terça-feira, 4 de maio de 2010

A Codificação Espírita

Por Núbor Facure*

Leon Hippolite Denizard Rivail (1804-1869) tomou conhecimento dos fenômenos mediúnicos através das sessões das “mesas girantes” que se realizavam com fins de recreação em Paris. Após observação atenta dos fatos, Kardec percebeu a seriedade dos fenômenos, notando que estas manifestações dependiam da presença de determinadas pessoas que foram posteriormente denominadas de médiuns.

Pela inteligência observada em cada resposta que obtinha, Kardec percebeu que esses médiuns traziam ao mundo uma informação nova que abrangia em termos gerais todo campo do conhecimento e que se fazia necessário identificar toda a extensão a as origens desta Doutrina.

Utilizando-se de médiuns, Kardec elaborou um estudo sistematizado e profundo que acabou revelando princípios de base científica, filosófica e religiosa pelas suas conseqüências morais.

Kardec injustamente ficou à margem dos textos acadêmicos. Qualquer revisão, no entanto, que se faça sem preconceito, pode revelar a consistência e o conteúdo científico do pensamento espírita contido em O Livro dos Espíritos publicado em 1857. Além de inúmeros ensinamentos inovadores, essa doutrina reúne uma teoria consistentemente estruturada dentro dos paradigmas científicos cujas hipóteses vêm sendo confirmadas através dos tempos.

Kardec fala de uma substância única que compõe todo universo a qual foi chamada pelos espíritos de fluido cósmico universal.

- Discorre sobre a princípio vital que vivifica a matéria orgânica.
- Ensina que a vida física é presidida pela vida espiritual.
- Que o homem é um ser dotado de corpo físico, perispírito e Alma.
- Que esta Alma é imortal e progride indefinidamente, evoluindo através de encarnações sucessivas.

Dois anos antes de Darwin divulgar seus princípios sobre a evolução biológica, Kardec afirmava ser a evolução espiritual o destino de todos seres vivos.

Um fluido cósmico preenche todo universo e, sofrendo modificações, forma o corpo espiritual que sustenta o corpo físico através da energia que emana do espírito encarnado.

O fluido magnético ressurge com conceito mais consistente e enriquecido pela experimentação mediúnica.

Kardec traz informações sobre a emancipação a Alma, explicando o significado do sono e dos sonhos bem antes das teorias de Freud, interpretando-os sem simbologia, sem crenças ou sortilégios.

Na doutrinação dirigida aos Espíritos obsessores, Kardec se antecipa às técnicas da psicanálise, propondo, na doutrinação do obsessor, uma psicoterapia objetiva centrada nas causas remotas e primárias dos conflitos que desencadearam os processos obsessivos.

Ao acrescentar a participação de entidades espirituais perturbadoras e revelar os desajustes ocorridos em vidas anteriores, a Doutrina Espírita dá aos distúrbios mentais uma nova visão onde a relação de causa e efeito é muito mais convincente.

A complexidade da mente e, como conseqüência, a imensidão das experiências retidas no inconsciente, são ampliadas na visão Kardecista. Nas idas e vindas de vidas sucessivas, o Espírito mantém a individualidade, ao passo que a personalidade se multiplica em experiências. O Espírito transita tanto como homem ou mulher, rico e pobre, senhor ou escravo, réu ou vítima, todas as grandezas e mazelas da jornada humana que não se restringe ao breve percurso entre o berço e o túmulo.

Os Elementos Gerais do Universo

A teoria da existência de uma “substância única” na formação de todo o universo é aceita e reforçada em todo texto da codificação feita por Allan Kardec, tendo os Espíritos lhe comunicado, ainda, que a matéria existe em estados ainda não conhecidos pelo homem. Podemos notar que isto parece estar de acordo com a física de hoje quando ensaia seus primeiros contatos com a anti-matéria e com “outras dimensões” que os físicos estão chamando de Universos Paralelos.

Os Espíritos ensinam que o Universo é todo derivado de uma substância primitiva, etérea pelos nossos padrões de medida, que chamaram de fluido cósmico universal. Segundo eles, “essa matéria existe em estado tão etéreo e sutil que nenhuma impressão nos causa aos sentidos e que os corpos que consideramos simples como, por exemplo, o oxigênio ou o hidrogênio não são mais que transformações do elemento primitivo que compõe toda a matéria.”

Enquanto entre nós qualquer substância material tem a ponderabilidade como um atributo essencial, o “fluido primitivo é imponderável e imperceptível aos nossos sentidos, mas nem por isto deixa de ser o princípio elementar da nossa matéria mais densa”.

*Texto extraído do Livro “A Ciência da Alma – De Mesmer a Kardec”, de Núbor Facure, renomado Neurologista, fundador do Instituto do Cérebro em Campinas.

Fonte: Dupla Vista


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