quarta-feira, 15 de maio de 2013

[RE] - A solidariedade


Revista Espírita, março de 1867 - Dissertações espíritas

Paris, 26 de novembro de 1866 - Médium, Sr. Sabb...

Glória a Deus e paz aos homens de boa vontade!

O estudo do Espiritismo não deve ser vão. Para certos homens levianos, é uma diversão; para os homens sérios, deve ser sério.

Antes de tudo refleti numa coisa. Não estais na Terra para aí viver à maneira de animais, para aí vegetar à maneira de gramíneas ou de árvores. As gramíneas e as árvores têm a vida orgânica e não têm vida inteligente, como os animais não têm a vida moral. Tudo vive, tudo respira na Natureza, mas só o homem sente e se sente.

Como são insensatos e lamentáveis aqueles que se desprezam a ponto de comparar-se a um talo de erva ou a um elefante! Não confundamos os gêneros nem as espécies. Não são grandes filósofos nem grandes naturalistas que veem no Es­piritismo, por exemplo, uma nova edição da metempsicose, e sobretudo de uma metempsicose absurda. A metempsicose é o sonho de um homem criativo, nada mais que isto. Um animal, um vegetal produz o seu congênere, nem mais nem menos. Diga-se isto para impedir que velhas ideias falsas sejam propaladas à sombra do Espiritismo.

Homem, sede homem; sabei de onde vindes e para onde ides. Sois o filho amado daquele que tudo fez e vos deu um objetivo, um destino que deveis cumprir sem o conhecer absolutamente. Éreis necessário aos seus desígnios, à sua glória, à sua própria felicidade? Questões ociosas, porque insolúveis. Vós SOIS; sede reconhecidos por isto, mas ser não é tudo, é preciso ser segundo as leis do Criador, que são as vossas próprias leis. Lançado na existência, sois ao mesmo tempo causa e efeito. Nem como causa, nem como efeito, podeis, ao menos quanto ao presente, determinar o vosso papel, mas podeis seguir as vossas leis. Ora, a principal é esta: O homem não é um ser isolado; é um ser coletivo. O homem é solidário ao homem. É em vão que ele procura o complemento de seu ser, isto é, a felicidade em si mesmo ou naquilo que o cerca isoladamente, porque ele não pode encontrá-la senão no HOMEM ou na Humanidade. Então, nada fazeis para ser pessoalmente feliz, tanto que a infelicidade de um membro da Humanidade, de uma parte de vós mesmo, poderá vos afligir.

Isto que vos ensino é moral, direis vós. Ora, a moral é um velho lugar-comum. Olhai em torno de vós. O que há de mais ordinário, de mais comum que a sucessão periódica do dia e da noite; que a necessidade de vos alimentardes e de vos vestirdes? É para isso que tendem todos os vossos cuidados, todos os vossos esforços. Isso é necessário, pois a parte material do vosso ser o exige. Mas a vossa natureza não é dupla? Não sois mais espírito do que corpo? Então, como pode ser mais difícil para vós ouvir que se vos relembre as leis morais do que aplicar a todo instante as leis físicas? Se fosseis menos preocupados e menos distraídos, essa repetição não seria tão necessária.

Não nos afastemos de nosso assunto: O Espiritismo bem compreendido é para a vida da alma o que o trabalho material é para a vida do corpo. Ocupai-vos dele com esse objetivo, e ficai certos de que quando tiverdes feito, para o vosso melhoramento moral, a metade do que fazeis para melhorar a vossa existência material, tereis dado um grande passo para a humanização. 

Um Espírito.

Um comentário:

  1. O desenvolvimento pleno dessas atividades se dá com mais facilidade nos núcleos menores, de caráter familiar. “Os Centros oriundos de grupos familiares mostram-se mais coesos e mais abertos conservando a seiva fraterna de sua origem. É esse o clima de que necessitam os trabalhos doutrinários.”
    Sendo assim, devemos ter em mente que todos estamos trilhando o caminho do Progresso e no tempo certo chegaremos à compreensão correta da sublime função do Espiritismo junto à Humanidade. Mas, por enquanto, os que já percebemos a necessidade urgente da própria reforma íntima, a fim de que a Espiritualidade encontre em nós melhores condições de atuação no plano físico, contentemo-nos com esta sábia ponderação de Allan Kardec que, conhecendo muito bem a natureza humana, advertiu-nos: “o Espiritismo não é solidário com aqueles a quem apraza dizerem-se espíritas. Ele não reconhece como seus adeptos senão os que lhe praticam os ensinos, isto é, que trabalham por melhorar-se moralmente, esforçando-se por vencer os maus pendores, por ser menos egoístas e menos orgulhosos, mais brandos, mais humildes, mais caridosos para com o próximo, mais moderados em tudo, porque é essa a característica do verdadeiro espírita”.

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