segunda-feira, 31 de agosto de 2015

Da justiça divina

Pelo Espírito de São Luís - Médium, Mme H. Dozon

“Se alguém vos bater na face direita, estendei a esquerda”. Não compreendais que aqui se trate de um golpe material, mas do perdão da injúria e dessa suave mansuetude que quer desarmar a maldade pela doçura; ela parece dizer: "Eu estou à vossa mercê!” Ferireis aquele que não quer se servir de suas armas? As leis humanas fizeram da vingança uma questão de honra; houve um tempo em que a reparação pelas armas era forçada de alguma forma. As leis, não reprimindo o golpe desferido, os homens se faziam justiça pelas próprias mãos; o duelo então prevenia o assassinato. Relativamente, ele era um bem. Estabeleceu-se mesmo tribunais conhecidos sob o nome de cours d’honneur, onde a ofensa e a reparação se julgavam. Parece que civilizando-se e suavizando-se, os costumes deverão abolir o duelo, mas é preciso mais que a civilização para reformar os abusos das nações, é preciso a moral. Unicamente a moral pode dar as verdadeiras noções do bem e do mal. A moral é uma balança sustentada pela mão de Deus; ela equaliza a soma do bem pelo bem; todavia, enquanto o mal está de um lado falta o equilíbrio segundo a divina Justiça, e assim será enquanto a humanidade não compreender o espírito do Evangelho.

“Se alguém vos roubar o manto, dai também a vossa túnica”. Evidentemente, nessas palavras não deveis vos apegar à letra. O espírito evangélico não vos pode aconselhar ou encorajar o roubo, a rapina. Se foi a miséria que levou vosso irmão ao roubo, tende compaixão de sua fraqueza; não somente não o entregueis aos juízes, mas ajudai-o. É assim que cumprireis o preceito: e dai uma túnica àquele que houver roubado vosso manto. No entanto, se a má-fé, impelida pelas desordens da cupidez, vem tomar a parte que vos é devida, empregai os meios possíveis que vos sugere a caridade para fazer entrar a justiça na alma do culpado; depois, se ele se recusa a reparar suas faltas e vos frustra ilegalmente, lembrais-vos que Cristo disse para dar a César o que lhe é devido, e que por isso ele entende que a justiça deve ser feita. Então, dirigi-vos a quem faça a justiça; reclamai o que vos é devido, mas não coloqueis nisso nem paixão nem cólera.

(Do livro Révélations d’outre-tombe, primeiro volume, redigido pelo Sr. Henri Dozon, traduzido do francês pela Equipe do GEAK. Essa obra é citada por Allan Kardec na Revista Espírita de janeiro de 1862.)

2 comentários:

  1. Deve perdoar-se para se ser perdoado, porque todos somos culpados, e ninguém está isento de pecado! Mesmo em pensamento se peca, e é a forma mais óbvia para dar entrada aos espiritos negativos e obsessores, que podem conduzir à perdição!

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  2. Muito Bom! Infelizmente o perdão é algo que deve ser posto em prática na nossa sociedade, práticas como a pena de morte, rixas, sejam elas entra pátrias, religiões e até entre minorias, vingança e linchamentos devem ser extintas. O pior é quando você questiona (pensa fora da caixa) tais "justiças" vc é taxado como defensor de assassinos e criminosos ou traidor, é duro ver no estamos nos tornando, selvagens mascarados de civilizados... Mas texto ótimos como este e pessoas que acreditam no amor e na paz me fazem ter esperança e forças para seguir mais um dia com a minha vida que ultimante estou que não é tão feia assim e mesmo com todos os meus defeitos, dificuldades e questionamentos, vale SEMPRE a pena lutar pelo bem! Bjs!

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