terça-feira, 24 de novembro de 2009

Colônias Espirituais: Fantasias Anímicas de Chico?

Por Iso Jorge Teixeira.

Que acontece com a alma após a morte? A dos bons irão para o céu e a dos maus para o inferno? Haveria um purgatório, um lugar determinado para a ascensão ao céu ou como preparativo para a reencarnação, daquelas almas necessitadas de purificação?

Essas perguntas, exceto, a primeira, seriam respondidas com um 'sim', pela maioria dos religiosos brasileiros...

Curiosamente, alguns confrades sincretizam tais conceitos de 'céu, inferno e purgatório' e admitem coisas semelhantes àquelas descritas em 'A Divina Comédia' – do obscurantismo medieval –dizendo que, após a morte, seremos encaminhados para um 'Pronto-socorro espiritual' e, daí, para 'colônias espirituais'. No entanto, não é isso que está explícito e implícito na Doutrina dos Espíritos; por isso, julgamos importante tratar aqui da questão básica relativa à erraticidade e a dos Espíritos errantes...

As chamadas 'colônias espirituais' são de existência questionável

Há uma grande falha em nosso Movimento Espírita, ao admitir que fiquemos, quase enclausurados em 'colônias espirituais', a receber conselhos de Espíritos; como se aí estivéssemos encarnados.Até um tal 'vale dos suicidas', é creditado como verdadeira Doutrina dos Espíritos!Contudo, nas obras de KARDEC, não há a menor referência nem às colônias espirituais nem ao vale dos suicidas. Seria uma omissão imperdoável da Espiritualidade Superior?

Acreditamos em que, ao desencarnarmos, a nova vida é eminentemente espiritual, nada de mundos especiais: 'cópias aperfeiçoadas dos objetos da Terra', como dizem alguns confrades. O mundo da erraticidade é um mundo de reflexão, em que nos preparamos para uma nova encarnação, mas essa preparação não tem nada de material.

Alguns argumentam que aqueles Espíritos mais terra-a-terra, não conseguiriam viver sem a matéria. Ora, se não conseguirem viver sem a matéria, ao desencarnarem não sairão daqui do orbe terrestre?

"O Umbral – continuou ele, solícito – começa na crosta terrestre. É a zona obscura de quantos no mundo não se resolveram a atravessar as portas dos deveres sagrados, a fim de cumpri-los, demorando-se no vale da indecisão ou no pântano dos erros numerosos.”

Mais adiante, diz também:

“... O Umbral funciona, portanto, como região destinada a esgotamento de resíduos mentais; uma espécie de zona purgatorial, onde se queima, a prestações, o material deteriorado das ilusões que a criatura adquiriu por atacado, menosprezando o sublime ensejo de uma existência terrena."
(Livro 'Nosso Lar' - Espírito André Luiz)

O LIVRO DOS ESPÍRITOS
Por Allan Kardec - tradução de José Herculano Pires.

IX - Paraíso,Inferno,Purgatório,Paraíso perdido.

1011. Um lugar circunscrito no Universo, está destinado às penas e aos gozos dos Espíritos, de acordo com os seus méritos?

— Já respondemos a essa pergunta. As penas e os gozos são inerentes ao grau de perfeição do Espírito. Cada um traz em si mesmo, o principio de sua própria felicidade ou infelicidade. E como eles estão por toda parte, nenhum lugar circunscrito ou fechado se destina a uns ou a outros. Quanto aos Espíritos encarnados, são mais ou menos felizes ou infelizes, segundo o grau de evolução do mundo que habitam.

1012. De acordo com isso, o inferno e o paraíso não existiriam como os homens os representam?

— Não são mais do que figuras: os Espíritos felizes e infelizes estão por toda parte. Entretanto, como já o dissemos também, os Espíritos da mesma ordem se reúnem por simpatia. Mas podem reunir-se onde quiserem, quando perfeitos.

Comentário de Kardec: A localização absoluta dos lugares de penas e de recompensas só existe na imaginação dos homens. Provém da sua tendência de materializar e circunscrever as coisas cuja natureza infinita não podem compreender.

1013. O que se deve entender por purgatório?

— Dores físicas e morais: é o tempo da expiação. É quase sempre na Terra que fazeis o vosso purgatório e que Deus vos faz expiar as vossas faltas.

Comentário de Kardec: Aquilo que o homem chama 'purgatório', é também uma figura pela qual se deve entender, não algum lugar determinado, mas o estado dos Espíritos imperfeitos que estão em expiação até a purificação completa que deve elevá-los ao plano dos Espíritos felizes. Operando-se essa purificação nas diversas encarnações, o purgatório consiste nas provas da vida corpórea.

1014. Como se explica que os Espíritos que revelam superioridade por sua linguagem, tenham respondido a pessoas bastante sérias, a respeito do inferno e do purgatório, de acordo com as idéias vulgarmente admitidas?

— Eles falam uma linguagem que possa ser compreendida pelas pessoas que os interrogam. Quando essas pessoas estão muito imbuídas de certas idéias, eles não querem chocá-las muito rudemente, para não ferir as suas convicções. Se um Espírito fosse dizer, sem precauções oratórias, a um muçulmano, que Maomé não era um profeta, seria muito mal recebido.

1014 – a) Concebe-se isso da parte dos Espíritos que desejam instruir-nos. Mas como se explica que Espíritos interrogados sobre a sua situação tenham respondido que sofriam as torturas do inferno ou do purgatório?

— Quando eles são inferiores e não estão completamente desmaterializados, conservam uma parte de suas idéias terrenas e traduzem as suas impressões pelos termos que lhes são familiares. Encontram-se num meio que não lhes permite sondar o futuro senão, de maneira deficiente. Essa é a causa por que, em geral, os Espíritos errantes, ou recentemente libertados, falam como teriam feito se estivessem na vida carnal. Inferno pode traduzir-se por uma vida de provas extremamente penosas, com a incerteza de melhora; purgatório, por uma vida também de provas, mas com a consciência de um futuro melhor. Quando sofres uma grande dor, não dizes que sofres como um danado? Não são mais do que palavras, sempre em sentido figurado.

Portanto, os tais informes espirituais referentes a Umbral, colônias e vales destoam da Codificação.

CIÊNCIA ESPÍRITA EM FACE DA RAZÃO E DO CONTROLE UNIVERSAL

Por vezes, adota-se um conceito absoluto de razão, do qual provém o qualificativo racional. No Dicionário de Filosofia de Nicola Abbagnano, o verbete razão apresenta inúmeras acepções e variadíssimo conteúdo semântico. Não obstante, logo na primeira entrada, tem-se por razão o "referencial de orientação do homem, em todos os campos em que seja possível a indagação ou a investigação, de tal jeito que ela corresponde a "uma ‘faculdade’ própria do homem, que o distingue dos animais". Outrossim, da noção de razão derivam a de racional e a de razoável. Ora, o racional constitui aquilo proveniente da razão ou dela correlato, enquanto o razoável compõe aquilo capaz de gravitar em torno dela, sem, no entanto, perder o ponto de tangência.

Não há, portanto, absolutizar o conceito de razão, pois tudo quanto se afigure assimilável pela razão deve ser considerado racional, quando o objeto não discrepar ora do senso comum ora do bom senso. Desse modo, racional se torna aquilo admitido pela razoabilidade, embora, a razão em si mesma, não constitua a demonstração da verdade. Somente quando a razão, como faculdade, logra aproximar-se da percepção e da sensação, como realidade apresentada, pode-se interceptar de alguma forma a verdade. Ora, afigura-se importante ser razoável para ser racional e entrever a razão.

Decerto, as obras psicografadas por Francisco Cândido Xavier, devem ser estudadas, assim como acuradamente comparadas às da Codificação Espírita, porém, dentro das margens de razoabilidade. Não obstante, o articulista, cujas páginas mais parecem um repreensão à mediunidade de Francisco Cândido Xavier, está convicto de que existem nos livros atribuídos a André Luiz "situações ingênuas cientificamente" e devidas ao animismo do notável médium de Pedro Leopoldo. Por outro lado, de tão convicto o observador e de tão verazes as ingenuidades, não as revela ou menciona sequer de relance, a fim de que as analise o leitor. Houve também uma inadvertência do açodado articulista: se houve animismo daquele médium, houve também de Waldo Vieira, cuja personalidade não tinha por hábito e nem terá de padecer "misticismo católico", muito menos agora. Em pelo menos três livros da série, ambos os médiuns, laboraram em conjunto: Sexo e Destino, Evolução em Dois Mundos e Mecanismos da Mediunidade.

Para escapar ao argumento, o médium deverá recorrer a duas hipóteses, muito ao gosto do consumidor, consoante diria o Padre Quevedo: I) houve fraude liberada e deliberada de Waldo Vieira, sob assédio do "misticismo católico" de Chico Xavier; II) houve manipulação dos textos pela FEB, sob o beneplácito dos médiuns. Sobre tal enfoque, Waldo Vieira nunca se manifestou, nem mesmo após haver-se tornado apóstata(renúncia ao rótulo de espírita) do Espiritismo. Como aplicar a ambos, a hipótese do animismo por "misticismo católico"? Seria animismo duplo em personalidades assaz distintas?

Outrossim, o articulista, de muita cultura e de extenso lastro médico, por ser livre-docente de Psicopatologia e de Psiquiatria, como se pode notar em muitos e bons artigos em que trata conjuntamente da mediunidade e da própria especialidade, assinalou algo de suma importância à pesquisa científica:

Todo ESTUDO realmente CIENTÍFICO, não deve partir para uma busca daquilo que "queremos" encontrar; senão, encontraremos exatamente aquilo que "desejamos"; ora, os nossos DESEJOS, os nossos AFETOS não devem contaminar um estudo científico. Todo estudo deve partir com AUSÊNCIA DE PRESSUPOSTOS, como recomendava o grande filósofo alemão KARL JASPERS, baseado no também filósofo EDMUND HUSSERL.

Há uma sentença mais verdadeira e mais adequada à problemática? Decerto, parte-se da noção de neutralidade científica, cuja verdadeira existência parece extremamente dubitável, da mesma forma, como parece inexistir a decantada neutralidade axiológica. Ora, como examinar a ausência de pressupostos, se ela mesma se constitui em um pressuposto, usando-se aqui um raciocínio de Bertrand Russel? Se aqui se parte do pressuposto de que existem as colônias espirituais, o articulista partiu, a seu turno, da premissa de que elas não existem. Onde a ausência de pressupostos no exame do problema, sem usar-se aqui o método parenético de Antônio Vieira, o respeitável orador barroco?

Simplesmente,pelo estudo dos conhecimentos espirituais existentes,embasados em LEIS NATURAIS,encontrados na CODIFICAÇÃO ESPÍRITA.

Fonte: Blog Ciência, Filosofia e Moral.

2 comentários:

  1. Acredito q na condicao q a maioria da populacao da Terra se encontra faz-se necessarias aa colonias espirituais como mencionadas nas publicacoes. Seria um impacto mto grande mudar a realidade do ser humano de uma hora pra outra e nao seria de bom proveito a seu progresso. Os mundos da erraticidade existem para todos os niveis de evolucao espiritual desde aquele q ainda precisa de uma estrutura social semelhante a da Terra ate aquele que ja esta completamente liberto das caracteristicas mundanas. Bem como nao podemos levar um aluno do maternal direto pra universidade, nao haveria condicao de espiritos nas nossaa condicoes popularem planos espirituais muito diferentes de nossa realidade atual, apos nosso desencarne. Kardec mencionou sobre esses planos bem como Jesus mas usaram vocabulario diferente as vezes proprio para o entendimento na epoca.

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  2. "Kardec mencionou sobre esses planos bem como Jesus mas usaram vocabulário diferente as vezes proprio para o entendimento na epoca." onde?

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