quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Viagem Astral e Desdobramento - O que diz a Doutrina Espírita

Por Raimundo de Moura Rêgo Filho

É interessante como termos vão se enfileirando no cenário espírita, e muitos os começam a usar, como se de verdade fizessem parte do linguajar espírita. Dois desses traduzem fenômenos muito comentados e pouco entendidos. O primeiro é o “Viagem Astral”:

É incrível como muitos espíritas os usam até em palestras, quando se repensassem, não o usariam, pois, para mim soa-me como motivo de risos...

Viagem astral seria como se pegássemos um aeróbus e passeássemos, fazendo baldeações na lua, no sol, nas estrelas, dessa maneira estaríamos a fazer uma viagem astral por excelência.

Que os esotéricos os usem, ou mesmo os teosofistas, muito que bem, mas espíritas, e espíritas palestrantes? É matizar de bobagens, o cenário em que deveriam aparecer, ensinamentos que conduzissem o público ouvinte ou leitor a maior aprendizado doutrinário.

Não é sem razão que o famoso José Herculano Pires, atesta que ninguém no Brasil ou no mundo, conheça o Espiritismo. Herculano, nos incita até mesmo a providenciarmos o MOBRAL do Espírito, para que, dessa maneira, pudéssemos, ao rigor da máxima de Sócrates, nos entender desconhecedores da doutrina e desse ponto em diante, colocarmo-nos a caminho do aprendizado, partindo das primeiras letras da doutrina.

Então eu pergunto: Por que isso? Modismo, atualização vernáculo-doutrinária, ou simplesmente brincadeira de mau gosto?

Seja o que for, compete-nos, espíritas que somos, não difundir impropriedades ou sandices, pois em nome de um pretenso saber espírita, empalidecemos o Movimento Espírita brasileiro, e ele já anda tão exangue...

O Outro termo é o “DESDOBRAMENTO”. Esse então chega a causar dor de barriga de tanto rir, querem ver?

Desdobrar evoca o pensamento de estar o móvel do desdobramento, anteriormente dobrado, é sim, tipo como se fosse uma folha de papel, um bilhete de loteria, uma carteira...

Ora, um espírito não é um ser dobrável, nunca assim esteve, a não ser em linguagem figurada, quando se quer explicar que tal e tal espíritos se dobraram ante aos maus pensamentos etc. Ora, em não sendo assim, falar-se em desdobramento e o pior, duplicando-se a sandice, afirmar-se sobre “desdobramento astral”, seria dar-se aos astros, também essa maneabilidade flexível que eles não têm.

E isso tudo em moldes doutrinários, pasmem os amigos...

Kardec, que pelas palavras de Flamarion,foi brindado com o cognome “O Bom Senso Encarnado”, haverá de ter-se “dobrado”no túmulo, de vergonha por ver a doutrina que levou quase doze anos para codificar, das comunicações dos espíritos, ser levada ao ridículo por uma meia dúzia de gatos pingados, que não acham “nada demais”, em usarem tais expressões. É triste...

Ele, cunhou um termo específico que alude aos dois termos acima, e diz com propriedade sobre esse tipo de acometimento, o termo é: Emancipação da Alma.

Para esse estado, o codificador elencou todo o capítulo VIII da Obra o Livro dos Espíritos...

É nesse estado, o de Emancipação da Alma que consegue-se estar afastado do corpo carnal, e pode assim o espírito dar curso a seu aprendizado, visitar os que lhe são caros etc.

Emancipação da Alma, termo genuinamente Espírita, termo que explica clara e sem margem a dúvidas o momento pelo qual passa o espírito.

A vista disso é que não compreendo o porque se usarem os tais, “Viagem Astral”ou o tal do “Desdobramento”.

Se um dos leitores me puder explicar, por favor faça essa caridade, senão vou continuar a pensar que esses confrades palestrantes, estão é a viajarem, não no Astral, mas na maionese!

3 comentários:

  1. Caro amigo, tal como você, sou Espírita e respeito seu ponto de vista com relação aos termos usados. Porém, na minha opinião pessoal, não devemos nos ater simplesmente aos termos usados, aos nomes e nomeclaturas, pois acredito que não são de suma importância, considerando nossa vã filosofia.

    O que eu acho importante destacar é que, se tivessemos conhecimento e/ou evolução necessária, poderíamos usar a "Viagem Astral", "Desdobramento" ou ainda "Emancipação da Alma" em estado consciente, para auxiliar o próximo em muitas cirscuntâncias. Poderíamos também fazer um uso produtivo para estudarmos e adquirirmos conhecimentos muito úteis para nossa vida carnal e/ou espiritual.

    Como ainda não temos domínio do nosso próprio corpo físico e espiritual, ainda fazemos o mesmo processo, porém de forma inconsciente e desperdiçando um tempo valioso.

    Grande abraço!

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  2. Olá amigos espíritas, concordo com o texto de Raimundo, devemos ser bem esclarecidos quanto ao uso de termos e significados para podermos aprender e ensinar sobre a doutrina. Pois se não seguimos o que não nos foi ensinado, até em relação a termos da doutrina, abrimos brecha para o mal entendimento e deturpações no Espiritismo. Como exemplo, já ouvi espíritas palestrantes usando o termo "carma" para designar resgaste, o que carma é palavra para uma filosofia indiana, não é sinômimo da palavra resgate, no sentido que Kardec utilizou. O real sentido da doutrina acaba se modificando bem como seu entendimento, então devemos utilizar as terminologias e sentidos que nos foram transmitidos por Kardec e nada mais.
    Abraço a todos!

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  3. Olá sr. ou amigo Raimundo! Sinceramente? Gostei imensamente do que escreveu, pois concordo sim com o que foi explicado aqui! O que vejo como espirita, são muitas coisas que não condizem com com a Doutrina Espírita propriamente dita, ou seja a que Kardec codificou. Espiritismo atualmente está se tornando moda e cada um faz a sua moda. Ler e nos informar do que acontece na atualidade quanto ao espiritismo é sempre muito bom, mesmo não vendo muitas diferenças quanto a evolução do ser pensante, mas ainda chegaremos lá, disso tenho certeza. Viagem astral ou emancipação da alma é só uma troca de palavras o fim é o mesmo e o mais engraçado é que todos sabem o significado! Grande abraço!

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