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sexta-feira, 21 de fevereiro de 2020

"Em torno do Nosso Lar" é lançado em livro pela Editora Appris

A dissertação de Mestrado em Ciências das Religiões (UFPB) "Em torno do Nosso Lar - Uma análise das controvérsias produzidas no movimento espírita" foi lançada em formato de livro pela Editora Appris, de Curitiba, sob o título "Em torno do Nosso Lar - As controvérsias do Espiritismo".

Com 152 páginas, o livro, que trata das controvérsias surgidas no movimento espírita após a publicação de "Nosso Lar"em 1944, está disponível à venda no site da editora através do link:








No vídeo abaixo, o autor faz sua divulgação do livro:

quarta-feira, 9 de julho de 2014

Movimento e Pesquisas Espíritas

Por Carlos Antônio de Barros

Muita gente em nosso meio acredita que a Doutrina Espírita esteja pronta e acabada. Assim pensa os espíritas religiosos. Logo, não tem porquê nem para quê acrescentar algo mais em nome da Ciência.

A palavra "inacabada", contudo, soa como herética aos ouvidos dos espíritas religiosos que acham não ter mais o que estudar e pesquisar, em face do "complemento definitivo" feito com os livros psicografados por Chico Xavier sob a orientação do seu orientador espiritual, Emmanuel.

Os espíritas que simpatizam com o aspecto científico da Doutrina não se conformam com a ideia de segui-la no formato "igrejificado", respingada de dogmas e atavismos teológicos que a deixa obscurecida pela fé cega.

Esta pendenga doutrinária, infelizmente, acabou dividindo o movimento em grupos que, soberbamente, classificam Allan Kardec como "superado" e que decidiram pesquisar a Bíblia para explicar o Espiritismo, com o propósito de trazer "novas luzes" para O Evangelho Segundo o Espiritismo.

Os espíritas filosóficos - aqueles que se autodenominal de "livres pensadores", correm por fora de todo esse imbróglio preservando-se de atritos e contendas inúteis.

Alguns desses filósofos, evidentemente, admiram a sede conhecimentos dos espíritas científicos e pretendem dividir com estes as pesquisas que o Espiritismo "inacabado" tanto reclama.

Grupos, núcleos e associações espíritas estão se mobilizando em todo o País, implementando projetos para formar novos pesquisadores imbuídos do espírito perspicaz e investigativo de Kardec. Não se sabe ao certo se os projetos vão tomar a dimensão desejada e encontrar respostas em meio a tantas questões que permeiam o complexo campo da Ciência Espírita.

O saudoso e respeitado pesquisador paulista, José Herculano Pires (1914-1979), refere-se à Epistemologia Espírita - Estudo Crítico do Conhecimento Científico à Luz do Espiritismo, como indispensável à sua compreensão.

Segundo Herculano Pires, Kardec examina a posição epistemológica do Espiritismo na "Introdução do Estudo da Doutrina", que abre O Livro dos Espíritos. Resta saber, portanto, quem se interessou e leu essa relevante introdução.

Um texto que a maioria dos espíritas acha chato porque não traz nenhuma revelação dos mais sombrios umbrais ou alguma curiosidade sobre a colônia Nosso lar.

Lembrando: a posição epistemológica do Espiritismo não pode ser modificada a bel prazer dos espíritas entusiasmados com o seu pseudo-saber.

Fonte: Kardec Ponto Com

quinta-feira, 18 de abril de 2013

Preto Velho, Pomba Gira, Exu, face as Reuniões Mediúnicas Espíritas



Por Maria das Graças Cabral

Andam muito em voga as obras literárias da autoria de cientistas de formação humanista, como antropólogos, sociólogos, pedagogos e historiadores, que se propõem a estudar o Espiritismo, fazendo suas pesquisas sob a ótica própria da sua área de conhecimento. As conclusões obedecem às limitações impostas pelos objetivos pré-determinados pela pesquisa, apresentando algumas incongruências com o pensamento espírita, posto que, seu entendimento é oriundo de um “outro olhar”.

 E foi lendo uma dessas obras intitulada “Espiritismos – Limiares entre a vida e a morte”, que me deparei com a seguinte assertiva feita pela autora Maria Ângela Vilhena, quando trata de “Dinâmicas da Auto Compreensão Espírita no Brasil”, senão vejamos:

(...) “A valorização do conhecimento letrado, da erudição, do refinamento intelectual atua no sentido de no momento presente excluir dos centros kardecistas os que no passado, quando encarnados, não tiveram acesso a esses bens culturais porque foram pobres, negros, índios. Ergue-se assim uma barreira simbólica, um fosso invisível a afastar do kardecismo os brasileiros menos favorecidos economicamente, discriminados pelo sangue e pele, contaminados por tradições religiosas de procedência não europeia. Eis porque, para muitos analistas do movimento espírita kardecista, aqui estariam, ainda que de maneira velada, traços provenientes de preconceitos de classe, cor, religião e cultura que grassam na sociedade brasileira”. (2008: p. 130) (grifo nosso)

Adiante acrescenta em um tópico intitulado TENDÊNCIA INCLUSIVISTA o seguinte:

(...) “Neles não faltam questionamentos à FEB e a certos centros a ela filiados, que não recebem espíritos de pretos velhos, índios, caboclos, mas apenas literatos, pintores, padres, freiras de cútis branca, olhos azuis”. (2008: p. 141) (grifo nosso)

Diante do exposto, farei resumidamente algumas considerações, de acordo com o que está positivado em O Livro dos Espíritos. Asseveram os Mestres espirituais da Codificação, que somos todos Espíritos em evolução e fomos criados simples e ignorantes; que temos o livre-arbítrio para escolher nossos caminhos, daí, alguns avançarem mais rapidamente rumo à perfeição, e outros mais lentamente; que mais cedo ou mais tarde, todos alcançarão a condição de Espírito Perfeito; e que segundo o grau de perfeição se tem Espíritos de diferentes ordens, que vai da Imperfeição à condição de Espírito Puro.

A Doutrina Espírita estabelece que com a morte do corpo material, o Espírito leva para o plano espiritual todas as aquisições intelectuais e morais. Não vira santo, nem gênio, nem demônio. Continua sendo o que é, com seus vícios, virtudes, crenças, dores morais, desequilíbrios, amores e ódios. Que passará um tempo na condição de Espírito errante, estudando o seu passado e procurando o meio de se elevar.

Também nos é dito que o Espírito desencarnado não perde sua individualidade e utiliza-se de um envoltório semimaterial (períspirito) que toma uma forma visível e palpável, e apresenta a aparência da sua última encarnação.

Fica claro que toma esta aparência, pois é assim que se percebe, se identifica, e se faz reconhecer. Portanto, se desencarnou como negro (a) ou oriental, assim se apresentará e se perceberá. Entretanto, se numa próxima encarnação, reencarnar como um (a) mulato (a), ou branco (a), assim se apresentará e se perceberá. Até porque o Espírito não tem cor nem sexo. Apenas utiliza-se do corpo material para o seu desenvolvimento espiritual, e por consequência, seu períspirito, no papel de elo entre a matéria e espírito, e de envoltório do espírito quando desencarnado, mantém a forma do corpo físico que habitou.

Vale ressaltar, que a aparência o identifica e individualiza. Então se questiona: - Será que alguém que encarnou como escravo, índio, mulato, branco, passará a se apresentar “sempre” com essas características mesmo depois de várias outras encarnações? E se insistir em se fazer conhecer e se identificar com essa forma, qual seria seu propósito?

Asseveram os Mestres Espirituais, que pode o Espírito se apresentar e se identificar sob a forma de uma encarnação transata, desde que haja necessidade de se fazer reconhecer por alguém (uns) que o conheceu sob aquela forma e identidade.

No que concerne à identidade dos Espíritos, outro aspecto relevante a ser proposto, diz respeito aos vários Espíritos da Codificação que se apresentam com nomes de grandes personalidades terrenas como Sócrates, Platão, Santo Agostinho, Erasto, etc. Não obstante, tais pessoas foram individualidades que passaram pela Terra traçando uma rica experiência encarnatória, deixando seus nomes eternizados pela grandeza dos feitos realizados.

Dizem os Mestres espirituais, que muito comumente Espíritos de alta elevação se apropriam de nomes conhecidos e respeitados na Terra, para trazerem mensagens esclarecedoras ou revelações, objetivando serem estas mais facilmente acatadas pela humanidade.

Como também muitos outros Espíritos se apresentam com os nomes de suas últimas encarnações, como pessoas comuns que fizeram parte da humanidade terrestre. São os inúmeros “Joãos”, “Marias”, “Alices”, “Elizabetes”, “Fredericos”, etc., que também viveram na Terra, e narram suas histórias eivadas de vitórias, e/ou insucessos, independente de raça, credo ou condição social. E esses relatos estão fartamente presentes nas Obras Fundamentais incluindo as Revistas Espíritas, a título de ensinamento.

Não obstante, no que concerne ao Preto Velho, a Pomba Gira, ao Exu, ao Satanás, a Iemanjá, ao Anjo Gabriel, ao Anjo Ismael, ao Saci Pererê, a Mula sem Cabeça, etc., não passam de figuras mitológicas ou folclóricas. Ou seja, essas individualidades nunca existiram.

Pode-se entender que alguns Espíritos se façam identificar com tais denominações, ou assumindo tais formas (em face da plasticidade do períspirito) tendo como objetivo, despertar respeito, reverência, credibilidade, assustar ou aterrorizar os crédulos.

Afinal, ninguém é “Preto Velho” nem “Pomba Gira”, nem “Satã”, muito menos os Espíritos de alta evolução andam tomando forma de “Anjos” cacheados e com asas, para serem acatados e respeitados pelos encarnados. Tais recursos apenas denotam o nível de ignorância de tais Espíritos, que ainda procuram recorrer a essas formas e identidades para chamar a atenção daqueles que acreditam, e assim alcançarem objetivos frequentemente não muito nobres.

Oportuno pontuar, que as reuniões mediúnicas espíritas, devem ter caráter educativo e esclarecedor tanto para encarnados, como para desencarnados. Observa-se que Kardec exaustivamente apresenta nas obras fundamentais, as reuniões mediúnicas como a parte prática e educativa da Doutrina dos Espíritos, já que esta tem dentre seus fundamentos, a comunicabilidade e interação entre os dois planos da vida.

Vale ressaltar, que todos os diálogos travados numa mediúnica se desenvolvem num clima de respeito e recolhimento, numa busca incessante de aprendizado e esclarecimento por parte dos interlocutores encarnados e desencarnados.

Daí, por exemplo, se um Espírito se apresenta na reunião mediúnica espírita identificando-se como: - “Sou o Saci Pererê”, ou, “sou o Preto Velho”, ou ainda, “sou a Pomba Gira”, obviamente, que se buscará saber quem ele é realmente, para que se possa analisar a sua problemática. Não se deve jamais fomentar a “fantasia” de individualidades que se apresentam como figuras folclóricas e/ou mitológicas.

Portanto, o Espiritismo não exclui o atendimento a Espíritos de negros, índios ou pobres. Muito pelo contrário, acolhe e respeita a todos. Não obstante, sendo uma Doutrina filosófica e moral, não acolhe superstições e crendices. Na realidade, a Doutrina Espírita busca esclarecer e educar o Espírito humano, conduzindo-o para sua emancipação espiritual.

O Espiritismo assevera que ninguém é anjo ou demônio. Somos todos Espíritos, criados simples e ignorantes, em processo evolutivo, e que temporariamente utilizamo-nos de corpos, e vivenciamos a maldade e a dor, por pura ignorância, no sentido de ignorar, de desconhecer, de faltar habilidade para vivenciar a Lei de Amor.

Entretanto, mais cedo ou mais tarde alcançaremos a condição de Espíritos Puros. Seremos Seres Cósmicos livres do processo reencarnatório, expandindo todo o potencial de bondade, de beleza e paz, em favor de todos os seres. 

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

VILHENA, Maria Ângela. Espiritismos – Limiares entre a vida e a morte. Ed. Paulinas. 1ª edição. São Paulo/SP. 2008.

KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. Ed. LAKE, 62ª edição. São Paulo/SP. 2001.

Fonte: Blog Um Olhar Espírita - http://umolharespirita1.blogspot.com.br/2012/11/preto-velho-pomba-gira-exu-face-as.html

terça-feira, 15 de janeiro de 2013

Roustaing e a personalidade de Jesus


Por Josué de Freitas

Quando estudamos a história do Movimento Espírita, notamos que desde os primórdios de sua formação houve um preparo de terreno para que certas doutrinas estranhas pudessem se instalar no seu contexto existencial. Esse trabalho foi desenvolvido por Espíritos e homens que comungavam entre si um mesmo ideal.

A primeira medida tomada pelos Espíritos envolvidos no processo genésico do sistema espírita, foi criar um único ponto diretor: A Federação Espírita Brasileira - FEB. A segunda, foi dar origem a uma política capaz de sufocar as possibilidades de análise ou crítica, por parte de sociedades espíritas ou pessoas descontentes com procedimentos e práticas. A isto deram o nome de "unificação". Quem estivesse de fora deste contexto, seria considerado herege, obsediado, perigoso etc. A terceira providência foi a de encontrar apoio para essas idéias, junto a líderes e médiuns de destaque. A história mostra como a FEB, valendo-se das lendas que criou em torno de si, e usando o nome do Cristo, conseguiu esse apoio por toda parte. Criou-se assim um movimento filosófico/religioso, orientado por um só espírito (círculo de idéias), fechado a qualquer progresso exterior.

O Movimento Espírita transformou-se num sistema despido de racionalidade. Os simpatizantes que se tornaram trabalhadores e dirigentes de centros espíritas não foram instruídos para raciocinarem em termos kardequianos, pois sua formação se dá de maneira aleatória. Um ambiente psicológico com essas características seria favorável para absorver qualquer tese que viesse revestida de aparente lógica ou santidade.

No passado, alguns intelectuais ligados à FEB foram responsáveis pela introdução das teses irracionais de Jean Baptiste Roustaing no sistema espírita. Reflexos dessas idéias podem ser encontrados no trabalho de médiuns de expressão e mesmo nos discursos de oradores e líderes espíritas conhecidos.

Ao contrário do que muitos pensam, o problema "Roustaing" tem pouco a ver com a edição dos livros pela FEB. Este é o menor dos males. O que sempre escapou aos que se opuseram à Casa Máter do Espiritismo, foi o fato de que havia por trás dessas obras uma política doutrinária de estreita ligação com o Catolicismo e que essa mentalidade estava presente em quase todos os segmentos do Movimento Espírita.

Certamente não se deve assumir uma posição contra a Federação Espírita Brasileira por causa da edição dos livros de Roustaing. Não se deve proibir alguém de editar essa ou aquela obra. Mas é preciso cobrar da FEB que na condição de Comitê Central, ela não deveria publicar obras contraditórias ao pensamento kardequiano.

A política doutrinária no Movimento Espírita precisa ser modificada com urgência. Qualquer observador anônimo que fizer uma viagem espírita ficará assustado com o grau de fantasias e ilusões a que estão entregues médiuns, oradores e trabalhadores espíritas. O sistema está comprometido, afetado pela ação de Espíritos levianos e pseudo-sábios, e a FEB, por nos ter gerenciado todos esses anos, tem responsabilidade nisso.

Os livros de Roustaing são uma mistura de alguns conceitos autênticos com verdadeiras heresias. Os erros doutrinários mais graves dos Espíritos ligados aos "Quatro Evangelhos" são originários da confusão feita em torno da personalidade de Jesus e a natureza do seu corpo. Falaremos aqui sobre a questão "personalidade".

Na interpretação que a Igreja Católica dá ao personagem do Mestre há um erro capital: o de que Ele seria a encarnação da própria Divindade. Idéia semelhante veio parar no Espiritismo com a ajuda dos adeptos de Roustaing. Para eles, Jesus seria um Espírito sem pecados, que teria evoluído em linha reta. A pureza do seu Espírito seria de tal magnitude, que sua encarnação na Terra teria sido fictícia. Colocações no mínimo estranhas, mas apoiadas no jogo das palavras e nas muitas interpretações que a elas se pode dar, quando não estão traduzidas devidamente.

Ao ler os Evangelhos, um observador atento percebe que Jesus falava freqüentemente como se fosse uma Divindade e mudava de personalidade, ora se comportando como um homem e ora como um deus. Os problemas em torno de sua individualidade nasceram deste fato.

Sabe-se que, em termos de revelação divina, sempre existiram a doutrina pública e a oculta. O conhecimento superficial é para o público. Já o profundo, para as escolas denominadas "iniciáticas". A interpretação que a Igreja Católica deu à personalidade de Jesus foi resultado da luta entre os pensadores dessas duas alas. Para atender aos interesses das massas, predominou o conhecimento superficial, o Jesus-deus.

O Espiritismo foi um esforço da Espiritualidade para popularizar o conhecimento oculto. Allan Kardec, como grande pensador, dedicou-se também ao estudo da personalidade de Jesus. Seu trabalho pode ser apreciado em "Obras Póstumas", no tópico "Estudo sobre a natureza do Cristo", item 5. Mas mesmo ele, não chegou a deduções satisfatórias. Sem saber o que aconteceria mais tarde com a doutrina que criara, o Codificador conclui que a questão não teria importância maior e deixou-a de lado.

Entre os especialistas que estudam os Evangelhos, alguns acham que por trás da vida pública do Cristo, havia todo um plano para que sua missão pudesse se desenvolver a contento. Os espíritas, de um modo geral e por comodismo, preferem acreditar que Jesus era apenas um homem simples do povo, que tornara-se mestre pela obra do Espírito Divino. Os indícios, porém, apontam na direção oposta: ele seria um Mestre da Espiritualidade, missionário que teria descido ao orbe para trazer o código moral do Evangelho e detonar a fase que conduziria a humanidade a um estado superior de vida: a regeneração.

Na vida do Mestre Jesus existem coisas que não foram bem explicadas. A presença dos Reis Magos logo após seu nascimento, por exemplo, seria uma delas. Quem seriam essas figuras? Os textos antigos diziam que eles teriam vindo do Oriente, onde as escolas iniciáticas eram comuns. Como teriam sabido do nascimento de Jesus? Será que teriam vindo fazer-lhe simples visita? Onde teria estado Jesus no período da mocidade? Suspeita-se que teriam vindo comunicar a Maria e José, que seu filho deveria mais tarde ser conduzido ao preparo, para o desenvolvimento de uma grave missão.

Nos discursos de Jesus, percebe-se que tinha um profundo conhecimento das Escrituras antigas. Onde as teria estudado? Com quem esteve durante esses anos de desaparecimento? E por que motivo entre os Apóstolos, havia a presença de João Evangelista, um suposto membro da escola filosófica de Alexandria? Seria esse o motivo do seu Evangelho apresentar características radicalmente diferentes das narrativas dos outros evangelistas? E mais tarde, qual seria a razão para vir parar no Cristianismo nascente a pessoa de Paulo, um membro de outra escola filosófica existente em Tarso? E a razão da simpatia de alguns fariseus por Jesus, tais como Nicodemos, José de Arimatéia e outros? De fato, Jesus era mesmo um Enviado, preparado espiritualmente para desempenhar a tarefa da redenção dos homens, mas como não veio derrogar a Lei, necessitou, para cumprir a missão, de instruções à semelhança dos seres humanos comuns.

As reflexões expostas neste documento têm como finalidade apresentar uma teoria lógica sobre a personalidade de Jesus e demonstrar que os enganos do Sr. Roustaing são provenientes justamente da interpretação superficial do conhecimento, dada a público por certos mestres da Igreja Católica.

Uma vez esclarecidas as questões da personalidade do Cristo e da natureza do seu corpo, o edifício das teorias roustainguistas ruirá. Só as aceitarão os Espíritos que, por condição evolutiva e limites de desenvolvimento, preferirem se alimentar das ilusões provocadas certamente por Espíritos pouco adiantados.

Para se entender as aparentes discrepâncias existentes quanto à personalidade de Jesus, o Cristo, temos que examinar, com o raciocínio, algumas questões sobre a origem das coisas. A questão nº 13 de O Livro dos Espíritos trata dos atributos da Divindade. Diz que Deus é eterno, imutável, imaterial, único, todo-poderoso e soberanamente justo e bom.

Diante dessas características do Criador, surge uma dúvida: como poderia Deus, um ser imutável, gerar e gerenciar o Universo mutável? Como algo que em si é absoluto pode tornar-se relativo, sem deixar de ser absoluto? Poderíamos dizer que ao Pai tudo é possível, ou que este assunto ainda é um mistério (conduta comum na Igreja). Seria a resposta mais cômoda. Mas, em Espiritismo, nos é lícito levantar hipóteses racionais.

O assunto "personalidade de Jesus" e a necessária "relatividade do Pai" foi motivo de estudos e debates na escola do Grupo Espírita Bezerra de Menezes no ano de 1996. A conclusão a que se chegou foi a de que a criação relativa só poderia existir como obra de Deus e sob Suas ordens, se houvesse entre o Criador e a Criação um intermediário. De um lado teria de ser absoluto e do outro, relativo. Seria mais ou menos o papel que o perispírito exerce entre o Espírito, que em si é abstrato, e o corpo material. Uma inteligência ou consciência cósmica, destinada à servir de elo entre o Pai e sua grandiosa obra.

No pensamento platônico (escola de Sócrates) encontramos a resposta a nossas dúvidas: o Logos. Platão afirmava que o Logos era o Verbo, a vontade de Deus manifesta na forma de relatividade. Os pensamentos de Sócrates e Platão exerceram poderosa influência na gênese do cristianismo. Pode-se mesmo afirmar, que o Evangelho de João é a expressão do pensamento platônico e, por esse motivo, seu texto é diferente dos demais.

O Verbo, a que o Evangelista se refere, é o Logos platônico, é o Cristo. Não há ''cristos'' planetários conforme afirmaram alguns autores. Há, sim, um só Cristo, para toda a Criação. Esta consciência cósmica é o Filho Único, a que o texto sagrado refere-se freqüentemente.

Cada orbe tem um governo espiritual. No caso da Terra, Jesus é responsável pela execução de seu plano existencial, até que ela se torne morada de Espíritos melhores. Jesus de Nazaré foi o divino médium, intermediário em potencial da manifestação dessa Consciência Cósmica na revelação do Evangelho libertador. É ela a fonte de todo o Bem e da Verdade, onde inspiraram-se mestres como Buda, Maomé, Confúcio, Gandhi e outros.

Jesus preparou-se durante muitas encarnações ocorridas em outros mundo para desempenhar sua missão na Terra, tornando-se o porta-voz da Revelação Divina. Ao aceitarmos a hipótese de que Jesus não era o Verbo encarnado, mas que recebia mediunicamente o Verbo em si, ficariam explicados todos os mistérios acerca de Sua personalidade, inclusive as dúvidas que o próprio Codificador do Espiritismo teve quando ocupou-se do assunto em Obras Póstumas.

Admitindo-se esta tese, teríamos em Jesus um Espírito como os outros, que necessitou naturalmente da matéria, utilizando o corpo físico como instrumento da evolução. Tal teoria diminuiria o valor de Jesus, o Cristo? De modo algum. Ao contrário, essa idéia aproxima o Mestre de todos nós. Coloca-o como um ser que chegou a uma posição superior com suas próprias conquistas. Teria Ele conhecido o mal? O roustainguismo afirma que não, pois que Sua evolução teria se dado em linha reta. Ora, se todos os Espíritos são criados simples e ignorantes, não há como se admitir que Jesus não tivesse passado pelos caminhos da ignorância. E pelos caminhos do mal? A Doutrina Espírita oferece segura resposta: nem todos os Espíritos passam obrigatoriamente pelo mal, mas sim pelo da ignorância.

Assim não tem sentido divinizar Jesus, para glorificá-lo como um Espírito diferente dos outros.

Fonte: Portal do Espírito - http://www.espirito.org.br/portal/artigos/gebm/roustaing-e-jesus.html

domingo, 26 de agosto de 2012

"Área Q" e o misticismo das crianças índigo

Por Fabiano Vidal

Neste fim de semana tive a oportunidade de assistir ao filme “Área Q”, uma co-produção Brasil-Estados Unidos que contou com a presença do ator americano Isaiah Washington, da série de TV Gray’s Anatomy e dos brasileiros Murilo Rosa e Thânia Khalil.

A história gira em torno do jornalista norte-americano Thomas Matthews, que perde seu filho em circunstâncias não explicadas. Com o objetivo de ajudá-lo, seu chefe o envia para o Brasil com o objetivo de fazer uma reportagem sobre os misteriosos relatos de abdução por discos voadores no interior do Ceará.

O filme apresenta um enredo fraco e várias teorias místico-esotéricas que em nada possuem relação com a Doutrina Espírita como muitos acreditam e tampouco com o fenômeno ufológico. Por mais que se fale em OVNIS e abduções no filme, em nenhum momento o telespectador é apresentado a um deles. O que ganha destaque no filme é a fantasia sobre as crianças índigo, que seriam crianças nascidas a partir de 1987 com o DNA alterado, formando uma nova raça que irá habitar uma galáxia que está sendo criada a 12 bilhões de anos-luz da Terra.

Estranhamente, esse filme, que nada apresenta de Espiritismo, é divulgado por muitos como espírita, sem o ser. Uma prova cabal de que a Doutrina Espírita ainda é desconhecida em seus princípios por grande parte da população e da imprensa.

Quem espera aprender alguma coisa sobre a temática ufológica ou o Espiritismo, esqueça. Aprender sobre os dois assuntos é possível, mas através de bons livros de autores respeitados e críveis. No caso do Espiritismo, o estudo de Allan Kardec é fundamental para não sair acreditando em todas as bobagens apresentadas como espíritas.

No mais, “Área Q” só vale pelas belas tomadas do Ceará, um dos principais destinos turísticos do Nordeste.

Para saber mais:
Área Q – crítica do portal Omelete

quinta-feira, 26 de julho de 2012

Roustaing e sua médium perante Allan Kardec


Por Nazareno Tourinho

Depois de mostrar as tolices e as pieguices da obra de Roustaing (apenas as maiores, é claro, as mais evidentes, porque diante delas as outras perdem significação), parece-nos interessante discorrer sobre o relacionamento desse malfadado autor, e sua médium, Emile Collignon, com Allan Kardec.

Um breve ensaio a tal respeito será extremamente útil para premunir o leitor contra o discurso dos docetistas da atualidade, que tentam, de todos os modos, fazer acreditar em uma parceria do tristemente célebre advogado de Bordéus com o codificador do Espiritismo*.

Executemos um atencioso passeio pelas páginas da Coleção da Revista Espírita, lançada no Brasil a partir de 1964 pela Editora EDICEL (tradução de Júlio Abreu Filho). Ela abrange sem lacunas o tempo que o mestre de Lyon permaneceu no corpo físico após o surgimento do primeiro livro da nossa doutrina: são doze volumes anuais correspondentes ao período de 1858 a 1869, cobrindo os fatos importantes da vida de Kardec e espelhando suas ideias.

Antes de darmos a partida a essa viagem pela história do Espiritismo nascente é bom situarmos Roustaing e sua única médium, já nominada, no universo existencial do codificador do Espiritismo. Com isso facilitaremos ao leitor a compreensão dos eventos.

Nossos três personagens tiveram a mesma nacionalidade, foram contemporâneos, porém não amigos ou vizinhos. Não há sequer notícias de que hajam um dia se encontrado pessoalmente. Kardec morava na Capital francesa, onde dirigia a Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas, por ele fundada, e os outros dois residiam na cidade de Bordeaux.

Roustaing era quase da mesma idade de Kardec (dois anos mais novo). Emilie Collignon não se sabe ao certo, mas é fora de dúvida que já havia casado com um capitalista quando psicografou Os Quatro Evangelhos (assinou publicamente com o esposo um documento publicado na Revista Espírita de março de 1862).

Roustaing sobreviveu a Kardec, desencarnando somente em janeiro de 1879, com 73 anos, mas não produziu outras obras supostamente espíritas.

Emilie Collignon, que apenas em dezembro de 1902 deixou este mundo, deu a lume mais alguns livros, desconhecidos entre nós.

Fonte:
TOURINHO, Nazareno.  As Tolices e Pieguices da Obra de Roustaing – Nazareno Tourinho; ensaio crítico-doutrinário; 1ª edição, Edições Correio Fraterno, São Bernardo do Campo, SP, 1999.

*O autor se refere a uma passagem do livro “Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho”, onde o Espírito de Humberto de Campos, autor espiritual da obra, designa Jean Baptiste Roustaing como integrante de “uma plêiade de auxiliares” que cooperaram com a obra kardequiana, sendo responsável pela organização do “trabalho da fé”. A obra em questão, psicografia de Chico Xavier, faz parte do processo de legitimação espiritual do programa Kardec-Roustaing implantado por Bezerra de Menezes em sua gestão de presidente da FEB. (Nota de O Blog dos Espíritas).

segunda-feira, 23 de julho de 2012

Um absurdo a mais

Por Nazareno Tourinho

Está na hora de pormos um ponto final nesta dúzia de breves escritos analisando os dislates e disparates da obra de Roustaing, que após retumbante fracasso editorial na época de seu lançamento, em terras francesas, foi ressuscitada no Brasil por alguns companheiros místicos, em briga com outros chamados de “científicos”, nos primórdios de nosso movimento doutrinário, sendo ainda hoje lida graças aos esforços e manobras dos dirigentes da FEB.

Poderíamos ir adiante no presente ensaio crítico, útil e necessário, oportuno em face de acontecimentos lamentáveis, pois, em se tratando dos quatro volumes da 6ª edição febeana da obra rustenista, até nas derradeiras folhas do Volume 4 existem tolices e pieguices dignas de reprovação. Padecendo de explicacite aguda (doença que consiste em querer explicar tudo), o célebre advogado de Bordéus, na página 527 do referido Volume 4, resolve justificar um massacre ordenado por Moisés, e para tanto assegura que “Espíritos protetores, prepostos a vigiar as provas e expiações de cada um, para que elas se cumprissem, impelindo os culpados ou dirigindo as espadas dos que acutilavam,faziam que aqueles recebessem o golpe que os prostaria”. Uma obra que apresenta tais explicações de fatos bíblicos, situando os Espíritos Superiores como capazes de produzir assassinato em massa para cumprimento das leis de DEUS, mereceria talvez mais considerações sobre o seu caráter mistificatório. Não convém, todavia, estendermos estas linhas, porque os leitores terminam se fatigando com a insistência de um articulista no mesmo assunto, e, de resto, o tema em foco sempre foi pouco simpático a muitos espíritas brasileiros, pouco afeitos a cogitações de maior profundidade filosófica, à luz da Codificação kardequiana (infelizmente o que a maioria gosta é de ler romances e textos psicografados de conteúdo sentimental, às vezes líricos e até delirantes). Impõe-se-nos compreender e aceitar a realidade de nosso movimento ideológico, sem mágoas ou ressentimentos, nadando contra a maré da imaturidade desses companheiros de crença tão só até determinado ponto.

Necessitando encerrar aqui, avisamos, contudo, aos confrades estudiosos da matéria, que ampliaremos estes comentários sobre a deletéria obra de J.B. Roustaing com a abordagem das relações pessoais que ele, e sua única médium, Emilie Collignon, tiveram com Allan Kardec, a fim de que o leitor fique ciente de como foi tramado o primeiro cisma do Espiritismo.

A Revista Espírita, editada mensalmente pelo Codificador durante mais de dez anos, forneceu-nos interessantes subsídios a esse respeito, fazendo-nos entender inclusive porque até hoje as diversas Diretorias da FEB nunca se interessaram em traduzi-la e divulgá-la, o que, aliás, historicamente, representa um crime perante a cultura doutrinária do nosso povo.

Fonte:
TOURINHO, Nazareno.  As Tolices e Pieguices da Obra de Roustaing – Nazareno Tourinho; ensaio crítico-doutrinário; 1ª edição, Edições Correio Fraterno, São Bernardo do Campo, SP, 1999.

terça-feira, 3 de julho de 2012

O vínculo de Roustaing com a Igreja

Por Nazareno Tourinho

Mais do que surpresos, os espíritas sinceros, e suficientemente esclarecidos, ainda alheios às consequências filosóficas da tese do corpo fluídico de Jesus, terão ficado perplexos durante a leitura do penúltimo escrito desta série, no qual mostramos o vínculo ideológico da obra de Jean-Baptiste Roustaing com a Igreja Romana, que desvirtuou a autêntica mensagem do Cristianismo e tantos males causou ao progresso da Humanidade.

Para que ninguém julgue ter havido de nossa parte a exploração de um mero e descuidoso tropeço do antigo bastonário da Corte Imperial de Bordeaux, isolado e perdido no Volume 2 de Os Quatro Evangelhos de sua autoria (6ª edição da FEB), vamos aqui transcrever mais alguns dislates do gênero, contidos no Volume 3 que dá sequência a “Revelação da Revelação”, por ele arquitetada com o objetivo de suplantar a obra de Allan Kardec, Ei-los:
“A mediunidade dos que, entre vós, servem de instrumentos aos Espíritos está apenas no começo. Mas, contrariamente ao que sucedeu na época dos discípulos, os vossos médiuns só entrarão no gozo completo de suas faculdades mediúnicas quando estiver entre os homens o Regenerador, Espírito que desempenhará a missão superior de conduzir a humanidade ao estado de inocência, isto é: ao grau de perfeição a que ela tem de chegar. Até lá, obterão somente fatos isolados, estranhos à ordem comum dos fatos.

“Não nos cabe fixar de antemão a época em que tal se verificará. O Senhor disse: vigiai e orai, porquanto desconheceis a hora em que soará retumbante a trombeta, fazendo que de seus túmulos saiam os mortos. Quer dizer: desconheceis a hora em que Deus fará que renasçam materialmente na terra os Espíritos elevados, incumbidos de dar impulso às virtudes que eles descerão a pregar, praticando-as em toda a sua extensão.

“O chefe da Igreja católica, nesta época em que este qualificativo terá a sua verdadeira significação, pois que ela estará em via de tornar-se universal, como sendo a Igreja do Cristo, o chefe da Igreja católica, dizemos, será um dos principais pilares do edifício.” (Página 65; os grifos são dos autores.)

“Debaixo da influência e da direção do Regenerador, caminhará o chefe da Igreja católica, a qual, repetimos, será então católica na legítima acepção deste termo, pois que estará em via de tornar-se universal, como sendo a Igreja do Cristo.” (Página 66)

“Homens, que praticais os ritos cristãos, não vos envergonheis de aproximar-vos da “mesa santa”, pois que sejam quais forem as profanações a que ela tenha sido exposta, sempre a podeis santificar pelo sentimento com que dela vos avizinhardes. Não coreis de vir, curvada a fronte, prostrar-vos aos pés do sacerdote que vos apresenta a hóstica “consagrada”.” (Página 403)

Aí está, não precisamos ir além. Os rustenistas da escola de Luciano dos Anjos poderão nos refutar através de longos e especiosos textos, garantindo que mutilamos as ideias centrais da obra de Roustaing, trazendo ao público apenas trechos esparsos de seus escritos, desconexos de outros imprescindíveis para completar o pensamento do autor. Quanto a isso, cumpre-nos denunciar a técnica mistificatória empregada nos volumes de Roustaing: os Espíritos que a ditaram, com refinada esperteza, própria dos padres jesuítas, acabam de dizer uma coisa e logo afirmam outra em contrário, a fim de obterem aceitação em nosso meio doutrinal. É por isso que os seus raros defensores sempre possuem argumentos para sustentar intermináveis polêmicas, reivindicando a condição de espíritas quando, no fundo, são católicos envergonhados, arrependidos mas ainda não inteiramente convertidos. Vejamos um exemplo da tática mistificatória exercida na obra de Roustaing, com base na última citação feita no presente artigo, a da página 403 do terceiro volume de Os Quatro Evangelhos. Ali somos concitados a não ter um constrangimento em nos prostrar aos pés de um sacerdote, de fronte curvada (a nossa, não a dele), e reverenciar a hóstia “consagrada”. Ora, qualquer pessoa sabe que isto é uma proposição católica, não espírita. Assim sendo, para dourar a pílula os ladinos autores do conselho no mesmo parágrafo o precedem com o reconhecimento da superioridade do ato espiritual sobre o ato material, e o complementam ressaltando a prevalência do fundo sobre a forma. Destarte, quando alguém, reproduzindo o mencionado trecho qual o fizemos, disser que a obra de Roustaing agasalha a apologia do ritual católico, do dogma da “Sagrada Eucaristia” etc., logo um de seus admiradores contestará, valendo-se da parte inicial ou final do parágrafo onde o referido trecho se encontra. E assim nunca falta munição verbalística para os renitentes defensores de Roustaing, que já sem coragem de atacar a obra de Kardec de frente (no pretérito atacaram, e a prova é a edição de 1920 de Os Quatro Evangelhos, que a FEB patrocinou e hoje esconde o fato, divulgando uma edição sem os ataques), já sem coragem de menosprezar frontalmente a obra de Kardec, repetimos, procuram minar as suas bases teóricas, contradizendo-lhes princípios filosóficos fundamentais como o que situa a encarnação e a reencarnação na categoria de lei da vida inteligente (na doutrina de Roustaing a experiência encarnatória não é uma necessidade para todos os Espíritos, é apenas castigo para alguns).

Na verdade, a única defesa possível da mistificação de Roustaing é a tese de que ela foi necessária quando surgiu, no século passado, a fim de atrair os católicos para o movimento espírita iniciante.

Este argumento, entretanto, é inaceitável, de um lado por ser aético e inconsistente (a nossa doutrina não endossa a teoria de que os fins justificam os meios, responsável, na Idade Média, pelas fogueiras da Santa Inquisição, e é contra o proselitismo, mesmo corretamente praticado do ponto de vista moral, pois seus postulados libertadores nunca serão absorvidos por quem ainda não estiver evolutivamente preparado para compreendê-los), e de outro lado porque a adulteração essencial de uma filosofia, através da mesclagem com quaisquer filosofias divergentes, é um modo solerte de arruiná-la perante o futuro, no campo das ideias (objetivo das entidades umbralinas fascinadoras do antigo bastonário da Corte Imperial de Bordeuax).

Na hipótese de querermos, por motivo de pura benevolência, aceitar a tese de que a mistificação de Roustaing, embora nociva, foi desculpável pela sua origem, atitude da qual já partilhamos no intuito de contribuir para a fraternidade dos espíritas brasileiros, sobre esta pergunta:

— Por que a FEB, atualmente, insiste em prestigiá-la, quando não mais ignora o seu caráter conflitante com a Codificação de Allan Kardec?

Fonte:

TOURINHO, Nazareno.  As Tolices e Pieguices da Obra de Roustaing – Nazareno Tourinho; ensaio crítico-doutrinário; 1ª edição, Edições Correio Fraterno, São Bernardo do Campo, SP, 1999.

terça-feira, 24 de abril de 2012

Um Tropeço Desastroso


Por Nazareno Tourinho

A obra de Roustaing, Os Quatro Evangelhos, ultrapassa todas as fronteiras daquilo que é razoável, lógico, tornando-se cômica e ridícula ainda no seu Volume 2, quando espelha as seguintes afirmativas:
“Moisés e Elias prometeram o Messias, Jesus prometeu outro Consolador, O Espírito da Verdade, a revelação espírita, pela intervenção dos Espíritos do Senhor junto dos homens, intervenção que teve a consagrá-la, para todos, a presença de Moisés e de Elias no monte, em colóquio, diante dos discípulos, com o mesmo Jesus transfigurado.” (Página 471 na 6ª edição da FEB, grifos dos autores.)

Preste bem atenção o leitor para esta assertiva de Roustaing, situando Moisés e Elias em colóquio com Jesus no monte, como, aliás, consta dos registros evangélicos. Ele a justifica logo adiante, à página 480:
“A presença de Moisés e de Elias nada teve que aberrasse dos fatos ordinários. Ambos estavam sempre juntos de Jesus.”
Prossigamos com o que depois lê-se na página 497:
“O que, porém, Jesus naquela ocasião não podia nem devia dizer e que agora tem que ser dito é o seguinte: Moisés – Elias – João Batista – são uma mesma e única entidade. Estamos incumbidos de vos revelar isso, porque chegou o tempo...”
Não pense o leitor que leu errado, ou que houve erro de impressão. A propósito, na página 497 os “guias” de Roustaing repetem logo a seguir o absurdo:
“Sim, Moisés, Elias e João Batista são um só; são o mesmo Espírito encarnado três vezes em missão.”
Perguntará qualquer pessoa sensata, em plena posse de suas faculdades mentais:

- Como é que Moises e Elias “são o mesmo Espírito”, se ambos entraram em colóquio com Jesus no monte?

Os “guias” de Roustaing respondem sem a menor cerimônia, na página seguinte, 498, proclamando que “no Tabor, quando da transfiguração de Jesus, um Espírito superior, da mesma elevação que Elias e João, tomou a figura, a aparência de Moisés”. Esta explicação desnuda por completo o caráter mistificatório da revelação rustenista porque, conforme já vimos, os seus autores, antes, na página 480, referindo-se a Moisés e Elias, declararam que ambos estavam sempre junto de Jesus.

Ainda que desprezemos tal gafe suficiente para desmoralizar as mensagens transmitidas a Roustaing, por intermédio de uma só médium, sobra-nos a conclusão de que, ou o Cristo também foi enganado, conversando com outro Espírito como se ele fosse Moisés, ou se prestou para a encenação de um episódio mentiroso, com a única finalidade de iludir os poucos discípulos que estavam a seu lado na ocasião, em local ermo no alto do monte Tabor, unicamente três, Pedro, Tiago e João, segundo os relatos evangélicos de Mateus, Marcos e Lucas, reproduzidos na própria obra de Roustaing, página 468/469 do Volume 2.

Que disparate!

Como podem os atuais diretores da Federação Espírita Brasileira pretenderem que uma mistificação espiritual de tamanho porte, tão agressiva ao mais elementar bom senso, tenha livre curso no seio de nosso movimento doutrinário?

Fonte:
TOURINHO, Nazareno.  As Tolices e Pieguices da Obra de Roustaing – Nazareno Tourinho; ensaio crítico-doutrinário; 1ª edição, Edições Correio Fraterno, São Bernardo do Campo, SP, 1999.

quarta-feira, 11 de abril de 2012

Tirando a máscara dos enganadores


Por Nazareno Tourinho

No artigo precedente fizemos alusão ao recurso empregado por J. B. Roustaing para tornar digerível, em nosso meio doutrinário, sua obra indigesta: plagiar Kardec, copiando-lhe algumas ideias e as oferecendo ao público como se fossem suas. Demos como exemplo dessa deplorável conduta apenas um trecho de O Livro dos Espíritos, mas poderíamos ter acrescentado outros, pois Roustaing surrupiou ideias de Kardec retirando-as até de O Evangelho Segundo o Espiritismo – neste livro o Codificador explica, uma por uma, as frases da prece conhecida como Pai Nosso, ensinada por Jesus; o antigo bastonário da Corte Imperial de Bordeaux não deixou de imitá-lo também quanto a isso, e quem duvidar consulte as páginas 447/449 do Volume 1 de Os Quatro Evangelhos, de sua autoria (6ª edição da FEB).

Contudo desprezemos essas “superfluidades” porque no Volume 2 da referida obra há coisas muito piores. Não somente heresias científicas (“A paralisia é um resfriamento dos fluidos animalizados que circulam no organismo humano.” – página 76), mas principalmente religiosas.

O que Roustaing e seus “guias” pretendem, já salientamos nos escritos anteriores, é nos intoxicar filosoficamente, temperando o Espiritismo com Catolicismo.

Na página  143 do mencionado Volume 2, lemos:
“A igreja que os homens fizeram tem que ser transformada, vós o sabeis. Preparai, pois, espíritas, os materiais que hão de servir para a reedificação, a fim de que os obreiros do Senhor encontrem talhadas as pedras, quando for tempo de levantar o edifício.”
Neste tópico Roustaing e seus “guias” ainda estão preparando o terreno para plantar suas venenosas sementes. Na página 169 eles avançam um pouco mais, garantindo:
A igreja, porém, despertará; o sonho em que ainda se compraz, dissipar-se-á ao clarão da nova aurora.” (Os grifos são dos autores, não nossos).
Na página seguinte, 170, começam a tirar a máscara:
“Coragem, filhos da nossa igreja, da Igreja do Senhor, aproximam-se os tempos em que os discípulos e o Mestre aparecerão de novo entre vós, em que vossos olhos desvendados verão o Justo nas nuvens do céu, em que os anjos, isto é, os Espíritos purificados, descerão à Terra para mais eficazmente vos estenderem seus braços fraternais.” (Todos os grifos até aqui, e daqui para a frente, destacando em negrito algumas palavras, são dos autores.)
Na página 254 vão além, assumindo a linguagem que lhes é própria:
“De contínuo incentivando em vós, igualmente, as aspirações pela perfeição, não levantamos também uma ponta do véu que ocultava o futuro, para vos mostrarmos o vosso Deus no seu trono imutável, esperando que, arrependidos, seus filhos venham acabar junto desse trono a obra que ele lhes confiou?”.
Depois de colocarem DEUS em um trono, soltam mais a língua à página 277:
“Inclinai-vos com respeito, reconhecimento e amor diante desse Salvador cheio de devotamento que, desde o instante em que o vosso globo saiu dos fluidos espalhados na imensidade, em que esses fluidos, para formarem um mundo, se reuniram pela ação de sua vontade divina, divina no sentido de ser ele órgão de Deus, velou sempre por vós...”
Na página 297 Jesus é denominado Redentor. Na 308 temos este primor de argumento católico:
“Referindo-nos a Jesus, acabamos de usar das expressões – filho único do pai. Ele o era e é, no sentido de ser, pela sua elevação espiritual, única relativamente à de todos os Espíritos que se acham ligados ao vosso planeta, quem lhe preside os destinos.”
Finalmente, na página 440, somos presenteados com a grande “Revelação” da obra de Roustaing, que a atual diretoria da FEB, a esta altura talvez mais por capricho, teima em aceitar e divulgar. Ei-la, sem qualquer comentário, em respeito à inteligência dos verdadeiros espíritas, os fiéis seguidores da doutrina codificada por Allan Kardec.
“Quando o cetro do “príncipe da igreja” houver cedido lugar ao cajado do viajor, quando a púrpura houver caído e o burel cobrir os ombros daquele a quem os homens chamam de “O Santo Padre” e os dos “príncipes da igreja”, o que sucederá, depois que todos hão de voltar à humildade de que jamais se deveriam ter apartado, então a fé, evolando-se dos vossos corações, se elevará grande e forte, para dominar ainda na igreja do Cristo, e o “sucessor de São Pedro” estenderá sua santa mão para abençoar o universo.”

Fonte:
TOURINHO, Nazareno.  As Tolices e Pieguices da Obra de Roustaing – Nazareno Tourinho; ensaio crítico-doutrinário; 1ª edição, Edições Correio Fraterno, São Bernardo do Campo, SP, 1999.

quinta-feira, 5 de abril de 2012

O Corpo Fluídico de Jesus

Por Maria das Graças Cabral

Interessante a palestra de Sérgio Aleixo, que fala sobre o corpo físico de Jesus e o seu desaparecimento do túmulo, segundo relatam os evangelhos cristãos - e como Kardec trata racionalmente do tema. Importante a abordagem do assunto, pois Roustaing na condição de grande opositor do Codificador da Doutrina Espírita, defende a tese de que Jesus teria um corpo fluídico diferenciado dos humanos encarnados no planeta Terra. Tese esta, defendida e acatada por inúmeros espíritas.

No que concerne ao confronto de Roustaing aos preceitos espíritas codificados pelo Mestre Lionês, faz-se por oportuno ressaltar, que todo o trabalho de sistematização dos Ensinamentos Espíritas, feito por Kardec, foi de forma efetiva supervisionado  e aprovado pelo Espírito da Verdade, que não deixava passar nada que não estivesse de pleno acordo com os propósitos e objetivos da Espiritualidade Superior.

Entretanto, o que mais nos espanta e preocupa, é que a Federação Espírita Brasileira, que se auto intitula "A Casa Mater" do Espiritismo, acolhe e defende as obras de Roustaing, reconhecidamente um dos grandes opositores de Kardec, desde de que este ainda estava encarnado!

Daí vem a indagação: - Como esta Federação pode ser considerada "Casa Mater" do Espiritismo? De que Espiritismo ela se considera representante?!

Na realidade, precisamos na condição de Espíritas, estar cada vez mais atentos às obras "validadas" pela FEB, pois são inúmeras as que deturpam e corrompem os preceitos doutrinários positivados nas Obras Fundamentais da  Doutrina dos Espíritos, além de ser a maior "exportadora" de tais obras para o mundo afora!

Observemos que, como assevera Sérgio Aleixo, até mesmo as traduções das obras fundamentais, apresentam deturpações preocupantes, valendo conferir o texto publicado neste Blog, intitulado "Tradutor, Traidor", de autoria do referido palestrante, e que assim mesmo vêm sendo publicadas sem nenhum critério de avaliação e/ou esclarecimento por parte da FEB.

Portanto, precisamos urgentemente mais e mais estudar Kardec, preocupados com a "fonte", e com o "tradutor", para que possamos identificar e denunciar as deturpações que destroem os princípios Espíritas, para que assim, as próximas gerações possam conhecer com fidelidade os ensinamentos libertadores e consoladores trazidos pelos Espíritos Superiores da Codificação Espírita!  

Assista ao vídeo de Sérgio Aleixo sobre o corpo fluídico de Jesus:

sábado, 24 de março de 2012

O Melancólico Plágio


Por Nazareno Tourinho

Na página 430 do Volume 1 de Os Quatro Evangelhos (6ª edição, feita pela FEB) os “guias” de J. B. Roustaing escreveram o seguinte, referindo-se a uma lição de Jesus:

“Essas palavras do Mestre são o seguimento do que explicamos no nº 78. Não basta ao homem abster-se do mal, cumpre-lhe praticar o bem.”

Temos aqui um escandaloso plágio.

Plágio, como certamente o leitor não ignora, é a apropriação indevida que um autor faz da ideia de outro, apresentando-a como se fosse sua.

Se tivessem honestidade, os “protetores” de Roustaing diriam:

Como foi revelado a Allan Kardec, não basta ao homem abster-se do mal, cumpre-lhe praticar o bem.”

Assim se expressariam porque já em 1857, quase dez anos antes do lançamento de seus Evangelhos apócrifos, em 1866, no primeiro tomo da Codificação, O Livro dos Espíritos, figura tal ensinamento.

Eis o inteiro teor da pergunta nº 642 do supracitado volume, e a respectiva resposta:

“Para agradar a Deus e assegurar a sua posição futura, bastará que o homem não pratique o mal?

“Não; cumpre-lhe fazer o bem no limite de suas forças, porquanto responderá por todo o mal que haja resultado de não haver praticado o bem.”

A custa desse expediente desprezível, apossando-se de algumas ideias originais da codificação kardequiana sem confessar isso, Roustaing conseguiu tornar sua obra mais aceitável por uns poucos espíritas ainda presos aos condicionamentos católicos, herdados de outras encarnações. Estes companheiros místicos costumam, quando defendem o roustainguismo, dizer que o mesmo nos oferta muitas coisas boas. O que não falam é que as coisas boas a nós oferecidas foram retiradas espertamente dos livros de Kardec. E omitem o fato de que entre tais coisas boas existem teses lesivas aos superiores interesses do Espiritismo, porque em nível filosófico conflitam com os fundamentos da doutrina (como, por exemplo, a teoria de que a encarnação é um castigo e não uma necessidade).

Em razão disso a obra de Roustaing deve ser esquecida pela FEB, única Entidade em todo o mundo que a prestigia, estudando-a por força de um dispositivo estatutário, reeditando-a sempre e fazendo dela constante propaganda, de modo ostensivo ou subliminar, se é que a FEB deseja, nos tempos modernos, permanecer na liderança do nosso movimento ideológico, cuja unificação só é possível com absoluto respeito à insuperada mensagem espiritual claramente exposta por Allan Kardec. 

Fonte:
TOURINHO, Nazareno.  As Tolices e Pieguices da Obra de Roustaing – Nazareno Tourinho; ensaio crítico-doutrinário; 1ª edição, Edições Correio Fraterno, São Bernardo do Campo, SP, 1999.

quarta-feira, 21 de março de 2012

Doctrina Espirita Y Racismo


Por Sergio Aleixo 

Una causa con ciertos tipos de amigos no precisaría enemigos. Reducir el nivel de  oportunidades del Espiritismo  a su aspecto moral es mal conocerlo. A eso bien respondió  Kardec en su artículo Lo que Enseña el Espiritismo, en el cual prueba que,  fuera de la enseñanza puramente moral, los resultados  del Espiritismo  no son tan estériles como pretenden algunos. [1]  El maestro les es, por eso, incomodo permanente, razón por la cual siempre buscan levantarle flaquezas, con el fin de hacer minar el poder que su obra, y solo ella, tiene de conferir al Espiritismo  unidad consistente, apartándolo de las propuestas en que vale casi todo si en nombre del “amor”, el pretendido error livianamente explorado es supuesto racismo de Kardec, más como podría ser propiamente un racista alguien que escribió, por ejemplo esto:

[…] El Espiritismo, restituyendo al espíritu su verdadero papel en la creación, constatando la superioridad de la inteligencia sobre la materia, hace que desaparezcan, naturalmente,   todas las distinciones establecidas entre los hombres, conforme las ventajas corporales y mundanas, sobre las cuales solo el orgulloso fundo las castas y los estúpidos preconceptos del color.  
[2] […] del estudio de los seres espirituales resalta la prueba de que esos seres sonde naturaleza y de origen  idénticos, que su destino es el mismo, que todos parten desde el mismo punto de origen  y tienden al mismo objetivo; que la vida corporal no pasa de un incidente , de una de las fases del espíritu, necesaria para su adelantamiento intelectual y moral; que en vista de ese avance el espíritu puede sucesivamente revestir diversos envoltorios, nacer en posiciones diferentes, se llega a la consecuencia capital de la igualdad de la naturaleza y, a partir de ahí, a la igualdad de los derechos sociales de todas las criaturas humanas  a la abolición de los privilegios de razas. Es lo que enseña el Espiritismo. [3] 
Sin embargo, se debe considerar que, en el siglo 19, el concepto de raza tenía status de ciencia, siendo llamada blanca, o caucásea, tenida y habida por superior. Naturalistas y hasta abolicionistas pensaban así. El más polémico de todos los escritos apuntados por los detractores de Kardec que incluso de público, el o que decía a cierta altura:
El negro puede ser bello para el negro, como un gato es bello para un gato; más no es bello en el sentido absoluto, porque sus trazos groseros, sus  labios espesos acusan la materialidad de los instintos; pueden exprimir  las pasiones violentas, más no pueden prestarse a evidenciar los delicados matices del sentimiento, ni las modulaciones de un espíritu fino. [4] 
No en tanto, se omite el parágrafo siguiente, en el que la pretendida condición superior de aquella generación fue duramente relativizada por el maestro espirita, dando prueba de que se trataba, en el,  no de preconcepto o discriminación, más si de una inferencia impregnada de la opinión científica de aquel momento, típicamente euro céntrico:
De ahí podremos, sin fatuidad, quiso, decirnos más bellos de lo que los negros  y los hotentotes. Más, también puede ser que, para las generaciones futuras, mejoradas, seamos lo que son los hotentotes con relación a nosotros. y quien sabe si, cuando encuentren nuestros fósiles , ellos no lo  tomaran por los de alguna especie de animales. [5] 
Argumenta un hermano en el Espiritismo que el error fue  el de Kardec haber usado un ejemplo contemporáneo. Si escribiese “hombre neandertal” en vez de “negros y hotentotes” nada se diría. Concuerdo. ¿O será que el trabajo de los espíritus no mejora los instrumentos de que se sirven a lo largo de los milenios?  Eso, claro, no tiene valor puntual. Una persona “fea” no es dueña, a priori, de un espíritu involucionado, ni una persona “bonita” es la encarnación de un espíritu necesariamente avanzado. Kardec defendía, ante de todo, que la evolución de los espíritus opera la evolución de los cuerpos; ¿o será aun mismo casual las mutaciones adaptivas? ¿Tienen alguna parte los espíritus en eso?
10. […]el cuerpo es simultáneamente el envoltorio y el instrumento del espíritu y, a la medida que este adquiere nuevas aptitudes, reviste un envoltorio adecuado al nuevo género de trabajo que debe realizar, así como se da a un operario herramientas menos groseras, a la medida que el es capaz de hacer una obra más delicada.   
11. Para ser más exacto, es preciso decir que es el propio espíritu el que modela su envoltorio, adecuándolo a sus nuevas necesidades. El perfecciona, desenvuelve y completa su organismo a la medida que experimenta la necesidad  de manifestar nuevas facultades; en una palabra, el lo talla de acuerdo con su inteligencia. Dios le ofrece los materiales, cabiendo a él emplearlos. Es así que las razas más adelantadas tienen un organismos, u si prefieren, una herramienta más perfeccionada que las razas más primitivas. Así también se explica el cuño especial que el carácter del espíritu imprime a los trazos fisionómicos y a las líneas de cuerpo […]  
15. […]  Los cuerpos de los macacos pueden muy bien  haber servido de vestimenta a los primeros espíritus humanos, necesariamente poco adelantados, que han venido a encarnar en la Tierra, esas vestimentas fueron las más apropiadas  para sus necesidades y más adecuadas al ejercicio de sus facultades que el cuerpo de cualquier otro animal. Al revés de ser hecha una  vestimenta especial para el espíritu, el habría hallado una pronta. Se vistió entonces con la piel de macaco, sin dejar de ser espíritu humano, así como el hombre,  no raro, se viste con la piel de ciertos animales sin por eso dejar de ser hombre.  
16. […]se puede decir que, bajo la influencia  y por efecto de la actividad intelectual de su nuevo habitante, el envoltorio se modifico, se embelleció en los detalles, conservando siempre la forma general del conjunto.los cuerpos perfeccionados, al procrearse, se reproducirán en las mismas condiciones […][6]
Otra  censura es la que acostumbra  llegar  el presidente espiritual de la Sociedad Parisiense de Estudios Espiritas: San Luis. Antes de todo, se sabe que, en la S.P.E.E, era frecuente los guías comunicarse  por médiums distintos y en épocas diferentes. La respuesta de San Luis puede haber sido  basada en la forma enfatizada por la imperfección del trabajo de un solo de esos médiums. Seria precipitado malsinar el espíritu con base en esa única situación, sin evidencia  de eso corresponder, en el, a un padrón inferior cualquiera.

En la evocación del “negro Padre Cesar”, [7] por otra parte, el médium actúa como intermediario de  dos espíritus: San Luis, que auxilia en las respuestas, y el Padre Cesar, sometido a esa ayuda. Existe la posibilidad de él l médium no haber filtrado bien los recados, o haberlos entrecruzados. La opinión a lo demás, de que la blancura se refería  a la superioridad es, allí,  no de San Luis, más si del Padre cesar, y aun así, no por cuenta del color blanco en sí, más si de las relaciones de poder en aquella sociedad.

El Espíritu llega a decir que estaba más feliz que en la Tierra porque su espíritu no era más negro; esto es, por no estar sujeto a las humillaciones aquí sufridas, no siendo el espíritu rico o pobre, hombre o mujer, viejo o joven, negro o blanco. Todavía, en una inesperada interferencia, dada su condición, afirmo el Padre Cesar  que los blancos eran orgullosos de una  “blancura” de la que no eran causa. Parece más  San Luis, ahí, que el Padre Cesar.

De cualquier forma, causa extrañeza la respuesta  al n. 9:
“[a San Luis].- ¿La raza negra es de hecho una raza inferior? Respuesta. _ La raza negra desaparecerá de la Tierra. Fue hecha para una latitud diferente de la vuestra”. [8] Ahora ya pareció más el Padre Cesar algo frustrado con su encarnación anterior  a la de San Luis, el cual responde así a la última pregunta de Kardec:  
12. [A San Luis]. - ¿Algunas veces los blancos reencarnan en cuerpos negros? Respuesta. – Si. Cuando, por ejemplo un señor maltrato a un esclavo, puede acontecer que pida, como expiación, para vivir en el cuerpo de un negro, con el fin de sufrir, por si mismo, lo que hizo padecer a los otros, progresando por ese medio  y obteniendo el perdón de Dios. [9]
No hace mucho , apareció “Nota Explicativa” de la Federación Espirita Brasileña repeliendo cualquier posibilidad de  interferencia discriminatoria o pre conceptuosa en la doctrina espirita  bien entendida; fue motivada, con todo, por actuación del Ministerio Público Federal. A.F.E.B.   la data venia, siempre fue más dedicada a consignar notas que contesten a Kardec, como la que corresponde a la Génesis, XV, 66, en la cual defiende el rustenismo en el momento en el que Kardec  lo sepultaba. Es, pues, la nota de la F: E. B. al título de la “Nota Explicativa”, esclareciendo la situación  de la obra:
Nota de la editora:  esta “Nota Explicativa”, publicada en  cara al acuerdo con el Ministerio Público Federal, tiene por objetivo demostrar la ausencia de cualquier discriminación o preconcepto en algunos trechos de las obras de Allan Kardec, caracterizadas, todas, por la sustentación de los principios de fraternidad y solidaridad  cristiana, contenido en la Doctrina Espirita. [10] 
Dada la relevancia del asunto, todavía, es de lamentarse que las referencias de las citaciones de la Revista Espirita en esa Nota Explicativa febiano  hayan sido registradas  algo descuidadamente. De las cinco citaciones directas de la Revista, ninguna es vinculada al tópico a que corresponde y solo dos indican el mes, lo que dificulta  sobremanera encontrarlas, y las demás, en los libros de otras editoras. Por señal, uno de los textos  fue reproducido sin mención al número de su página en las ediciones de la propia  F.E.B, y, aun, reportándose al mes errado. Donde se lee: “enero de 1863”, léase: p. 87, febrero de 1863”:
Nosotros trabajamos para dar fe a los que en nada creen; para esparcir una creencia que los torna mejores  unos para los otros, que les enseña a perdonar a los enemigos, a mirarse como hermanos, sin distinción de raza, casta, secta, color, opinión política o religiosa; en una palabra, una creencia que hace nacer el verdadero sentimiento de caridad, de fraternidad y deberes sociales. [11] 
Otro escrito significativo de Kardec a respecto es lo que paso a transcribir en su integridad,  sin negligencia el parágrafo final, inexistente en las ediciones fabianas y congéneres y, por consiguiente, en su citación constante de la Nota Explicativa de F. E. B.
Con la reencarnación desaparecen los preconceptos de razas de clases, pues el mismo espíritu puede renacer rico o pobre, gran señor o proletario, jefe o subordinado, libre o esclavo, hombre o mujer. De todos los argumentos invocados contra la injusticia de la servidumbre y de la esclavitud, contra la sujeción de la mujer a la ley del más fuerte, ninguno hay que supere en lógica el hecho material de la reencarnación. Si, pues, la reencarnación fundamenta sobre una ley  de la naturaleza, el principio de la fraternidad universal, ella fundamenta sobre la misma ley el principio de igualdad de los derechos sociales y, por consecuencia, el de la libertad.
Los hombres solo nacen inferiores y subordinados por el cuerpo; por el espíritu ellos  son iguales y libres. De ahí el deber de tratar  a los inferiores con bondad, benevolencia y humildad, porque aquel que hoy  es nuestro subordinado puede haber sido nuestro igual o nuestro superior, puede ser un pariente o un amigo, y nosotros, por nuestra vez, podemos  venir a ser subordinados de aquel que hoy comandamos. [12] 
Por tanto, la acusación de racismo a Kardec y al Espiritismo nunca podrá superar el vivió de anacronismo. Bajo ese punto de vista, Kardec no sería más racista de lo que cualquier europeo de su tiempo, sin embargo, con esta ventaja soberbia: si los errores de la ciencia de época  lo autorizaron  a creer en razas primitivas y que podemos nacer inferiores y subordinados por el cuerpo, a eso nunca dejo de contraponer la medida libertaria del pensamiento espirita, esto es, por el espíritu somos iguales y libres, no somos hombres o mujeres, niños o viejos, ricos o pobres, blancos o negros, lo que el acabo llevando a la defensa contundente, como se vio, de la igualdad de los derechos sociales de todas las criaturas humanas y de la abolición de los privilegios de razas.

Con los avances de la biogenética, está demostrado que no existen genes raciales en la especie humana. Somos, claro, más evolucionados biológicamente que nuestros ascentrales antropoides. Esta, es la única evolución, admitida además por la ciencia. Caso se hable de  una evolución  espiritual, moral, o aun mismo cultural, es ignorado o reprendido, porque el espíritu, o la reencarnación, aun son irrelevantes para la ciencia, así como Dios. Entretanto,  los espiritas por definición, no podemos hablar y pensar como agnósticos, ateos, materialistas, nihilistas. Si, por un lado, el Espiritismo nos impone acompañar a la ciencia en aquello que particularmente a esta dice respecto, nos está prohibido descuidar el propio Espiritismo en lo que a este compete exclusivamente.

Por eso, decimos hoy, los espiritas, que no hay razas humanas, menos aun inferiores o superiores, de común acuerdo en esto con la ciencia, más si igualmente afianzamos que, si, los espíritus, mediante la reencarnación, constituyen los artífices de la evolución biológica. Las mutaciones que dejan por seleccionar los más aptos no son casualmente adaptivas. Como decía el maestro espirita por excelencia: “Un acaso inteligente ya no sería acaso”. [13] 

Referências:

[1] Revista Espírita. Ago/1865.

[2] Revista Espírita. Out/1861. Discurso do Sr. Allan Kardec. F.E.B., 2007, 3.ª ed., p. 432.

[3] Revista Espírita. Jun/1867. Emancipação das Mulheres nos Estados Unidos. F.E.B., 2007, 2.ª ed, p. 231.

[4] Obras Póstumas. Teoria da Beleza. F.E.B., 2002, 32.ª ed., p. 168.

[5] Id., ibid. Grifo meu.

[6] KARDEC. A Gênese, XI. Léon Denis Gráfica e Editora, 2008, 2.ª ed., pp. 235/36 e 237.

[7] No francês: “le nègre Pa César”.

[8] Revista Espírita. Jun/1859. O negro Pai César. F.E.B., 2007, 3.ª ed., p. 245.

[9] Id., ibid.

[10] Revista Espírita. ANO I. 1858. F.E.B., 2009, 4.ª ed., p. 537.

[11] KARDEC. Revista Espírita. Fev/1863. A Loucura Espírita. F.E.B., 2007, 3.ª ed., p. 87.

[12] KARDEC. A Gênese, I, 36. Léon Denis Gráfica e Editora, 2.ª ed., 2008. Com base na 4.ª ed. francesa.

[13] O Livros dos Espíritos. Comentário ao n. 8.


Tradução: Mercedes Cruz

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Fonte: Ensaios da Hora Extrema - http://ensaiosdahoraextrema.blogspot.com.br/2012/03/doutrina-espirita-e-racismo.html