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quinta-feira, 18 de abril de 2013

Allan Kardec racista?


Por Eugenio Lara

A questão do racismo no pensamento de Allan Kardec é bastante controversa. Há quem o considere racista por suas declarações acerca da raça negra. Outros preferem ignorar, dão de ombros e fingem que nada foi dito: tergiversam. “Nem tanto ao mar, nem tanto à terra”, diz o dito popular. A consideração do contexto histórico em que Kardec fez tais declarações é fundamental para entendermos seu pensamento, sem cairmos em posições extremadas.

No século 19, a rigor, toda a Europa era “racista”, por se autoconsiderar como modelo, como padrão estético e cultural. Este fato, somado ao quase completo desconhecimento da realidade cultural e social do continente africano, fazia de qualquer europeu de classe média um sujeito preconceituoso em relação a outras culturas e etnias, especialmente a africana. Ainda mais os franceses, que são xenófobos históricos e bastante chauvinistas. Kardec não seria exceção, tanto quanto os médiuns que colaboraram com ele na estruturação do Espiritismo.

Um dos primeiros fatos a serem considerados é a filiação de Allan Kardec à Frenologia (ou Craniologia), que na época obteve certa proeminência. Considerada hoje como pseudociência, foi fundada pelo médico alemão Franz Joseph Gall (1758-1828). Segundo essa pretensa teoria científica, as formas do crânio, sua morfologia, teriam relação com o caráter, com a moralidade e até com a espiritualidade. O grande criminalista e espírita italiano César Lombroso também era partidário dessa teoria. Kardec foi membro e secretário por vários anos da Sociedade Frenológica de Paris.

A adesão a essa pseudociência levou Kardec a pensar sobre o aspecto físico do negro, na suposta expressão de sua inferioridade intelecto-moral pela morfologia, o seu biótipo, em comparação com a raça caucasiana, como vemos nessa afirmação categórica: “O negro pode ser belo para o negro, como um gato é belo para um gato; mas, não é belo em sentido absoluto, porque seus traços grosseiros, seus lábios espessos acusam a materialidade dos instintos; podem exprimir as paixões violentas, mas não podem prestar-se a evidenciar os delicados matizes do sentimento, nem as modulações de um espírito fino.”

Hoje polêmica, esta afirmação de Kardec em Obras Póstumas (Teoria da Beleza) reforça sua ideia de que a raça branca seria a mais bela e evoluída: “podemos, sem fatuidade, creio, dizer-nos mais belos do que os negros e os hotentotes. Mas, também pode ser que, para as gerações futuras, melhoradas, sejamos o que são os hotentotes com relação a nós. E quem sabe se, quando encontrarem os nossos fósseis, elas não os tomarão pelos de alguma espécie de animais”.

É fundamental considerar também o fato de que o século 19 foi marcado por uma visão desenvolvimentista, “evolucionista”, de que haveria um padrão de progresso civilizatório a ser alcançado pelos seres humanos, pelas sociedades. De tal modo que, sob essa visão eurocentrista, marcada pelo positivismo, muitos povos e grupos sociais eram vistos como “primitivos”, “atrasados”, por não possuírem o mesmo progresso tecnológico e cultural das sociedades ditas “civilizadas”. É essa a concepção de mundo que possuía Allan Kardec, presente tanto em seu modo de pensar como no corpo doutrinário do Espiritismo.

No entanto, há um diferencial que precisa ser considerado. O critério de Kardec não é somente o tecnológico, cultural. O critério dele é profundamente ético. Segundo o Espiritismo, uma nação somente poderá se considerar civilizada se praticar a lei de amor e caridade, se houver alteridade, o respeito ao próximo, liberdade, fraternidade e igualdade entre todos os seus membros.

A libertação feminina é a “pedra de toque” dessa questão. Uma sociedade que trata as mulheres com violência, prepotência, desprezo e discriminação não tem o direito de se considerar civilizada. O Espiritismo sempre foi contra qualquer tipo de escravidão. Foi pioneiro em relação à defesa dos direitos das mulheres, num século em que a mulher ainda era muito mais discriminada e desrespeitada do que hoje. Denizard Rivail/Amélie Boudet foram exemplo de casal fora das regras de sua época. Gabi era quase dez anos mais velha do que Rivail, um fato insólito e pouco desejável. Os dois não tiveram filhos, outra estranheza. Mesmo oriunda de família rica, Gabi sempre trabalhou e, ao invés de se dedicar às futilidades próprias das senhoritas e matronas da elite francesa, preferiu manter-se ao lado do marido, como parceira, colaboradora, dando-lhe apoio logístico, afetivo e doutrinário em sua empreitada. E prosseguiu, após a desencarnação de Rivail, o trabalho por ele iniciado.

Além da questão da mulher, acrescentaríamos ainda o tratamento dado aos idosos, às crianças, aos animais, à natureza, como fatores fundamentais para a identificação do provável progresso civilizatório de uma nação.

Isto posto, a afirmação de que Allan Kardec teria sido racista é equivocada. Sem saber, ele era preconceituoso em relação ao negro, aos índios, aborígenes etc. assim como todo e qualquer europeu de seu tempo também o era. Expressou a visão de sua época, marcada pelo preconceito em relação à diversidade cultural, étnica. Isto não significa que ele discriminasse o negro, que o visse como um objeto, um animal de carga. A escravidão, seja ela qual for, é condenada pelo Espiritismo. Já o era pelos iluministas. Essa herança, Kardec também assimilou. Segundo o Espiritismo, nenhum ser humano deve ser tratado como objeto.

Além disso, a ideia de que Kardec seria racista é, também, incompatível com a proposta espírita em relação ao progresso da civilização:

799. De que maneira o Espiritismo pode contribuir para o progresso?

– Destruindo o materialismo, que é uma das chagas da sociedade, ele faz os homens compreenderem onde está o seu verdadeiro interesse. A vida futura, não estando mais velada pela dúvida, o homem compreenderá melhor que pode assegurar o seu futuro através do presente. Destruindo os preconceitos de seita, de casta e de cor ele ensina aos homens a grande solidariedade que os deve unir como irmãos. (O Livro dos Espíritos - trad. Herculano Pires, grifo meu).

As afirmações de Allan Kardec sobre o negro, a correlação da teoria espírita da evolução com a Frenologia, demonstram o seu evidente preconceito, mas não o guindam à condição de racista, tipo um Hitler, um neonazista ou algum membro radical da Ku Klux Klan. Preconceituoso sim, racista não!

Fonte: www.viasantos.com/pense

quarta-feira, 21 de março de 2012

Doctrina Espirita Y Racismo


Por Sergio Aleixo 

Una causa con ciertos tipos de amigos no precisaría enemigos. Reducir el nivel de  oportunidades del Espiritismo  a su aspecto moral es mal conocerlo. A eso bien respondió  Kardec en su artículo Lo que Enseña el Espiritismo, en el cual prueba que,  fuera de la enseñanza puramente moral, los resultados  del Espiritismo  no son tan estériles como pretenden algunos. [1]  El maestro les es, por eso, incomodo permanente, razón por la cual siempre buscan levantarle flaquezas, con el fin de hacer minar el poder que su obra, y solo ella, tiene de conferir al Espiritismo  unidad consistente, apartándolo de las propuestas en que vale casi todo si en nombre del “amor”, el pretendido error livianamente explorado es supuesto racismo de Kardec, más como podría ser propiamente un racista alguien que escribió, por ejemplo esto:

[…] El Espiritismo, restituyendo al espíritu su verdadero papel en la creación, constatando la superioridad de la inteligencia sobre la materia, hace que desaparezcan, naturalmente,   todas las distinciones establecidas entre los hombres, conforme las ventajas corporales y mundanas, sobre las cuales solo el orgulloso fundo las castas y los estúpidos preconceptos del color.  
[2] […] del estudio de los seres espirituales resalta la prueba de que esos seres sonde naturaleza y de origen  idénticos, que su destino es el mismo, que todos parten desde el mismo punto de origen  y tienden al mismo objetivo; que la vida corporal no pasa de un incidente , de una de las fases del espíritu, necesaria para su adelantamiento intelectual y moral; que en vista de ese avance el espíritu puede sucesivamente revestir diversos envoltorios, nacer en posiciones diferentes, se llega a la consecuencia capital de la igualdad de la naturaleza y, a partir de ahí, a la igualdad de los derechos sociales de todas las criaturas humanas  a la abolición de los privilegios de razas. Es lo que enseña el Espiritismo. [3] 
Sin embargo, se debe considerar que, en el siglo 19, el concepto de raza tenía status de ciencia, siendo llamada blanca, o caucásea, tenida y habida por superior. Naturalistas y hasta abolicionistas pensaban así. El más polémico de todos los escritos apuntados por los detractores de Kardec que incluso de público, el o que decía a cierta altura:
El negro puede ser bello para el negro, como un gato es bello para un gato; más no es bello en el sentido absoluto, porque sus trazos groseros, sus  labios espesos acusan la materialidad de los instintos; pueden exprimir  las pasiones violentas, más no pueden prestarse a evidenciar los delicados matices del sentimiento, ni las modulaciones de un espíritu fino. [4] 
No en tanto, se omite el parágrafo siguiente, en el que la pretendida condición superior de aquella generación fue duramente relativizada por el maestro espirita, dando prueba de que se trataba, en el,  no de preconcepto o discriminación, más si de una inferencia impregnada de la opinión científica de aquel momento, típicamente euro céntrico:
De ahí podremos, sin fatuidad, quiso, decirnos más bellos de lo que los negros  y los hotentotes. Más, también puede ser que, para las generaciones futuras, mejoradas, seamos lo que son los hotentotes con relación a nosotros. y quien sabe si, cuando encuentren nuestros fósiles , ellos no lo  tomaran por los de alguna especie de animales. [5] 
Argumenta un hermano en el Espiritismo que el error fue  el de Kardec haber usado un ejemplo contemporáneo. Si escribiese “hombre neandertal” en vez de “negros y hotentotes” nada se diría. Concuerdo. ¿O será que el trabajo de los espíritus no mejora los instrumentos de que se sirven a lo largo de los milenios?  Eso, claro, no tiene valor puntual. Una persona “fea” no es dueña, a priori, de un espíritu involucionado, ni una persona “bonita” es la encarnación de un espíritu necesariamente avanzado. Kardec defendía, ante de todo, que la evolución de los espíritus opera la evolución de los cuerpos; ¿o será aun mismo casual las mutaciones adaptivas? ¿Tienen alguna parte los espíritus en eso?
10. […]el cuerpo es simultáneamente el envoltorio y el instrumento del espíritu y, a la medida que este adquiere nuevas aptitudes, reviste un envoltorio adecuado al nuevo género de trabajo que debe realizar, así como se da a un operario herramientas menos groseras, a la medida que el es capaz de hacer una obra más delicada.   
11. Para ser más exacto, es preciso decir que es el propio espíritu el que modela su envoltorio, adecuándolo a sus nuevas necesidades. El perfecciona, desenvuelve y completa su organismo a la medida que experimenta la necesidad  de manifestar nuevas facultades; en una palabra, el lo talla de acuerdo con su inteligencia. Dios le ofrece los materiales, cabiendo a él emplearlos. Es así que las razas más adelantadas tienen un organismos, u si prefieren, una herramienta más perfeccionada que las razas más primitivas. Así también se explica el cuño especial que el carácter del espíritu imprime a los trazos fisionómicos y a las líneas de cuerpo […]  
15. […]  Los cuerpos de los macacos pueden muy bien  haber servido de vestimenta a los primeros espíritus humanos, necesariamente poco adelantados, que han venido a encarnar en la Tierra, esas vestimentas fueron las más apropiadas  para sus necesidades y más adecuadas al ejercicio de sus facultades que el cuerpo de cualquier otro animal. Al revés de ser hecha una  vestimenta especial para el espíritu, el habría hallado una pronta. Se vistió entonces con la piel de macaco, sin dejar de ser espíritu humano, así como el hombre,  no raro, se viste con la piel de ciertos animales sin por eso dejar de ser hombre.  
16. […]se puede decir que, bajo la influencia  y por efecto de la actividad intelectual de su nuevo habitante, el envoltorio se modifico, se embelleció en los detalles, conservando siempre la forma general del conjunto.los cuerpos perfeccionados, al procrearse, se reproducirán en las mismas condiciones […][6]
Otra  censura es la que acostumbra  llegar  el presidente espiritual de la Sociedad Parisiense de Estudios Espiritas: San Luis. Antes de todo, se sabe que, en la S.P.E.E, era frecuente los guías comunicarse  por médiums distintos y en épocas diferentes. La respuesta de San Luis puede haber sido  basada en la forma enfatizada por la imperfección del trabajo de un solo de esos médiums. Seria precipitado malsinar el espíritu con base en esa única situación, sin evidencia  de eso corresponder, en el, a un padrón inferior cualquiera.

En la evocación del “negro Padre Cesar”, [7] por otra parte, el médium actúa como intermediario de  dos espíritus: San Luis, que auxilia en las respuestas, y el Padre Cesar, sometido a esa ayuda. Existe la posibilidad de él l médium no haber filtrado bien los recados, o haberlos entrecruzados. La opinión a lo demás, de que la blancura se refería  a la superioridad es, allí,  no de San Luis, más si del Padre cesar, y aun así, no por cuenta del color blanco en sí, más si de las relaciones de poder en aquella sociedad.

El Espíritu llega a decir que estaba más feliz que en la Tierra porque su espíritu no era más negro; esto es, por no estar sujeto a las humillaciones aquí sufridas, no siendo el espíritu rico o pobre, hombre o mujer, viejo o joven, negro o blanco. Todavía, en una inesperada interferencia, dada su condición, afirmo el Padre Cesar  que los blancos eran orgullosos de una  “blancura” de la que no eran causa. Parece más  San Luis, ahí, que el Padre Cesar.

De cualquier forma, causa extrañeza la respuesta  al n. 9:
“[a San Luis].- ¿La raza negra es de hecho una raza inferior? Respuesta. _ La raza negra desaparecerá de la Tierra. Fue hecha para una latitud diferente de la vuestra”. [8] Ahora ya pareció más el Padre Cesar algo frustrado con su encarnación anterior  a la de San Luis, el cual responde así a la última pregunta de Kardec:  
12. [A San Luis]. - ¿Algunas veces los blancos reencarnan en cuerpos negros? Respuesta. – Si. Cuando, por ejemplo un señor maltrato a un esclavo, puede acontecer que pida, como expiación, para vivir en el cuerpo de un negro, con el fin de sufrir, por si mismo, lo que hizo padecer a los otros, progresando por ese medio  y obteniendo el perdón de Dios. [9]
No hace mucho , apareció “Nota Explicativa” de la Federación Espirita Brasileña repeliendo cualquier posibilidad de  interferencia discriminatoria o pre conceptuosa en la doctrina espirita  bien entendida; fue motivada, con todo, por actuación del Ministerio Público Federal. A.F.E.B.   la data venia, siempre fue más dedicada a consignar notas que contesten a Kardec, como la que corresponde a la Génesis, XV, 66, en la cual defiende el rustenismo en el momento en el que Kardec  lo sepultaba. Es, pues, la nota de la F: E. B. al título de la “Nota Explicativa”, esclareciendo la situación  de la obra:
Nota de la editora:  esta “Nota Explicativa”, publicada en  cara al acuerdo con el Ministerio Público Federal, tiene por objetivo demostrar la ausencia de cualquier discriminación o preconcepto en algunos trechos de las obras de Allan Kardec, caracterizadas, todas, por la sustentación de los principios de fraternidad y solidaridad  cristiana, contenido en la Doctrina Espirita. [10] 
Dada la relevancia del asunto, todavía, es de lamentarse que las referencias de las citaciones de la Revista Espirita en esa Nota Explicativa febiano  hayan sido registradas  algo descuidadamente. De las cinco citaciones directas de la Revista, ninguna es vinculada al tópico a que corresponde y solo dos indican el mes, lo que dificulta  sobremanera encontrarlas, y las demás, en los libros de otras editoras. Por señal, uno de los textos  fue reproducido sin mención al número de su página en las ediciones de la propia  F.E.B, y, aun, reportándose al mes errado. Donde se lee: “enero de 1863”, léase: p. 87, febrero de 1863”:
Nosotros trabajamos para dar fe a los que en nada creen; para esparcir una creencia que los torna mejores  unos para los otros, que les enseña a perdonar a los enemigos, a mirarse como hermanos, sin distinción de raza, casta, secta, color, opinión política o religiosa; en una palabra, una creencia que hace nacer el verdadero sentimiento de caridad, de fraternidad y deberes sociales. [11] 
Otro escrito significativo de Kardec a respecto es lo que paso a transcribir en su integridad,  sin negligencia el parágrafo final, inexistente en las ediciones fabianas y congéneres y, por consiguiente, en su citación constante de la Nota Explicativa de F. E. B.
Con la reencarnación desaparecen los preconceptos de razas de clases, pues el mismo espíritu puede renacer rico o pobre, gran señor o proletario, jefe o subordinado, libre o esclavo, hombre o mujer. De todos los argumentos invocados contra la injusticia de la servidumbre y de la esclavitud, contra la sujeción de la mujer a la ley del más fuerte, ninguno hay que supere en lógica el hecho material de la reencarnación. Si, pues, la reencarnación fundamenta sobre una ley  de la naturaleza, el principio de la fraternidad universal, ella fundamenta sobre la misma ley el principio de igualdad de los derechos sociales y, por consecuencia, el de la libertad.
Los hombres solo nacen inferiores y subordinados por el cuerpo; por el espíritu ellos  son iguales y libres. De ahí el deber de tratar  a los inferiores con bondad, benevolencia y humildad, porque aquel que hoy  es nuestro subordinado puede haber sido nuestro igual o nuestro superior, puede ser un pariente o un amigo, y nosotros, por nuestra vez, podemos  venir a ser subordinados de aquel que hoy comandamos. [12] 
Por tanto, la acusación de racismo a Kardec y al Espiritismo nunca podrá superar el vivió de anacronismo. Bajo ese punto de vista, Kardec no sería más racista de lo que cualquier europeo de su tiempo, sin embargo, con esta ventaja soberbia: si los errores de la ciencia de época  lo autorizaron  a creer en razas primitivas y que podemos nacer inferiores y subordinados por el cuerpo, a eso nunca dejo de contraponer la medida libertaria del pensamiento espirita, esto es, por el espíritu somos iguales y libres, no somos hombres o mujeres, niños o viejos, ricos o pobres, blancos o negros, lo que el acabo llevando a la defensa contundente, como se vio, de la igualdad de los derechos sociales de todas las criaturas humanas y de la abolición de los privilegios de razas.

Con los avances de la biogenética, está demostrado que no existen genes raciales en la especie humana. Somos, claro, más evolucionados biológicamente que nuestros ascentrales antropoides. Esta, es la única evolución, admitida además por la ciencia. Caso se hable de  una evolución  espiritual, moral, o aun mismo cultural, es ignorado o reprendido, porque el espíritu, o la reencarnación, aun son irrelevantes para la ciencia, así como Dios. Entretanto,  los espiritas por definición, no podemos hablar y pensar como agnósticos, ateos, materialistas, nihilistas. Si, por un lado, el Espiritismo nos impone acompañar a la ciencia en aquello que particularmente a esta dice respecto, nos está prohibido descuidar el propio Espiritismo en lo que a este compete exclusivamente.

Por eso, decimos hoy, los espiritas, que no hay razas humanas, menos aun inferiores o superiores, de común acuerdo en esto con la ciencia, más si igualmente afianzamos que, si, los espíritus, mediante la reencarnación, constituyen los artífices de la evolución biológica. Las mutaciones que dejan por seleccionar los más aptos no son casualmente adaptivas. Como decía el maestro espirita por excelencia: “Un acaso inteligente ya no sería acaso”. [13] 

Referências:

[1] Revista Espírita. Ago/1865.

[2] Revista Espírita. Out/1861. Discurso do Sr. Allan Kardec. F.E.B., 2007, 3.ª ed., p. 432.

[3] Revista Espírita. Jun/1867. Emancipação das Mulheres nos Estados Unidos. F.E.B., 2007, 2.ª ed, p. 231.

[4] Obras Póstumas. Teoria da Beleza. F.E.B., 2002, 32.ª ed., p. 168.

[5] Id., ibid. Grifo meu.

[6] KARDEC. A Gênese, XI. Léon Denis Gráfica e Editora, 2008, 2.ª ed., pp. 235/36 e 237.

[7] No francês: “le nègre Pa César”.

[8] Revista Espírita. Jun/1859. O negro Pai César. F.E.B., 2007, 3.ª ed., p. 245.

[9] Id., ibid.

[10] Revista Espírita. ANO I. 1858. F.E.B., 2009, 4.ª ed., p. 537.

[11] KARDEC. Revista Espírita. Fev/1863. A Loucura Espírita. F.E.B., 2007, 3.ª ed., p. 87.

[12] KARDEC. A Gênese, I, 36. Léon Denis Gráfica e Editora, 2.ª ed., 2008. Com base na 4.ª ed. francesa.

[13] O Livros dos Espíritos. Comentário ao n. 8.


Tradução: Mercedes Cruz

Clique aqui para a versão em português.


Fonte: Ensaios da Hora Extrema - http://ensaiosdahoraextrema.blogspot.com.br/2012/03/doutrina-espirita-e-racismo.html

terça-feira, 20 de março de 2012

Doutrina Espírita e Racismo


Por Sérgio Aleixo

Uma causa com certos tipos de amigos não precisaria de inimigos. Reduzir o nível de oportunidade do Espiritismo ao seu aspecto moral é mal conhecê-lo. A isso já bem respondera Kardec em seu artigo O Que Ensina o Espiritismo, no qual prova que, fora do ensinamento puramente moral, os resultados do Espiritismo não são tão estéreis quanto pretendem alguns.[1] O mestre lhes é, por isso, um incômodo permanente, razão pela qual sempre buscam levantar-lhe fraquezas, a fim de tentarem minar o poder que sua obra, e só ela, tem de conferir ao Espiritismo unidade consistente, afastando-o das propostas em que vale quase tudo se em nome do “amor”. O pretenso erro mais levianamente explorado é o suposto racismo de Kardec. Mas como poderia ser propriamente um racista alguém que escreveu, por exemplo, isto:
[...] o Espiritismo, restituindo ao espírito o seu verdadeiro papel na criação, constatando a superioridade da inteligência sobre a matéria, faz que desapareçam, naturalmente, todas as distinções estabelecidas entre os homens, conforme as vantagens corporais e mundanas, sobre as quais só o orgulho fundou as castas e os estúpidos preconceitos de cor.[2] 
[...] do estudo dos seres espirituais ressalta a prova de que esses seres são de natureza e de origem idênticas, que seu destino é o mesmo, que todos partem do mesmo ponto e tendem para o mesmo objetivo; que a vida corporal não passa de um incidente, uma das fases da vida do espírito, necessária ao seu adiantamento intelectual e moral; que em vista desse avanço o espírito pode sucessivamente revestir envoltórios diversos, nascer em posições diferentes, chega-se à consequência capital da igualdade de natureza e, a partir daí, à igualdade dos direitos sociais de todas as criaturas humanas e à abolição dos privilégios de raças. Eis o que ensina o Espiritismo.[3]
Porém, deve-se considerar que, no século 19, o conceito de raça tinha status de ciência, sendo a chamada branca, ou caucásia, tida e havida por superior. Naturalistas e até abolicionistas pensavam assim. O mais polêmico de todos os escritos pinçados por detratores de Kardec sequer foi por ele publicado, em que dizia a certa altura:
O negro pode ser belo para o negro, como um gato é belo para um gato; mas, não é belo em sentido absoluto, porque seus traços grosseiros, seus lábios espessos acusam a materialidade dos instintos; podem exprimir as paixões violentas, mas não podem prestar-se a evidenciar os delicados matizes do sentimento, nem as modulações de um espírito fino.[4]
No entanto, omite-se o parágrafo seguinte, em que a pretensa condição superior daquela geração foi duramente relativizada pelo mestre espírita, dando prova de que se tratava, nele, não de preconceito ou discriminação, mas de uma inferência impregnada da opinião científica daquele momento, tipicamente eurocêntrico:
Daí o podermos, sem fatuidade, creio, dizer-nos mais belos do que os negros e os hotentotes. Mas, também pode ser que, para as gerações futuras, melhoradas, sejamos o que são os hotentotes com relação a nós. E quem sabe se, quando encontrarem os nossos fósseis, elas não os tomarão pelos de alguma espécie de animais.[5]
Argumenta um irmão em Espiritismo que o erro foi Kardec ter usado um exemplo contemporâneo. Se escrevesse “homens de neanderthal” em vez de “negros e hotentotes”, nada se diria. Concordo. Ou será que o trabalho dos espíritos não aprimora os instrumentos de que se servem ao longo de milênios? Isso, claro, não tem valor pontual. Uma pessoa “feia” não é dona, a priori, de um espírito involuído, nem uma pessoa “bonita” é a encarnação de um espírito necessariamente avançado. Kardec defendia, antes de tudo, que a evolução dos espíritos opera a evolução dos corpos; ou serão mesmo casuais as mutações adaptativas? Parte alguma têm os espíritos nisso?
10. [...] o corpo é simultaneamente o envoltório e o instrumento do espírito e, à medida que este adquire novas aptidões, reveste um envoltório adequado ao novo gênero de trabalho que deve realizar, assim como se dá a um operário ferramentas menos grosseiras, à medida que ele é capaz de fazer uma obra mais delicada. 
11. Para ser mais exato, é preciso dizer que é o próprio espírito que modela o seu envoltório, adequando-o às suas novas necessidades. Ele o aperfeiçoa, desenvolve e completa o seu organismo à medida que experimenta a necessidade de manifestar novas faculdades; em uma palavra, ele o talha de acordo com a sua inteligência. Deus lhe fornece os materiais, cabendo a ele empregá-los. É assim que as raças mais adiantadas têm um organismo, ou, se preferirem, uma ferramenta mais aperfeiçoada do que as raças mais primitivas. Assim também se explica o cunho especial que o caráter do espírito imprime aos traços fisionômicos e às linhas do corpo [...] 
15. [...] Corpos de macacos podem muito bem ter servido de vestimenta aos primeiros espíritos humanos, necessariamente pouco adiantados, que tenham vindo encarnar na Terra, essas vestimentas foram as mais apropriadas às suas necessidades e mais adequadas ao exercício das suas faculdades que o corpo de qualquer outro animal. Ao invés de ser feita uma vestimenta especial para o espírito, ele teria achado uma pronta. Vestiu-se então da pele do macaco, sem deixar de ser espírito humano, assim como o homem, não raro, se veste com a pele de certos animais sem por isso deixar de ser homem. 
16. [...] pode-se dizer que, sob a influência e por efeito da atividade intelectual do seu novo habitante, o envoltório se modificou, embelezou-se nos detalhes, conservando sempre a forma geral do conjunto. Os corpos aperfeiçoados, ao se procriarem, reproduziram-se nas mesmas condições [...][6]
Outra objurgatória é a que costuma atingir o presidente espiritual da Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas: São Luís. Antes de tudo, saiba-se que, na S.P.E.E., era frequente os guias se comunicarem por médiuns distintos e em épocas diferentes. A resposta de São Luís pode ter sido vazada na forma infracitada por imperfeição do trabalho de um só desses médiuns. Seria precipitado malsinar o espírito com base nessa única situação, sem evidência de isso corresponder, nele, a um padrão inferior qualquer.

Na evocação do “negro Pai César”,[7] além do mais, o médium atua como intermediário de dois espíritos: São Luís, que auxilia nas respostas, e Pai César, submetido a essa ajuda. Existe a possibilidade de o médium não ter filtrado bem os recados, ou os ter entrecruzado. A opinião, ao demais, de que a brancura conferia superioridade é, ali, não de São Luís, mas do Pai César, e ainda assim, não por conta da cor branca em si, mas das relações de poder naquela sociedade.

O espírito chega a dizer que estava mais feliz que na Terra porque seu espírito não era mais negro; isto é, por não estar mais sujeito às humilhações aqui sofridas, não sendo o espírito rico ou pobre, homem ou mulher, velho ou criança, negro ou branco. Todavia, numa inesperada inferência, dada sua condição, afirmou o Pai César que os brancos eram orgulhosos de uma “alvura” de que não eram a causa. Parece mais São Luís, aí, do que Pai César.

De qualquer forma, causa estranhamento a resposta ao n. 9: 
“[A São Luís]. – A raça negra é de fato uma raça inferior? Resp. – A raça negra desaparecerá da Terra. Foi feita para uma latitude diversa da vossa”.[8] Agora já pareceu mais Pai César algo frustrado com sua encarnação anterior do que São Luís, o qual responde assim à última pergunta de Kardec: 
12. [A São Luís]. – Algumas vezes os brancos reencarnam em corpos negros? Resp. – Sim. Quando, por exemplo, um senhor maltratou um escravo, pode acontecer que peça, como expiação, para viver num corpo de negro, a fim de sofrer, por sua vez, o que fez padecer os outros, progredindo por esse meio e obtendo o perdão de Deus.[9]
Não há muito, apareceu “Nota Explicativa” da Federação Espírita Brasileira repelindo qualquer possibilidade de inferência discriminatória ou preconceituosa na doutrina espírita bem entendida; motivada foi, contudo, por atuação do Ministério Público Federal. A F.E.B., data venia, sempre foi mais dedicada a consignar notas que contestem Kardec, como a que corresponde à Gênese, XV, 66, na qual defende o rustenismo no momento mesmo em que Kardec o sepultava. Eis, pois, a nota da F.E.B. ao título da “Nota Explicativa”, esclarecendo a situação da feitura da peça:
Nota da Editora: Esta “Nota Explicativa”, publicada em face de acordo com o Ministério Público Federal, tem por objetivo demonstrar a ausência de qualquer discriminação ou preconceito em alguns trechos das obras de Allan Kardec, caracterizadas, todas, pela sustentação dos princípios de fraternidade e solidariedade cristãs, contidos na Doutrina Espírita.[10]
Dada a relevância do assunto, todavia, é de se lamentar que as referências das citações da Revista Espírita nessa Nota Explicativa febiana hajam sido registradas algo descuidadamente. Das cinco citações diretas da Revista, nenhuma é vinculada ao tópico a que corresponde e só duas indicam o mês, o que dificulta sobremodo encontrá-las, e às demais, nos volumes de outras editoras. Por sinal, um dos textos foi reproduzido sem menção ao número de sua página nas edições da própria F.E.B. e, ainda, reportando-se ao mês errado. Onde se lê: “janeiro de 1863”, leia-se: “p. 87, fevereiro de 1863”:
Nós trabalhamos para dar a fé aos que em nada crêem; para espalhar uma crença que os torna melhores uns para os outros, que lhes ensina a perdoar aos inimigos, a se olharem como irmãos, sem distinção de raça, casta, seita, cor, opinião política ou religiosa; numa palavra, uma crença que faz nascer o verdadeiro sentimento de caridade, de fraternidade e deveres sociais.[11]
Outro escrito significativo de Kardec a respeito é o que passo a transcrever na sua íntegra, sem negligenciar o parágrafo final, inexistente nas edições febianas e congêneres e, por conseguinte, na sua citação constante da Nota Explicativa da F.E.B.:
Com a reencarnação desaparecem os preconceitos de raças e de classes, pois que o mesmo espírito pode renascer rico ou pobre, grande senhor ou proletário, chefe ou subordinado, livre ou escravo, homem ou mulher. De todos os argumentos invocados contra a injustiça da servidão e da escravidão, contra a sujeição da mulher à lei do mais forte, nenhum há que supere em lógica o fato material da reencarnação. Se, pois, a reencarnação fundamenta sobre uma lei da natureza, o princípio da fraternidade universal, ela fundamenta sobre a mesma lei o princípio da igualdade dos direitos sociais e, por consequência, o da liberdade. 
Os homens só nascem inferiores e subordinados pelo corpo; pelo espírito eles são iguais e livres. Daí o dever de tratar os inferiores com bondade, benevolência e humanidade, porque aquele que hoje é nosso subordinado pode ter sido nosso igual ou nosso superior, pode ser um parente ou um amigo, e nós, por nossa vez, podemos vir a ser o subordinado daquele que hoje comandamos.[12]
Portanto, a acusação de racismo a Kardec e ao Espiritismo nunca poderá superar o vício do anacronismo. Sob esse ponto de vista, Kardec não seria mais racista do que qualquer europeu de seu tempo, porém, com esta vantagem soberba: se os erros da ciência de época o autorizaram a crer em raças primitivas e que podemos nascer inferiores e subordinados pelo corpo, a isso nunca deixou de contrapor a medida libertária do pensamento espírita, isto é, pelo espírito somos iguais e livres, não somos homens ou mulheres, crianças ou velhos, ricos ou pobres, brancos ou negros, o que o acabou levando à defesa contundente, como se viu, da igualdade dos direitos sociais de todas as criaturas humanas e da abolição dos privilégios de raças.

Com os avanços da biogenética, demonstrado está não existirem genes raciais na espécie humana. Somos, claro, mais evoluídos biologicamente que nossos ancestrais antropoides. Esta, a única evolução, aliás, admitida pela ciência. Caso se fale numa evolução espiritual, moral, ou mesmo cultural, é-se ignorado ou repreendido, porque o espírito, ou a reencarnação, ainda são irrelevantes para a ciência, assim como Deus. Entretanto, espíritas por definição, não podemos falar e pensar como agnósticos, ateus, materialistas, niilistas. Se, por um lado, o Espiritismo nos impõe acompanhar a ciência naquilo que particularmente a esta diz respeito, é-nos interdito negligenciar o próprio Espiritismo no que a este compete exclusivamente.

Por isso, dizemos hoje, os espíritas, que não há raças humanas, menos ainda inferiores ou superiores, de comum acordo nisto com a ciência, mas igualmente afiançamos que, sim, os espíritos, mediante a reencarnação, constituem os artífices da evolução biológica. As mutações que findam por selecionar os mais aptos não são casualmente adaptativas. Como dizia o mestre espírita por excelência: “Um acaso inteligente já não seria acaso”.[13]

Referências:
[1] Revista Espírita. Ago/1865.
[2] Revista Espírita. Out/1861. Discurso do Sr. Allan Kardec. F.E.B., 2007, 3.ª ed., p. 432.
[3] Revista Espírita. Jun/1867. Emancipação das Mulheres nos Estados Unidos. F.E.B., 2007, 2.ª ed, p. 231.
[4] Obras Póstumas. Teoria da Beleza. F.E.B., 2002, 32.ª ed., p. 168.
[5] Id., ibid. Grifo meu.
[6] KARDEC. A Gênese, XI. Léon Denis Gráfica e Editora, 2008, 2.ª ed., pp. 235/36 e 237.
[7] No francês: “le nègre Pa César”.
[8] Revista Espírita. Jun/1859. O negro Pai César. F.E.B., 2007, 3.ª ed., p. 245.
[9] Id., ibid.
[10] Revista Espírita. ANO I. 1858. F.E.B., 2009, 4.ª ed., p. 537.
[11] KARDEC. Revista Espírita. Fev/1863. A Loucura Espírita. F.E.B., 2007, 3.ª ed., p. 87.
[12] KARDEC. A Gênese, I, 36. Léon Denis Gráfica e Editora, 2.ª ed., 2008. Com base na 4.ª ed. francesa.
[13] O Livros dos Espíritos. Comentário ao n. 8.

Fonte: Ensaios da Hora Extrema - http://ensaiosdahoraextrema.blogspot.com.br/2012/03/doutrina-espirita-e-racismo.html