Mostrando postagens com marcador comunicação mediúnica. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador comunicação mediúnica. Mostrar todas as postagens

quinta-feira, 1 de maio de 2014

Exame das comunicações medianímicas que nos são dirigidas

Por Allan Kardec 

Muitas  das  comunicações  nos  foram  dirigidas  de  diferentes  grupos,  seja  para  nos pedir a nossa opinião e nos colocar no estado de julgar suas tendências, seja, da parte de alguns, com esperança de vê-las aparecer na Revista; todas nos foram remetidas com a faculdade de dispormos delas como entendêssemos, para o bem da coisa. Delas fizemos o exame a classificação, e não se admirará da impossibilidade que temos de inseri-las to- das, quando souber-se que além daquelas que publicamos, há mais de três mil e seiscentas que, somente elas, teriam absorvido cinco anos completos da Revista, sem contar um certo número de manuscritos, mais ou menos volumosos, dos quais falaremos dentro em pouco. O relatório desse exame nos fornecerá o assunto de algumas reflexões das quais cada um poderá tirar seu proveito.

Entre elas, encontramos as notoriamente más pelo fundo e pela forma, produtos evidentes de Espíritos ignorantes, obsessores ou mistificadores, e que juram com os nomes mais  ou  menos  pomposos  com  os  quais  se  revestem;  publicá-las,  teria  sido  dar  armas fundadas à crítica. Uma circunstância digna de nota é que a totalidade das comunicações dessa categoria emana de indivíduos isolados e não de grupos. Soa fascinação poderia fazê-los tomar a sério e impedi-los de ver nelas o lado ridículo. O isolamento, como se sabe, favorece a fascinação, ao passo que as reuniões encontram um controle na pluralidade das opiniões.

No  entanto,  reconhecemos  com  prazer  que  as  comunicações  dessa  natureza  formam, na massa, uma pequena minoria; a maioria das outras encerram bons pensamentos e excelentes conselhos, mas não se segue que sejam todas boas para serem publicadas, e isto pelos motivos que vamos expor.

Os bons Espíritos ensinam quase a mesma coisa por toda a parte, porque por toda parte há os mesmos vícios a reformar e as mesmas virtudes a pregar; está aí um dos caracteres distintivos do Espiritismo; freqüentemente, a diferença não está senão na maior ou menor correção e elegância do estilo. Para apreciar as comunicações, com relação à publicidade, não é preciso vê-las de seu ponto de vista, mas no do público. Concebemos a satisfação que se sente em obter alguma coisa de bom, sobretudo em começando, mas, além de que certas pessoas possam se iludir sobre o mérito intrínseco, não se pensa que em cem outros lugares obtém-se coisas semelhantes, e o que é de um grande interesse individual pode ser a banalidade para a massa.

É preciso considerar, além disso, que há algum tempo as comunicações adquiriram, sob todos os aspectos, proporções e qualidades que deixam bem longe para trás aquelas que se obtinham há alguns anos; o que se admirava então parece pálido e mesquinho junto do que se obtém hoje. Na maioria dos centros verdadeiramente sérios, o ensino dos Espíritos aumentou com a compreensão do Espiritismo. Uma vez que por toda parte recebem-se  instruções  quase  idênticas,  sua  publicação  não  pode  interessar  senão  com  a condição de apresentar qualidades salientes, como forma ou como importância instrutiva, seria, pois, iludir-se crendo que toda coletânea deve achar leitores numerosos e entusiastas. Outrora, a menor conversa espírita era uma novidade que atraía a atenção; hoje, que os Espíritas e os médiuns não se contam mais, o que era uma raridade é um fato quase banal tornado hábito e que ficou distanciado pela amplitude e importância das comunicações atuais, como os deveres do escolar o são para o trabalho do adulto.

Temos sob os olhos a coleção de um jornal publicado no princípio das manifestações, sob o título de a Mesa falante, título característico da época; esse jornal teve, diz-se, de quinze a dezoito centenas de assinantes, cifra enorme para a época; ele continha uma multidão de pequenas conversas familiares e de fatos medianímicos que eram então um poderoso atrativo de curiosidade. Nele inutilmente procuramos alguma coisa para reproduzir em nossa Revista; tudo o que ali teríamos haurido seria hoje pueril e sem interesse. Se esse jornal não tivesse cessado de aparecer, por circunstâncias independentes do assunto, não teria podido viver senão com a condição de se colocar no nível do progresso  da  ciência,  e,  se  ele  reaparecesse agora  nas  mesmas  condições,  não  teria  cinqüenta assinantes. Os Espíritas são imensamente mais numerosos do que então, é verdade; mas são mais esclarecidos e querem um ensinamento mais substancial.

Se as comunicações não emanassem senão de um único centro, ninguém duvida de que os leitores se multiplicariam em razão do número de adeptos; mas não é preciso perder de vista que os focos que os produzem se contam por milhares, e que por toda a parte onde se obtêm coisas superiores, não se pode se interessar por aquilo que é fraco ou medíocre.

O que dizemos não é para desencorajar de fazer publicações, longe disso, mas para mostrar a necessidade de uma escolha rigorosa, condição sine qua non de sucesso; os Espíritos, elevando os seus ensinos, tornaram-nos difíceis e mesmo exigentes. As publicações locais podem ter uma imensa utilidade sob um duplo aspecto, o de difundir nas massas o ensino dado na intimidade, depois o de mostrar a concordância que existe nesse  ensinamento  sobre  diferentes  pontos;  as  aplaudiremos  sempre  e  as  encorajaremos todas as vezes que sejam feitas em boas condições.

Convém de início descartar tudo o que, sendo de um interesse privado, não interessa senão àquele que lhe concerne; depois, tudo o que é vulgar pelo estilo e pelos pensamentos, ou pueril pelo assunto; uma coisa pode ser excelente em si mesma, muito boa para dela fazer sua instrução pessoal, mas o que deve ser entregue ao público exige condições especiais; infelizmente o homem está inclinado a pensar que tudo o que lhe apraz deve aprazer aos outros; o mais hábil pode  se enganar, e tudo é se enganar o menos possível. Há Espíritos que se divertem em entreter essa ilusão em alguns médiuns; é porque não saberíamos muito recomendar a estes últimos de não relacioná-las ao seu próprio julgamento, e é nisso que os grupos são úteis, pela multiplicidade das opiniões que permitem recolher; aquele que, nesse caso, recusasse a opinião da maioria, se crendo mais iluminado que todos, provaria super abundantemente a má influência sob a qual se acha.

Fazendo aplicação destes princípios de ecletismo às comunicações que nos são dirigidas, diremos que, sobre três mil e seiscentas, há mais de três mil de uma moralidade irrepreensível e excelentes como fundo, mas que sobre esse número não há senão trezentas para a publicidade, e apenas cem de um mérito sem paralelo. Essas comunicações nos tendo vindo de um grande numero de pontos diferentes, disso inferimos que essa proporção deve ser quase real. Pode-se julgar por aí da necessidade de não publicar inconsideradamente tudo o que vem dos Espíritos, querendo-se atingir o objetivo que se propõe, tanto sob o aspecto material quanto o do efeito moral e "da opinião que os indiferentes podem se fazer do Espiritismo.

Resta-nos a dizer algumas palavras dos manuscritos ou trabalhos de grande fôlego que nos são dirigidos, entre os quais, sobre trinta deles não encontramos senão cinco ou seis tendo um valor real. No mundo invisível, como sobre a Terra, os escritores não faltam, mas os bons escritores são raros; tal Espírito está apto a ditar uma boa comunicação isolada, a dar um excelente conselho particular, que é incapaz de produzir um trabalho de conjunto completo podendo suportar o exame, quaisquer que sejam, aliás, as suas pretensões e o nome do qual lhe apraz se vestir, não é uma garantia; quanto mais esse nome é elevado, mais obriga; ora, é mais fácil tomar um nome do que justificá-lo; por isso, ao lado de alguns bons pensamentos, freqüentemente, encontram-se idéias as mais excêntricas e os traços, os menos equivocados, da mais profunda ignorância. Foram nessas espécies  de  trabalhos  medianímicos  que  notamos  o  mais  de  sinais  de  obsessão,  dos quais um dos mais freqüentes é a injunção da  parte do Espírito de fazê-los imprimir. E alguns pensam erradamente que tal recomendação basta para encontrar um editor interessado no negócio.

É  sobretudo  em  semelhante  caso  que  um  exame  escrupuloso  é  necessário,  não querendo se expor a fazer escola às suas custas; além disso, é o melhor meio de afastar os  Espíritos  presunçosos  e  pseudo-sábios  que  se  retiram  forçosamente  quando  não  acham instrumentos dóceis que possam fazer suas palavras serem aceitas como artigos de fé. A intromissão desses Espíritos nas comunicações é, fato conhecido, o maior escolho do Espiritismo. Não se saberia, pois, cercar-se muito de precauções para evitar as publicações lamentáveis; mais vale, em semelhante caso, pecar por excesso de prudência, no interesse da causa.

Em resumo, publicando-se as comunicações dignas de interesse, faz-se uma coisa útil; publicando aquelas que são fracas, insignificantes ou más, faz-se mais mal do que bem. Uma consideração não menos importante é a da oportunidade; umas há das quais a publicação seria intempestiva, e por isso mesmo nociva: cada coisa deve vir a seu tempo; várias daquelas que nos são dirigidas estão neste caso, e embora muito boas, devem ser adiadas; quanto às outras, acharão seu lugar segundo as circunstâncias e seu objeto.

Fonte: Revista Espírita - Sexto Ano - Maio 1863

terça-feira, 8 de outubro de 2013

Kardec ante a fecundidade mediúnica

Por Sergio Aleixo

Chico Xavier, o maior médium de todos os tempos? Divaldo Franco, seu sucessor? Exageros pueris. Desconhecimento das fontes histórico-doutrinárias do Espiritismo, ou franca discordância em relação às mesmas. Eis aqui uma prova, com a benção da lucidez kardeciana, ao traçar linha divisória entre a eventual excepcionalidade dos fenômenos (sim, providenciais) e a qualidade, porém, dos conteúdos por eles obtidos, coisa bem diversa. Matéria que deveria ser lida e relida pelo público espírita, em parte, assaz deslumbrado, místico e infantil. Nela, Kardec se refere a um jovem médium de que lhe falaram...

Esse jovem é, pois, um médium em toda a acepção da palavra, e dotado, além disso, de múltiplas faculdades, pois, ao mesmo tempo, é médium escrevente, falante, vidente, audiente, mecânico, intuitivo, inspirado, impressionável, sonâmbulo, médico, literato, filósofo, moralista, etc. [...] eis um médium completo, notável [...] Quanto ao valor desses documentos, a julgar pela amostra dos pensamentos ali contidos, certamente deve haver coisas excelentes. Serão todas boas? É uma outra questão. Sob esse aspecto, sua origem não é uma garantia de infalibilidade, considerando-se que os Espíritos, não sendo mais que as almas dos homens, não têm a soberana ciência. [...] Os espíritos fazem parte da humanidade e, até que tenham atingido o ponto culminante da perfeição, para o qual gravitam, estão sujeitos a enganar-se. É por isso que jamais se deve renunciar ao livre-arbítrio e ao raciocínio, mesmo em relação ao que vem do mundo dos espíritos; jamais se deve aceitar seja o que for de olhos fechados e sem o controle severo da lógica. Sem nada prejulgar sobre os documentos em questão, eles poderiam contar coisas boas ou más, verdadeiras ou falsas; por conseguinte, teríamos que fazer uma escolha judiciosa, para a qual os princípios da doutrina podem fornecer úteis indicações.[1]

Mas ai de quem, no movimento espírita brasileiro, fizer o que Kardec fez e aconselhou a fazerem os adeptos; ai de quem ousar aplicar os princípios da doutrina ao que dizem os gurus jesuíticos que assaltaram o kardecismo há décadas, farta munição para certas metralhadoras mediúnicas, máquinas reprográficas das maiores fascinações, que só ridicularizam o legado kardeciano por tabela, pois não o representam verdadeiramente, a despeito de se colocarem à sombra de seu prestígio e respeitabilidade.

Até quando permitiremos tudo isso, calados, em nome, aliás, de uma caridade que, em geral, desconhecemos nas mais comezinhas coisas? Doutrina de gigantes nas mãos de pigmeus, macacos em loja de louças, como disse o saudoso prof. J. Herculano Pires. Perdoem-me e ajam, insurjam-se, pelo amor de seus filhos ao menos.

[1] Revista Espírita. Nov/1867. Impressões de um Médium Inconsciente a Propósito do Romance do Futuro.

Fonte: Ensaios da Hora Extrema - http://ensaiosdahoraextrema.blogspot.com.br/2013/10/kardec-ante-fecundidade-mediunica.html

sexta-feira, 30 de agosto de 2013

[RE] - Homero

Por Allan Kardec

Estamos há muito tempo em relação com dois médiuns de Sens, tão distintos por suas faculdades quanto recomendáveis por sua modéstia, devotamento e pureza de intenções. Evitaríamos dizê-lo se não os soubéssemos inacessíveis ao orgulho, essa pedra de tropeço de tantos médiuns, contra a qual vieram quebrar-se tantas disposições felizes. É uma qualidade bastante rara, que merece ser assinalada. Pudemos assegurar-nos pessoalmente das simpatias que eles gozam entre os bons Espíritos. Mas, longe de se prevalecerem disso; longe de se julgarem os únicos intérpretes da verdade, e sem se deixarem ofuscar por nomes imponentes, aceitam com toda humildade e prudente reserva as comunicações que recebem, sempre as submetendo ao controle da razão. É o único meio de desencorajar os Espíritos enganadores, sempre à espreita de pessoas dispostas a aceitar sob palavra tudo quanto vem do mundo dos Espíritos, desde que subscrito por um nome respeitável. Aliás, eles nunca receberam comunicações frívolas, triviais, grosseiras ou ridículas, e jamais qualquer Espírito tentou inculcar-lhes ideias excêntricas ou impor-se como regulador absoluto. Ainda mais, o que prova tudo isto em favor dos Espíritos que os assistem são os sentimentos de verdadeira benevolência e verdadeira caridade cristã que eles inspiram aos seus protegidos. Tal é a impressão que nos ficou do que vimos, e nos sentimos felizes em proclamá-lo.

No interesse da conservação e do aperfeiçoamento de sua faculdade, fazemos votos que jamais caiam no engano dos médiuns que se julgam infalíveis. Não há um só que se possa gabar de jamais ter sido enganado. As melhores intenções não garantem sempre, e muitas vezes são uma prova para exercitar o julgamento e a perspicácia. Mas, a respeito dos que têm a infelicidade de se julgarem infalíveis, os Espíritos enganadores são muito hábeis para não deixar de tirar proveito. Fazem o que fazem os homens: exploram todas as fraquezas.

Entre as comunicações que esses senhores nos enviaram, a seguinte, assinada por Homero, sem ter nada de muito saliente relativamente às ideias, pareceu-nos merecer particular atenção, em razão de um fato notável que até certo ponto pode ser considerado como prova de identidade. Esta comunicação foi obtida espontaneamente e sem que o médium absolutamente pensasse no poeta grego. Ela deu lugar a diversas perguntas que também julgamos conveniente publicar.

Um dia o médium escreveu o seguinte, sem saber quem lho ditava:

“Meu Deus! Como são profundos os vossos desígnios e impenetráveis as vossas vistas! Em todos os tempos os homens têm procurado a solução de uma porção de problemas que ainda não foram resolvidos. Eu também procurei durante toda a minha vida, e não consegui resolver o que de todos parece o mais simples: o mal, aguilhão de que vos servis para impelir o homem a fazer o bem por amor. Ainda bem jovem, conheci os maus-tratos que os homens fazem sofrer uns aos outros, sem premeditação, como se o mal para eles fosse um elemento natural, posto não seja assim, desde que todos tendem para o mesmo fim, que é o bem. Estrangulam-se uns aos outros e, ao despertarem, constatam que feriram um irmão! Mas são esses os vossos desígnios e não nos cabe mudá-los. Só temos o mérito ou o demérito de haver resistido mais ou menos à tentação e, como sanção de tudo isto, o castigo ou a recompensa.

“Passei a juventude entre os caniços do Mélès; banhei-me e embalei-me muitas vezes em suas ondas. Por isso, na minha juventude, eu era chamado Melesígeno.”

1. Sendo este nome desconhecido, rogamos ao Espírito a bondade de explicá-lo de maneira precisa.

- Minha mocidade foi embalada nas ondas; a poesia me deu cabelos brancos. Eu sou aquele a quem chamais Homero.”

OBSERVAÇÃO: Grande foi a nossa surpresa, pois nenhuma ideia tínhamos desse apelido de Homero. Encontramo-lo depois no dicionário mitológico. Continuamos as perguntas.

2. Poderíeis dizer-nos a que devemos a felicidade de vossa visita espontânea, porque - e por isso vos pedimos perdão - absolutamente não pensávamos em vós neste momento.

- É porque venho às vossas reuniões, como se vai sempre aos irmãos que têm em vista fazer o bem.

3. Se ousássemos, pediríamos que nos falásseis dos últimos instantes de vossa vida terrena.

- Oh! meus amigos, Deus permita que não morrais tão infelizes quanto eu! Meu corpo finou-se na última das misérias humanas. A alma fica muito perturbada em tal estado. O despertar é mais difícil, mas também é muito mais belo! Oh! Como Deus é grande! Que ele vos abençoe! Eu o peço do fundo do coração.

4. Os poemas da Ilíada e da Odisseia, que nós temos, são exatamente aqueles que vós compusestes?

- Não. Eles foram alterados.

5. Várias cidades disputaram a honra de vos ter sido o berço. Poderíeis esclarecer-nos a respeito?

- Procurai a cidade da Grécia que possuía a casa do cortesão Cleanax. Foi ele que expulsou minha mãe do lugar do meu nascimento, porque ela não quis ser sua amante, e sabereis em que cidade vim à luz. Sim, elas disputaram essa suposta honra, mas não disputavam por me haverem dado hospitalidade. Oh! Eis os pobres humanos. Sempre futilidades; bons pensamentos, nunca!

OBSERVAÇÃO: O fato mais marcante desta comunicação é a revelação do apelido de Homero, e é tanto mais notável quanto os dois médiuns, que reconhecem e deploram a insuficiência de sua instrução, o que os obriga a viver do trabalho manual, não podiam ter a menor ideia a respeito. E tanto menos se pode atribuí-lo a um reflexo qualquer do pensamento, dado o fato de que no momento estavam sós.

A respeito disto, faremos outra observação: todo espírita sabe, por menos experimentado que ele seja, que alguma pessoa que soubesse o apelido de Homero e, o tendo evocado, se lhe tivesse pedido para dizê-lo, como prova de identidade, não o teria conseguido. Se as comunicações fossem apenas um reflexo do pensamento, como não diria e Espírito aquilo que sabemos, enquanto ele próprio diz aquilo que ignoramos? É que ele também tem a sua dignidade e a sua susceptibilidade, e quer provar que não está às ordens do primeiro curioso que apareça. Suponhamos que aquele que mais protesta contra o que chama capricho ou má vontade do Espírito, se apresente numa casa declinando o seu nome. Que faria, se o acolhessem e lhe pedissem à queima-roupa que provasse ser ele mesmo? Voltaria as costas. É o que fazem os Espíritos. Isto não quer dizer que se deva crer sob palavra, mas quando se querem provas de identidade, é preciso saber tratá-los tão bem como aos homens. As provas de identidade dadas espontaneamente pelos Espíritos são sempre as melhores.

Se nos estendemos tanto a propósito de um assunto que parece não comportar tantas considerações, é que nos parece útil não perder ocasião de chamar a atenção sobre a parte prática de uma ciência cercada de mais dificuldades do que se pensa, e que muitos julgam possuir porque sabem fazer bater uma mesa ou mover-se um lápis. Aliás, nós nos dirigimos aos que ainda julgam necessitar de conselhos, e não aos que, após alguns meses de estudo, pensam não mais necessitá-los. Se os conselhos que julgamos conveniente dar forem perdidos por alguns, sabemos que não o serão por todos, e que muitos os receberão com prazer.

Revista Espírita, novembro de 1860
Da equipe IPEAK

Lincoln e o Espiritismo – Parte II

Pelo Sr. Clémens

Inserimos, na edição anterior, a narrativa do Sr. Clémens, extraída do opúsculo “Da intervenção dos invisíveis na História Moderna”, sobre a primeira sessão espírita realizada na Casa Branca, com assistência do presidente Lincoln, e na qual se manifestou, pela boca da jovem médium Nettie Colburn, o Espírito do grande orador abolicionista, Daniel Webster.

A médium continuou a dar sessões em Washington, frequentadas por altas personalidades da República.

Reatamos aqui o fio da narrativa do Sr. Clémens:

“Certo dia, a Sra. Lincoln avisou a Miss Nettie que iria, em companhia de algumas pessoas, assistir a uma das suas sessões.

Na tarde desse mesmo dia, o “Espírito familiar” da médium anunciou que o presidente Lincoln compareceria também à sessão: mas as pessoas do seu círculo ficaram em dúvida, parecendo-lhes pouco provável que o presidente fosse a uma casa particular para assistir a uma “sessão espírita”.

Quando, porém, o carro presidencial parou, ao aproximar-se a hora da sessão, à porta de Miss Nettie, o Sr. Laurie foi ao encontro de Lincoln, dizendo-lhe:

– Seja bem vindo, Sr. Presidente; já o esperávamos.

– Como me esperavam, se há poucos minutos, eu não sabia que tinha de vir aqui?

Lincoln acabara de conferenciar com os ministros, e encontrando-se com a esposa, prestes a sair com alguns amigos, perguntou-lhe maquinalmente onde ia.

– A uma sessão, em casa de Nettie – foi a resposta.

– Espere um pouco; irei também. Assim narrou Lincoln o incidente, sublinhando a surpresa que lhe causaram as palavras do Sr. Laurie. Foi-lhe comunicada então a referida passagem, anunciando antecipadamente a sua vinda.

Mostrando-se satisfeito, Lincoln, depois de ouvir um pouco de música, perguntou a Miss Nettie “se não tinha alguma comunicação a fazer-lhe”.

– Talvez “os outros” queiram falar-vos, respondeu a moça.

Um “terceiro”, com efeito, falou, e não era um desconhecido. Era aquele que na Terra foi o Dr. Bamford, e que agora, Espírito liberto, se incorporava à médium, falando com o seu antigo modo de falar. A sua linguagem franca inspirava confiança a todos, Lincoln inclusive.

Veremos como essa confiança era bem fundada, como a sessão, de que ora nos ocupamos, é digna de ser rememorada. Um invisível dá conselhos ao chefe de um grande Estado e prescreve-lhe um ato de que ninguém havia cogitado, e, caso notável, o supremo magistrado da República, na plenitude de suas forças, com a sua vasta e culta inteligência e largo descortino de estadista, julga bons os conselhos, segue-os à risca, reconhecendo a intervenção direta de uma potência extra-normal, obedecendo-lhe.

Dupla lição.

Naqueles dias, grande era o desassossego do povo americano. A situação do exército não era a de quem vencia...

O presidente estava sitiado por todos os lados, sofrendo pressão do seu próprio partido, para ceder às exigências dos escravagistas. O Congresso não era favorável à libertação.

Tempos verdadeiramente sombrios.

Foi então que o “Dr. Bamford” tomou a palavra.

Falou longamente, pela boca de Miss Nettie, sobre a situação do exército. Declarou que regimentos inteiros estavam dispostos a depor as armas e voltar para os lares; que a ordem e a disciplina haviam abandonado as fileiras, estando iminentes gravíssimas perturbações...

Os assistentes pareciam consternados, salvo Lincoln que, reconhecendo exatas as informações sobre o exército, perguntou ao Dr. Bamford se não podia indicar algum remédio para melhorar-lhe a situação.

– Sim, disse o doutor, se tiverdes a coragem de empregá-lo.

– Ponha-me à prova, respondeu Lincoln, sorrindo.

– “O que vos tenho a dizer, continuou o Dr. Bamford, é tão simples que sereis levado a supor que a medida é insuficiente, à vista das atuais circunstâncias. O que é, entretanto, certo é que o meio para conjurar o perigo só de vós depende; está em vossas mãos. Ide, em pessoa, visitar o exército; ide só, levando apenas vossa mulher e filhos. Nada de oficiais convosco; nenhuma escolta.

“Ide com toda a simplicidade e falai aos soldados. Perguntai-lhes quais são as suas queixas; mostrai-vos como sois na realidade: o pai do vosso povo.

“Procurai fazer compreender aos soldados que vos interessam as suas provações, as suas queixas, as suas mágoas, as suas desventuras, depois de tantos combates, depois de tantas marchas difíceis através das regiões pantanosas, onde caíram mortos tantos companheiros.

“E, para evitar o perigo iminente, é preciso que amanhã mesmo seja publicada a notícia de vossa visita ao exército.

O Dr. Bamford discorreu em seguida sobre a guerra, em geral; predisse-lhe o fim e que Lincoln, dentro de dois anos, seria reeleito (1).

Quando o doutro acabou de falar, perguntaram a Lincoln se os negócios do país estavam assim tão comprometidos.

O presidente respondeu que não havia exageração, e, exigindo dos assistentes que guardassem silêncio e nada revelassem, acrescentou, apontando para um oficial:

– Este oficial bem sabe, porque acaba de dar-me informações sobre a situação do exército. É exato o que nos disse o Dr. Bamford. Sobre esse assunto versou hoje a conferência ministerial, e, ao encerrá-la, não sei porque resolvi acompanhar minha mulher até aqui. Julgo ser o conselho do doutor o melhor possível; tenho observado que fatos aparentemente de pequena importância têm muitas vezes grande influência nos acontecimentos...

O presidente assim falou, como se estivesse pensando em voz alta, em solilóquio, sem se preocupar com as pessoas que, em respeitoso silêncio, o ouviam.

No dia seguinte – era um domingo – a Gazeta anunciou, em grandes letras, a próxima visita do presidente, com a família, ao exército, demonstrando assim que os conselhos do Dr. Bamford tinham sido seguidos à risca.
Essa visita é um fato histórico e produziu os melhores resultados.

Os soldados ouviram Lincoln e o carregaram sobre os ombros através do acampamento, fazendo-lhe extraordinária ovação.

Grande foi o entusiasmo popular.

O presidente deixou o exército unido, tendo-o animado e fortalecido.

As intrigas oposicionistas tinham-se infiltrado nas fileiras. Os adversários haviam assoalhado que os representantes do governo levavam, em Washington, uma vida de luxo, de dissipação e de prazeres, enquanto as tropas eram sacrificadas nessa terrível luta.

Eis aí porque o Dr. Bamford aconselhou a visita nos termos indicados para que Lincoln se apresentasse ao exército com a sua grande simplicidade e bondade, com toda a grandeza de sua alma.

Registremos aqui que a Sra. Lincoln, que tinha grande confiança na predição do Espírito e concorrido para a visita, ficou realmente satisfeita com o feliz resultado obtido.”

Clémens

_______________________________________________

(1) O presidente foi efetivamente reeleito, em 1865.

Fonte: Reformador, ano LXV, número 5, Maio de 1947, páginas 17-18.

quinta-feira, 29 de agosto de 2013

Lincoln e o Espiritismo

Pelo Sr. Clémens

Miss Nettie Colburn morava em Albany, onde fazia sessões, falando os Espíritos por seu intermédio.

Era considerada pessoa muito simples, tímida e perfeitamente honesta.

Durante a guerra de secessão, seu irmão, havendo adoecido, obteve licença, mas perdeu o respectivo documento. Nettie, que tinha vindo a Washington, em companhia da mãe, para cuidar do enfermo, ficou muito aflita, porque a perda da licença o obrigava a voltar ao serviço para justificar a falta.

Achava-se ela em casa de correligionários, e estes conheciam alguém que, na Casa Branca, muito se interessava pelos fenômenos espíritas. 

Era a própria esposa do presidente, a qual entretinha relações com alguns médiuns.

Falaram-lhe na jovem Nettie que, em estado de inconsciência, fazia curiosas revelações.

A mulher do presidente manifestou desejo de vê-la, e como Nettie se lhe apresentasse com os olhos avermelhados pelas lágrimas, que a ocorrência relativa ao irmão fazia-a verter, foram logo tomadas as necessárias providências para ser sanada a falta. 

Miss Nettie, a quem essa boa notícia restituiu a tranqüilidade, achava-se em ótimas condições para realizar a sessão, e, depois de ouvi-la, a senhora Lincoln pediu-lhe que ficasse em Washington, a fim de apresentá-la ao marido.

Refere a nossa médium, na história de sua vida, a grande comoção que sentira, quando, toda trêmula, se apresentou nessa recepção, em palácio, no qual devia encontrar o primeiro magistrado da República.

Entretanto, quem a recebia com muita amabilidade era a senhora Lincoln, e a apresentava em seguida a duas outras pessoas.

Esperavam o presidente, que já tardava.

A amiga de Nettie, a senhora Milles, que também era médium de fenômenos físicos, sentiu-se impelida para o piano, que se achava aberto.

Sentou-se ao mesmo e, durante algum tempo, ficou com os dedos imóveis sobre as teclas à espera da ação dos Espíritos...De repente, fez ouvir uma marcha triunfal, tocada como se fosse por mão de mestre. Às últimas notas, Miss Nettie olha fixamente para a porta: entrava o presidente.

Ele fez algumas perguntas à médium que, perturbada e confusa, como uma acanhada menina de escola, respondeu-lhe com os monossílabos “sim” e “não”.

- Afinal, inquire o presidente, de que modo procedeis para falar “aos Espíritos”?

Intervém então a amiga de Nettie, sugerindo a ideia de formar-se um círculo, não havendo, porém, a necessidade da cadeia de mãos, como se costumava praticar. Foram estas as últimas palavras ouvidas pela jovem Nettie, que caiu logo em estado de inconsciência.

Eis o que se passou em seguida:

Essa franzina mocinha, que, ainda há pouco, comovida e tímida, não ousava articular outras palavras mais que “sim” e “não”, quando a interrogava o presidente, dirigiu-se ao mesmo e falou-lhe com voz firme.

A princípio ocupou-se de certos assuntos, que somente Lincoln parecia compreender. Depois a voz adquirindo um acento forte e másculo, abordou o problema do dia – a Proclamação da Emancipação, declarando ao presidente que não modificasse de modo nenhum as suas intenções, e, servindo-se de uma linguagem enérgica e solene, intimou o chefe da nação para que a data da proclamação não ultrapassasse o final do ano (1), devendo ser esse ato o coroamento de sua legislatura e de sua vida.

“Cumpre não dar ouvidos, dizia a inspirada, àqueles que aconselham o adiamento; cumpre permanecer firme em suas convicções, executar a tarefa, realizar enfim a missão que a Providência lhe há confiado.”

Declararam testemunhas presenciais que “com tanta majestade foram pronunciadas as últimas palavras, com tanta eloquência e em termos tão nobres e alevantados que pareciam ordens emanadas de algum arcanjo”.

Voltando ao estado normal, Miss Nettie deparou com o presidente, que se assentara e, de braços cruzados, fixava-lhe o olhar admirado.

Cheia de perturbação, a médium, procurando recordar-se do lugar em que se achava, afasta-se, no meio do profundo silêncio que todos guardavam.

Afinal, um dos assistentes, amigo íntimo de Lincoln, perguntou-lhe à meia voz se não havia notado alguma coisa de especial no modo de discorrer do orador, a quem acabavam de ouvir. O presidente teve um estremecimento, como se saísse de um sonho, e, erguendo a mão – foi esta a sua silenciosa resposta – apontou para um retrato que pendia da parede.

O retrato era do ardente chefe de partido, o grande Daniel Webster, cuja eloquência irresistível vibrara outrora no Senado e sempre sobre o interminável problema da escravidão.

- Se não me julgais indiscreto, murmurou o Sr. Somes, poderei perguntar se efetivamente, Sr. Presidente, houve pressão, como a voz revelou, para ser adiada a proclamação?

Com um sorriso benévolo, respondeu Lincoln:

- Nas atuais circunstâncias a pergunta vem muito a propósito. Posso dizer que me é preciso empregar toda a minha vontade e todos os meus esforços para resistir a essa pressão que exige o adiamento...

E, voltando-se para a jovem médium, disse:

- Minha filha, possuis um dom verdadeiramente extraordinário. Que ele venha de Deus, não o duvido. Agradeço a vossa vinda até aqui, esta noite. É mais importante do que podem supor todas as outras pessoas presentes. Espero ainda ver-vos.

E retirou-se.

(De L’Intervention des Invisibles, dams  l’Histoire Moderne).

(1) Era em setembro de 1862. A proclamação foi publicada em primeiro de Janeiro de 1863.
(2) O presidente Lincoln foi assassinado no teatro, em Washington, pelo ator Booth, no dia 14 de Abril de 1865.

Fonte: Reformador, Ano LXV, número 4, Abril 1947, p.15-16.

quarta-feira, 15 de maio de 2013

[RE] - A solidariedade


Revista Espírita, março de 1867 - Dissertações espíritas

Paris, 26 de novembro de 1866 - Médium, Sr. Sabb...

Glória a Deus e paz aos homens de boa vontade!

O estudo do Espiritismo não deve ser vão. Para certos homens levianos, é uma diversão; para os homens sérios, deve ser sério.

Antes de tudo refleti numa coisa. Não estais na Terra para aí viver à maneira de animais, para aí vegetar à maneira de gramíneas ou de árvores. As gramíneas e as árvores têm a vida orgânica e não têm vida inteligente, como os animais não têm a vida moral. Tudo vive, tudo respira na Natureza, mas só o homem sente e se sente.

Como são insensatos e lamentáveis aqueles que se desprezam a ponto de comparar-se a um talo de erva ou a um elefante! Não confundamos os gêneros nem as espécies. Não são grandes filósofos nem grandes naturalistas que veem no Es­piritismo, por exemplo, uma nova edição da metempsicose, e sobretudo de uma metempsicose absurda. A metempsicose é o sonho de um homem criativo, nada mais que isto. Um animal, um vegetal produz o seu congênere, nem mais nem menos. Diga-se isto para impedir que velhas ideias falsas sejam propaladas à sombra do Espiritismo.

Homem, sede homem; sabei de onde vindes e para onde ides. Sois o filho amado daquele que tudo fez e vos deu um objetivo, um destino que deveis cumprir sem o conhecer absolutamente. Éreis necessário aos seus desígnios, à sua glória, à sua própria felicidade? Questões ociosas, porque insolúveis. Vós SOIS; sede reconhecidos por isto, mas ser não é tudo, é preciso ser segundo as leis do Criador, que são as vossas próprias leis. Lançado na existência, sois ao mesmo tempo causa e efeito. Nem como causa, nem como efeito, podeis, ao menos quanto ao presente, determinar o vosso papel, mas podeis seguir as vossas leis. Ora, a principal é esta: O homem não é um ser isolado; é um ser coletivo. O homem é solidário ao homem. É em vão que ele procura o complemento de seu ser, isto é, a felicidade em si mesmo ou naquilo que o cerca isoladamente, porque ele não pode encontrá-la senão no HOMEM ou na Humanidade. Então, nada fazeis para ser pessoalmente feliz, tanto que a infelicidade de um membro da Humanidade, de uma parte de vós mesmo, poderá vos afligir.

Isto que vos ensino é moral, direis vós. Ora, a moral é um velho lugar-comum. Olhai em torno de vós. O que há de mais ordinário, de mais comum que a sucessão periódica do dia e da noite; que a necessidade de vos alimentardes e de vos vestirdes? É para isso que tendem todos os vossos cuidados, todos os vossos esforços. Isso é necessário, pois a parte material do vosso ser o exige. Mas a vossa natureza não é dupla? Não sois mais espírito do que corpo? Então, como pode ser mais difícil para vós ouvir que se vos relembre as leis morais do que aplicar a todo instante as leis físicas? Se fosseis menos preocupados e menos distraídos, essa repetição não seria tão necessária.

Não nos afastemos de nosso assunto: O Espiritismo bem compreendido é para a vida da alma o que o trabalho material é para a vida do corpo. Ocupai-vos dele com esse objetivo, e ficai certos de que quando tiverdes feito, para o vosso melhoramento moral, a metade do que fazeis para melhorar a vossa existência material, tereis dado um grande passo para a humanização. 

Um Espírito.

terça-feira, 12 de março de 2013

Estilo de las buenas comunicaciones


Revista Espírita, Octubre de 1862 – Disertaciones espiritas

Buscad, en la palabra, la sobriedad y la concisión; pocas palabras, muchas cosas. el lenguaje es como la armonía: cuanto más quisiéramos tornarla rebuscada, menos melodioso será.la verdadera ciencia es siempre aquella que toca, no a algunos sibaritas llenos de si, más si  a la masa inteligente que desde hace mucho tiempo es desviada del verdadero camino bello, que es el de la sencillez. A ejemplo de Su Maestro, los  discípulos de Cristo habían adquirido ese profundo saber de bien hablar, con sobriedad y concisión, y sus discursos, como los del Maestro, era marcado por esa delicadeza, por esa profundidad que en nuestros días, en una época en que todo miente a nuestro alrededor, aun se escuchan las voces de Cristo y de sus apóstoles, modelos inimitables de concisión y de precisión.

Más la verdad descendió de lo alto. Como los apóstoles de los primeros días de la era cristiana, los Espíritus superiores vienen a enseñar y dirigir. El Libro de los Espíritus es toda una revolución, porque es conciso y sobrio: pocas palabras, con mucha cosa; nada de flores de retorica; nada de imágenes, más si apenas pensamientos grandes y profundos, que consuelan y fortalecen. Es por eso que el agrada, y agrada porque es fácilmente comprendido. Es el cuño de superioridad de los Espíritus que lo dictaron.

¿Por qué hay tantas comunicaciones vanidad de Espíritus que se dicen superiores, impugnadas de insensatez, de frases resaltadas y floridas, una página para no decir nada? Tened la certeza de que no son Espíritus Superiores, más si seudosabios, que juzgan   producir efecto,  sustituyendo por palabras el vacio de las ideas, la profundidad del pensamiento por la oscuridad. Ellos no pueden seducir sino a los cerebros huecos como los suyos, que toman el  oropel puro y juzgan la belleza de la mujer por el brillo de sus aderezos.

Desconfiad pues, de los Espíritus verbosos, de lenguaje empollado  y confuso que exige darle a lacabeza para ser comprendidos. Reconoced la verdadera superioridad por el estilo conciso, claro e inteligible sin esfuerzo de imaginación. No midáis la importancia de las comunicaciones por su extensión,  más si por la suma de ideas que encierran en pequeño espacio. Para tener el tipo de la superioridad real, contad las palabras y las ideas, me refiero a las ideas justas, sanas y lógicas – y la comparación os dará la exacta medida. 

BARBARET (Espírito familiar). 

(Sociedad Espírita de Paris, 8 de agosto de 1862 - médium: Sr. Leymarie

Tradução: Mercedes Cruz

Clique aqui para a versão em português.

quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

Estilo das boas comunicações

Revista Espírita, outubro de 1862 - Dissertações espíritas

Buscai, na palavra, a sobriedade e a concisão; poucas palavras, muita coisa. A linguagem é como a harmonia: quanto mais quisermos torná-la rebuscada, menos melodiosa será. A verdadeira ciência é sempre aquela que toca, não alguns sibaritas cheios de si, mas a massa inteligente que desde muito tempo é desviada do caminho do verdadeiro belo, que é o da simplicidade. A exemplo de seu Mestre, os discípulos do Cristo haviam adquirido esse profundo saber de bem falar, com sobriedade e concisão, e seu discurso, como o do Mestre, era marcado por essa delicadeza, por essa profundeza que em nossos dias, numa época em que tudo mente ao nosso redor, ainda fazem as grandes vozes do Cristo e dos apóstolos, modelos inimitáveis de concisão e de precisão.

Mas a verdade desceu do alto. Como os apóstolos dos primeiros dias da era cristã, os Espíritos superiores vêm ensinar e dirigir. O Livro dos Espíritos é toda uma revolução, porque é conciso e sóbrio: poucas palavras, muita coisa; nada de flores de retórica; nada de imagens, mas apenas pensamentos grandes e fortes, que consolam e fortalecem. É por isso que ele agrada, e agrada porque é facilmente compreendido. Eis o cunho da superioridade dos Espíritos que o ditaram.

Por que há tantas comunicações vindas de Espíritos que se dizem superiores, refertas de insensatez, de frases inchadas e floridas, uma página para nada dizer? Tende certeza de que não são Espíritos superiores, mas pseudossábios, que julgam produzir efeito, substituindo por palavras o vazio das ideias, a profundeza do pensamento pela obscuridade. Eles não podem seduzir senão os cérebros ocos como os seus, que tomam o ouropel pelo ouro puro e julgam a beleza da mulher pelo brilho de seus adereços.

Desconfiai, pois, dos Espíritos verbosos, de linguagem empolada e confusa que exige tratos à bola para compreender. Reconhecei a verdadeira superioridade pelo estilo conciso, claro e inteligível sem esforço de imaginação. Não meçais a importância das comunicações por sua extensão, mas pela soma de ideias que encerram em pequeno espaço. Para ter o tipo da superioridade real, contai as palavras e as ideias - refiro-me às ideias justas, sadias e lógicas - e a comparação vos dará a exata medida.

BARBARET (Espírito familiar).

(Sociedade Espírita de Paris, 8 de agosto de 1862 - médium: Sr. Leymarie)

quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

Manifestação do Espírito dos Animais


(Revista Espírita, maio de 1865 - Questões e problemas)

Escrevem-nos de Dieppe:

“... Caro senhor, parece-me que chegamos a uma época em que devem realizar-se coisas incríveis. Não sei o que pensar de um dos mais estranhos fenômenos que acaba de verificar-se em minha casa. Nos tempos de ceticismo em que vivemos, dele não ousaria falar a ninguém, temendo que me tomem por um alucinado. Mas, caro senhor, com o risco de trazer aos vossos lábios o sorriso da dúvida, quero contar-vos o fato. Em aparência fútil, no fundo talvez seja mais sério do que se poderia pensar.

“Meu pobre filho, falecido em Boulogne-sur-Mer, onde conti­nuava seus estudos, tinha um linda galga que tínhamos edu­cado com extremo cuidado. Na sua espécie era a mais adorável criaturinha que se pudesse imaginar. Nós a queríamos como se ama tudo o que é belo e bom. Ela nos compreendia pelo gesto, assim como pelo olhar. A expressão de seus olhos era tal que parecia que fosse responder quando lhe dirigíamos a palavra.

“Depois da morte de seu jovem dono, a pequena Mika - tal era o seu nome - me foi trazida para Dieppe e, conforme seu hábito, dormia aquecida aos meus pés, em minha cama. No inverno, quando o frio castigava muito, ela se levantava, dava um pequeno gemido de extrema doçura, o que era sua maneira de formular um pedido e, compreendendo o que ela desejava, eu permitia que viesse pôr-se ao meu lado. Então ela se estendia como podia entre dois panos, com o focinho em meu pescoço, que tomava por travesseiro, e dormia, como os felizes da Terra, recebendo meu calor, comunicando-me o seu, o que aliás não me desagradava. Comigo a pobre pequenina passava dias felizes. Mil coisas boas não lhe faltavam, mas, em setembro último, adoeceu e morreu, a despeito dos cuidados do veterinário a quem eu a confiava. Muitas vezes falávamos dela, minha mulher e eu, e a lamentávamos quase como um filho amado, tanto ela havia sabido, pela suavidade, pela inteligência e por seu apego fiel, cativar nossa afeição.

“Há pouco tempo, pelo meio da noite, estando deitado mas sem dormir, ouvi partir dos pés de meu leito aquele pequeno gemido que soltava minha pequena cadelinha quando queria alguma coisa. Fiquei de tal modo chocado que estendi o braço para fora do leito, como para atraí-la a mim, e julguei mesmo que ia sentir suas carícias. Ao me levantar de manhã, contei o caso a minha mulher, que me disse: ‘Ouvi a mesma voz, não uma, mas duas vezes. Parecia vir da porta do meu quarto. Meu primeiro pensamento foi que nossa cadelinha não estava morta, e que, foragida da casa do veterinário, que dela se havia apropriado por causa da sua delicadeza, buscava voltar para nossa casa.’

“Minha pobre filha doente, que tem sua caminha no quarto de sua mãe, afirma também ter ouvido. Apenas lhe pareceu que a voz não partia da porta de entrada, mas do próprio leito de sua mãe, que é juntinho da porta.

“Devo dizer-vos, caro senhor, que o quarto de minha mulher fica acima do meu. Esses sons estranhos viriam da rua, como pensa minha mulher, que não partilha de minhas convicções espíritas? É impossível. Vindos da rua, esses sons tão suaves não teriam chegado ao meu ouvido, pois sou tão surdo que, mesmo no silêncio da noite, não escuto o ruído de uma berlinda que passa. Não escuto nem mesmo a voz do trovão durante uma tempestade. Por outro lado, se o som da voz tivesse vindo da rua, como explicar a ilusão de minha mulher e de minha filha, que julgaram ouvi-lo como se viesse de um ponto totalmente oposto, da porta de entrada, por minha mulher, do leito desta por minha filha?

“Confesso, caro senhor, que esses fatos, embora se refiram a um ser privado de razão, me fazem refletir singularmente. Que pensar disto? Nada ouso decidir e não posso me estender muito a respeito. Mas eu me pergunto se o princípio imaterial, que deve sobreviver nos animais como no homem, não adquiriria, em certo grau, a faculdade de comunicação, como a alma humana. Quem sabe! Conhecemos todos os segredos da Natureza? Evidentemente não. Quem explicará a lei das afinidades? Quem explicará as leis da repulsão? Ninguém! Se a afeição, que é do domínio do sentimento, como o sentimento é do domínio da alma, possui em si uma força atrativa, que haveria de admirável se um pobre animalzinho em estado imaterial se sentisse arrastado para onde o leva sua afeição? Mas o som da voz, perguntarão, como admiti-lo; e se se faz ouvir uma, duas vezes, por que não todos os dias? Esta objeção pode parecer séria, contudo, seria desarrazoado pensar que esse som não possa produzir-se fora de certas combinações de fluidos que, reunidos, agem num sentido qualquer, como em química há certas efervescências, certas explosões, por força da mistura de tais ou quais elementos? Se essa hipótese parece fundada ou não, não a discuto. Direi apenas que pode estar nas coisas possíveis e, sem ir mais adiante, acrescentarei que constato um fato apoiado num tríplice testemunho, e que se o fato se produziu é porque pôde produzir-se. Além disto, esperemos que o tempo nos esclareça e talvez não tardemos a ouvir falar de fenômenos da mesma natureza.”

 ***

Nosso honrado correspondente faz bem em não considerar definitivamente resolvida a questão. De um fato único, que além disso não passa de uma probabilidade, ele não tira uma conclusão absoluta. Ele constata e observa, esperando que a luz se faça. Assim o quer a prudência. Os fatos deste gênero não são ainda bastante numerosos nem suficientemente comprovados para deles deduzir-se uma teoria afirmativa ou negativa. A questão do princípio e do fim do Espírito dos animais apenas começa a surgir, e o fato de que se trata a ela se liga essencialmente. Se não for uma ilusão, pelo menos constata o elo de afinidade que existe entre o Espírito dos animais, ou melhor, de certos animais e o do homem. Aliás, parece positivamente provado que há animais que veem os Espíritos e com estes se impressionam. Temos relatado vários exemplos na Revista, entre outros o do Espírito e o cãozinho, no número de junho de 1860. Se os animais veem os Espíritos, evidentemente não é pelos olhos do corpo. Então, também eles têm uma espécie de visão espiritual.

Até agora a Ciência apenas constatou as relações fisiológicas entre o homem e os animais. Ela nos mostra, no físico, todos os elos da cadeia de seres sem solução de continuidade. Entretanto, entre o princípio espiritual dos dois Espíritos havia um abismo. Se os fatos psicológicos, melhor observados, vêm lançar uma ponte sobre esse abismo, será um novo passo para a unidade da escala dos seres e da criação. Não é por meio de sistemas que se poderá resolver esta grave questão, mas pelos fatos. Se deve sê-lo um dia, o Espiritismo, criando a psicologia experimental, é o único que lhe poderá fornecer os meios. Em todo o caso, se existem pontos de contacto entre a alma animal e a alma humana, estes não podem ser, no caso da alma animal, senão da parte dos mais adiantados. Um fato importante a constatar é que, entre os seres do mundo espiritual, jamais se fez menção de que existissem Espíritos de animais. Disso pareceria resultar que aqueles não conservam a sua individualidade após a morte e, por outro lado, que a pequena galga, que se teria manifestado, pareceria provar o contrário.

De acordo com isto, vê-se que a questão ainda está pouco adiantada, e não se deve forçar a sua solução. Tendo sido lida a carta acima na Sociedade de Paris, a respeito foi dada a seguinte comunicação.

(Paris, 21 de abril de 1865 ─ Médium, Sr. E. Vézy) 

Esta noite vou tocar em grave questão, falando-vos das relações que podem existir entre a animalidade e a humanidade. Mas neste recinto, quando, pela primeira vez, minhas instruções vos ensinavam a solidariedade de todas as existências e as afinidades entre elas existentes, elevou-se um murmúrio numa parte desta assembleia, e eu me calei. Deveria fazer o mesmo hoje, a despeito de vossas perguntas? Não, porque enfim eu vos vejo entrar na via que eu vos indicava.

Mas tudo não se limita apenas em crer no progresso incessante do Espírito, embrião na matéria, desenvolvendo-se ao passar pela peneira do mineral, do vegetal, do animal, para chegar à humanimalidade, onde começa a ensaiar-se sozinha a alma que se reencarnará, orgulhosa de sua tarefa, na humanidade. Entre essas diversas fases existem laços importantes, que é necessário conhecer, e que chamarei períodos intermediários ou latentes, porque é aí que se operam as transformações sucessivas. Eu vos falarei mais tarde dos laços que unem o mineral ao vegetal, o vegetal ao animal. Considerando-se que um fenômeno que vos causa admiração nos leva aos laços que ligam o animal ao homem, vou tratar convosco acerca destes últimos.

Entre os animais domésticos e o homem, as afinidades são produzidas pelas cargas fluídicas que vos rodeiam e sobre eles recaem. É um pouco a humanidade que influi sobre a animalidade, sem alterar as cores de uma ou da outra. Daí essa superioridade inteligente do cão sobre o instinto brutal do animal selvagem, e é só a esta causa que poderão ser devidas essas manifestações que vos acabam de ler. Assim, não se enganaram ouvindo um grito alegre do animal reconhecido pelos cuidados de seu dono, vindo, antes de passar ao estado intermediário de um desenvolvimento a outro, trazer-lhe uma lembrança. Assim, a manifestação pode dar-se, mas é passageira, porque o animal, para subir um degrau, necessita de um trabalho latente que aniquile, para todos, qualquer sinal exterior de vida. Esse estado é a crisálida espiritual onde se elabora a alma, perispírito informe, não tendo nenhuma figura reprodutiva de traços, quebrando-se num estado de maturidade, para deixar escapar, nas correntes que a arrastam, os germes de almas que aí eclodem. Assim, ser-nos-ia difícil falar-vos dos Espíritos de animais no espaço, pois não existem, ou antes, sua passagem é tão rápida que é como se fosse nula, e no estado de crisálida eles não poderiam ser descritos.

Já sabeis que nada morre da matéria que sucumbe. Quando um corpo se dissolve, os diversos elementos de que ele é composto reclamam a parte que lhe deram. Oxigênio, hidrogênio, azoto e carbono voltam ao seu foco primitivo para alimentar outros corpos. Dá-se o mesmo com a parte espiritual: Os fluidos organizados espirituais, à passagem, tomam cores, perfumes, instin­tos, até a constituição definitiva da alma.

Compreendeis-me bem? Sem dúvida eu necessitaria explicar-me melhor, mas, para terminar esta noite e não vos deixar supor o impossível, asseguro-vos que o que é do domínio da inteligência animal não pode reproduzir-se pela inteligência humana, isto é, que o animal, seja qual for, não pode traduzir seu pensamento pela linguagem humana. Suas ideias são apenas rudimentares. Para ter a possibilidade de exprimir-se, como faria o Espírito de um homem, ele necessitaria de ideias, de conhecimentos e de um desenvolvimento que ele não tem nem pode ter. Tende, pois, como certo, que nem o cão, nem o gato, nem o burro, nem o cavalo ou o elefante podem manifestar-se por via mediúnica. Os Espíritos chegados ao grau da humanidade, e só eles, podem fazê-lo, e ainda em razão de seu adiantamento, porque o Espírito de um selvagem não vos poderá falar como o de um homem civilizado. 

OBSERVAÇÃO: Estas últimas reflexões do Espírito foram motivadas pela citação, feita na sessão, de pessoas que pretendiam ter recebido comunicações de diversos animais. Como explicação do fato precitado, sua teoria é racional, e no fundo ela está em concordância com a que hoje prevalece nas instruções dadas na maior parte dos centros. Quando tivermos reunido documentos suficientes, resumi-los-emos num corpo de doutrina metódico, que será submetido ao controle universal. Até lá são apenas balizas postas no caminho, para clareá-lo.

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

Reflexiones Acerca de la Publicación de las Comunicaciones Mediúmnicas


Por Anderson Santiago

Kardec relata en  Obras Póstumas  que uno de los primeros resultados de sus observaciones  fue percibir que los Espíritus  no poseían  ni soberana sabiduría,  ni soberana ciencia, como   rezaba en la cultura popular.  Ellos  no eran nada  más que las almas  de los hombres  que vivieron aquí.  Es por esto  que afirma que “esta verdad,  reconocida desde el principio,  le preservo del peligro de creer en la infalibilidad de ellos y lo libro de formular  teorías prematuras sobre los dictados  de  uno o de algunos. “ [1]

Fue esta la postura adoptada por el codificador  durante  los quince años en que estuvo envuelto  con los asuntos espiritas. Una postura sensata, madura y que merece ser copiada en los días de hoy. ¿Y en cuantos centros espiritas podemos observar tal postura en los días actuales? ¡Muy pocos! ¿En tiempo de las vacas gordas, como las actuales, donde las obras espiritas (y hasta las que se hacen pasar  por espiritas…)  ganan espacio   en la prensa  y en el mercado de la editorial, cuantos editores van a perder el tiempo en analizar criteriosamente una obra, sea un romance, sea  una obra de contenido doctrinario de  forma tan minuciosa que pueda descubrir   si el punto no está  correcto?   Una vez más,  pocos muy pocos. La mayoría no se preocupan por estos criterios, ya que el tipo de papel utilizado en la impresión de la obra de arte que se imprimirá en la portada, el autor de "prestigio" para firmar el prefacio [normalmente un médium,  ya que un mero  encarnado que se disponga a estudiar y comentar el Espiritismo normalmente  no es tan respetado como el “mensajero de los espíritus”] y la posibilidad  del libro alcanzar muchas ediciones es lo más importante. No importa si el contenido del libro sea absurdo dudoso, la polémica también trae lucros, piensan ellos. Y en esto,  la calidad también se ve.

Con todo, cuando existe un trabajo criteriosa, muchos equívocos pueden ser evitados  y muchas informaciones errada dejan de ser publicadas.   Y mire que no son pocas las obras que podrían ser atribuida a Espíritus seudosabios. Y esto es hasta interesante de ver. Existen obras que todo el mundo sabe que discordan  con los principios más básicos del Espiritismo, entre tanto,  ellas son publicadas sin una referencia siquiera,  ni una nota corrigiendo tal o cual opinión.  Y es justamente esto lo que Kardec comenta cuando afirma que
[…]  No habrá ningún inconveniente  esas especies de comunicaciones, si las hacen acompañar de comentarios, sea para refutar errores, sea para recordar  que son la expresión de una opinión individual, de la cual no se asume responsabilidad; podrían  incluso tener  un lado  instructivo, mostrando las aberraciones de ideas  a las que pueden entregarse algunos espíritus. Más,  publicarlas  pura y simplemente es presentarlas como   expresión de verdad y garantizar la autenticidad de las asignaturas que el buen sentido no puede admitir; es  el inconveniente” [2]
¿Más, quien osa hoy corregir los luminares que psicografia teorías mucho más allá de nuestra comprensión? ¿Quién osa criticar (en el verdadero sentido etimológico de la palabra que es  “evaluar cualitativamente algo o a alguien?)  Estas obras corren el riesgo de morir  en el ostracismo en la ignorancia, en el  olvido.  Felizmente aun existen aquellos que no desean apenas divulgar el Espiritismo y vivirlo en su aspecto moral (a un mismo superficialmente), más, por encima de todo, existen  aquellos que desean pensarlo. Que desean continuar razonado. Es a estos que debemos  obras como Piedra y la   cizaña,  Investigación sobre  la Mediúmnidad y Diversidad de los Carismas.

Hasta porque, es el propio Codificador el que nos incita a denunciar sin duda  las  obras sospechosas, por el bien de la doctrina.  Y esto por el simple hecho  de que si los espíritus poseen,  más allá de él libre albedrio,  las opiniones   sobre los hombres y las cosas  de  este  y del otro mundo,   se comprende que existan textos  que deben ser evitados no solo por conveniencia, más  por prudencia pura y simple. Esta  cuestión  lleva a Kardec a afirmar que en el interés de la Doctrina conviene hacer una selección muy severa, eliminando todo cuanto pueda producir una mala impresión.

Por otro lado, existen alguna obras que aun mismo siendo instructivas,  relatan situaciones y ambientes del  mundo espiritual de forma analógica, comparativa y que si  no fueran debidamente analizadas  y comentadas  pueden ser tomadas como realidad. Es esto  lo que lleva a  José Herculano  Pires a afirmar  que las “obras mediúmnicas psicografiados,  que describen  con exceso minucias de la vida  en el plano espiritual deben ser encaradas con reserva por los espiritas estudiosos” [3] entretanto,  más allá   de estas precauciones, otras deben ser observadas,  principalmente aquella que dice respecto a la participación de los médiums en la elección de  las comunicaciones  o mismo en la publicación de las mismas.
“Mientras el médium imperfecto se enorgullece  por los nombres ilustres,  frecuentemente las más de las veces apócrifos,  que llevan las comunicaciones   que el recibe,  y se considera  interprete privilegiado de las fuerzas  celestes,  el buen médium no se cree jamás  bastante digno de tal valor, teniendo siempre una sana desconfianza de la calidad de aquello que recibe  no  confiando en su propio juicio;  no siendo sino un instrumento pasivo, el comprende que, si lo que recibe es bueno,  no puede hacer de eso un merito personal, ni tampoco puede ser responsable si es malo,  y que sería ridículo creer en la identidad absoluta de los Espíritus que se manifiestan por el; deja la cuestión para ser juzgada por terceros desinteresados, sin que su amor propio  sufra con el juzgamiento desfavorable como la del actor que no es capaz de resistir la censura  infligida de la cual es el interprete.  Su carácter distintivo  es la simplicidad  y la modestia; es feliz con la facultad que posee, pero no para envanecerse de ella, más si  porque le ofrece  un medio de ser útil, lo que hace voluntariamente cuando le surge ocasión, sin jamás   entristecerse si no es colocado en primer plano”. [4]
Estas reflexiones me remiten, inevitablemente, a la asustadora cantidad de médiums dueños de editoras, que fundan centros y graficas para publicar sus libros cuando ellos no son aceptados  con buenos ojos por sus compañeros de  ideal.  Más  no son solos ellos, ¿Cuántos aquí guardarían por más de veinte años una psicografia, y los insistentes convites de los Espíritu autores (del tamaño de un libro)  por no hallar  que ella debería ser publicada en aquel momento? Muchos médiums  mal terminan  de psicografiar  y ya procuran a alguien de nombre para prefacio  de la obra que ni finalizada está, como comento cierta vez  el médium Divaldo Franco. Infelizmente son pocos los que asumen  una postura idéntica   a la Yvonne Pereira  en el famoso caso del Espíritu Beletrista (Ver la obra Desvasando lo Invisible  para mayor información)

Y es por esto que hoy vemos a tanta gente que apenas admira el Espiritismo, tantas cabezas “pensantes”  que se acostumbran a vivir apenas  como las lagartijas, moviendo la cabeza para todo lo que los Espíritus dicen atestando su ignorancia  en todo lo que dice al respecto  el Espiritismo.  ¡Es  ahí donde se dice  que el está fascinado!  Conozco el caso de una señora que jura ser la encarnación  de varios espíritus famosos por ella psicografia  un médium famoso,  ya desencarnado, más que demuestra calaras señales de una asustadora fascinación. ¿Imaginad si ella spicografiara libros? No es de extrañar  que Kardec se  preocupaba con relación a la publicación de  comunicaciones espiritas, de una forma general.  No por acaso, también insistimos en revisar las advertencias  hechas por Herculano Pires sobre la importancia de una seria y solida formación doctrinaria para las futuras generaciones espiritas. Y para finalizar estas reflexiones, como dijo cierta vez el Codificador:
“En materia de publicidad, por tanto, toda circunspección es poca  y no se calcularía con bastante cuidado el efecto que tal vez produjese  sobre el lector. En resumen, es un grave error creerse  obligado a publicar todo cuanto dictan los Espíritus,  porque,  si los hay buenos y esclarecidos, también los hay malos e ignorantes. Importa si hacer una selección muy rigurosa  de sus comunicaciones y suprimir  todo cuanto sea, inútil, insignificante, falso o susceptible de producir mala impresión. Es preciso sembrar, sin duda, más sembrar  la buena simiente en el tiempo oportuno”. [5]
Traducido al español por: M. C. R .

Para a versão em português, clique aqui.

Referencias:

[1] KARDEC, Allan. Obras Póstumas. 14ª Ed. SP, LAKE, 2007, p. 217.
[2] _______. Viagem Espírita em 1862. 1ª Ed. RJ, FEB, 2005, p. 123.
[3] PIRES, J. Herculano. Mediunidade.
[4] _______. O que é o Espiritismo. IDE, item 87, pag. 114
[5] KARDEC, Allan. Viagem Espírita em 1862. 1ª Ed. RJ, FEB, 2005, p.

Fonte: Blog Análises Espíritas - http://analisesespiritas.blogspot.com.br/2012/07/reflexoes-acerca-da-publicacao-de.html