segunda-feira, 31 de agosto de 2015

É preciso nascer novamente

Octávio Caúmo
Por Octávio Caúmo Serrano - caumo@caumo.com

Certa vez um amigo me perguntou: – Você acredita em reencarnação? Disse-lhe que não! Reencarnação não é algo em que se acredita, mas que se constata na convivência com as pessoas.

Como explicar as razões da diferença entre os homens? Uns saudáveis outros fracos e doentes? Uns ricos e bonitos e outros pobres e feios? Muitos inteligentes e outros com dificuldade para entender o elementar? Uns vivem dez outros cem anos! O intrigante é que, às vezes, a disparidade existe entre irmãos, nascidos e educados pelos mesmos pais. Prova que apenas a genética não pode explicar a diferença entre tipos humanos.

Cada homem é uma alma milenar que passou por muitas experiências em vidas anteriores; reencarnações. A maioria sabe disso. Disse a maioria, porque a exceção fica por conta das doutrinas cristãs ocidentais; excetuando-se o Espiritismo, é evidente.

Para acreditar na justiça do Criador, admitindo que o homem não tenha qualquer culpa ou mérito pela sua vida atual, já que para os cristãos, exceto os espíritas, vive-se uma só vida, seria preciso que nascêssemos todos ricos, bonitos, saudáveis e inteligentes. Por que o Pai privilegiaria alguns e puniria outros, já que não teriam nem mérito nem pecado; eram criados naquele momento e nada justificaria que tivessem defeitos de físico ou de alma, se são filhos de Deus, à sua Imagem e Semelhança? E Ele é perfeito!

Se o erro fosse dos pais, que se punissem eles, não os descendentes. É mais ou menos como transferir o pecado de Adão para nós que não temos nada com isso. Nem o conhecemos. Tais fantasias já não mais encontram abrigo no homem atual desejoso de entender com racionalidade o que lhe ensinam. O misticismo perdeu a importância!

Quando todos crerem na reencarnação e vive-la, sabendo que terão de responder pelos seus feitos até o último ato, a violência do mundo certamente diminuirá. Saberão que apesar de escapar das leis humanas não se livrarão da justiça divina. Esta não se vende!

Jornalista e poeta

Jornal Correio da Paraíba – 28/08/2015

Da justiça divina

Pelo Espírito de São Luís - Médium, Mme H. Dozon

“Se alguém vos bater na face direita, estendei a esquerda”. Não compreendais que aqui se trate de um golpe material, mas do perdão da injúria e dessa suave mansuetude que quer desarmar a maldade pela doçura; ela parece dizer: "Eu estou à vossa mercê!” Ferireis aquele que não quer se servir de suas armas? As leis humanas fizeram da vingança uma questão de honra; houve um tempo em que a reparação pelas armas era forçada de alguma forma. As leis, não reprimindo o golpe desferido, os homens se faziam justiça pelas próprias mãos; o duelo então prevenia o assassinato. Relativamente, ele era um bem. Estabeleceu-se mesmo tribunais conhecidos sob o nome de cours d’honneur, onde a ofensa e a reparação se julgavam. Parece que civilizando-se e suavizando-se, os costumes deverão abolir o duelo, mas é preciso mais que a civilização para reformar os abusos das nações, é preciso a moral. Unicamente a moral pode dar as verdadeiras noções do bem e do mal. A moral é uma balança sustentada pela mão de Deus; ela equaliza a soma do bem pelo bem; todavia, enquanto o mal está de um lado falta o equilíbrio segundo a divina Justiça, e assim será enquanto a humanidade não compreender o espírito do Evangelho.

“Se alguém vos roubar o manto, dai também a vossa túnica”. Evidentemente, nessas palavras não deveis vos apegar à letra. O espírito evangélico não vos pode aconselhar ou encorajar o roubo, a rapina. Se foi a miséria que levou vosso irmão ao roubo, tende compaixão de sua fraqueza; não somente não o entregueis aos juízes, mas ajudai-o. É assim que cumprireis o preceito: e dai uma túnica àquele que houver roubado vosso manto. No entanto, se a má-fé, impelida pelas desordens da cupidez, vem tomar a parte que vos é devida, empregai os meios possíveis que vos sugere a caridade para fazer entrar a justiça na alma do culpado; depois, se ele se recusa a reparar suas faltas e vos frustra ilegalmente, lembrais-vos que Cristo disse para dar a César o que lhe é devido, e que por isso ele entende que a justiça deve ser feita. Então, dirigi-vos a quem faça a justiça; reclamai o que vos é devido, mas não coloqueis nisso nem paixão nem cólera.

(Do livro Révélations d’outre-tombe, primeiro volume, redigido pelo Sr. Henri Dozon, traduzido do francês pela Equipe do GEAK. Essa obra é citada por Allan Kardec na Revista Espírita de janeiro de 1862.)

segunda-feira, 10 de agosto de 2015