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quarta-feira, 9 de julho de 2014

Movimento e Pesquisas Espíritas

Por Carlos Antônio de Barros

Muita gente em nosso meio acredita que a Doutrina Espírita esteja pronta e acabada. Assim pensa os espíritas religiosos. Logo, não tem porquê nem para quê acrescentar algo mais em nome da Ciência.

A palavra "inacabada", contudo, soa como herética aos ouvidos dos espíritas religiosos que acham não ter mais o que estudar e pesquisar, em face do "complemento definitivo" feito com os livros psicografados por Chico Xavier sob a orientação do seu orientador espiritual, Emmanuel.

Os espíritas que simpatizam com o aspecto científico da Doutrina não se conformam com a ideia de segui-la no formato "igrejificado", respingada de dogmas e atavismos teológicos que a deixa obscurecida pela fé cega.

Esta pendenga doutrinária, infelizmente, acabou dividindo o movimento em grupos que, soberbamente, classificam Allan Kardec como "superado" e que decidiram pesquisar a Bíblia para explicar o Espiritismo, com o propósito de trazer "novas luzes" para O Evangelho Segundo o Espiritismo.

Os espíritas filosóficos - aqueles que se autodenominal de "livres pensadores", correm por fora de todo esse imbróglio preservando-se de atritos e contendas inúteis.

Alguns desses filósofos, evidentemente, admiram a sede conhecimentos dos espíritas científicos e pretendem dividir com estes as pesquisas que o Espiritismo "inacabado" tanto reclama.

Grupos, núcleos e associações espíritas estão se mobilizando em todo o País, implementando projetos para formar novos pesquisadores imbuídos do espírito perspicaz e investigativo de Kardec. Não se sabe ao certo se os projetos vão tomar a dimensão desejada e encontrar respostas em meio a tantas questões que permeiam o complexo campo da Ciência Espírita.

O saudoso e respeitado pesquisador paulista, José Herculano Pires (1914-1979), refere-se à Epistemologia Espírita - Estudo Crítico do Conhecimento Científico à Luz do Espiritismo, como indispensável à sua compreensão.

Segundo Herculano Pires, Kardec examina a posição epistemológica do Espiritismo na "Introdução do Estudo da Doutrina", que abre O Livro dos Espíritos. Resta saber, portanto, quem se interessou e leu essa relevante introdução.

Um texto que a maioria dos espíritas acha chato porque não traz nenhuma revelação dos mais sombrios umbrais ou alguma curiosidade sobre a colônia Nosso lar.

Lembrando: a posição epistemológica do Espiritismo não pode ser modificada a bel prazer dos espíritas entusiasmados com o seu pseudo-saber.

Fonte: Kardec Ponto Com

segunda-feira, 18 de junho de 2012

A Questão Religiosa no Espiritismo


Por Eugenio Lara

Atendendo à solicitação do coordenador do Espirit Book, Henrique Ventura Regis, pretendo expor aqui, de modo sintético e amparado no pensamento de Allan Kardec, o que penso sobre a chamada questão religiosa no movimento espírita.

Afinal, o Espiritismo é ou não é religião? Tema complexo, apaixonante, tão antigo quanto o Espiritismo, tornou-se recorrente e motivo de discórdia, de cisão e de posturas sectárias. Tanto que, nos anos 1980, o movimento espírita se viu dividido entre duas posições antagônicas, a dos espíritas religiosos e a dos não-religiosos. Ruptura semelhante à que ocorreu entre os espíritas místicos e os espíritas científicos, no Brasil do século 19. Essa divisão ainda prossegue, sem que possamos vislumbrar algum tipo de consenso.

Todavia, ninguém melhor do que o fundador do Espiritismo para defini-lo. E ele o fez diversas vezes, em vários momentos de sua obra. Apesar da evidente vinculação doutrinária ao cristianismo, Allan Kardec rechaçou de modo veemente o suposto caráter religioso do Espiritismo e condenou o uso da palavra religião para classifica-lo, devido ao seu duplo sentido: de laço e de culto.

Quem primeiro levantou esse tema foi o Abade Chesnel, ao considerar que havia “uma nova religião em Paris”, que deveria ser combatida e reprimida. Através da Revista Espírita, Kardec rebateu a tese do Abade, também expondo-a de forma didática em O Que é o Espiritismo, no debate com o Padre.

Allan Kardec insistiu em definir o Espiritismo como uma ciência de observação, de consequências morais, como qualquer ciência ou forma de conhecimento. A seguir, iremos transcrever de suas obras uma série de pensamentos do Druida de Lyon, a fim de observarmos que ele não vacilou nessa questão e sempre procurou deixar claro, de modo bem didático, o que pensava a respeito do caráter e da natureza da doutrina espírita.

O Que é o Espiritismo

“O Espiritismo é uma ciência que trata da natureza, da origem e do destino dos Espíritos e de suas relações com o mundo corporal.” (p. 44)

“O Espiritismo é, antes de tudo, uma ciência e não se ocupa das questões dogmáticas. Essa ciência tem consequências morais, como todas as ciências filosóficas.” (p. 102)

“O seu verdadeiro caráter é, portanto, o de uma ciência e não o de uma religião.” (p. 103)

“O Espiritismo conta entre os seus partidários homens de todas as crenças, que nem por isso renunciam às suas convicções: católicos fervorosos, protestantes, judeus, muçulmanos, e até budistas e hindus.” (p. 103)

“O Espiritismo não era mais que simples doutrina filosófica; foi a própria Igreja que o proclamou como nova religião.” (p. 100)

“Não somos ateus, porém não implica isso que sejamos protestantes.” (p. 104)

Só “existem duas coisas no Espiritismo: a parte experimental das manifestações e a doutrina filosófica.” (p. 95)

“Sem ser em si mesmo uma religião, o Espiritismo está ligado essencialmente às ideias religiosas.” (p. 116)

A Gênese

“É, pois, rigorosamente exato dizer que o Espiritismo é uma ciência de observação e não produto da imaginação.” (p. 20)

“O Espiritismo é uma revelação (...) na acepção científica da palavra.” (p. 19)

“O Livro dos Espíritos, a primeira obra que levou o Espiritismo a ser considerado de um ponto de vista filosófico, pela dedução das consequências morais dos fatos.” (p. 40 - Nota de rodapé)

“As religiões hão sido sempre instrumentos de dominação.” (p. 17)

O Espiritismo em Sua Expressão Mais Simples

“Do ponto de vista religioso, o Espiritismo tem por base as verdades fundamentais de todas as religiões.” (p. 27)

“Homens de todas as castas, de todas as seitas, de todas as cores, sois todos irmãos.” (p. 39)

Há dezenas de outras afirmações de Allan Kardec que poderiam ser aqui citadas, mas não seriam suficientes para fechar a questão. Há fatores antropológicos, sociológicos, psicológicos e históricos a serem contemplados. Estudos recentes no campo da antropologia social demonstram o caráter religioso do Espiritismo brasileiro. O Espiritismo é uma religião, uma forma de culto, foi assim que ele se desenvolveu historicamente. Não há como negar.

Pensadores espíritas de grande envergadura, como Carlos Imbassahy e Herculano Pires, admitiram o caráter religioso do Espiritismo, como uma doutrina de tríplice aspecto (ciência, filosofia e religião), ideia semelhante ao “triângulo de forças espirituais” do espírito Emmanuel.

Apoiado na conceituação do filósofo francês Henri Bergson, Herculano desenvolveu uma interessante tese da religião como fator natural, dinâmica, a chamada religião natural, em uma conceituação próxima à do iluminista francês Rousseau e do pedagogo suíço Pestalozzi, mestre de Rivail.

Por sua vez, pensadores espíritas outros como David Grossvater, Jon Aizpúrua, Jaci Regis e Krishnamurti de Carvalho Dias, apoiados no humanismo kardequiano e no laicismo espírita, conduziram seu pensamento rumo a uma concepção laica, não-religiosa do Espiritismo. O segmento não-religioso é minoria, mas bastante expressivo, dinâmico, aberto ao debate e às novas ideias.

Na dúvida, ficamos com Allan Kardec. Como vimos, ele rechaçou a ideia de uma religião espírita. Rejeitou a palavra religião para definir o Espiritismo. Não há como negar esse fato.

Afinal, quem estará com a razão? Difícil dizer. O tempo dirá...
  
OBRAS CITADAS

KARDEC Allan - O Que é o Espiritismo, trad. Joaquim da Silva Sampaio Lobo in Iniciação Espírita, 5ª ed. São Paulo-SP [Edicel].
KARDEC Allan - O Espiritismo na sua Mais Simples Expressão, trad. Joaquim da Silva Sampaio Lobo in Iniciação Espírita, 5ª ed. São Paulo-SP [Edicel].
KARDEC Allan - A Gênese, trad. Guillon Ribeiro, 36ª ed. Rio de Janeiro-RJ [FEB].
KARDEC Allan - Revista Espírita, trad. Júlio Abreu Filho, 1ª ed. São Paulo-SP [Edicel].

Fonte: Espirit Book - http://www.espiritbook.com.br/profiles/blogs/a-questao-religiosa-no

domingo, 29 de abril de 2012

O Analfabetismo Doutrinário dos Espíritas

Por Francisco Amado

Eu já conheço "a verdade", pra que perder tempo com "a mentira"?

O que travou a evolução do pensamento filosófico e científico por quase mil anos na história da humanidade foi esta falácia.

Exatamente o tipo de pensamento que tem estagnado o desenvolvimento da doutrina espirita em bases racionais.

Se na Idade Média, o pensamento filosófico estava escravizado pela tutoria da Igreja Católica, hoje o Espiritismo esta escravizado pelo que dita Chico Xavier e suas fantasias mediúnicas.   

A maioria descarta um aprofundamento nos estudos da base doutrinária, porque para estes "a verdade" já foi revelada através das obras de André Luiz que, do alto da sua sabedoria, conta como funciona o plano espiritual.

Ora, se o espírita já esta de posse da verdade, que lhe foi revelada diretamente do Nosso Lar, por que perder tempo filosofando?

Mas é preciso levar em conta algo que é não é avaliado no Movimento Espírita Brasileiro, que se gaba de ser aquele que mais lê, que mais compra livros e que têm o maior índice de grau de escolaridade. Uma pesquisa no meio espírita que indique o índice de analfabetismo funcional.

Se o espírita lê tanto, porque não consegue compreender a Doutrina Espírita por um mesmo prisma?

Buscam-se de preferência romances, isso pode explicar a dificuldade que tem de compreender textos que exigem o discernimento.

O livro “Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho”, por exemplo, é uma amostra bastante significativa do nível de analfabetismo funcional então reinante no Movimento Espírita Brasileiro, uma vez que o livro, além de ser uma violência à inteligência humana, atinge apenas o emocional e ainda é crivado de erros.

Apenas um exemplo:

• Pág.31: "Os naturais os recebem como irmãos muito amados. A palavra religiosa de Henrique Soares, de Coimbra, eles a ouvem com veneração e humildade." Qualquer aluno do ensino fundamental sabe que nem nos melhores sonhos portugueses da época foi assim os contatos entre europeus e nativos. Outro detalhe: como os nativos ouviriam palavras religiosas com veneração e humildade se eles simplesmente não entendiam uma só palavra?

Para saber mais faça sua pesquisa e se puder leia o livro “Guia Politicamente Incorreto da História do Brasil”

O grande problema é que, com isso, vamos repetindo o passado. A grande maioria de pessoas que chegam à doutrina vem de leituras de romances mediúnicos e, para estes, ali está a verdade. Portanto, para estes, é Kardec que tem que se submeter ao que revela o espírito X e não ao contrário, e como eles já estão de posse da verdade, para que perder tempo com "a mentira"?

São os modernizadores que questionam porque deveríamos ficar estagnados às revelações de mais de 150 anos atrás, e pensam estar refutando Kardec, sem terem lido, estudado, analisado e esmiuçado o Livro dos Médiuns, O Livro dos Espíritos, O Que é o Espiritismo, a Revista Espírita, dentre outros.

Ou seja, porque perder tempo filosofando se eu já sei a verdade? Para estes o fato de fulano ou cicrano, o médium x ou y já terem refutado esta visão é o suficiente.

Mas estes argumentos acometem à boa e velha falácia ad verecundiam, isso é, o "apelo à autoridade." Ou seja, acredita-se em uma determinada posição não por causa de sua correspondência à realidade ou pela força de suas premissas que levam a uma conclusão lógica inevitável, mas por causa de uma autoridade qualquer que diz que deve ser de tal e qual modo.

Foi por argumentos assim que por tanto tempo a humanidade acreditou que era o Sol que girava em torno da Terra, e não o contrário. As "autoridades" diziam isso, apesar de pensadores da corrente "não oficial" já terem descoberto o contrário.

Acredita-se às vezes que determinado pensador foi "refutado" simplesmente porque existem críticas à sua obra. Mas como saber se as críticas são procedentes se eu não conheço o pensamento criticado?

Como saber se o crítico está expondo corretamente o pensamento do seu opositor?

A metodologia está explícita e implícita na obra de Kardec.

As comunidades nas redes sociais como Orkut e Facebook mostram de forma clara e indiscutível no que se transformou o Espiritismo, mais uma seita de seguidores fanatizados que não aceitam debater os livros deste ou daquele médium.

Algumas pessoas justificam afirmando: “Eu jamais me darei o direito de contestar Chico Xavier, pois o que ele é hoje, nós teremos muito ainda a trilhar para alcançar.”

Ora, isso não é aplicar a metodologia de Kardec, e aí basta consultar o ESE em sua introdução, onde encontramos a seguinte recomendação.

“O primeiro controle é, sem sombra de dúvida, o da razão, à qual é preciso submeter, sem exceção, tudo quanto vem dos Espíritos.”

A verdade é que quando não existe questionamento e crítica, quando não há debate transparente, certamente haverá dominação, ignorância, apatia e graves entraves à autonomia da razão humana e ao desenvolvimento espiritual da humanidade.

Enquanto espiritólicos alimentarem o pensamento que já conhecem a verdade, eles jamais vão perder seu tempo com a mentira.

E verdade para eles consiste em ônibus no plano espiritual, cigarro, sucos de laranja, compra e venda de casas, sala de banho, flechas magnéticas, gravidez espiritual, gatos e espiões no Umbral.

É todo um mundo maravilhoso da fantasia mediúnica, pois façam bom proveito enquanto eu me engano com a realidade.

Fonte: http://ensinoespirita.blogspot.com.br/2012/04/o-analfabetismo-doutrinario-dos.html

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

Porque Não Considerar o Espiritismo Como Religião

Por Jorge Muta, do blog "Espiritismo com Profundidade"

Artigo baseado em trechos do livro "O Laço e o Culto" de Krishnamurti Carvalho Dias.

A questão de saber se o espiritismo é ou não uma religião, mais que todas as outras questões, não é matéria meramente opinativa, pois depende de apreciação de muitos fatos, mas conduz a posições opinativas, a radicalizações. Irei nesse tópico apenas elencar fatos históricos e etimológicos trazidos por Kardec sobre a questão "religião", na Revista Espírita.

Sentindo Kardec que as palavras se revestem de imensa importância, cuidou de garantir, assegurar, que o espiritismo, todo um novíssimo universo de idéias e fatos, pudesse ser traduzido, vazado, por um elenco de palavras perfeitamente explícito, com um mínimo risco de confusões e obscuridade possível.

A codificação é, no seu contexto, tão explicita, tão clara, que me pergunto como pode haver alguma dúvida sobre as transparentes colocações de Kardec.

Para ler o artigo na íntegra, baixe o pdf aqui. O disponibilizamos para download e não o postamos na íntegra por este possuir 12 páginas.

quinta-feira, 14 de julho de 2011

Implicaciones Revolucionarias En El Espiritismo

Por Randy*

Clique aqui para a versão em português.

Cuando se combate la visión religiosa sobre el Espiritismo se deja siempre la impresión de que se trata de una cuestión de preferencias personales o de lectura pre conceptuoso sobre la historia de las religiones.

Más, si se retira la expresión “pre conceptuosa” llegamos al núcleo de todo. La lectura histórica de las religiones es desastrosa. En todos los momentos de la humanidad la religión no hizo otra cosa que dividir, mitigar, humillar, aprisionar, reprimir, atrasar, retardar el avance de la humanidad.

Vale recordar que las religiones son creaciones humanas. Y absolutamente ninguno de los creadores de religiones eran espíritus puros, perfectos, superiores. No existen hombres superiores con autoridad bastante para afirmar que tal doctrina representa pensamiento de Dios sobre la Tierra. Ninguna religión, por tanto, absolutamente ninguna, posee autoridad divina. Y el agravante de ser creadas por seres imperfectos es que la imperfección no crea perfección.

La imperfección de las religiones tiene su foco principal cuando confrontadas con el espiritismo en su capacidad de colocar a los hombres unos contra los otros y de imponer condiciones de restricción de la capacidad critico-racional de sus seguidores. Peor aun cuando las religiones se inmiscuyen en la sociedad de forma de influencias en la cultura, en la convivencia social y en la política. Con ese aspecto, acaban influenciando en personas no seguidoras, causándoles constreñimientos o imponiendo resignación cívica. En Brasil toda cultura está volcada por la influencia católica, incluyendo la imposición de feriados religiosos por la idolatría de sus santos, al violar los derechos de los evangélicos, judíos, ateos, etc.

En todos los sistemas donde la religión prevaleció, prevaleció también el atraso social e intelectual. Consecuentemente, por una ley natural traída por la Codificación Espirita, donde hay atraso intelectual existe evidente atraso moral. Eso destruye la falacia de que las religiones contribuyeron para el orden moral de forma decisiva. Si, hubo momentos históricos donde la imposición de la disciplina religiosa evitó maleficios de orden moral por un lado, más impusieron otros igualmente dañinos por otro. Y todo eso porque el papel de las religiones nunca fue de comprender a las divinidades sin satisfacer los puntos de vista de quien se arrogaba al derecho de representarla en la Tierra.

El propio Jesús jamás creó una religión. Muy al contrario, se mantuvo en la religión de sus padres, siendo hasta coherente con sus enseñanzas de orden moral, más completamente apartado de la institución, al punto de hacerle severas críticas. Eso le valió persecución por los propios judíos.

No en tanto, es imposible hacer desaparecer la existencia de la religión en el pasado humano. Al contrario, la codificación vio en ella alguna importancia histórica. Más, la misma codificación no elige ninguna de las religiones. No establece a ninguna como racional o verdadera. Teje críticas también. Sin embargo, en la Ley de Adoración, comenzamos a entender realmente lo que viene a ser esa “religión” de que habla el Espiritismo. No se trata de una institución, de una estructura. La Ley de Adoración hace prevalecer la lógica del “pensamiento religioso”, de naturaleza esencialmente intima y personal. Eso no se niega y ni se puede negar. La codificación conceptua el pensamiento religioso o religiosidad en este paradigma un movimiento del individuo en la comprensión de las leyes divinas y de los mecanismos que son regidos por Dios. Punto y acabose. El espiritismo no es una religión y los espiritas pueden mantener un pensamiento religioso en su relación con Dios, en adoración absolutamente personal y reservada, salvando las excepciones colectivas para fines especiales. Eso no requiere estructura, ni institución.

Por otra parte, la codificación nos habla todo el tiempo de entendimiento intelectual y moral y practica evolucionaria. Más, ahora, ese mensaje cabe para toda la humanidad. Entonces, como repetimos siempre a lo largo de los tiempos, no hay como establecer el Espiritismo como una religión más, pues la visión histórica y cultural sobre las instituciones religiosas no agrega personas al contrario las separa, las estigmatiza. Bastan haber implicaciones de naturaleza religiosa en un discurso para uno u otro grupo repudiar de inmediato. Un “espiritismo religioso”, por ejemplo, sería repudiado en países islámicos o de influencia helénica, o eslava, u orientales.

Desligar al Espiritismo del concepto de religión tan falsamente impuesto por influencias roustainguistas y de autores idolatrados en Brasil pasa a ser una cuestión estratégica para la práctica del Bien. Si el espirita se siente confortable con las lecciones que aprende, debe, por deber de caridad para con el prójimo, propagar esas lecciones. Más, el terreno debe ser de neutralidad de las pasiones. Las religiones causan pasiones, o mismo consecuencias de ellas.

Un Espiritismo desalojado del concepto religioso será capaz de motivar mentes especulativas e investigativas en su dirección. Eso incrementaría el poder científico de la Doctrina espirita, trayéndole pruebas de verdad con impactos inexorables sobre la sociedad humana. En verdad, las pruebas de los axiomas espiritas revolucionarían todo el concepto que los hombres poseen de su propia existencia, trazando implicaciones notorias sobre las relaciones sociales, sobre la política y sobre la economía.

En la practica, podemos decir que si el mínimo axioma fuera comprobado, pasaría a ser de interés formal de gobiernos el fomento a la pesquisa. O no.. No se puede olvidar que cualquier principio revolucionario atiende a intereses antagónicos. Más, sabemos que el cambio, cuando es colocado de forma verosímil y evolutiva, es inevitable.

Podemos aludir al impacto cultural que revelaciones espiritas debidamente comprobadas traerían para todos las estructuras de la sociedad mundial. Es muy posible que podría entrar en conflicto con el pensamiento antiguo. Más, no es posible una confrontación prolongada con hechos comprobados y científicos. No fue posible a la Iglesia Católica impedir la realidad de la Tierra redonda, por ejemplo.

En verdad, el Espiritismo trae un inmenso poder que yace oculto por la inacción de los espiritas. Podemos hasta mismo imaginar que la influenciación católica sobre los espiritas no fue fruto de acaso y si un movimiento bien orquestado – y eficaz- de evitar esa revolución cultural, intelectual, moral sobre la humanidad. Es más una vez un sistema religioso institucional promoviendo el atraso, la estagnación.

Cuando espiritas son cómplices en eso queda preocupación. No por establecerse campos de conflictos, más si por la percepción de que la más poderosa arma para el avance rápido de la humanidad queda enterrada y oxidada por quien cedió a su mayor enemigo. Y una relectura del proceso histórico, gobiernos influenciados por religiones también no podrían interesarse por la correcta divulgación de la doctrina Espirita. Nadie quiere revoluciones cuando la situación se adecua a sus intereses. Quien promueve revoluciones es quien no se satisface con esa adaptación. Deberían ser los espiritas los que promovieran esa revolución, tal como los primeros cristianos. Apenas no precisamos repetir sus errores y caer en los apelos del poder religioso. Durante 300 años los cristianos fueron poderosos y revolucionarios, hasta el momento en que se vieron en ese poder. De ahí fue creada la Iglesia Católica y todo se derrumbo. El sistema revolucionario fue substituido por un sistema represor y anti- revolucionario.

La responsabilidad del espirita siempre fue mayor de lo que en superficie se permite entrever. Ninguna revolución sirve para el propio individuo. Ella se extiende obligatoriamente por todos los que está alrededor. Considerando los avances posibles con el espiritismo, no promover esa revolución es falta de caridad para con toda la humanidad.

El espiritismo es ciencia y filosofía. El espirita se debe atener a estos terrenos de neutralidad. Estudiar, investigar, buscar la verdad, repudiar los falsos escritos de falsos espíritas, disciplinarse en la metodología, traducir todo eso en su practica moral cotidiana en la medida de su entendimiento – eso es hacer la revolución espirita.

Revolución espirita es un acto de caridad mundial. No tiene fronteras. Ni aquellas que son de las propias limitaciones personales.

Randy es moderador de la comunidad “Yo soy Espirita – Espiritismo” del Orkut e idealizador del Núcleo Espirita de Filosofía y Ciencias Aplicada. NEFCA

Traducido al español por: M.C.R

quarta-feira, 9 de março de 2011

Centros Espíritas - Identificação, Estrutura e Funcionamento

Por Nícia Cunha

Centradas no entendimento religioso da Doutrina Espírita, sofrendo influências de diversas religiões, especialmente as cristãs, africanas e indígenas, as casas espíritas tradicionalmente ostentam nomes que remetem ao conceito de lugar sagrado.

Assim, acompanhando a adjetivação espírita, não é incomum encontrar termos como: templo, congregação, sinagoga, tenda, casa de pai fulano, centro de irmão beltrano, etc. Existem ainda instituições que reverenciam ícones católicos, homenageiam pessoas já mortas ou ainda vivas, que se destacaram no meio espírita e que são consideradas quase “santas”.

Incorrem em erro, pois essa nomenclatura nega, altera ou reduz a identidade espírita e suas propostas originais. É contraproducente também em termos de comunicação social, pois utilizam signos e linguagem que não a especificam ideologicamente, não esclarecem qual seja sua visão, suas metas, ou como atuam.

Deveria haver no âmbito espírita, um movimento de conscientização sobre essas impropriedades, visando eliminar essas denominações, substituindo-as por outras que melhor definissem a atividade, o caráter e o propósito da doutrina.

A estrutura funcional e as práticas da maioria dos centros espíritas são tão inadequadas quanto os nomes. A rigor, inexistem instituições nos moldes do Instituto Parisiense de Estudos Espíritas, fundado por Kardec, que atuava sob enfoque filosófico e com metodologia científica de pesquisa.

A descoberta (e não uma revelação, no sentido místico) da realidade do espírito e do intercâmbio entre encarnados e desencarnados, impôs um conceito ético e moral, que, entretanto não justifica o desenvolvimento de uma religião. Não é necessário seguir um credo, para se viver com moralidade e ética.

A maioria dos espíritas brasileiros, e conseqüentemente, a sociedade em geral, acha que Kardec recomendava práticas evangelizadoras por haver escrito o livro "O Evangelho Segundo o Espiritismo". Kardec não escreveu ou compilou obras de pregação religiosa, não visava fazer apologia e proselitismo cristão. Seu objetivo era o de explicar o pensamento de Jesus sob o enfoque espírita. Por isso, naquela obra, endossou apenas o aspecto moral de seus ensinamentos, não sancionou sua biografia divinizada e seus milagres, alertando para a falta de comprovação histórica desses relatos dos evangelhos canônicos.

Nem mesmo a máxima espírita mais conhecida – “Fora da caridade não há salvação”, escapou de desvirtuamento, pois não é uma recomendação explícita, mas uma paráfrase. O movimento espírita fixou-se em atividades de consolo espiritual e distribuição de bens materiais, distanciando-se do cerne da proposta doutrinária, que privilegia a educação individual e coletiva, única saída para a elevação qualitativa da sociedade. Seria o caso de se perguntar a que se dedicarão os espíritas, quando não mais houver pobres no planeta. Ou de que se ocupam as criaturas que habitam orbes mais avançados do Universo, que não tenham tais desníveis sociais.

Há casas espíritas cujos nomes enfatizam essa distorcida noção de caridade: Pão dos Pobres, Socorristas de Maria, Amantes da Pobreza, etc. Inclusive, nestes dois últimos exemplos, além de incorrerem no erro conceitual, o fazem também no semântico, pois as denominações podem ter dupla significação: pessoas que socorrem a santa católica; amor à pobreza, propriamente dita.

Discriminam os carentes já a partir dos nomes, mantêm atividades assistencialistas sem desenvolver trabalhos educativos que despertem potencialidades e firmem noções de cidadania, para conscientizá-los sobre seus direitos e deveres, tanto individuais como coletivos.

Dessas e de outras interpretações incorretas derivam-se os problemas de caracterização e funcionamento de um centro espírita. A obra kardequiana afirma que a Doutrina Espírita não possui dogmas, hierarquias e cultos. Causa espanto, o fato de os espíritas repetirem essa definição, mas não assumirem que, na prática, há hierarquização e ritualização.

De fato, a federativa nacional é vaticanista, as estaduais funcionam como arcebispados e os centros como paróquias. Em todos os níveis, a quase totalidade dos dirigentes é vitalícia, ou promovem alternâncias periódicas entre os integrantes de grupos fechados e inamovíveis.

No Brasil, o Centro Espírita já virou igreja. É um fato sociologicamente definido. A sua estrutura funcional repete rituais de outras religiões cristãs. As missas católicas adotam módulos entremeados de cânticos e responsórios: Introdução, Ofertório, Leitura do Evangelho, Consagração da Hóstia, Comunhão, Bênção Final, com água benta aspergida sobre a assistência ou individualmente colhida à saída do recinto.

Na casa espírita, sempre de maneira solene e mística, acontecem: prece de abertura, pequena leitura ou preleção religiosa, palestra/sermão de caráter evangélico, oração final, passes e ingestão de "água fluidificada". Algumas instituições até adotam coros e cantorias. A coincidência não é fortuita. É atavismo e desconhecimento do que realmente seja a filosofia espírita.

Para os espíritas religiosos, está tudo correto, embora a divergência com o que Kardec ensinou e praticou. Segundo esse segmento, o espírita deve mesmo ser um pregador do Evangelho, ainda que em nítida desvantagem em relação aos católicos e protestantes que estudam teologia para bem desempenhar seu trabalho, que além do mais, é profissão.

Excetuando algumas pessoas que usam seus conhecimentos gerais e acadêmicos para embasar suas prédicas, a grande maioria é composta por pessoas comunicativas, imbuídas de espírito missioneiro, não raro vaidosas e/ou fanáticas, que embora bem intencionadas, não possuem preparo intelectual ou doutrinário.

Disso, resulta empirismo, interpretações pessoais ou de grupos. Não há estudos, mas sim, catequese. Paradoxalmente, onde deveria haver livre exame de conteúdos, só ocorre veiculação de conceitos repetidos. Os líderes das instituições não se questionam e nem permitem questionamentos sobre a correção do teor daquilo que divulgam. Ficam ofendidos quando isso ocorre, procuram afastar, disfarçada ou ostensivamente, a pessoa que provoca o debate ou diverge. Com poucas exceções, o ensino doutrinário é uma balbúrdia sem metodologia aplicada, tem caráter limitado e reducionista, é feito por tradição oral, tem apenas enfoque evangelizador. Quando muito, os monitores usam apostilas mal compiladas, com pouca base na Codificação, mas que reproduzem idéias de autores encarnados e desencarnados de obras denominadas “literatura complementar”.

O espírita se jacta, afirmando que a doutrina, além de ser religião, é filosofia e ciência. Mas não se faz ciência nos centros espíritas. Não há pesquisas ou experiências metodologicamente estruturadas, ou efetiva comprovação de fenômenos. É só crença, visão estratificada, dedução empírica ou simplesmente, vôos da imaginação. Onde a ciência, então?

Na França, depois de Kardec, o Espiritismo morreu. Muitas razões são apontadas, sendo a mais consistente, os entraves decorrentes das duas grandes guerras do Século XX, que assolaram a Europa. Curiosamente, elas não mataram outras idéias vigentes ou introduzidas à época, que ainda hoje honram e destacam os franceses, ciosos da racionalidade aprendida com seus proeminentes pensadores (René Descartes à frente) e magistralmente utilizada por Kardec.

É muito provável que o aniquilamento da doutrina Kardecista na França tenha ocorrido devido às influências místicas, pois impulsionada por Roustaing, caiu na vala comum da religiosidade crédula. Há uma real possibilidade de ali ter sido esquecida porque deixou de ter o apelo da razão e da lógica, sob as quais nasceu.

No Brasil, firmou-se o avesso dessa gênese: a liderança mística adotou, expandiu e sedimentou a visão religiosa, sem raciocinar que, se Deus é perfeito, portanto despido de prepotência e vaidade, não impõe e nem precisa de nossas súplicas, reverências e bajulações, dispensando dogmas, ritos e crendices no trajeto de sua criatura em direção à perfeição relativa que pode alcançar.

Retirado do site http://assepe.org.br/txt_nicia_centros.html

sábado, 19 de fevereiro de 2011

O Espiritismo é Subversivo?

Por Jacques Peccatte

Ao contrário da idéia comum que torna o Espiritismo uma religião, os espíritas do Cercle Spirite Allan Kardec, da França, não aceitam os conceitos demasiado simples, que não permitem refletir sobre a evolução do mundo atual.

O Espiritismo deve integrar-se à vida de nosso tempo, a fim de questionar os eventos culturais, sociais e políticos à luz de nosso conhecimento espírita.

Tudo o que acontece no planeta merece interesse e reflexão por parte de todos os seres humanos, sobretudo hoje, porque vivemos mais ou menos conscientemente, num modo transnacional dentro do qual a situação de cada país é interdependente dos outros. A globalização econômica é uma realidade atual e a exploração dos países pobres pelos ricos segue, como nos tempos da colonização.

O Espiritismo de Allan Kardec nunca aceitou esse processo de injustiça nem a resignação diante das misérias. É essencial que, dentro da atualização do Espiritismo, levemos em conta as evoluções coletivas de nossas sociedades.

Vemos que no neoliberalismo atual, todas as partes da Terra são dependentes desse sistema mundial, incapaz de procurar o bem-estar de todos. As desigualdades se ampliam a cada dia, desigualdades entre os países e entre os indivíduos. A riqueza global aumenta consideravelmente e, paralelamente, a pobreza é cada vez maior.

A filosofia espírita incorpora conceitos de solidariedade e de fraternidade que estão totalmente ausentes das sociedade humanas, apenas na forma de organizações caritativas. Desgraçadamente a caridade é o único meio de solidariedade que deve preencher as deficiências das sociedades fundadas no egoísmo. O objetivo de cada sociedade deve ser o desenvolvimento econômico, o que é perfeitamente normal e evidente, mas os países pobres estão condenados a abastecer os países ricos, sem benefícios nem desenvolvimento. É um intercâmbio de sentido único.

Existe uma estratégia dos países desenvolvidos, em particular dos Estados Unidos, que consiste em dirigir o mundo segundo seus próprios interesses e benefícios. É uma política muito evidente, por exemplo, no tocante ao continente africano.

A geopolítica mundial não é estabelecida ao acaso. Não existe fatalidade, mas vontades muito bem calculadas por parte dos poderes econômicos.

Como espírita, não posso calar-me diante dessas realidades. Se os habitantes da Terra são irmãos, como aceitar tais diferenças? Penso que esses problemas fazem parte da filosofia espírita em seu aspecto moral.

Não podemos nos contentar com uma moral individual dentro da qual cada um se preocupa com sua família e de seu vizinho (que é, sem embargo, muito bom). Mas devemos também, como espíritas, considerar o enfoque espírita dentro de uma moral universal. A famosa evolução intelectual e moral definida por Kardec significa que não devemos esquecer o aspecto intelectual, quer dizer, uma compreensão real do mundo atual, a fim de situar-se moralmente frente a um conjunto humano que sofre de sua inferioridade geral.

Pensamos, aqui na França, que o papel do espírita moderno é refletir, falar, denunciar eventualmente e participar da luta contra o mal, seja qual for a sua forma. Nesse sentido, segundo o título deste artigo, penso que os espíritas podem ser subversivos, não aceitando uma resignação comum e nenhuma fatalidade. Creio que o Espiritismo é uma luta contra todas as injustiças que constatamos na condição humana, participando das mudanças e progresso do mundo.

Nos séculos passados, o poder foi essencialmente das religiões. Depois despertaram-se sistemas laicos, um pouco mais democráticos. No século 19 foi fundado o Espiritismo por Allan Kardec. Mas, lamentavelmente, constatamos que atualmente o Espiritismo não tem uma verdadeira influência cultural intelectual e moral dentro das sociedades.

No conjunto, as religiões mantém uma influência preponderante em certos países. E os sistemas sociais e políticos não avançam no sentido da participação. Qual poderia ser o papel do Espiritismo diante da evolução das sociedades atuais no mundo? É uma pergunta que merece ser considerada e eu a proponho a todos os espíritas preocupados com o futuro do planeta.

Fonte: Jornal de cultura espírita “Abertura”, maio de 2000, ano XIII, nº 148, Santos-SP.

Jacques Peccatte, líder espírita francês, um dos fundadores e dirigentes do Círculo Espírita Allan Kardec, de Nancy, França, é diretor-responsável e redator do periódico trimestral “Le Journal Spirite”.


Retirado do site: http://www.viasantos.com/pense/arquivo/1321.html

domingo, 21 de novembro de 2010

Espiritismo Laico ou Religioso?

Por Eliseu F. Mota Júnior

Sabe-se que duas correntes principais dentro do movimento espírita, nacional e internacional, com base nos mesmos textos das obras básicas do Espiritismo, disputam a primazia do acerto sobre a religiosidade ou laicidade do terceiro aspecto da Doutrina Espírita, chegando porém a conclusões opostas, pois enquanto uma delas afirma que o Espiritismo é ciência, filosofia e religião, a outra atesta que ele é ciência, filosofia e moral; por causa disso, os adeptos da primeira dizem que os integrantes da segunda praticam um Espiritismo laico, e estes respondem tachando aqueles de espíritas religiosos. Com quem está a razão?

À luz do puro vernáculo não dá para responder.

Com efeito, o vocábulo Espiritismo (do francês spiritisme), tem sido definido pelos léxicos como “uma doutrina baseada na crença da sobrevivência da alma e da existência de comunicações, por meio da mediunidade, entre vivos e mortos, ou seja, entre os espíritos encarnados e os desencarnados”.

Por sua vez, o laicismo seria uma “doutrina que proclama a laicidade absoluta das instituições sócio-políticas e culturais, ou que pelo menos reclama para estas total autonomia diante da religião”; diz-se que seria também o “sistema dos que pretendem a interferência dos leigos no governo da igreja”, ou, ainda, “de dar às instituições um caráter não religioso ou laico”, que “é o estado de quem vive no mundo, é próprio do mundo, é secular (por oposição a eclesiástico)”.

Finalmente, religioso é um adjetivo que designa “o que é relativo ou conforme a religião”, definida como o “conjunto de práticas e princípios que regem as relações entre o homem e a divindade, através de um culto exterior ou interior”.

Percebe-se que esses conceitos, formulados por meio de signos lingüísticos, são realmente ambíguos, polissêmicos ou vagos, rebeldes ao entendimento e à interpretação, razão pela qual há que se reconhecer a dificuldade das correntes espíritas divergentes para encontrar uma definição consensual da Doutrina Espírita, sem embargo de contarem em suas fileiras com pessoas que conhecem a fundo a língua empregada no texto, estão bem informadas sobre a vida e a obra de Allan Kardec, e dominam como ninguém o Espiritismo e a sua história, o que nos obriga a tentar encontrar uma solução interpretativa para essa polêmica.

Ressalte-se, porém, que essa assertiva de que a Doutrina Espírita precisa de interpretação não implica, de maneira nenhuma, em “alterar ou modificar, a qualquer título, os princípios fundamentais e ensinos do Espiritismo, contido nas obras básicas de Allan Kardec”, como foi apressada e injustamente apregoado, porque tem o objetivo primordial de oferecer ao intérprete espírita — seja o leitor comum, o escritor, o expositor ou o dirigente —, subsídios para posicionar-se diante desse problema: o Espiritismo é laico ou religioso?

Pois bem, depois de muito estudar a questão, não encontramos sustentação doutrinária para considerar o Espiritismo uma religião, porque a textura aberta dessa palavra é ambígua, vaga e polissêmica, o que lhe atribui pluralidade e imprecisão de significados por reunir vários sentidos diferentes, fato aliás que o mestre Allan Kardec, com a sua inegável autoridade, já havia demonstrado à exaustação, principalmente em um artigo publicado na Revista Espírita de dezembro de 1.868.

Por outro lado — e por uma questão de justiça —, levando em consideração as mesmas técnicas de interpretação e os mesmos fundamentos, também não vemos como considerar o Espiritismo uma doutrina laica, que, tal como religião, é uma palavra de textura aberta, ambígua, vaga e polissêmica, o que também lhe confere diversidade e incerteza de significação pela pluralidade de sentidos, de modo que a sua adoção oficial pelo Espiritismo causaria à doutrina danos da mesma intensidade.

Em suma, tentando apenas contribuir modestamente para a superação dessa constrangedora e lamentável divergência entre supostos espíritas religiosos e espíritas laicos, sugerimos que doravante, à pergunta O que é o Espiritismo?, todos nós espíritas, sem qualquer adjetivação, respondamos como Allan Kardec:

“O Espiritismo é, ao mesmo tempo, uma ciência experimental e uma doutrina filosófica. Como ciência prática, consiste nas relações que se podem estabelecer com os Espíritos, enquanto que, como filosofia, compreende todas as conseqüências morais que decorrem dessas relações”.

“Podemos defini-lo assim:

O Espiritismo é uma ciência que trata da natureza, origem e destino dos Espíritos, bem como de suas relações com o mundo corporal.”[1]

Com isso acabaremos de uma vez por todas com essas acusações recíprocas, fazendo desaparecer qualquer adjetivo — laico ou religioso — para o substantivo espírita, ou seja, não existe nem espírita laico e nem espírita religioso, senão apenas espírita, o que já é muita coisa, pois Allan Kardec disse que o verdadeiro espírita é reconhecido pela sua transformação moral e pelo emprego de efetivo esforço para domar suas más inclinações.

Referência

[1] Allan KADEC, O que é o Espiritismo?, traduções FEB, IDE, LAKE e Ediciones CIMA.