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quarta-feira, 20 de dezembro de 2017

Porque todos nos calamos!

Por Marcelo Henrique

Primeiro eles vieram com a exaltação à "santidade" e a "pureza", ou "perfeição" do homem de Nazaré. Deturparam textos de Kardec, com traduções bizarras. E você se calou!

Depois, resolveram editar "Os quatro evangelhos" e, massificadamente, utilizaram o expediente da publicidade em sua "revista oficial", a da Reforma - não por acaso - divulgando a obra com seu epíteto "a revelação da revelação", porque "precisavam" de "novidades". E você se calou!

Então, foram introduzindo livros, ditos psicografados ou escritos por literatos espíritas, editando-os em sequência, apresentando o Jesus-fluídico (sem sofrimentos físicos) e a virgindade de Maria, para celebrar os "mistérios". E você se calou!

Elegeram um "anjo" - materialização de uma fábula católica - como "guia espiritual" do planeta e você achou sublime, porque a ideia da angelitude é uma metáfora em relação ao ápice do percurso espiritual. Você se deixou convencer, e se calou!

Adiante, aproveitando-se de uma prodigiosa (mas ingênua) mediunidade, que produzia muito, deram-lhe o caráter de "continuador" doutrinário, sem criticar os textos que provinham de um velho sacerdote católico, impregnado de suas crendices e visões igrejistas. E você, novamente, se calou!

Dizem, até, que os originais das obras psicografadas foram todos destruídos. Porque não havia necessidade de mantê-los, pois tínhamos os livros editados, físicos. E o silêncio foi a sua resposta!

Foram desistindo da filosofia e da ciência, entendendo que o edifício estava pronto e que as manifestações de espíritos eleitos e médiuns escolhidos, do ontem e do hoje, foram todas, sempre, autorizadas pela "Espiritualidade", e você silenciou novamente!

Capciosamente, tocaram o teu coração com a simbologia da mensagem sublime, sobre amor e caridade, sobre perdão e não-discórdia, para tê-lo como cordeiro diante do Pastor, e você não esboçou qualquer reação!

Resgataram velhos conceitos de temor e culpa, tão comuns entre as igrejas, desde Constantino, instituindo "prêmios" para bons comportamentos, bonificadores, definindo lugares imaginários para o regalo das almas submissas à meia-verdade, com departamentos e ocupações similares às da Terra, e você deixou "barato", porque desejava uma esperança de que, na outra vida, as coisas se parecessem com a "atmosfera" da vida física. E você se aquietou!

Agora resgatam textos evangélicos diferentes dos escolhidos como relevantes por Kardec e pela Verdade, publicando oficialmente "O Novo Testamento" e projetando uma versão da Bíblia (Antigo Testamento), porque, afinal, um é a consequência do outro, e que voltar aos textos antigos é buscar a "sinergia" entre as mensagens. E você até está pensando, silente, em comprar as obras!

Disseram-te, também, que o tal controle das mensagens só era necessário na época de Kardec, porque a doutrina estava iniciando e era necessário filtrar as muitas comunicações, evitando a desfiguração da "árvore cristã". E você aplaudiu, inconsciente, entendendo que a diretriz vinha, mesmo, do Alto, e calar-se para aprender seria a única alternativa!

E os pastores prosseguem, tangendo as almas pacatas, desfigurando a mensagem e aproximando-a das vaidades e das honrarias do mundo. Todos se maravilham ante os "dotes" artísticos, literários e de oratória de um ou outro virtuose, enquanto os grupos de aprofundamento espírita, de discussão e de promoção de saudáveis debates em busca dos conhecimentos progressivos, mingua e se esvai, no tempo, contando com a tua aquiescência e timidez, silenciosas!

Dizemos, por vezes, que não temos tempo, nem energia para gastar com contendas, que precisamos cuidar de coisas mais importantes, que não estamos no "movimento" para "procurar confusão", e os dias vão passando... E a você só resta o silêncio de sua intimidade, a conversa com seus botões, e aquela indignação quase morta, que não ultrapassa os limites de sua boca, de sua letra, ou de sua própria casa...

Porque você, eu, todos nós... Nos calamos!

segunda-feira, 20 de abril de 2015

Elias - João Batista - Allan Kardec

O profeta, o precursor, o apóstolo

Do IPEAK

    Apesar de às vezes parecer que a Humanidade terrestre está entregue às suas próprias forças, ao fazermos algumas reflexões com base nos dados da nossa própria história, notamos que isso não é verdade. Muito devemos a Espíritos nobres que desde o inicio estão conduzindo o leme desta embarcação que serve de moradia a Espíritos que para aqui veem a fim de aprender e progredir.

       Nosso propósito, nestas breves reflexões, é seguir a trajetória de um desses Espíritos que temos hoje como nosso Mestre, e que ficou conhecido na Terra como Allan Kardec. Vamos tomar como ponto de partida o personagem Elias, tendo por base os dados históricos registrados na Bíblia, e nessa mesma fonte iremos encontrar registros desse nobre Espírito voltando à Terra, sempre com o objetivo de fazer com que a Humanidade avance na via do progresso intelecto-moral. Vamos então seguir sua passagem pela Terra em três momentos: como Elias, no século IX a.C., no primeiro século da era cristã, como João Batista, e no século XIX, como Allan Kardec.

Elias, o profeta


    Elias viveu em Israel, no século IX a.C., durante o reinado de Acab, após a morte do rei Salomão. Ele anunciava Yahweh, Deus de Israel, face a Baal, deus dos Cananeus, do qual Jezabel, esposa do rei Acab, era ardente missionária.

    A palavra Elias vem do hebreu Eliyâhou ou Eliyâh, que quer dizer: Yahweh é meu Deus.

    O profeta Elias tinha uma ardente fé em Deus, e seu objetivo era despertar no povo pagão a fé no Deus único, no Deus vivo, pregar a moral e defender os frágeis contra a tirania real. Ele surge no Antigo Testamento numa hora em que a fragilidade do rei Acab, pela falta de fé no Deus vivo, precipitava Israel no paganismo. Isso foi por volta de 875-850 a.C.

    No tempo de Elias os profetas do Deus vivo eram facilmente massacrados pelos seguidores de Baal, mas ele foi um sobrevivente e, segundo as tradições, fora arrebatado aos céus numa carruagem de fogo. Pouco antes de partir ele passou seu manto e seus poderes a seu discípulo Eliseu.

Elias ressuscita o filho de uma viúva

    Há uma passagem tocante sobre a vida desse grande profeta, no livro 1Reis,  cap. XVII, 17 a 24.

    Elias havia se hospedado, por orientação da voz que o guiava, na casa de uma pobre viúva que vivia com seu único filho, e mal tinham com que se alimentar.

    Um dia o filho da viúva foi atingido por uma enfermidade tão violenta que parou de respirar. A mulher disse a Elias: “Que há entre vós e mim, homem de Deus? Viestes à minha casa para me trazer à memória os meus pecados, e para fazer morrer meu filho?

    Elias lhe disse: Dai-me vosso filho. E, tendo-o tomado nos braços, levou-o para seu quarto e colocou-o sobre a cama.

    Em seguida rogou ao Senhor, e lhe disse: Senhor meu Deus, afligistes essa viúva que tem o cuidado de me alimentar como pode, até mesmo fazendo morrer seu filho?

    Depois, implorou ao Senhor, dizendo-lhe: Senhor, meu Deus, fazei, eu vos peço, que a alma dessa criança volte ao seu corpo.

    E o Senhor atendeu a prece de Elias; a alma da criança voltou, e ela retomou a vida. A mulher disse a Elias: eu reconheço agora, após esta ação, que sois um homem de Deus, e que a palavra do Senhor é verdadeira em vossa boca.”

    Elias ainda é lembrado hoje em dia como um homem virtuoso, respeitado por muitas religiões, e comemorado em várias nações. Muitas montanhas levam o seu nome, dentre as quais a mais conhecida é o monte Santo Elias, no Alasca.

    O conjunto de livros de Reis, que trazem as narrativas da vida e dos feitos dessa grande alma é conhecido como o “Ciclo de Elias”.

Predição da vinda do precursor do Messias

    Naquele tempo, segundo os escritos bíblicos, o povo judeu estava esquecendo as leis trazidas por Moisés, estava deixando de lado o culto a Deus, e a injustiça se alastrava causando dor e sofrimento.

    No Antigo Testamento, no livro de Malaquias, por volta do V século a.C., vamos encontrar a predição da volta de Elias, agora como sendo aquele que viria preparar o povo para receber o Messias. Eis como está escrito sobre a vinda do precursor:

    O Senhor disse a Malaquias: “Lembrai-vos da lei de Moisés, meu servidor, lei que lhe deixei na montanha de Horeb, para que ele levasse a todo o povo de Israel meus preceitos e meus mandamentos.

    Eu vos enviarei o profeta Elias, antes que chegue o grande dia do Senhor; e ele reunirá o coração dos pais aos dos seus filhos, e o coração dos filhos aos dos seus pais, para que, vindo, eu não lance anátema sobre a Terra." (Malaquias, cap. IV, 4 a 6.)

Comentário de Santo Agostinho sobre a nova vinda de Elias

    Santo Agostinho comenta a predição de Malachias em sua obra intitulada A cidade de Deus, livro XX, cap. XXIV. Reproduzimos aqui um pequeno trecho:

    "Após haver advertido os judeus para que se lembrassem da lei de Moisés, bem prevendo que ainda por longo tempo eles não a conceberiam espiritualmente, logo a seguir a Escritura acrescenta: 'Eu vos enviarei Elias de Thesba, antes que esse grande e luminoso dia do Senhor chegue. E ele volverá o coração do pai ao do filho, e o coração do homem ao de seu próximo, para que, no meu advento, eu não lance anátema à Terra.’

    É uma crença bastante geral entre os fiéis, que no fim do mundo, antes do julgamento, os judeus devem crer no verdadeiro Messias, isto é, em nosso Cristo, por meio desse grande e admirável profeta Elias, que lhes explicará a lei. Além disso, não é sem razão que se espera nele o precursor do advento de Jesus Cristo, pois não é sem razão que ainda agora se crê que ele vive. É certo, com efeito, segundo o testemunho da própria Escritura, que ele foi arrebatado num carro de fogo. Quando ele vier, explicará espiritualmente a lei que os judeus ainda entendem carnalmente, e ‘ele unirá o coração do pai ao do filho’,(…). O sentido é que os judeus, que são os filhos dos profetas, no número dos quais está Moisés, compreenderão a lei como seus pais, e assim o coração dos pais se reunirá aos dos filhos e o coração dos filhos aos de seus pais, quando tiverem os mesmos sentimentos." (...)[1]

João Batista, o precursor       


    Segundo o Evangelho de Lucas, João é filho do sacerdote Zacarias e de Elizabeth, prima de Maria, mãe de Jesus. Zacarias orava a Deus com fervor diante do altar; o anjo Gabriel apareceu ao seu lado, e Zacarias assustou-se. Mas o anjo lhe disse: “Não temas Zacarias, pois tua prece foi ouvida. Tua esposa te dará um filho, e tu lhe darás o nome de João. Ele será para ti um motivo de alegria e contentamento, e muitos se felicitarão com o seu nascimento, pois ele será grande diante do Senhor; não beberá vinho nem outra bebida que possa embriagar, e será repleto do Espírito santo desde o ventre de sua mãe; ele conduzirá ao Senhor seu Deus muitos dos filhos de Israel; caminhará diante de Deus com o espírito e o poder de Elias, para reunir os corações dos pais aos dos seus filhos, e chamar os rebeldes à prudência dos justos, a fim de preparar para o Senhor um povo perfeito.” (Lucas, 1: 5 a 17.)

João Batista é Elias reencarnado

    O Novo Testamento tem algumas passagens que atestam de forma clara que João Batista, o precursor de Jesus, é Elias reencarnado.

    No Evangelho de Mateus, cap. 11: 1 a 10, lemos o seguinte:

    “Ora, tendo João, na prisão, tomado conhecimento das obras maravilhosas de Jesus Cristo, envia dois de seus discípulos lhe dizer: Sois vós aquele de deve vir, ou devemos nós esperar um outro?

    Jesus lhes respondeu: Ide contar a João o que haveis ouvido e o que haveis visto: Os cegos veem, os paralíticos andam, os leprosos são curados, os surdos ouvem, os mortos ressuscitam, o Evangelho é anunciado aos pobres.

    E feliz daquele que não fizer de um motivo de escândalo e queda.

    Quando eles se foram [os discípulos de João], Jesus começa a falar de João ao povo, desta maneira:

    O que ides ver no deserto? Um caniço agitado pelo vento?

    O que ides vós, digo eu, ver? Um homem indolente vestido de luxo? Sabeis que aqueles que se vestem dessa forma estão nas mansões dos reis.[2]

    Que ides ver então? Um profeta? Sim, eu vo-lo digo, e mais que um profeta.

    Pois é dele que foi escrito: Eu envio a vós o meu anjo, que vos preparará o caminho por onde deveis andar.

    Em verdade eu vos digo: entre os que são nascidos de mulher, não teve nenhum maior que João Batista; mas aquele que é o menor no reino dos céus, é maior que ele.(…)”

    Logo após o evento da transfiguração de Jesus no Monte Tabor, e de terem vindo confabular com o Mestre os Espíritos de Moisés e Elias, os discípulos Pedro, Tiago e João, que testemunharam aquela cena, perguntaram a Jesus:

    “Por que, pois, dizem os escribas ser preciso que, antes, venha Elias? - Jesus lhes respondeu: É certo que Elias tem de vir e que restabelecerá todas as coisas.

    Mas, eu vos declaro que Elias já veio e eles não o conheceram; antes o trataram como lhes aprouve. É assim que farão morrer o Filho do homem.

    Então, seus discípulos compreenderam que era de João Batista que ele lhes falara.” (S. Mateus, 17:10 a 13.)

    As palavras de Jesus sobre João Batista são suficientes para que não precisemos buscar evidenciar ainda mais o caráter desse Espírito e a importância do seu papel como precursor do Messias.

Kardec fala sobre o novo advento de Elias

    "Ora, desde o tempo de João Batista até o presente, o reino dos céus é tomado pela violência e são os violentos que o arrebatam; - pois assim o profetizaram todos os profetas até João, e também a lei. - Se quiserdes compreender o que vos digo, ele mesmo é o Elias que deve vir. - Ouça-o aquele que tiver ouvidos de ouvir. (S. Mateus, 11:12 a 15.)”

    Se o princípio da reencarnação, conforme se acha expresso em S. João, podia, a rigor, ser interpretado em sentido puramente místico, o mesmo já não acontece com esta passagem de S. Mateus, que não permite equívoco: ELE MESMO é o Elias que deve vir. Não há aí figura, nem alegoria: é uma afirmação positiva. - ‘Desde o tempo de João Batista até o presente o reino dos céus é tomado pela violência.’ Que significam essas palavras, uma vez que João Batista ainda vivia naquele momento? Jesus as explica, dizendo: 'Se quiserdes compreender o que digo, ele mesmo é o Elias que deve vir.’ Ora, sendo João o próprio Elias, Jesus alude à época em que João vivia com o nome de Elias. 'Até ao presente o reino dos céus é tomado pela violência': outra alusão à violência da lei moisaica, que ordenava o extermínio dos infiéis, para que os demais ganhassem a Terra Prometida, Paraíso dos hebreus, ao passo que, segundo a nova lei, o céu se ganha pela caridade e pela brandura.

    E acrescentou: Ouça aquele que tiver ouvidos de ouvir. Essas palavras, que Jesus tanto repetiu, claramente dizem que nem todos estavam em condições de compreender certas verdades." [3]

    "Elias já voltara na pessoa de João Batista. Seu novo advento é anunciado de modo explícito. Ora, como ele não pode voltar, senão tomando um novo corpo, aí temos a consagração formal do princípio da pluralidade das existências. (O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. IV, nº 10.)”[4]                         

Anunciação do Consolador

    "Se me amais, guardai os meus mandamentos; e eu rogarei a meu Pai e ele vos enviará outro Consolador, a fim de que fique eternamente convosco: – O Espírito de Verdade, que o mundo não pode receber, porque o não vê e absolutamente o não conhece. Mas, quanto a vós, conhecê-lo-eis, porque ficará convosco e estará em vós. – Porém, o Consolador, que é o Santo Espírito, que meu Pai enviará em meu nome, vos ensinará todas as coisas e vos fará recordar tudo o que vos tenho dito. (S. João, 14:15 a 17 e 26.)

    Jesus promete outro consolador: o Espírito de Verdade, que o mundo ainda não conhece, por não estar maduro para o compreender, consolador que o Pai enviará para ensinar todas as coisas e para relembrar o que o Cristo há dito. Se, portanto, o Espírito de Verdade tinha de vir mais tarde ensinar todas as coisas, é que o Cristo não dissera tudo; se ele vem relembrar o que o Cristo disse, é que o que este disse foi esquecido ou mal compreendido.”[5]                         

    “Sob o nome de Consolador e de Espírito de Verdade, Jesus anunciou a vinda daquele que havia de ensinar todas as coisas e de lembrar o que ele dissera. Logo, não estava completo o seu ensino. E, ao demais, prevê não só que ficaria esquecido, como também que seria desvirtuado o que por ele fora dito, visto que o Espírito de Verdade viria tudo lembrar e, juntamente com Elias, restabelecer todas as coisas, isto é, pô-las de acordo com o verdadeiro pensamento de seus ensinos.[6]

    Aqui fica bem claro que Elias estaria ao lado do Espírito de Verdade, que é o próprio Cristo, para restabelecer todas as coisas.

Por que Consolador? É Kardec quem responde:

    "Por que chama ele Consolador ao novo messias? Este nome, significativo e sem ambiguidade, encerra toda uma revelação. Assim, ele previa que os homens teriam necessidade de consolações, o que implica a insuficiência daquelas que eles achariam na crença que iam fundar. Talvez nunca o Cristo fosse tão claro, tão explícito, como nestas últimas palavras, às quais poucas pessoas deram atenção bastante, provavelmente porque evitaram esclarecê-las e aprofundar-lhes o sentido profético."[7]

O Espírito de Verdade é o guia espiritual de Allan Kardec

    Na Revista Espírita de novembro de 1861, no discurso feito por Allan Kardec no banquete que lhe fora oferecido em Bordeaux, ele lê uma comunicação que havia recebido sobre o grupo espírita que se formava naquela cidade, e assim se refere:

    “Eis, acerca deste assunto, o que ainda ontem, antes da sessão, dizia meu guia espiritual, o Espírito de Verdade.”

    Numa dissertação do Espírito de Verdade ele assim se refere àquele que está à frente da Doutrina Espírita, isto é a Kardec: “Estou convosco e meu apóstolo vos instrui.”[8]

    Não resta dúvida de que essas duas grandes almas, juntamente, vieram, pelo Espiritismo, restabelecer o verdadeiro pensamento do Cristo.

Allan Kardec, o Apóstolo

    Vejamos o que diz Santo Agostinho sobre o mestre Allan Kardec, numa comunicação publicada na Revista Espírita:

    “Um Espírito encarnado foi escolhido para vos dirigir, para vos conduzir. Submetei-vos com respeito, não às suas leis, pois ele não dá ordens, mas aos seus desejos. Por essa submissão provareis aos vossos inimigos que tendes o necessário espírito de disciplina para fazerdes parte da nova cruzada contra o erro e a superstição, o necessário espírito de amor e de obediência para marchardes contra a barbárie.

    “Envolvei-vos, pois, nessa bandeira da civilização moderna: o Espiritismo sob um só chefe, e derrubareis essas ideias esquisitas de frontes cornudas e de grandes caudas que devem ser destruídas.

    “Esse chefe, cujo nome não direi, bem o conheceis. Ele está na frente. Ele marcha sem temor às picadas venenosas das serpentes e dos répteis da inveja e do ciúme que o cercam. Ele ficará de pé, porque ungimos o seu corpo, para que seja sempre sólido e robusto. Segui-o, então. Mas, em vossa marcha, as tempestades cairão sobre as vossas cabeças e alguns de vós não encontrarão refúgio nem abrigo. Que esses se resignem com coragem, como os mártires cristãos, e pensem que a grande obra pela qual terão sofrido é a vida, é o despertar das nações adormecidas e que por isso serão largamente recompensados um dia, no reino do Pai.” Santo Agostinho.[9]

Jesus, Moisés e Elias: os três reveladores.

    "Seis dias depois, tendo chamado de parte a Pedro, Tiago e João, Jesus os levou consigo a uma alta montanha afastada[10] e se transfigurou diante deles. - Enquanto orava, seu rosto pareceu inteiramente outro; suas vestes se tornaram brilhantemente luminosas e brancas como a neve, de maneira que não há pisoeiro na Terra que possa fazer alguma tão branca. - E eles viram aparecer Elias e Moisés, que conversavam com Jesus." [11]

    No monte Tabor, diante dos três discípulo que Jesus chamara para acompanhá-lo, eis que aparecem, ao lado do Mestre, os Espírito de Moisés e de Elias…

    Naquela cena, em que Jesus mostra seu esplendor como Espírito puro que é, vemos um marco importante para a história da Humanidade, pois estavam ali os três reveladores das leis morais: Moisés, Jesus e Kardec.

Caráter da revelação espírita - Terceira revelação

    “O Espiritismo é a ciência nova que vem revelar aos homens, por meio de provas irrecusáveis, a existência e a natureza do mundo espiritual e as suas relações com o mundo corpóreo. Ele no-lo mostra, não mais como coisa sobrenatural, porém, ao contrário, como uma das forças vivas e sem cessar atuantes da Natureza, como a fonte de uma imensidade de fenômenos até hoje incompreendidos e, por isso, relegados para o domínio do fantástico e do maravilhoso. É a essas relações que o Cristo alude em muitas circunstâncias e daí vem que muito do que ele disse permaneceu ininteligível ou falsamente interpretado. O Espiritismo é a chave com o auxílio da qual tudo se explica de modo fácil.

    A lei do Antigo Testamento teve em Moisés a sua personificação; a do Novo Testamento tem-na no Cristo. O Espiritismo é a terceira revelação da lei de Deus, mas não tem a personificá-la nenhuma individualidade, porque é fruto do ensino dado, não por um homem, sim pelos Espíritos, que são as vozes do Céu, em todos os pontos da Terra, com o concurso de uma multidão inumerável de intermediários. É, de certa maneira, um ser coletivo, formado pelo conjunto dos seres do mundo espiritual, cada um dos quais traz o tributo de suas luzes aos homens, para lhes tornar conhecido esse mundo e a sorte que os espera.

    Assim como o Cristo disse: “Não vim destruir a lei, porém cumpri-la”, também o Espiritismo diz: “Não venho destruir a lei cristã, mas dar-lhe execução.” Nada ensina em contrário ao que ensinou o Cristo; mas, desenvolve, completa e explica, em termos claros e para toda gente, o que foi dito apenas sob forma alegórica. Vem cumprir, nos tempos preditos, o que o Cristo anunciou e preparar a realização das coisas futuras. Ele é, pois, obra do Cristo, que preside, conforme igualmente o anunciou, à regeneração que se opera e prepara o reino de Deus na Terra."[12]       

O Consolador consiste nas relações entre os Espíritos e os homens

    "O Espiritismo é, ao mesmo tempo, uma ciência de observação e uma doutrina filosófica. Como ciência prática ele consiste nas relações que se estabelecem entre nós e os Espíritos; como filosofia, compreende todas as consequências morais que decorrem dessas mesmas relações.

    Podemos defini-lo assim: O Espiritismo é uma ciência que trata da natureza, origem e destino dos Espíritos, bem como de suas relações com o mundo corporal.” (Allan Kardec, O que é o Espiritismo?, Preâmbulo.)       

    Haveria, neste momento por que passa a Humanidade terrena, maior consolo do que obter, nas instruções obtidas nas comunicações com os Espíritos do progresso, por evocação ou espontaneamente, nos diálogos com nossos familiares que nos antecederam na volta para a verdadeira vida, a fé em Deus e a certeza da vida futura?

    Poderíamos, fora das relações com os Espíritos, compreender a justiça divina, obter consolo e aquecer a esperança em melhores dias?

    Todavia, há Espíritos que, embora comunicando-se com os vivos, orientam seus médiuns a desaconselhar as evocações dos familiares, dos Anjos guardiães e dos demais guias, enfim, querem que só alguns possam se comunicar, minando assim o aspecto consolador do Espiritismo…

    Vejamos o que diz o Espírito de Verdade a este respeito:

    “Aliás, os Espíritos que pretendem ser eles os únicos que se podem comunicar esquecem-se de dizer por que não o podem os outros fazê-lo. A pretensão que manifestam é a negação do que o Espiritismo tem de mais belo e de mais consolador: as relações do mundo visível com o mundo invisível, dos homens com os seres que lhes são caros e que assim estariam para eles sem remissão perdidos. São essas relações que identificam o homem com o seu futuro, que o desprendem do mundo material. Suprimi-las é remergulhá-lo na dúvida, que constitui o seu tormento; é alimentar-lhe o egoísmo. Examinando-se com cuidado a doutrina de tais Espíritos, nela se descobrirão a cada passo contradições injustificáveis, marcas da ignorância deles sobre as coisas mais evidentes e, por conseguinte, sinais certos da sua inferioridade” O Espírito de Verdade. (Livro dos Médiuns, item 301.)

Encerramos estas breves reflexões com as ternas palavras do Espírito de Verdade:

    “(…) Meu Pai não quer aniquilar a raça humana; quer que, ajudando-vos uns aos outros, mortos e vivos, isto é, mortos segundo a carne, porquanto não existe a morte, vos socorrais mutuamente, e que se faça ouvir não mais a voz dos profetas e dos apóstolos, mas a dos que já não estão mais no corpo, a clamar: Orai e crede! pois a morte é a ressurreição, e a vida a prova escolhida, durante a qual as virtudes que houverdes cultivado crescerão e se desenvolverão como o cedro.

    Homens fracos, que compreendeis as trevas das vossas inteligências, não afasteis o facho que a clemência divina vos coloca nas mãos para vos clarear o caminho e reconduzir-vos, filhos perdidos, ao regaço de vosso Pai.

    Sinto-me por demais tomado de compaixão pelas vossas misérias, pela vossa fraqueza imensa, para deixar de estender mão socorredora aos infelizes transviados que, vendo o céu, caem nos abismos do erro. Crede, amai, meditai sobre as coisas que vos são reveladas; não mistureis o joio com a boa semente, as utopias com as verdades. (...)"

Eis-me aqui; venho até vós, porque me chamastes

    "Sou o grande médico das almas e venho trazer-vos o remédio que vos há de curar. Os fracos, os sofredores e os enfermos são os meus filhos prediletos. Venho salvá-los. Vinde, pois, a mim, vós que sofreis e vos achais oprimidos, e sereis aliviados e consolados. Não busqueis alhures a força e a consolação, pois que o mundo é impotente para dá-las. Deus dirige um supremo apelo aos vossos corações, por meio do Espiritismo. Escutai-o. Extirpados sejam de vossas almas doloridas a impiedade, a mentira, o erro, a incredulidade. São monstros que sugam o vosso mais puro sangue e que vos abrem chagas quase sempre mortais. Que, no futuro, humildes e submissos ao Criador, pratiqueis a sua lei divina. Amai e orai; sede dóceis aos Espíritos do Senhor; invocai-o do fundo de vossos corações. Ele, então, vos enviará o seu Filho bem-amado, para vos instruir e dizer estas boas palavras: Eis-me aqui; venho até vós, porque me chamastes. - (O Espírito de Verdade. Bordeaux, 1861.) [13]


[1] Santo Agostinho, La Cité de Dieu, livre XIX, ch. XXIX, “De la venue d'Elie avant le jugement, pour dévoiler le sens caché des Écritures et convertir les juifs à Jésus-Christ.” Traduzido do francês pela autora deste artigo.

[2] Elias se vestia com um manto rude feito de pele de camelo e habitava uma caverna no deserto.

[3] O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. IV - Ninguém poderá ver o reino de Deus se não nascer de novo - Ressurreição e reencarnação, itens 10 e 11.

[4] A Gênese - As predições, cap. XVII - Predições do Evangelho - Advento de Elias, itens 33 e 34.

[5] O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. VI - O Cristo consolador - Consolador prometido, itens 3 e 4.

[6] A Gênese - As predições, cap. XVII - Predições do Evangelho - Anunciação do Consolador, item 37.

[7] A Gênese - A Gênese, cap. I - Caráter da revelação espírita, item 27.

[8] O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. VI - O Cristo consolador - Instruções dos Espíritos - Advento do Espírito de Verdade, item 6.

[9] Revista Espírita, agosto de 1862 - Sociedade Espírita de Constantina.

[10] O Monte Tabor, a sudoeste do lago de Tabarich e a 11 quilômetros a sudeste de Nazaré, com cerca de 1.000 metros de altura. (nota original)

[11] A Gênese - Os milagres segundo o Espiritismo, cap. XV - Os milagres do Evangelho - Transfiguração, itens 43 e 44.

[12] O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. I - Não vim destruir a lei - O Espiritismo, itens 5 a 7.

[13] O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. VI - O Cristo consolador - Instruções dos Espíritos - Advento do Espírito de Verdade, itens 5 e 7.

Fonte: IPEAK

sábado, 30 de agosto de 2014

Isto é a reencarnação!

Lavoisier proclamou que "na Natureza, nada se perde, nada se cria, tudo se transforma"; Allan Kardec escreveu: "Nascer, morrer, renascer ainda e progredir sempre, tal é a lei". Rabidranath Tagore exclamou: "A morte não é o apagamento da luz, é o ato de dispensar a lâmpada porque o dia já raiou"; E Jesus advertiu: "Não te maravilhes porque digo: "Necessário vos é nascer de novo. O vento assopra onde quer, e ouves a sua voz, mas não sabes de onde vem, nem para onde vai; assim é todo aquele que é nascido do Espírito”...
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Isto é a reencarnação!

Por Germano Romero

O Princípio Vital que permeia a Natureza é um fluido energético invisível aos olhos em sua consistência, mas perfeitamente nítido em tudo aquilo que consideramos Vida. Chamado de Ki, fluido vital, Prana, Espírito Santo, entre outros nomes, o Princípio Vital é imanente à toda evolução orgânica na Terra.

É razoável que ele exista em no Universo inteiro, que é composto de energias das mais variadas formas, frequências e dimensões. Pois, tudo o que chamamos de matéria, a massa que julgamos inerte, a Física já provou que é energia condensada, que vibra e produz campo magnético.

Quando as matérias orgânicas movimentam-se, nascem, crescem, se desenvolvem, se reproduzem, é que se percebe a manifestação do Princípio Vital. É a vida brotando nas infinitas variações que a Ciência terrena, até hoje, descobriu.

Esse Princípio Vital, que tece a existência, emana e floresce em todos os seres vivos. Pássaros, peixes, flores, moluscos, gente, lodo, micróbios, minhocas, tudo que nasce, cresce, morre e renasce, há bilhões de anos, sujeito às transformações que a Terra sofre naturalmente, evoluiu desde os Procariontes, mitocôndrias, anfíbios, répteis, até nós, humanos.

Eras históricas, mutações geológicas, químicas e orgânicas transformadas pelo nascimento e morte, foram sempre seguidas do renascimento, pois tudo ressurge a partir dos mesmos elementos que, após a morte, retornam ao seio da terra.

Dessas mutações, o Princípio Vital foi se elaborando, se burilando e produzindo novas formas de vida animal mais complexas, inteligentes, capazes de memorizar, aprender, produzir e transformar o planeta: os seres humanos.

Mas, com uma diferença. A parte divisível do Princípio Vital, chamada espírito, alma, que encarna no homem, já era capaz de manter a individualidade através da memória e dos sentimentos que nela se conduzem, mesmo após a morte. Ao voltar em corpos físicos, essas lembranças se embotam pela percepção limitada dos 5 sentidos humanos, mas se evidenciam em preferências pessoais, caráter, sintonias e afinidades, desde criança.

Isto é a reencarnação! Princípio pelo qual se entende muitas coisas de Deus. Jesus já ensinava: “Não te maravilhes porque digo: Necessário vos é nascer de novo. O vento assopra onde quer, e ouves a sua voz, mas não sabes de onde vem, nem para onde vai; assim é todo aquele que é nascido do Espírito”...

Fonte: Correio da Paraíba, 29/08/14

quarta-feira, 8 de janeiro de 2014

Esquecimento das injúrias

Da Revista Espírita 

Minha filha, o esquecimento das injúrias é a perfeição da alma, como o perdão das feridas feitas à vaidade é a perfeição do Espírito. A Jesus foi mais fácil perdoar os ultrajes de sua Paixão do que ao último de vós perdoar uma leve zombaria. A grande alma do Salvador, habituada à doçura, nem concebia amargura nem vingança; as nossas, atingidas por ninharias, esquecem o que é grande.

Diariamente os homens imploram a Deus o perdão, que desce sobre eles como benéfico orvalho, mas seus corações esquecem essa palavra sem cessar repetida na prece. Em verdade vos digo: o fel interno corrompe a alma. É a pedra enorme que a fixa ao solo e retarda a sua elevação. Quando fordes censurados, entrai em vós mesmos; examinai vosso pecado interior, aquele que o mundo ignora; medi a sua profundidade e curai a vossa vaidade, pelo conhecimento de vossa miséria. Se, mais grave, a ofensa atingir o coração, lamentai o infeliz que a cometeu, como lamentaríeis o ferido cuja chaga aberta verte sangue. A compaixão é devida àquele que aniquila seu ser futuro.

No Jardim das Oliveiras, Jesus conheceu a dor humana, mas ignorou sempre a aspereza do orgulho e a pequenez da vaidade. Ele encarnou-se para mostrar aos homens o tipo da beleza moral que lhes devia servir de modelo. Não vos afasteis dela jamais. Modelai as vossas almas como a cera mole e fazei que a vossa argila transformada se transforme num mármore imperecível que Deus, o grande escultor, possa assinar.

LÁZARO

Fonte: 

Revista Espírita, fevereiro de 1862
Sociedade Espírita de Paris - Médium: Sra. Costel

sexta-feira, 8 de novembro de 2013

Jesus, o amor perfeito de todo o bem

09:19 Posted by Fabiano Vidal , , , , No comments
Por Sergio F. Aleixo

Muito se fala em reforma íntima, ou interior. Que seja. A expressão, contudo, parece algo insuficiente a propósitos tão transversais como os do Espiritismo. Simples reformas não operam mudanças substantivas, cuja significação anime em definitivo o fomento de uma nova sensibilidade, que é, sem dúvida, a meta suprema do Evangelho do Mestre.

Os ensinos e a vida de Jesus em tudo se distanciam destes simulacros comportamentais, de meras exibições proselitistas, que as religiões do oportunismo ousam chamar de “conversões”. Há que considerar o sentido mais radical da mensagem genuinamente cristã, que se reporta a nossa mudança de mente, à passagem de nossos níveis de consciência a percepções mais apuradas do existir, mediante a compreensão da necessidade de enfrentarmos o coexistir segundo Jesus: aquilo que queremos que nos façam, devemos fazê-lo primeiramente aos demais, pois não há amor a Deus que não se faça amor ao próximo e vice-versa; do contrário, não haveria amor e, mais ainda: sem amor, já não haveria Deus.

Para tanto, são precisos movimentos de grande profundidade do ser imortal, que o conduzam para além da sua face animal, da mecânica física e mesmo da aparência perispirítica, e lhe proporcionem surpreender-se neste poder de constante transformação, fundamentalmente moral, por influência de nossa identidade perene em sua incorruptível transcendência, de divina natureza. Todos somos filhos do Altíssimo!

Claro está hoje que estes movimentos de grande profundidade no espírito não se verificam por graça, de um momento inusitado para outro de mero capricho. A evolução pela reencarnação é o processo natural que opera esta transformação gradativa da consciência imortal dos seres, em âmbitos de especialíssimos estados, cada vez mais identificados com nossa filiação indissimulável, até que nos sobrevenha aquela plenitude definitiva, destinada às criaturas em sua realizável perfeição: a angelitude, da qual é impossível decairmos.

Frio automatismo cósmico? De forma nenhuma. É a Providência mesma que se nos manifesta. Ao demais, dizem os espíritos superiores da codificação kardeciana que Jesus Cristo é o tipo mais perfeito que o próprio Deus nos ofereceu para guia e modelo. E, de fato, não se trata de um guia cego, um modelo distante de nossas vidas tão precárias. Ele efetivamente conhece o caminho pelo qual nos enveredou com sua entrada neste mundo de sangue e água, pele e ossos; padecendo a carne, mas de contínuo vivificado no espírito. Ele veio para dar testemunho da verdade, e esta mais não é do que a essência espiritual da vida.

No mundo teremos tribulações, mas tenhamos bom ânimo, pois o Mestre é vitorioso deste sistema de coisas pelo menos há milhões anos. E não se distraiu com nossas brincadeiras de cabra-cega à margem do caminho; veio até nós para que o trilhemos com decisão e sem vendas. Só conheceremos a verdade e esta somente nos tornará livres se permanecermos na doutrina de Jesus, aquele que encarnou o amor perfeito de todo o bem, assumindo para si próprio que o que se faça ao menor de seus irmãos a ele mesmo estará sendo feito. Ao menos uma vez, o mais simples foi visto como o mais importante.

Fonte: Blog Ensaios da Hora Extrema - http://ensaiosdahoraextrema.blogspot.com.br/2012/12/jesus-o-amor-perfeito-de-todo-o-bem.html

segunda-feira, 10 de junho de 2013

Os Messias do Espiritismo

Por Allan Kardec

Para quem conhece a doutrina, ela é, de ponta, um pro­testo contra o misticismo, pois que tende a reconduzir to­das as crenças para o terreno positivo das leis da natureza. Mas, entre os que não a conhecem, há pessoas para as quais tudo o que escapa da humanidade tangível é místico. Para estas, adorar a Deus, orar, crer na Providência é ser místico. Não temos que nos preocupar com a sua opinião.

A palavra messias é empregada pelo Espiritismo na sua acepção literal de mensageiro, enviado, abstração feita da idéia de redenção e de mistério, particular aos cultos cris­tãos, O Espiritismo não tem que discutir esses dogmas, que não são de sua jurisdição: diz o sentido no qual emprega o vocábulo, para evitar qualquer equívoco, deixando cada um crer conforme a sua consciência, que não procura pertur­bar.

Assim, para o Espiritismo, todo Espírito encarnado para cumprir uma missão especial junto à humanidade é um messias, na acepção geral da palavra, isto é, um missionário ou enviado, com a diferença, entretanto, que o vocábulo messias implica mais particularmente a idéia de uma mis­são direta da divindade e, por isto, a da superioridade do Espírito e da importância da missão. De onde se segue que há uma distinção a fazer entre os messias propriamente di­tos, e os Espíritos simples missionários, O que os distingue é que, para uns, a missão ainda é uma prova, porque podem falir, ao passo que para os outros é um atributo de sua su­perioridade. Do ponto de vista da vida corporal, os messias entram na categoria das encarnações ordinárias de Espírito, e o vocábulo não tem nenhum caráter de misticidade.

Todas as grandes épocas de renovação viram aparecer messias encarregados de dar impulso ao movimento regenerador e o dirigir. Sendo a época atual uma das mai­ores transformações da humanidade, terá também os seus messias, que a presidem já como Espírito, e terminarão sua missão como encarnados. Sua vinda não será marcada por nenhum prodígio, e Deus, para os fazer reconhecer, não perturbará a ordem das leis da natureza. Nenhum sinal extraordinário aparecerá no céu, nem na Terra, e não se­rão vistos descendo das nuvens acompanhados por anjos. Nascerão, viverão e morrerão, como o comum dos homens, e sua morte não será anunciada ao mundo nem por tremo­res de Terra, nem pelo obscurecimento do sol; nenhum si­nal exterior os distinguirá, assim como o Cristo, em vida, não se distinguia dos outros homens. Nada, pois, os assina­lará à atenção pública senão a grandeza de suas obras, a sublimidade de suas virtudes, e a parte ativa e fecunda, que tomarão, na fundação da nova ordem de coisas. À antigüidade pagã os teve, feitos deuses; a história os colocará no Panteon dos grandes homens, dos homens de gênio, mas, sobretudo entre os homens de bem, cuja memória será hon­rada pela posterioridade.

Tais serão os messias do Espiritismo; grandes homens entre os homens, grandes Espíritos entre os Espíritos, marcarão sua passagem por prodígios da inteligência e da virtude, que atestam a verdadeira superioridade, muito mais que a produção de efeitos materiais que pode realizar o primeiro a surgir. Este quadro um pouco prosaico talvez faça caírem algumas ilusões; mas é assim que as coisas se passarão, muito naturalmente, e os seus resultados não serão menos importantes por não serem rodeados das formas ideais e um tanto maravilhosas, com que certas imaginações gostam de os cercar.

Dissemos os messias porque, com efeito, as previsões dos Espíritos anunciam que haverá vários, o que nada tem de admirável, segundo o sentido ligado a essa palavra, e em razão da grandeza da tarefa, pois que se trata, não do adiantamento de um povo ou de uma raça, mas da regeneração da humanidade inteira. Quantos serão? Uns dizem três, outros mais, outros menos, o que prova que a coisa está nos segredos de Deus. Um deles teria supremacia? E ainda o que pouco importa, o que até seria perigoso saber antecipadamente.

A vinda dos Messias, como fato geral, está anunciada, porque era útil que dela se estivesse prevenido; é uma dádiva do futuro e um assunto de tranqüilidade, mas as individualidades não se devem revelar senão por seus atos. Se alguém deve abrigar um deles, o fará inconscientemente, como para o primeiro vindo; assisti-lo-á e o protegerá por pura caridade, sem a isto ser solicitado por um sentimento de orgulho, do qual talvez não se pudesse defender, que mau grado seu deslizaria para o coração e lhe faria perder o fruto de sua ação. Seu devotamento talvez não fosse tão desinteressado moralmente quanto ele próprio o imaginasse.

Além disso, a segurança do predestinado exige que ele seja coberto por um véu impenetrável, porque ele terá Herodes. Ora, um segredo jamais é melhor guardado do que quando por todos desconhecido. Ninguém, pois, deve conhecer a sua família, nem o lugar de seu nascimento e os próprios Espíritos vulgares não o sabem. Nenhum anjo virá anunciar sua vinda à sua mãe, porque ela não deve fazer diferença entre ele e os outros filhos; magos não virão adorá-lo em seu berço e lhe oferecer ouro e incenso, porque ele não deve ser saudado senão quando tiver dado suas provas.

Será protegido pelos invisíveis, encarregados de velar por ele e conduzido à porta onde deverá bater e o dono da casa não conhecerá aquele que receberá em seu lar.

Falando do novo Messias, disse Jesus: Se alguém vos disser: O Cristo está aqui, ou está ali”, não vades lá, porque lá não estará.” Há, pois, que desconfiar das falsas indicações, que têm por fim ludibriar, visando fazer procurá-lo onde ele não está. Desde que não é permitido aos Espíritos revelar o que deve ficar secreto, toda comunicação circunstanciada sobre este ponto deve ser tida por suspeita, ou como uma provação para quem a recebe.

Pouco importa, pois, o número dos messias. Só Deus sabe o que é necessário; mas o que é indubitável é que ao lado dos messias propriamente ditos, Espíritos superiores, em número ilimitado, encarnar-se-ão, ou já estão encarnados, com missões especiais, para os secundar. Surgirão em todas as classes, em todas as posições sociais, em todas as seitas e em todos os povos. Havê-los-á nas ciências, nas ar­es, na literatura, na política, nos chefes de estado, enfim por toda a parte onde sua influência poderá ser útil à difusão das idéias novas e às reformas que serão sua conseqüência. A autoridade de sua palavra será tanto maior quanto será fundada na estima e na consideração de que serão cercados.

Mas, perguntarão, nessa multidão de missionários de todas as classes, como distinguir os messias? Que importa se os distinguem ou não? Eles não vêm à Terra para aí se fazer adorar, nem para receber homenagens dos homens. Não trarão, pois, nenhum sinal na fronte; mas, assim como pela obra se conhece o artífice, dirão após a sua partida: Aquele que fez a maior soma de bem deve ser o maior.”

Sendo o Espiritismo o principal elemento regenerador, importava que o instrumento estivesse pronto, quando vierem os que dele devem servir-se, e o trabalho que se realiza neste momento, e que os precede de pouco. Mas antes é preciso que a grade tenha passado pelo chão, para o purgar das ervas parasitas, que abafariam o bom grão.

E sobretudo o vigésimo século que verá florescerem grandes apóstolos do Espiritismo, e que poderá ser chamado o século dos messias. Então a antiga geração terá desaparecido e a nova estará em plena força; livre de suas convulsões, formada de elementos novos ou regeneradores, a humanidade entrará definitivamente e pacificamente na fase do progresso moral, que deve elevar a Terra na hierarquia dos mundos.

(Extraído do artigo "COMENTÁRIOS SOBRE OS MESSIAS DO ESPIRITISMO", R. E., março de 1868)

Fonte: http://saberesdoespirito.blogspot.com.br/2009/08/os-messias-do-espiritismo-allan-kardec.html

domingo, 2 de junho de 2013

O que é lícito pedir ao Espiritismo

Por Amílcar Del Chiaro Filho

Há pessoas que procuram na religião a satisfação utilitarista. Acreditam que a religião deverá lhes dar a vitória, o sucesso, a felicidade para essa vida, e a salvação eterna para a outra. Hoje, algumas seitas religiosas pregam isso abertamente, e convidam os que querem deixar para traz a infelicidade, o fracasso, a se unirem a elas.

Algumas pessoas chegam a dizer, que resolveram mudar de religião, para serem felizes. No dia a dia dos centros espíritas temos deparados com essa situação. Muitos o procuram no desejo de obter benefícios imediatos, como: curas, enriquecimento, conquistas amorosas, anular um desafeto, e outras coisas mais.

Contudo, a finalidade do Espiritismo não é o de arranjar a vida das pessoas. Os espíritos superiores, embora nos amem e nos auxiliem, não são serviçais à nossa disposição para os pequenos interesses humanos.

Quando as pessoas insistem nesses pedidos, e não percebem o extraordinário novo campo de visão que se lhe abre à frente, acabam por perder a proteção dos bons espíritos, e os maus, os ignorantes tomam conta da situação, pois estão sempre prontos a atender a todos os pedidos, mesmo os injustos. Esses espíritos podem satisfazer certos pedidos, porém cobram muito caro a satisfação concedida.

Quando Jesus de Nazaré ofereceu a Água Viva do Evangelho para a mulher samaritana, afirmando que quem bebesse da água que ele oferecia nunca mais teria sede, a mulher pediu para que o Rabi Galileu lhe desse da tal água, porque assim ela não precisaria buscá-la diariamente. Ela não compreendeu que o Mestre não a isentava do trabalho, das lutas evolutivas, do aperfeiçoamento, mas alargava os seus horizontes espirituais.

O que devemos procurar no Espiritismo? Devemos procurar a elevada compreensão do processo que é a vida. O Espiritismo oferece essa compreensão. Ele é, no dizer de Herculano Pires, a plataforma para as novas conquistas da humanidade.

É proibido, então, à mãe que chora a perda de seu filhinho, buscar notícias que a console? É proibido ao homem que vê a esposa doente, em risco de vida, pedir a cura ou a esperança? Aquele que não consegue um emprego e precisa sustentar a família não pode pedir aos espíritos que o ajude a se empregar? O homem de negócios que está atormentado pelos fracassos sucessivos, não pode ir buscar orientação junto a uma casa espírita? Nada disso é proibido, e é natural que o centro espírita preste esse socorro e vários outros, mas é preciso que ensine a libertação, ou seja, o conhecimento espírita. É preciso que compreendam que os espíritos não fazem pelo homem, aquilo que ao homem compete fazer.

É comum ao ser humano, o desejo de se ver liberto das dores, angústias e dificuldades. É comum procurarem meios mais ou menos mágicos para resolver seus problemas. No Espiritismo não poderia ser diferente. Quase sempre, aqueles que se decepcionam com a Doutrina Espírita e a abandonam, são os que querem soluções mágicas. Não existem soluções sem esforços, luta, trabalho.

Não raro a dor, o problema aparentemente insolúvel, é o chamamento para uma nova postura, um novo caminho, um novo ideal. O fato de sermos espíritas ou médiuns, não nos dá privilégios, e sim responsabilidades. Não feche os olhos para a luz. Não peça o que o Espiritismo não lhe pode dar, e não se decepcionará com ele.

Fonte: http://portalespirito.com/amilcar/o-que-eh-licito.htm

quarta-feira, 15 de maio de 2013

Repensando Jesus - Parte II


Por Maria Ribeiro

 Dar-se-á continuidade a respeito das ditas mensagens psicografadas que trazem revelações da vida de Jesus não contadas nos Evangelhos. Pois bem, estes textos caíram no gosto de grande número de adeptos e são utilizados inclusive para basearem os estudos realizados nos Centros quando o tema é a figura do Mestre.

Sem querer repetir o que grandes estudiosos do passado e do presente incansavelmente dizem, há nisto grande perigo, e o mais imediato é realmente a assimilação de tais ensinamentos pelos não estudiosos com sua consequente permanência na ignorância. Coisas que parecem inofensivas podem causar, como tem causado, grandes transtornos no ME.

Não se pode negar que trata-se de empreendimento por demais audacioso, e claro, temerário. Até certo ponto, também as tentativas de interpretações de passagens evangélicas caíram num terrível vício de floreações por demais exageradas, trocando as falas simbólicas do Cristo por outras simbologias, muitas vezes vagas e sem fundamento prático. Há inúmeras obras disseminadas no ME de conteúdo pretensamente "evangélico", para cujas interpretações deve ter havido um esforço enorme de imaginação.

Sobre isto, entretanto, é preciso que fique muito claro que tanto os escritores quanto suas obras são respeitados, mediante a fraternidade que deve unir todos os homens. Mas até certo grau, pois nenhuma literatura pode superar aquela trazida pelos Espíritos Superiores na Codificação. Quando a Codificação deixa de ser o parâmetro então se torna difícil que os confrades se dialoguem, pois que falarão de coisas diversas.

A Doutrina Espírita é como o cérebro e a medula espinal que comandam as funções do corpo e seus membros, de maneira que, se por alguma razão, os membros começam a ganhar vida própria e a agir por si mesmos, caminharão para rumos incertos.

Não se trata de querer impor o conhecimento trazido pela Doutrina como o único verdadeiro, trata-se de admitir que o conhecimento trazido pela Doutrina teve um mestre criterioso, sensato, racional. Aliás ele próprio garantiu que haveria complementos, já que a Doutrina Espírita é uma ciência e como tal não estará estagnada. O grave problema é que as falas consideradas "complemento da Doutrina" simplesmente a contradizem sem nenhum constrangimento, sendo aceitas sem critério algum por boa parte de adeptos deslumbrados com as "novidades".

Os textos da Codificação não foram poupados, pois também surgiram os que querem "interpretá-los!"

Com poucos minutos de conversa é possível reconhecer os que "se formam" fora da escola kardequiana: acham que sua literatura  agradável, floreada e poética lhes ensina tudo sobre Espiritismo; acreditam que a instituição que se intitula para o ME quase que como um vaticano para os católicos é simplesmente o máximo, visto que confiável, acima de qualquer suspeita. Geralmente são pessoas "nascidas na Doutrina" ou foram adotadas pelos "donos dos centros", de quem recebem orientações. A verdade é que muitos entraram na Doutrina, mas não percebem diferença entre ela e o Movimento Espírita.

Não se pode ter nada contra o romantismo e a poesia, isto alivia as tensões, as carências. O problema é fazer alguém encontrar lógica nas coisas mais absurdas, às vezes até ridículas.

Sobre as experiências de Jesus nos bastidores dos evangelhos, descritas nas psicografias, já se pôde constatar duas versões distintas para o mesmo fato. Fosse verdadeiro, o desfecho seria o mesmo, obedecendo ao estilo de cada médium-espírito, claro. O que ocorre, entretanto, é que muitos absorvem muito rápido o que ouvem e, como são orientadas a lerem estas obras, sedimentam o erro que cria raiz. Não adquirem o hábito de ler Kardec, e o que chamam livros de estudo, não passam de releituras infiéis de pontos doutrinários mal compreendidos.   

Não bastam os ensinos do Sermão da Montanha, verdadeiro código de ética descrito principalmente no livro de Mateus? Neste, Jesus fala claramente sobre como o homem deve se conduzir consigo mesmo, em sociedade e com Deus.

Jesus entra justamente neste ponto: consta que ele era um homem dócil, brando, meigo. Estas qualidades parecem tocar mais de perto as pessoas. E pensar que nele estas qualidades eram reflexo de sua grande sabedoria, exige um raciocínio que a Doutrina nos propõe quando fala da progressão dos Espíritos. No ME há os que enxergam em Jesus algo tão extraordinário que se esquecem de que ele é um Espírito que evoluiu obedecendo às mesmas leis impostas para todos. 

Mas Jesus era também um homem enérgico e esta nuance de sua personalidade parece não ser muito atraente. 

O homem doce e meigo afaga, compreende, oferece conselhos e um ombro para chorar, cura feridas. Mas o enérgico fala o que é preciso que se ouça, fala o que é preciso ser falado. E fala naturalmente, pois sabe que há uma realidade indesejável, prejudicial, que precisa ser contida. Ele só demonstra energia quando se refere aos teimosos, a pessoas que cometem erros por gosto de fazê-lo. É um homem maduro que ensina de forma que todos  compreendam, de acordo com a maturidade de cada um.

O "Conheça-te a ti mesmo" proposto pelo filósofo da antiguidade e relembrada pelos reveladores da espiritualidade, significa encarar aos próprios defeitos e não fugir deles, fingir que não existem. O que se faz é o que Freud chama de negação - processo mental usado para a recusa da percepção de realidades internas ou não, geralmente fatos ou eventos desagradáveis ou dolorosos. Deve ser por isso que vê-se pessoas insatisfeitas com a Verdade o tempo todo, se debatendo, se magoando por que estão diante de realidades que precisam mudar. Isto é Jesus falando e multidões se recusando a ouvir. 

O problema é que toda mudança requer trabalho e causa transtorno, por isto a inação parece mais cômoda. Então é preciso surgir o homem enérgico, o homem verdade: Jesus.

Metaforicamente, então é o momento de crucificar Jesus, posto que ele é a Verdade.

Para os espíritas a figura de Jesus não pode ser amesquinhada conforme o fizeram outrem. Espíritos Perfeitos sabem todas as coisas. Mas, repetidamente, ouve-se falar em "duas asas da evolução"- referência aos aspectos evolutivos moral e intelectual, pois que não se compreendeu até hoje que o progresso intelectual leva ao moral, infalivelmente; separações de conceitos como "Evangelho e Doutrina", quando os  próprios Espíritos em resposta a Kardec na conhecida questão 625 de O Livro dos Espíritos propagam ser Jesus - seus ensinamentos - o modelo e guia da Humanidade. A imaginação criou com isto uma religião espírita, cheia de dogmas, ritualismos e preceitos que se vê em combate com as contradições criadas por ela mesma ao longo do tempo.

Jesus não é o santo, o inocente que morreu na cruz conforme se ouve nas evangelizações. Jesus é um Espírito hierarquicamente elevado que se propôs a instruir um grupo de Espíritos ignorantes. Daí ele afirmar ser o mestre. Aquela figura de coitadinho não comunga com a real condição de um mestre, muito menos com a condição de Espírito Perfeito...  

Jesus é o símbolo da Moral, dos ricos valores que um homem deve haurir em sua trajetória, não para encontrar-se com Deus, aquele Deus majestoso, "cheio de glórias"... mas para encontrar-se a si mesmo, pois quando isso acontecer, Deus terá deixado de ser um mistério, suas leis magnânimas serão parceiras benquistas do Homem Moralizado.

Em algum momento da eternidade, o Espírito que surgiu a dois mil anos sob o nome de Jesus nada mais era do que alguém em condições parecidas com as que se conhecem: dificuldades, defeitos, falhas, erros, quedas. Num outro momento da eternidade, o Homem Moralizado será também um símbolo da Moral para outros homens ignorantes.

É a lei da vida - solidariedade.

  • Leia aqui a primeira parte deste texto.

sexta-feira, 19 de abril de 2013

Repensando Jesus


Por Maria Ribeiro

Poderia ser uma experiência interessante e até mesmo oportuna fazer uma reflexão (mais uma!) acerca da personalidade de Jesus.

Todo mundo sabe que a História não registrou sua existência, com raríssimas referências sobre sua pessoa, escritas pelo seu contemporâneo, o historiador Flávio Josefo. Tudo o que se sabe se deve às tradições orais, aos escritos dos evangelistas, e só.

Alguns Espíritos resolveram se aventurar, mandando mensagens através das potencialidades mediúnicas, no mínimo, incautas, sobre a vida de Jesus, suas experiências nos “bastidores” com os apóstolos e outros personagens, sempre trazendo um ensinamento de fundo moral cujo teor até pode auxiliar alguns em algumas ocasiões, mas não parece vir de um Espírito conhecedor da humanidade na qual veio conviver. 

Os que acompanham o Movimento Espírita através das reportagens dos diversos blogs sabem que vive-se uma tensa discussão a respeito dos pontos fundamentais da Doutrina que se tornaram para alguns uma verdadeira “polêmica”: uma delas é justamente sobre o seu tríplice aspecto – científico, filosófico e moral.

O Movimento Espírita brasileiro se vê dividido entre os que querem um Espiritismo laico e os que o querem “religioso”. É preciso salientar que ambas as posturas estão equivocadas. Nas palavras do próprio Kardec o Espiritismo não é uma religião constituída, segundo a acepção que se dá ao termo religião, mas também o Espiritismo é cristão, pois o Cristo é o Ser que melhor nos instruiu, fazendo-o sob a égide da Verdade.  

Jesus era judeu e em diversos momentos agiu como tal, sem prejuízo para sua doutrina de Amor, e isto demonstra que não são as atitudes exteriores que tornam o homem mais ou menos digno, mas suas convicções no Amor, no Bem.

O termo cristão foi proposto, segundo a tradição, por Lucas, companheiro de Paulo em algumas viagens e autor do 4º evangelho e do livro dos Atos dos Apóstolos. Portanto pode-se afirmar que Jesus, sendo o Cristo (ungido), não era ele mesmo cristão. 

As mensagens que causaram e permanecem causando espanto levam o título de cristãs em referência à pessoa de Jesus em sua condição espiritual que ninguém duvida – elevadíssima, um Espírito Puro.

E porque causam espanto? Porque fala a Verdade sobre a intimidade de cada um. Quando Jesus diz: “Ninguém vem ao Pai senão por mim”, ele não fala de sua própria pessoa, mas do que sua pessoa representa. Muitos afirmam que o mundo deverá se tornar “cristão” para que a paz reine. Se esquecem das diferentes culturas onde a pessoa do Cristo jamais seria aceita, mas onde suas orientações revestidas da cultura local podem fazer muitos adeptos. 

Um exemplo clássico é do abnegado Mohandas Gandhi que, sem ser cristão segundo a acepção que a palavra tomou, agiu como um seguidor do Cristo, como um seguidor de Jesus. Sua vida foi marcada por diversas ações dignas de um verdadeiro homem de bem. 

Isto quer dizer que não há ninguém, nenhum Espírito, (nem mesmo Jesus), preocupado em disseminar o nome de Jesus por toda a Terra, mas disseminar sua mensagem, que vence as fronteiras do tempo, do espaço, do preconceito e da ignorância. Isto faz inferir que nenhum ser ficará ou algum dia ficou desprovido de orientações para se guiar no mundo, mesmo que por meio de outras personalidades enviadas pelo nobre Espírito a que chamam Jesus.

Não se pode conceber um Jesus pregando uma caridade impraticável, para não dizer indigesta. Jesus sabia disso muito bem, tanto que com a Doutrina Espírita, diz: amai-vos e instruí-vos. Conhece a ignorância de cada Entidade reencarnada na Terra. Sabe que é através da instrução em todos os campos que se conseguirá conhecer e acima de tudo compreender o Amor que ele propõe. E não em divagações floreadas, tão comuns hoje em dia.

terça-feira, 12 de março de 2013

Estilo de las buenas comunicaciones


Revista Espírita, Octubre de 1862 – Disertaciones espiritas

Buscad, en la palabra, la sobriedad y la concisión; pocas palabras, muchas cosas. el lenguaje es como la armonía: cuanto más quisiéramos tornarla rebuscada, menos melodioso será.la verdadera ciencia es siempre aquella que toca, no a algunos sibaritas llenos de si, más si  a la masa inteligente que desde hace mucho tiempo es desviada del verdadero camino bello, que es el de la sencillez. A ejemplo de Su Maestro, los  discípulos de Cristo habían adquirido ese profundo saber de bien hablar, con sobriedad y concisión, y sus discursos, como los del Maestro, era marcado por esa delicadeza, por esa profundidad que en nuestros días, en una época en que todo miente a nuestro alrededor, aun se escuchan las voces de Cristo y de sus apóstoles, modelos inimitables de concisión y de precisión.

Más la verdad descendió de lo alto. Como los apóstoles de los primeros días de la era cristiana, los Espíritus superiores vienen a enseñar y dirigir. El Libro de los Espíritus es toda una revolución, porque es conciso y sobrio: pocas palabras, con mucha cosa; nada de flores de retorica; nada de imágenes, más si apenas pensamientos grandes y profundos, que consuelan y fortalecen. Es por eso que el agrada, y agrada porque es fácilmente comprendido. Es el cuño de superioridad de los Espíritus que lo dictaron.

¿Por qué hay tantas comunicaciones vanidad de Espíritus que se dicen superiores, impugnadas de insensatez, de frases resaltadas y floridas, una página para no decir nada? Tened la certeza de que no son Espíritus Superiores, más si seudosabios, que juzgan   producir efecto,  sustituyendo por palabras el vacio de las ideas, la profundidad del pensamiento por la oscuridad. Ellos no pueden seducir sino a los cerebros huecos como los suyos, que toman el  oropel puro y juzgan la belleza de la mujer por el brillo de sus aderezos.

Desconfiad pues, de los Espíritus verbosos, de lenguaje empollado  y confuso que exige darle a lacabeza para ser comprendidos. Reconoced la verdadera superioridad por el estilo conciso, claro e inteligible sin esfuerzo de imaginación. No midáis la importancia de las comunicaciones por su extensión,  más si por la suma de ideas que encierran en pequeño espacio. Para tener el tipo de la superioridad real, contad las palabras y las ideas, me refiero a las ideas justas, sanas y lógicas – y la comparación os dará la exacta medida. 

BARBARET (Espírito familiar). 

(Sociedad Espírita de Paris, 8 de agosto de 1862 - médium: Sr. Leymarie

Tradução: Mercedes Cruz

Clique aqui para a versão em português.

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

Por que mataram Jesus?


Por Octávio Caúmo Serrano

Com base na Lei da Reencarnação, poderíamos perguntar: Por que matamos Jesus?

Quantas vezes criticamos um personagem da história, um carrasco equivocado, sem desconfiar que podemos estar falando de nós. Aquele soldado que teria dado violenta estocada no Cristo, segundo os Evangelhos, poderia ser um de nós, hoje escandalizados e penalizados com o ocorrido:
"Um soldado tomou uma lança e furou-lhe o lado, e saiu sangue e água. Novamente Jesus clamou com alta voz e entregou seu fôlego. E eis que a cortina do Santuário rasgou-se em dois, do alto a baixo, e a terra tremeu, e as rochas se fenderam" (Mateus - Cap. 27, Vs. 49/51)
O que nos falta ainda aprender é que ninguém é gênio para a sua própria geração. Os sábios fazem revelações que só podem ser compreendidas depois que a vida provar a sua verdade, o que geralmente só acontece depois de muito sofrimento. Isto ocorreu e continuará acontecendo em todas as épocas da humanidade. Além de Jesus, quantos líderes foram perseguidos, feridos ou mortos e mais tarde reverenciados pelos homens. Seja na religião, na política, na arte, na filosofia ou qualquer tipo de atividade onde atuaram.

Fôssemos nós viventes da época de Jesus e também não teríamos concordado com Ele em tudo o que dizia e fazia. Para Ele foi difícil semear o fruto do futuro porque o povo daquela época estava com os costumes mosaicos arraigados e dizer-lhes que tudo aquilo era grande tolice haveria de chocá-los. Como dizer que as oferendas não tinham nenhum poder para sensibilizar Deus! Ainda hoje, quando dizemos que promessas e penitências são tolices, somos combatidos. Para nós ainda é o caminho mais curto e cômodo para solucionar problemas.

Esta é a razão por que Jesus teve de fazer um ajuste nas suas palavras e sugerir que antes de fazer a oferenda nos reconciliássemos com os adversários, porque este, sim, era um sacrifício agradável a Deus (Mateus V, 23/24).

Se transferirmos a proposta de Jesus para os nossos tempos, veremos que, ainda hoje, poucos de nós estamos dispostos a aceitá-la com a simplicidade como nos foi deixada. Preferimos as facilidades das oferendas modernas, acendendo velas ou usando talismãs. “Velho adágio já nos adverte que se pé de coelho desse sorte o coelho não teria morrido.”

Jamais censuremos os que traíram Jesus porque poderá ser uma autocensura. Se vivemos por lá naquele tempo, mais fácil que estivéssemos entre os fariseus, saduceus, escribas, vendilhões do templo do que tivéssemos sido um dos Apóstolos de Jesus ou seguidores de seus principais divulgadores. Basta ver-nos hoje, egoístas e orgulhosos, para saber que nunca fomos melhores e que, continuamos traindo Jesus, negando-nos a seguir suas sábias lições.

Quando retratam o sofrimento de Jesus nas representações de teatro ou cinema, tenhamos a certeza de que por mais violentas que as cenas pareçam, seguramente, elas foram na vida real muito piores.  Afinal, Jesus mexeu com os poderosos da época, desmascarando – ainda que apenas por exemplos e atitudes – a mentira e a falsidade. E quando os poderosos se sentem acuados, reagem de maneira intempestiva e violenta, desrespeitando qualquer regra de respeito e hierarquia. Defende-se a qualquer preço porque se dar bem é só o que lhes importa. Certamente, Jesus não escapou à ira daqueles que tinham o privilégio do manejo da sociedade da época. A ponto de ter sido morto após julgamento ilegal. Nem os mais elementares direitos humanos de justiça foram respeitados.

Em vez de ter pena de Jesus, tenhamos pena de nós, por não termos ainda, depois de quase vinte séculos, entendido nada sobre as orientações do Meigo Rabi da Galileia que nos deixou as verdadeiras receitas de felicidade.

Jornal O Clarim - fevereiro de 2013