inteligível. Surgindo dissidências, o que pode parecer natural, surgem também novas formas de adoração ao ser superior, novos dogmas, novos rituais, e outra vez novas dissidências, formando grupos muito heterogêneos somente em determinados aspectos. A Doutrina Espírita não se compara a nada disso, porque não é uma dissidência de nenhuma outra, mas sim, a soma de todas as verdades contidas esparsamente nas diversas expressões religiosas, nada menos que o consolador prometido pelo Cristo. “Mas aquele consolador, O Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, vos ensinará todas as coisas, e vos fará lembrar de tudo quanto vos tenho dito”(João, 14, 26).

Ora, Jesus fala em “todas as coisas” – vos ensinará todas as coisas. Se reconhecemos o Espiritismo como o cumprimento desta promessa de Jesus, é necessário atribuí-lo o mérito que ele merece. Não pode ser reduzido à uma ou outra esfera de ação. Examinemos o que o item XIII da introdução de O Livro dos Espíritos assevera: “Portanto, não nos enganemos: o estudo do Espiritismo é imenso, toca em todas as questões da metafísica e da ordem social, e é todo um mundo que se abre diante de nós.” Em outras palavras, não é o mesmo que Jesus pronunciou? Em todos os aspectos – científico, filosófico e religioso, precisa ser investigado, compreendido e divulgado, sob pena de reforçarmos a já existente idéia de que Espiritismo é diferente de religião, que é diferente de ciência. Uma coisa é utilizar formas didáticas para melhor compreensão de sua complexa transcendência, outra é querer deturpar palavras e esclarecimentos de Espíritos que estão muito além de nós, como o próprio Codificador, apenas para atender a uma fração de orgulho audacioso.

Por outro lado, “o Espiritismo, essencialmente positivo em suas crenças, repele todo misticismo”, conforme assinala Kardec, (Obras Póstumas, Perguntas e problemas). E, sem sabermos ainda se felizmente ou infelizmente, existe uma vertente para este lado, mas sem sombra de dúvida, é anti doutrinário. O que pode haver de errado em uma pessoa oferecer ou receber uma aplicação de reike, ou de fazer tratamentos cromoterápicos, ou de se submeter às terapias com cristais, pirâmides e florais? Será que é errado alguém tomar um banho de sal grosso, ou acender incensos e velas ou praticar coisas afins? Certamente que errado não é, tendo em vista as boas intenções com que são feitas, mas sustentar que isso tem a ver com o Espiritismo é erro grave, pois entre ambos vai uma distância galáctica.

Sendo ’essencialmente positivo em suas crenças’, o Espiritismo é baseado nos fatos e na experiência; é um objeto de caráter prático e objetivo. Dirige a fé do homem para o raciocínio. Daí o não parecer racional acreditar-se que a queima de um incenso seja capaz de espantar os maus Espíritos e fluidos “carregados”, esquecidos do item 13 do nono capítulo de O Livro dos Médiuns. Também é apalermante ver-se a confiança que se depositam no tratamento dos tais florais, que garantem interferência benéfica, segundo alguns, no perispírito, quando sabe-se que sem reformulações de valores levadas a efeito cotidianamente, não existe outra forma de se adquirir bem estar físico e/ou psíquico.

A reflexão que se faz importante é que o respeito pelas diversas formas de crenças precisa existir, já que somos parte de um grupo heterogêneo de Espíritos em diferentes graus evolutivos. Daí, o concluir-se que, entre os Espíritas haverá aqueles em estado de transição, onde a total convicção ainda não surgiu e só o fará gradualmente, como é natural. Entretanto, não será por causa disso que se deixará de esclarecê-los, preservando sempre e a todo custo, a pureza doutrinária.

Sob a identificação de Um Espírito, um companheiro da pátria espiritual nos elucida ainda em Obras Póstumas, no capítulo cujo título é ’O futuro do Espiritismo’: “O Espiritismo está chamado a desempenhar um papel imenso sobre a Terra; será ele que reformará a legislação tão freqüentemente contrária às leis divinas; será ele que retificará os erros da história; será ele que reconduzirá a religião do Cristo que, nas mãos dos sacerdotes, se tornou um comércio e um vil tráfico; instituirá a verdadeira religião, a religião natural, a que parte do coração e vai direto a Deus, sem se deter nas franjas de uma batina, ou no escadote de um altar(...)”

O Irmão fala de uma ’religião do Cristo’, de uma ’religião natural que parte do coração e vai direto a Deus’, removendo de nós qualquer pensamento de forma ligado à questão religiosa, ressuscitando seu real significado.

O que se entendeu por religião, na realidade, jamais o foi. Do latim religare assume significação comprovadamente diversa. O “religar” o homem a Deus jamais pôde fazer entender práticas exteriores eivadas de uma caprichosa superstição, abstração feita para homens ainda de entendimentos elementares, e aos abusos que se registraram, principalmente no período dantesco da Idade Média.

A Doutrina Espírita veio restaurar o cristianismo que ao longo da história sofreu deturpações, mutilações e abusos de toda sorte. Como eximi-la de qualquer de seus aspectos, sem repetir os mesmos erros do passado?

Necessidade urgente é que os Espíritas assumam logo o seu papel, já que tantas responsabilidades estão reservadas ao Espiritismo, que só agirá mediante ação efetiva de seus adeptos. Estes parecem esperar algo extraordinário acontecer por si mesmo, enquanto pequenas divergências ameaçam intimidar a disseminação das idéias veramente Espíritas. Ainda bem que o notável codificador garantiu: ”Que importam, aliás, algumas dissidências que estão mais na forma que no fundo! Observai que os princípios fundamentais são os mesmos por toda parte e devem vos unir num pensamento comum: o amor de Deus e a prática do bem. Quaisquer que sejam, portanto, o modo de progressão que se admita, ou as condições normais da existência futura, o objetivo final é o mesmo: fazer o bem; ora, não há duas maneiras de fazê-lo.”(O Livro dos Espíritos – Conclusão, item IX)

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

Amigos Invisibles

Por José Herculano Pires

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¿Tenemos realmente amigos invisibles, que nos siguen en la vida terrena con la ternura y la dedicación de verdaderos ángeles de la guarda, según enseña la Doctrina Espirita? Para responder a esta pregunta, debemos recordar, primeramente, que la existencia de esas entidades benignas no fue inventada por el Espiritismo. Desde las aulas de catecismo, en las iglesias católicas, oímos hablar de los ángeles de la guarda, y en la mayoría de las grandes religiones universales encontramos esa teoría, bajo diferentes formas, más siempre idénticas en el contenido.

En las religiones clásicas, del mundo griego-romano, eran los dioses mitológicos los que velaban por las criaturas. En las llamadas regiones orientales, que en el fin de los tiempos invadieron el Imperio romano, y entre ellas el Cristianismo, la teoría de los Ángeles guardianes estaba presente. Y tanto en Mesopotamia como en China o en la antigua India, en Grecia arcaica o en Roma campesina, que antecedieron al mundo clásico, así como en palestina y entre los pueblos salvajes de América, de Asia, de África de todo el mundo, el culto de los ascentrales siempre existió. Las melenas, los dioses penates y los hogares, o los dioses, de los romanos y de los egipcios, de los babilonios y de los sirios, de los fenicios y de los cananeos, de los judíos y de los macedonios, nada más eran espíritus amigos, que velaban por las personas y por las familias.

Por todas partes y en todas las épocas, en el mundo entero, la investigación histórica y la pesquisa antropológica nos muestran la existencia invariable de esa creencia de los espíritus protectores. Entre los pueblos salvajes y en el seno de las mayores y mas esplendorosas civilizaciones, ella se hace sentir con una especie de convicción universal, de intuición natural, que el hombre carga consigo en todas las latitudes del globo. Sócrates, en Grecia, Y Juana D´ Arcó, en Francia, oían las voces amigas de sus protectores. Descartes, el filósofo que se consideró inspirado por el Espíritu de Verdad, también tenía su protector. La existencia de los amigos invisibles es una realidad incontestable. Aun mismo que consideremos como simple creencia, es impresionante el hecho de que la encontremos en todas partes y en todos los grados de cultura.

El Espiritismo es la primera doctrina que no apenas afirma la existencia de los espíritus protectores, más también procura demostrarla y al mismo tiempo explicarla a la luz de la razón. Para los espiritas, esa existencia no constituye una creencia, más si una certeza, comprobada por la experiencia. Esa posición, espirita ante el problema de los amigos invisibles es confirmada por la de otras doctrinas espirituales, como la Teosofía, que surgió poco después de la doctrina espirita y estudia con profundidad el problema de los “auxiliares invisibles”.

Es curioso que las demás doctrinas recusen el medio natural de comprobación de la existencia de los amigos invisibles, que es la mediúmnidad. La propia doctrina teosófica, que en muchos puntos se aproxima a la espirita, admite la prueba mediúmnica, más al mismo tiempo evita emplearla. Eso es porque viejos preconceptos, formulados por las antiguas ordenes ocultistas, que consideran la mediúmnidad peligrosa, en vez de considerar los beneficios que ella produce y ha producido en todos los tiempos. El Espiritismo estudio profundamente la mediúmnidad y nada tienen que temer de su utilización. Por el contrario, solo tiene que beneficiarse con ella, beneficiando al mismo tiempo al mundo.

A través de la mediúmnidad la teoría espirita de los espíritus protectores fue dada a Kardec, según lo podemos leer en el “Libro de los Espíritus”, en el capitulo noveno de la primera parte. Y aun a través de la mediúmnidad, esa teoría consoladora y bella se viene confirmando, en todo el mundo, y al mismo tiempo enriqueciéndose con episodios maravillosos, en los cuales reaparece cada vez más. Procuremos estudiar esa teoría, examinándola en sus varios aspectos. Más que nunca, el mundo angustiado de hoy necesita de ese esclarecimiento y de ese confort, que la teoría de los espíritus protectores nos ofrece, con la garantía de su veracidad, por la prueba de los hechos mediúmnicos.

El Espiritismo no murió con Kardec

Por NEFCA*

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El Espiritismo no murió con Kardec… más, también, no prosiguió en Brasil después de que …

Para comprender esta acepción es necesario un pensamiento simple: el de que el Espiritismo fue concebido como ciencia y como filosofía. Y como ciencia y filosofía, el posee método.

La ciencia es algo que debe ser permanentemente ejercitada. En el concepto científico se investiga, se mide, se confiere. Una información cualquiera en una ciencia solamente es válida después de extensos textos y verificaciones para la evaluación de la verdad. Si es así con toda la ciencia, no sería diferente con el Espiritismo. Cualquier información, para ser considerada válida en el Espiritismo, necesita ser AFERIDA. Y para aterir, Kardec estableció un método, que por todos los criterios posibles aun es el mejor. Aun mismo porque no existe y nadie invento ningún otro: el CUEE. Control Universal de las Enseñanzas de los Espíritus.

Sin el CUEE, sin esa confirmación, sin aferición, no podemos decir que una información es verdadera. El problema en Brasil en especifico – y ahora arrastrándose por el resto del mundo – es que mucha gente abdico de la verdad, pues no se preocupa en aceptar cualquier información sin esa confirmación. Se toma en cuenta las emociones del momento y la “fama” de uno u otro autor.

Con todo, cualquier persona sabe que una ciencia solo avanza cuando sus axiomas son probados. Como el método de aferición del Espiritismo no es aplicado en Brasil y aun como los avances científicos de otras áreas son ignorados por la mayoría de los espiritas, entonces, en Brasil, el Espiritismo paró. Y paró en un periodo paradojamente ANTERIOR a Kardec – dentro del réligiosismo ciego que acepta todo sin cuestionar.

Ya el aspecto filosófico debe ser siempre ejercitado, estimulado. El pensamiento, el modo de pensar espirita debe extrapolar en las áreas de comportamiento humano visando comienza en el individuo). Infelizmente, se abdico de eso también en Brasil.

El ejercicio de filosofía en el medio espirita brasileño se limita a la reproducción de textos de autores famosos, de citaciones del Evangelio Según el Espiritismo. Y cuando se piensa que el parte para aprovechar nuevos horizontes, comienzan las visitas que huyen de cualquier lógica prevista en la codificación y aun mismo en el buen sentido, en obras que más se parecen a libros de auto-ayuda.

Entonces, filosóficamente también el Espiritismo en Brasil se estancó en las exigencias de un mercado editorial comercial ávido por “mensajes bonitos”, más nulos de contenido doctrinario y real.

Cuando alguien afirma que algunas personas defienden la codificación y que eso paraliza el Espiritismo, practica la falacia de que justamente la codificación es la que nos incita a avanzar. Y es un real avance, pues se basa en la BUSQUEDA DE LA VERDAD.

El espirita debe, según la codificación, investigar, pesquisar, raciocinar, inquirir, ir al campo, divulgar exactamente y no permitir de ninguna forma que las cosas que no sean verdad prevalezcan. ¿Qué avance seria ese defendido por grupos mayoritarios que se basa en cosas que no se pueden comprobar ni aun mismos por el método del CUEE o por la ciencia? ¿Dónde hay avance en la falta de verificación de las informaciones?

¿Dónde hay avance en el fanatismo ciego que lleva a la mayor parte del movimiento espirita a abandonar exactamente el texto que nos pide buscar la verdad, a cambio de seguir fascinadamente a uno u otro autor individual, que supuestamente psicografia libros también de un único espíritu?

¿Dónde existe la verdad sin aferición?

Y queda la gran duda -¿Cuál es la gran resistencia al verificarse si una información es verdadera o no? ¿Cuál es el gran motivo que impele a personas aceptar cosas sin investigar, apenas tomando en cuenta nombres de autores famosos y que jamás buscaron esa misma verdad?

El Espiritismo no murió con Kardec. El Espiritismo está vivo. Más vivo en los corazones de todos aquellos que lo toman en serio y que buscan lo que es cierto y correcto. Fue para eso que nació la codificación espirita.

*NEFCA - Núcleo Espírita de Filosofía e Ciencias Aplicadas

sábado, 20 de agosto de 2011

Amigos Invisíveis

Por José Herculano Pires

Teremos realmente amigos invisíveis, que nos seguem na vida terrena com a ternura e a dedicação de verdadeiros anjos da guarda, segundo ensina a Doutrina Espírita? Para responder a esta pergunta, devemos lembrar, primeiramente, que a existência dessas entidades benignas não foi inventada pelo Espiritismo. Desde as aulas de catecismo, nas igrejas católicas, ouvimos falar nos anjos da guarda, e na maioria das grandes religiões universais encontramos essa teoria, sob diferente formas, mas sempre idêntica no conteúdo.

Nas religiões clássicas, do mundo greco-romano, eram os deuses mitológicos que velavam pelas criaturas. Nas chamadas religiões orientais, que no fim dos tempos invadiram o Império Romano, e entre elas o Cristianismo, a teoria dos anjos guardiões estava presente. E tanto na Mesopotâmia quanto na China ou na Índia antiga, na Grécia arcaica ou na Roma camponesa, que antecederam o mundo clássico, assim como na Palestina e entre os povos selvagens da América, da Ásia, da África e de todo o mundo, o culto dos ancestrais sempre existiu. Os manes, penates e deuses lares, ou deuses familiares, dos romanos e dos egípcios, dos babilônios e dos assírios, dos fenícios e dos cananitas, dos judeus e dos macedônios, nada mais eram do que espíritos amigos, que velavam pelas pessoas e pelas famílias.

Por toda parte e em todas as épocas, no mundo inteiro, a investigação histórica e a pesquisa antropológica nos mostram a existência invariável dessa crença nos espíritos protetores. Entre os povos selvagens e no seio das maiores e mais esplendentes civilizações, ela se faz sentir como uma espécie de convicção universal, de intuição natural, que o homem carrega consigo em todas as latitudes do globo. Sócrates, na Grécia, e Joana D’Arc, na França, ouviam as vozes amigas dos seus protetores. Descartes, o filósofo que se considerou inspirado pelo Espírito da Verdade, também tinha o seu protetor. A existência dos amigos invisíveis é uma realidade incontestável. Mesmo que a consideremos como simples crença, é impressionante o fato de a encontrarmos em toda parte e em todos os graus de cultura.

O Espiritismo é a primeira doutrina que não apenas afirma a existência dos espíritos protetores, mas também procura demonstrá-la e ao mesmo tempo explicá-la à luz da razão. Para os espíritas, essa existência não constitui uma crença, mas uma certeza, comprovada pela experiência. Essa posição espírita diante do problema dos amigos invisíveis é confirmada pela de outras doutrinas espirituais, como a Teosofia, que surgiu pouco depois da doutrina espírita e estuda com profundidade o problema dos “auxiliares invisíveis”.

É curioso que as demais doutrinas recusem o meio natural de comprovação da existência dos amigos invisíveis, que é a mediunidade. A própria doutrina teosófica, que em muitos pontos se aproxima da espírita, admite a prova mediúnica, mas ao mesmo tempo evita empregá-la. Isso porque há velhos preconceitos, formulados pelas antigas ordens ocultistas, que consideram a mediunidade perigosa, em vez de considerarem os benefícios que ela produz e tem produzido em todos os tempos. O Espiritismo estudou profundamente a mediunidade e nada tem a temer da sua utilização. Pelo contrário, só tem a se beneficiar com ela, beneficiando ao mesmo tempo o mundo.

Através da mediunidade, a teoria espírita dos espíritos protetores foi dada a Kardec, segundo a podemos ler em “O Livro dos Espíritos”, no capitulo nono da primeira parte. E ainda através da mediunidade, essa teoria consoladora e bela vem se confirmando, em todo o mundo, e ao mesmo tempo se enriquecendo com episódios maravilhosos, nos quais a verdade das relações espirituais entre os homens e seus amigos invisíveis transparece cada vez mais. Procuremos estudar essa teoria, examinando-a em seus vários aspectos. Mais do que nunca, o mundo angustiado de hoje necessita desse esclarecimento e desse conforto, que a teoria dos espíritos protetores nos oferece, com a garantia de sua veracidade, pela prova dos fatos mediúnicos.

Chico Xavier: definitivamente, outra religião!

Por Sérgio Aleixo

Faz algum tempo, afiancei que caducaram por completo os prognósticos ao final do capítulo XXV do livro A Caminho da Luz (F.E.B., 1939), de Emmanuel.[1] O jesuíta assegurava ali, evidentemente em falso, que eram chegados os tempos em que as forças do mal seriam compelidas a abandonar as suas derradeiras posições de domínio nos ambientes terrestres; que se vivia na Terra, à época, um crepúsculo, ao qual sucederia ainda profunda noite, e que, ao século XX é que competiria a missão do desfecho desses acontecimentos espantosos.

Justo agora, num jornal “espírita” de grande circulação, entrevistado pela festejada Dr.ª Marlene Nobre, o Ilmo. Sr. Geraldo Lemos Neto participa as revelações que, em 1986, Chico Xavier lhe fez sobre o futuro reservado ao nosso planeta e seus habitantes nos próximos anos, finalizando com esta pérola emmanuelina: “As profecias são reveladas aos homens para não serem cumpridas”. De fato, as do suposto ex-senador de Roma, sem dúvida advogando aí em causa própria, nunca se cumpriram.

Kardec já advertira em A Gênese, XVI, 16, que “os espíritos realmente sábios nunca predizem nada com épocas determinadas”, bem como “se pode ter por certo que, quanto mais circunstanciadas as predições, mais elas são suspeitas”. Portanto, definitivamente, nada tem que ver com o Espiritismo, doutrina codificada por Allan Kardec, essa nova religião, essa nova Igreja chamada Federação Espírita Brasileira, que sempre teve por ícones mui dóceis de sua propaganda antidoutrinária o médium Chico Xavier e todos os seus guias e congêneres, agora erigidos em profetas apocalípticos.

De acordo com as tais revelações,[2] surpreendentemente não por decisão própria, mas ouvindo o apelo de outros seres angelicais de nosso sistema solar, Jesus convocou, em julho de 1969, reunião destinada a deliberar, na atmosfera terrestre, sobre o futuro de nosso planeta. Fico a imaginar se a convocação foi mediante algum satélite por ali disponível... A razão do apelo, pasmem: a chegada do homem à Lua naquele mês.

Jesus, pelo visto, não se abalou. Foi atendendo aos seus pares do sistema solar que marcou o conclave celeste. Depois de muitos diálogos, debates e sugestões, mesmo ante o receio e a indisposição de algumas potências angélicas presentes, o Mestre concedeu-nos uma “última chance” e “todas as injunções cármicas previstas para acontecerem no final do século XX” (eufemismo empolado para o fim do mundo) “foram suspensas”. Mais não parecem desse modo, pelo evidente conflito, deuses mitológicos que espíritos puros?

Pois bem. Revogadas assim, de improviso, as disposições anteriores, Emmanuel estaria livre da acusação de falso profetismo. Contudo, neste caso, menos interessa que suas profecias não se hajam cumprido do que o simples fato de haver predito acontecimentos espantosos para época determinada, o que espíritos verdadeiramente sábios nunca, nunca fazem. Além do mais, em A Gênese, XVIII, 26, aprende-se:

A Terra, no dizer dos espíritos, não deve ser transformada por um cataclismo que aniquilaria subitamente uma geração. A geração atual desaparecerá gradualmente, e a nova a sucederá da mesma maneira, sem que nada seja mudado na ordem natural das coisas. Tudo, pois, se passará, exteriormente, como de hábito [...] Assim, aqueles que esperam ver a transformação ocorrer através de efeitos sobrenaturais e maravilhosos ficarão decepcionados.

Mas voltemos ao monte Olimpo. Para tranquilizar as potências angélicas receosas e indispostas com a dilação que obteve do prazo para o fim do nosso mundo em mais 50 anos além do antes previsto, Jesus impôs às nações mais desenvolvidas e responsáveis da Terra (impôs como?) que não lançassem a III Guerra. Basta evitarem isso até 2019 e nosso mundo será admitido no sistema solar na condição de planeta de regeneração. Oras! Se um espírito apenas sábio nada prediz com época marcada, que se dirá de um espírito puro como Jesus, a fazê-lo em meio à indisposição receosa de alguns de seus pares.

Daí por diante, apesar de Chico Xavier dizer a G. L. Neto que “nenhum de nós pode prever os avanços que se darão a partir dessa data de julho de 2019”, o próprio Chico, pasmem, instado pelo interlocutor, passa a enumerá-los, desde a erradicação da pobreza, passando pelo fabrico de aparelhos para conversas com desencarnados, até a permissão expressa de Jesus aos extraterrestres, a fim de que nos ofertem tecnologias inimagináveis.

O mais assombroso, porém, são as previsões para a hipótese de o homem iniciar a III Guerra até 2019, que será, nesse caso, terminada por uma reação colossal das forças telúricas do planeta, inviabilizando a vida no hemisfério norte e abrindo um período de reconstrução de mais de mil anos. Isso levaria, pasmem de novo, a uma invasão autorizada pela O.N.U. ao hemisfério sul. Parece o filme O Dia Depois de Amanhã.

E restará aos brasileiros, além de só um quarto do seu território, a obrigação de “exemplificar a verdadeira fraternidade cristã”, ensinando aos invasores os mais altos valores de espiritualidade. Aprenderão com os norte-americanos o respeito às leis, o amor ao direito, à ciência e ao trabalho; com os europeus, o amor à filosofia, à música erudita; com os asiáticos o respeito ao dever, etc. Um povo que precisa aprender o respeito às leis e o amor ao direito com invasores norte-americanos irá ensinar-lhes, em contrapartida, os mais altos valores de espiritualidade... Surreal!

Outra providência dos deuses gregos, agora na atmosfera do nosso planeta travestidos de seres angélicos, foi que, desde 2000 (suposto ano da volta de Emmanuel), só permitem reencarnar aqui mansos, brandos, amorosos e pacíficos, sendo os recalcitrantes no mal encaminhados a mundos atrasados, o maior deles, Quírom, ou Kírom. Todos os que hoje têm no máximo 11 anos integrariam, pois, esse exército de brandos. Matemática canhestra. Decerto, se trata de outra profecia a não se cumprir. E tudo bem. Afinal, é para isso que as profecias, segundo Emmanuel, são reveladas, sobretudo as dele.

Toda essa mixórdia ridícula integra outra religião, um divinismo oracular abrasileiradamente sincrético; não é Espiritismo, mesmo porque nada conseguiu sê-lo após o passamento, em 31/03/1869, do Gênio Lionês ao mundo espírita, de onde ainda contempla o cumprimento desta profecia do Espírito de Verdade: “[...] as tuas melhores instruções serão desprezadas e falseadas”.[3]

Assim, profecias são verdadeiras predições e se cumprem com rigor, exceção feita às mistificações de espíritos pseudossábios, como Emmanuel, Ramatis e assemelhados, que julgam saber mais do que realmente sabem, ou simplesmente insistem sobre aquilo que deve permanecer oculto, a fim de darem a impressão de que conhecem os segredos de Deus.[4]

[1] Revista “Espiritismo e Ciência” n. 53. Kardec e os Exilados. Cf. texto atualizado: http://ensaiosdahoraextrema.blogspot.com/2010_03_29_archive.html; Kardec Versus Emmanuel em 12 Passos, http://ensaiosdahoraextrema.blogspot.com/2011_06_12_archive.html, bem como esta palestra: http://www.youtube.com/user/sergiofaleixo#p/c/F40B80DEDC8DE9CF/0/4h4r6CxP8Rs
[2] Cf. http://www.vinhadeluz.com.br//site/noticia.php?id=760
[3] KARDEC. Obras Póstumas. 12 de junho de 1856. Em casa do Sr. C.; médium: Srta. Aline C. Minha Missão.
[4] Cf. O Livro dos Espíritos, 104. O Livro dos Médiuns, 300.

Fonte: http://ensaiosdahoraextrema.blogspot.com/2011_06_06_archive.html

Imprensa Espírita e Mercado

Por Sérgio Aleixo

Muito justo que se denuncie a incompatibilidade da tese das assim chamadas “crianças índigo” com o Espiritismo. Mas até parece, ultimamente, que este é o único caso de infiltração de doutrina estranha no movimento espírita. Denuncia-se esta historinha que vem de fora e cujos fundadores, aliás, nunca a apresentaram como espírita e, por outro lado, silencia-se quanto a inúmeras outras doutrinas cujos criadores, há décadas, e aqui no Brasil, apresentam-nas como complementares ou superadoras do Espiritismo. Denuncia-se a tese das crianças índigo como não espírita, mas publica-se propaganda de página inteira das obras do Sr. Pietro Ubaldi.[1]

Urge compromisso a esta imprensa que se pretende espírita, a fim de que haja pelo menos coerência no que faz. Se uma revista diz que é espírita, não pode propagandear, a título de Espiritismo (mesmo subliminarmente), o que avilte os postulados espíritas. Mas quem está a mandar? Os donos de cotas de publicidade. Alguns deles, vampiros históricos do bom conceito do adjetivo espírita. E se os americanos das crianças índigo fizessem propaganda em revistas “espíritas”? Seria o fim da cruzada contra a seita new age? Ou será que tudo é contra o médium Divaldo Franco? Infelizmente, ele vem de publicar A nova geração: A visão espírita sobre as crianças índigo e cristal (2007), a reboque do best-seller Crianças Índigo (de 1995; no Brasil, 2005), cujos conceitos provêm de exótica seita norte-americana que pretendia até mudar o DNA das pessoas mediante sessões pagas de “energização”.

Só é certo que por trás disto tudo está o “capetalismo” de falsos espíritas, meros escravos dos donos das cadernetas de publicidade de suas revistas e jornais muito pouco doutrinários um sem número de vezes; mas tudo nos conformes jurídicos, é claro. Conversas capitalistas, legalistas, porém, não nos eximem de responsabilidade perante o Mestre Maior, que veio dar testemunho da Verdade! Não deveríamos estar falando de negócios, mas de Espiritismo!

O resultado é que se acaba depreendendo de certas publicações “espíritas” que haveria mesmo diversas correntes filosóficas no Espiritismo. Editores, escritores e articulistas não têm registrado suficiente preocupação em distinguir eventuais incongruências no movimento espírita daquilo que é propriamente o Espiritismo. E a título de defesa da ética jornalística e da liberdade de consciência e do amor ao próximo, findam por conferir a adeptos de escolas espiritualistas distintas da doutrina codificada por Allan Kardec o suposto direito de se proclamarem espíritas.

Em face desta situação inaceitável, se pessoas comprometidas apenas com a Doutrina Espírita ousam colocar as coisas nos seus devidos lugares, não mais que de repente, tréplicas manobristas aparecem tratando de problemas completamente alheios ao estrito esclarecimento dos conceitos em exame; geralmente, fixadas em vieses comportamentais do tipo: “Podemos discordar deles, mas os irmãozinhos têm direito de pensar como quiserem”. O fato resulta mesmo num lavar de mãos de estilo individualista pós-moderno, numa defesa cínica e inócua de direito inalcançável e consagrado, peculiar a quem teme, no caso, desagradar integrantes de partidos opostos, ou mercado consumidor mais amplo.

No âmbito da liberdade de consciência, é indiscutível que qualquer um pode acreditar no que quiser, se benignamente, não deixando de merecer por este motivo toda amizade e consideração dos demais, sobretudo dos espíritas sinceros. Todavia, a exposição de outras doutrinas espiritualistas por adeptos ou meios de comunicação social do Espiritismo exige a maior precisão e o mais firme engajamento.

Há que existir liberdade de expressão e de discussão; a imprensa espírita deve expor e mesmo debater ensinos contrários a Kardec ou dele destoantes, mas nunca lhes franquear livre acesso, direta ou indiretamente, ao título Doutrina Espírita, porque a este não têm direito, assim como os adeptos daqueles ensinos nunca se dirão espíritas com acerto. Constitui verdadeiro crime de responsabilidade a falta de determinação de espíritas esclarecidos ante a insistência histórica de alguns espiritualismos em se proclamarem Espiritismo. Este aval declarado ou mesmo subliminar, concedido por editores, escritores e articulistas agrilhoados a conveniências mercadológicas, custa muito caro ao presente e ao futuro da Doutrina codificada por Allan Kardec.

Certas publicações “espíritas” hão estampado, por exemplo, ricas propagandas das obras de Pietro Ubaldi; nalgumas, o culto escritor italiano, falecido no Brasil em 1972, recebe um epíteto no mínimo intrigante em face dos espaços “espíritas” onde figura assim proclamado: “o arauto da nova civilização do espírito”. E Kardec? Foi o quê? Ubaldi é apreciado pela dissidência rustenista não só por sua reedição, no séc. 20, da equivocada tese da queda do espírito, mas porque pretendeu salvar o Espiritismo do “nível Allan Kardec”. Do mesmo modo, no séc. 19, Roustaing e seus discípulos quiseram “criar o livre pensamento espiritualista”, pois, segundo eles, Kardec não passava de um “autoritário senhor”, do “chefe” de um “espiritismo de fantasia”, de uma “igrejinha com seus corrilhos, entregue a lutas liliputianas”.[2]

Mas há que abafar estes inconvenientes históricos; não contá-los a ninguém, sob pena do estigma da intolerância... Devemos esquecer também que Jesus não morreu por causa do amor a que exortava, mas pelas verdades que proclamava... Estaremos prontos, então, para entrar no céu dos indiferentes, liderados pelos defensores do direito dos lobos diante do rebanho de ovelhas incautas...
Até que a militância viril de um titã como Herculano Pires seja levada a sério e constitua modelo efetivamente seguido pelos espíritas devotados, haveremos de nos deparar ainda muitas vezes com pareceres como este, do filósofo Luiz Felipe Pondé, professor do programa de estudos pós-graduados em Ciências da Religião da PUC-SP:

Apenas uma prova definitiva, empírica, poderia desmistificar a morte. Ou uma mistura de teorias como o kardecismo com viagens a vidas passadas. Não creio nessa possibilidade, pelo menos até onde temos evidências. O kardecismo permanece um discurso pararreligioso, um frankenstein positivista, que tende a assimilar todo tipo de literatura oportunista (energias de todo tipo) e de massa, além de dados imprecisos da indústria da ufologia.[3]

[1] Cf. Revista Internacional de Espiritismo. Novembro de 1963. Por “Irmão Saulo” [J. Herculano Pires]. Confira o texto completo do mestre paulista aqui: http://sites.google.com/site/aderj2/torre-de-vigia-doutrinaria/j-herculano-pires/texto-4.
[2] Cf. A Queda do Espírito e o Problema das Origens e Liberdade e Consciência no Espiritismo.
[3] O Globo, Prosa e Verso, 04/11/2005.

Fonte: http://ensaiosdahoraextrema.blogspot.com/2010_05_20_archive.html

"Sou Espírita, ignoro as ciências"... É possível?

Por Randolfo

Quando aprendemos pelo Livro dos Espíritos que a evolução moral decorre da evolução intelectual ficamos assustados com duas posturas encontradas no MEB (Movimento Espírita Brasileiro):

1) Pessoas que discordam veementemente disso, mas sem fundamentação doutrinária;

2) Pessoas que ignoram isso.

O primeiro caso não é o tema deste artigo. Se uma pessoa discorda de uma proposição lógica tem por obrigação demonstrar cientificamente outro sistema lógico que derrogue o anterior. E ainda não vimos isso.

De fato, sem conhecimento intelectual não há capacidade de julgamento de valores que favoreçam as melhores decisões morais. Uns poucos ainda teimam em confundir evolução intelectual com aquisição cultural, o que seria uma base de argumentação pueril.

Mas... E o segundo caso?... O sujeito vem a esse planeta no século XXI com acesso por meios diversos, em todos os níveis sociais a livros, jornais, revistas, internet, televisão, rádio e etc... São meios de aquisição cultural? Sim, são. Mas, aquisição cultural é modo catalisador de evolução intelectual, um instrumento útil para que o espírito cresça em sabedoria e discernimento.

Daí o sujeito tem acesso a tudo isso e... Assiste aos “reality shows”, novelas, lê as fofocas de Caras, limita sua internet a chats, e quando compra livros são os de auto-ajuda ou do Harry Potter.

A aquisição cultural ele limitou aos bancos escolares e de uma forma utilitária: aprende o que é suficiente para passar de ano, ou em concursos. Ou na verdade, não aprendeu, mas condicionou lembranças de informações estratégicas para fins específicos. Passada a fase, foi-se embora a aquisição cultural.

Eis, portanto, um bom exemplo onde a aquisição não se transforma em evolução intelectual.

Tudo bem, esse é o sujeito comum, aquele que compõe 98,6% de nossa população.

Só que sobraram 1,4% de espíritas. E como o sujeito é espírita e SABE que precisa evoluir intelectualmente, o que se espera dele? Que avidamente busque aquisição cultural em todas as áreas ou ao menos onde se afinize e que transforme isso em instrumento de cognição filosófica para elevar sua capacidade de discernimento.

Pergunta: é o que vemos?

Onde está o amor pela beleza magnânima da Astronomia? Sua aplicação está contida no Livro dos Espíritos e no livro A Gênese.

Onde o apreço pela Biologia e suas inumeráveis informações presentes e perspectivas futuras? Sua aplicação está contida no Livro dos Espíritos, no Livro dos Médiuns e no livro A Gênese, na compreensão das ligações perispirituais, no processo de reencarnação.

Cadê o amor pela Física, esta nobre ciência que pode conter a chave final do elo entre plano material e espiritual?

Por que não nos enveredamos pelos caminhos da Sociologia, Psicologia, Antropologia, para compreendermos melhor quem somos e o que podemos coletivamente e individualmente?

Por que ignorar a História, enfim, para aprender onde erramos, por que erramos e como podemos continuar errando?

São tantas as ciências e tantas suas aplicações práticas perante a Doutrina Espírita que nem é possível enumerá-las com suas subdivisões.

O que importa é que a maioria de nós as ignora.

Passamos ao largo, desligamos a TV, pulamos aquela Home Page, ignoramos aquela revista e nossas conversas em reuniões sociais acabam sendo sobre novela, futebol, programas ao vivo e... Como é legal combater o misticismo - ou na versão mística - como é legal combater a ortodoxia. Mas, evitamos programas de ciência, documentários, revistas cientificas e conversas cientificas.

Entendemos que as pessoas possuem níveis diferentes de compreensão científica.

Entendemos que algumas expressões, conceitos e teorias tornam-se difíceis para serem assimilados.

Mas, em que custa o sujeito buscar lá atrás a base que perdeu? Não entendeu o que é a importância do Obama? Vamos lá às Cruzadas... Vamos buscar informações que estão aqui mesmo, na internet, em linguagem de fácil compreensão.

Temos SKY, TV a cabo?... legal... vamos nos limitar ao Sport TV e nem tomar conhecimento do Discovery e History Channel?

Ah, não temos TV a cabo... Bom!... Vamos, então, evitar o Globo Repórter? Vamos deixar de assistir a um telejornal? Quando o Fantástico fala em ciência vamos ao banheiro, por não estarmos interessados nessa programação?

Ou então somos pobres e não temos acesso a TV. Mas, temos o rádio... Que tal evitarmos um pouco as niilistas FM e ouvir um pouco de noticiário?

Não temos dinheiro para comprar jornal? Que bom que pelo menos lamentamos isso, pois demonstra que queremos ler jornal. Que se pare nas bancas, que se leiam as manchetes e as chamadas, ou que se peça emprestado o jornal do chefe, mas não para saber que o Vasco dançou no campeonato e sim que foi descoberta água em Marte..., oras!

No entanto, que desculpa tem o espírita com acesso à internet?... Vamos verificar nossos perfis? Vamos conferir nossas comunidades?... Ah, temos comunidades de nossos ídolos, de nossos times de futebol, temos nossa série "eu odeio alguma coisa"?... Ok... Mas, por que não acessar a comunidade de Filosofia? Que tal a de Astronomia? E a de Medicina? Por que não a de Engenharia Genética? Qual o grande problema em apenas passar os olhos, ver as perguntas, ler as respostas e até arriscar um questionamento ou outro?

É até possível que nós não tenhamos acesso a tudo e que nem gostemos de tudo. Mas, é uma prova de falta de evolução intelectual, de fato, sequer procurar saber se há algo mais que possa nos interessar além do cotidiano maçante e mecanizado.

"Ah, eu não curto esse papo de Biologia"... Ok... Mas, se o Livro dos Espíritos fala em abiogênese, como você fica?... Que diabos - que não existem - de espírita é você que lê uma coisa no Livro dos Espíritos, não compreende e não procura compreender? Que diabos - que ainda continuam não existindo - de espírita é você que, com isso, não consegue compreender a Doutrina que você "alega" seguir?

O comportamento tipificado acima é uma das chaves letais para a disseminação do misticismo no meio espírita.

Ao estimularmos a alfabetização damos um instrumento para o indivíduo se aproximar do Espiritismo. Mas, ao estimular a busca pelo conhecimento científico é que estaremos, de verdade, formando espíritas, pois é inconcebível seguir algo que não se compreende.

E é impossível conhecer a Doutrina Espírita sem um mínimo de base de conhecimento científico. E ouso dizer, é vergonhoso fingir o contrário.

No entanto, o fingimento é a regra vigente.

Fonte: NEFCA - Núcleo Espírita de Filosofia e Ciências Aplicadas

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Fraternidade sim, Sincretismo não

Por Artur Felipe Azevedo

Vez por outra surge alguém ou algum grupo atacando a coerência espírita e defendendo certas ideias de fundo ecumenista dentro e fora do movimento espírita. Alegam eles que o Espiritismo - e consequentemente os espíritas - devam estar "abertos" a outras concepções e ensinos, sem o qual correm o risco de tornarem-se intolerantes e antifraternos, e, portanto, em dissonância com o que prega a Doutrina.

Nada mais falacioso.

Não devemos confundir fraternidade e tolerância com ecumenismo, ao qual os ramatisistas, aliás, deram erroneamente outro nome, o de "universalismo". O que chamam eles de "universalismo" não passa de sincretismo, fenômeno bastante presente e comum na cultura brasileira. A definição de sincretismo é de "uma fusão de doutrinas de diversas origens, seja na esfera das crenças religiosas, seja nas filosóficas", exatamente aquilo estimulado por Ramatis e seus simpatizantes.

No caso da Doutrina Espírita, obviamente reconhecemos alguns pontos em comum com outras correntes filosóficas e até mesmo com algumas crenças religiosas, porém analisando com mais profundidade tais similitudes, veremos que a visão espírita possui nuances próprias que as ligam a outros princípios não abraçados por essas outras filosofias e religiões. Evocar semelhanças sem considerar a Doutrina Espírita como um todo, mas em partes, certamente conduz a essas frustradas tentativas de comparação e adaptação.

Verifica-se daí que a confusão geralmente ocorre entre aqueles que ainda não compreenderam a Doutrina Espírita em profundidade, assim como não abarcaram em detalhes todos os seus princípios, confundindo-os com suas próprias concepções pessoais advindas de suas vivências em movimentos religiosos, geralmente no Catolicismo e na Umbanda.

A falta de leitura e estudo sistemático dos livros da Codificação Espírita, somado ao fato de que boa parte da população brasileira é constituída de analfabetos funcionais com grande dificuldade de interpretação de textos simples, só agravam a situação e dão armas àqueles que insistem que deva o Espiritismo assimilar ideias, práticas e conceitos estranhos ao seu corpo doutrinário.

Conscientes dessa realidade, espíritos pseudossábios e muitas das vezes mal intencionados, interessados na disseminação da confusão e do divisionismo, insistem nessa absurda proposta de desfiguração do Espiritismo, através de ditados repletos de sentimentalismo piegas e sem conteúdo, induzindo o leitor à ideia de que o espírita deva aceitar enxertias, à prática espírita, de ritualismos e cultos exteriores sem nenhuma fundamentação doutrinária e lógica, sob a alegação de que devamos estar "abertos" e dispostos a contribuir com o progresso e com uma suposta evolução do ideário espiritista. Mas, que evolução é essa que acaba por incentivar o retorno e/ou permanência das mentalidades em torno do pensamento mágico? "Pensamento mágico" significa interpretar dois eventos que ocorrem próximos como se um tivesse causado o outro, sem qualquer preocupação com o nexo causal. Por exemplo, se a pessoa acredita que cruzar os dedos trouxe boa sorte, ela associou o ato do cruzamento de dedos com o evento favorável subsequente e imputou um nexo causal entre os dois. Psicólogos já observaram que grande parte das pessoas é propensa ao pensamento mágico e, assim, o pensamento crítico fica frequentemente em desvantagem. O que se vê, mais comumente nas religiões cristãs dogmáticas tradicionais, são lideranças religiosas explorando essa tendência a fim de auferir vantagens, na medida em que estimulam os seus fiéis a procurarem resolver seus problemas por meio de promessas, ofertas em dinheiro, sacrifícios, etc. Já no espiritualismo esotérico e nas práticas feiticistas dos cultos afro-brasileiros, a solução da maioria dos problemas hodiernos estaria nas oferendas, no uso de talismãs, amuletos, realização de rituais, consagrações, etc. Embora, pois, se diferenciem quanto à forma, todas essas práticas são oriundas do pensamento mágico, ou, como diriam alguns, do misticismo.

Já asseverava Ary Lex que “no movimento espírita costuma haver uma certa condescendência para com as pequenas deturpações, condescendência essa rotulada como ‘tolerância cristã’. Estão errados. Tolerância deve haver para as falhas das pessoas, que devem ser esclarecidas e apoiadas, ajudando-as a saírem do ciclo erro-sofrimento. Tolerância com as pessoas, sim, com as deturpações, jamais”. E conclui: “É urgente e fundamental que todos aqueles que tiveram a ventura de entender o Espiritismo lutem, dia a dia, pela manutenção da pureza doutrinária.

O alerta de Ary Lex nada mais representa do que uma tentativa de convidar os espiritistas a manterem o pensamento mágico distante das práticas espíritas dentro e fora dos Centros.

A questão 554 de “O Livro dos Espíritos” corrobora essa posição. Confiramos:

P.: “Que efeito podem produzir fórmulas e práticas mediante as quais pessoas há que pretendam dispor do concurso dos Espíritos?”

R.: “(...) Todas as fórmulas são mera charlatanaria. Não há palavra sacramental nenhuma, nenhum sinal cabalístico, nem talismã, que tenha qualquer ação sobre os Espíritos, porquanto estes são só atraídos pelo pensamento e não pelas coisas materiais”. E continua mais adiante: “Ora, muito raramente aquele que seja bastante simplório para acreditar na virtude de um talismã deixará de colimar um fim mais material do que moral. Qualquer, porém, que seja o caso, essa crença denuncia uma inferioridade e uma fraqueza de ideias que favorecem a ação dos espíritos imperfeitos e escarninhos”.

Em “O Livro dos Médiuns”, é perguntado aos Espíritos Superiores:

“Certos objetos, como medalhas e talismãs, têm a propriedade de atrair ou repelir os Espíritos conforme pretendem alguns?

R.: “Esta pergunta era escusada, porquanto bem sabes que a matéria nenhuma ação exerce sobre os Espíritos. Fica bem certo de que nunca um bom espírito aconselhará semelhantes absurdidades. A virtude dos talismãs, de qualquer natureza que sejam, jamais existiu, senão, na imaginação das pessoas crédulas”.

O Codificador Allan Kardec comentou, concluindo e reiterando a total desvinculação do Espiritismo com o pensamento mágico propalado pelas religiões e crenças fetichistas:

“Os Espíritos são atraídos ou repelidos pelo pensamento e não por objetos materiais (...). Em todos os tempos os Espíritos superiores condenaram o emprego de signos e de formas cabalísticas; e todo Espírito que lhes atribui uma virtude qualquer ou que pretende dar talismãs que denotam magia, por aí revela a própria inferioridade, quer quando age de boa-fé e por ignorância, (...) quer quando conscientemente (...). Os sinais cabalísticos, quando não são mera fantasia, são símbolos que lembram crenças supersticiosas na virtude de certas coisas, como os números, os planetas e sua correspondência com os metais, crenças nascidas no tempo da ignorância e que repousam sobre erros manifestos, aos quais a ciência fez justiça, mostrando o que há sobre os pretensos sete planetas, os sete metais, etc. A forma mística e ininteligível de tais emblemas tem o objetivo de os impor ao vulgo (...), aquilo que não compreende.”

A seu turno, verificamos nas obras de Ramatis uma proposta inversamente contrária, constantemente presente em seus ditados, como podemos notar abaixo e em inúmeras passagens dos livros psicografados pelo médium Hercílio Maes:

“Rituais, mantras, sincronizações entre adeptos ou despertamento da vontade; o comando nas quais podereis alcançar o Cristo Planetário!”

"Os amuletos e talismãs, quando realmente dinamizados por magos experientes, obedecem aos mesmos princípios dos minerais radioativos, mas a sua ação é mais vigorosa e específica no campo etéreo-astral invisível aos sentidos humanos."

"Há fundamento lógico e científico no preparo de amuletos e talismãs, quando isso é feito por meio de magos autênticos (...)"

"Há certos tipos de ervas cuja reação etérica é tão agressiva e incômoda,que torna o ambiente indesejável para certos espíritos, assim como os encarnados afastam-se dos lugares saturados de enxofre ou gás metano dos charcos."

"Só as pessoas rudes ou confusas podem considerar a defumação benfeitora uma superstição ou dogma."

"Os espíritos subversivos ou obsessores fogem espavoridos do ambiente onde atuam, quando a queima de pólvora é feita por médiuns ou magos experientes, pois alguns deles são bastante escarmentados em tais acontecimentos."

Em outras passagens, Ramatis procura rebaixar o Espiritismo frente às crenças orientalistas:

“Da mesma forma, reconhecemos que há, entre o neófito espírita, exclusivamente submerso na sua doutrina, e o espiritualista afeito ao conhecimento iniciático, um extenso abismo de compreensão.”

Abaixo, vemos claramente a intenção de incentivar o sincretismo:

“Sem dúvida, apesar de o Espiritismo ser doutrina corporificada para libertar os homens das superstições e dos tabus infantis, ele pode estacionar no tempo e no espaço, tal qual acontece com a Igreja Católica. É acontecimento fatal, caso seus adeptos ignorem deliberadamente o progresso e a experiência de outras seitas e doutrinas vinculadas à fonte original e inesgotável do Espiritualismo Oriental.”

Herculano Pires, à época, reagiu corajosamente a esse tipo de proposta:

"Só um setor do conhecimento, nesta hora de transição, não necessita renovações, e esse setor é precisamente o Espiritismo. O que ele exige de nós não é renovação doutrinária, mas apenas expurgo de infiltrações espúrias nos Centros, produzidas pela leviandade de praticantes que se desvairam da orientação doutrinária, adotando atitudes, fórmulas e práticas antiquadas. (...) O terror místico proveniente de um longo passado religioso de mistérios e ameaças não tem mais razão de ser. Não obstante, encontramos no meio espírita um pesado lastro desse terror em forma de traumatismos inconscientes que geram comportamentos antiespíritas".

Já dizia Bossuet: "O maior desregramento do espírito é crer nas coisas porque se quer que elas existam".

Por nossa vez, diríamos que a superstição e as crendices são exemplos desse desregramento, doenças da alma, autênticas amarras que prendem o espírito às trevas da ignorância, conduzindo-o aos descaminhos advindos da fuga da realidade. Se há uma maneira dos falsos profetas da erraticidade e espíritos pseudossábios atacarem o Espiritismo é justamente desfigurando-o através do estímulo ao culto exterior, do pensamento simplista, da crendice, todos representantes do caminho mais fácil, porém inócuo, que tanto atrai aqueles indivíduos desinteressados em promover em si aquilo que realmente interessa, que é a transformação moral, que advém justamente do esforço e do avanço da inteligência, conforme puderam claramente ensinar os Espíritos Superiores nas questões 192, 365, 780 e 780a de "O Livro dos Espíritos".

Fonte: Espiritismo x Ramatisismo - http://espiritismoxramatisismo.blogspot.com/2011/08/fraternidade-sim-sincretismo-nao.html