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domingo, 29 de abril de 2012

O Analfabetismo Doutrinário dos Espíritas

Por Francisco Amado

Eu já conheço "a verdade", pra que perder tempo com "a mentira"?

O que travou a evolução do pensamento filosófico e científico por quase mil anos na história da humanidade foi esta falácia.

Exatamente o tipo de pensamento que tem estagnado o desenvolvimento da doutrina espirita em bases racionais.

Se na Idade Média, o pensamento filosófico estava escravizado pela tutoria da Igreja Católica, hoje o Espiritismo esta escravizado pelo que dita Chico Xavier e suas fantasias mediúnicas.   

A maioria descarta um aprofundamento nos estudos da base doutrinária, porque para estes "a verdade" já foi revelada através das obras de André Luiz que, do alto da sua sabedoria, conta como funciona o plano espiritual.

Ora, se o espírita já esta de posse da verdade, que lhe foi revelada diretamente do Nosso Lar, por que perder tempo filosofando?

Mas é preciso levar em conta algo que é não é avaliado no Movimento Espírita Brasileiro, que se gaba de ser aquele que mais lê, que mais compra livros e que têm o maior índice de grau de escolaridade. Uma pesquisa no meio espírita que indique o índice de analfabetismo funcional.

Se o espírita lê tanto, porque não consegue compreender a Doutrina Espírita por um mesmo prisma?

Buscam-se de preferência romances, isso pode explicar a dificuldade que tem de compreender textos que exigem o discernimento.

O livro “Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho”, por exemplo, é uma amostra bastante significativa do nível de analfabetismo funcional então reinante no Movimento Espírita Brasileiro, uma vez que o livro, além de ser uma violência à inteligência humana, atinge apenas o emocional e ainda é crivado de erros.

Apenas um exemplo:

• Pág.31: "Os naturais os recebem como irmãos muito amados. A palavra religiosa de Henrique Soares, de Coimbra, eles a ouvem com veneração e humildade." Qualquer aluno do ensino fundamental sabe que nem nos melhores sonhos portugueses da época foi assim os contatos entre europeus e nativos. Outro detalhe: como os nativos ouviriam palavras religiosas com veneração e humildade se eles simplesmente não entendiam uma só palavra?

Para saber mais faça sua pesquisa e se puder leia o livro “Guia Politicamente Incorreto da História do Brasil”

O grande problema é que, com isso, vamos repetindo o passado. A grande maioria de pessoas que chegam à doutrina vem de leituras de romances mediúnicos e, para estes, ali está a verdade. Portanto, para estes, é Kardec que tem que se submeter ao que revela o espírito X e não ao contrário, e como eles já estão de posse da verdade, para que perder tempo com "a mentira"?

São os modernizadores que questionam porque deveríamos ficar estagnados às revelações de mais de 150 anos atrás, e pensam estar refutando Kardec, sem terem lido, estudado, analisado e esmiuçado o Livro dos Médiuns, O Livro dos Espíritos, O Que é o Espiritismo, a Revista Espírita, dentre outros.

Ou seja, porque perder tempo filosofando se eu já sei a verdade? Para estes o fato de fulano ou cicrano, o médium x ou y já terem refutado esta visão é o suficiente.

Mas estes argumentos acometem à boa e velha falácia ad verecundiam, isso é, o "apelo à autoridade." Ou seja, acredita-se em uma determinada posição não por causa de sua correspondência à realidade ou pela força de suas premissas que levam a uma conclusão lógica inevitável, mas por causa de uma autoridade qualquer que diz que deve ser de tal e qual modo.

Foi por argumentos assim que por tanto tempo a humanidade acreditou que era o Sol que girava em torno da Terra, e não o contrário. As "autoridades" diziam isso, apesar de pensadores da corrente "não oficial" já terem descoberto o contrário.

Acredita-se às vezes que determinado pensador foi "refutado" simplesmente porque existem críticas à sua obra. Mas como saber se as críticas são procedentes se eu não conheço o pensamento criticado?

Como saber se o crítico está expondo corretamente o pensamento do seu opositor?

A metodologia está explícita e implícita na obra de Kardec.

As comunidades nas redes sociais como Orkut e Facebook mostram de forma clara e indiscutível no que se transformou o Espiritismo, mais uma seita de seguidores fanatizados que não aceitam debater os livros deste ou daquele médium.

Algumas pessoas justificam afirmando: “Eu jamais me darei o direito de contestar Chico Xavier, pois o que ele é hoje, nós teremos muito ainda a trilhar para alcançar.”

Ora, isso não é aplicar a metodologia de Kardec, e aí basta consultar o ESE em sua introdução, onde encontramos a seguinte recomendação.

“O primeiro controle é, sem sombra de dúvida, o da razão, à qual é preciso submeter, sem exceção, tudo quanto vem dos Espíritos.”

A verdade é que quando não existe questionamento e crítica, quando não há debate transparente, certamente haverá dominação, ignorância, apatia e graves entraves à autonomia da razão humana e ao desenvolvimento espiritual da humanidade.

Enquanto espiritólicos alimentarem o pensamento que já conhecem a verdade, eles jamais vão perder seu tempo com a mentira.

E verdade para eles consiste em ônibus no plano espiritual, cigarro, sucos de laranja, compra e venda de casas, sala de banho, flechas magnéticas, gravidez espiritual, gatos e espiões no Umbral.

É todo um mundo maravilhoso da fantasia mediúnica, pois façam bom proveito enquanto eu me engano com a realidade.

Fonte: http://ensinoespirita.blogspot.com.br/2012/04/o-analfabetismo-doutrinario-dos.html

sábado, 3 de dezembro de 2011

A Bíblia e a fundamentação espírita

Por Ricardo Malta

O leigo geralmente questiona por qual motivo nós, espíritas, utilizamos determinados textos Bíblicos e, algumas vezes, rejeitamos outros. A primeira vista parece incoerência, mas isso não passa da aplicação do princípio da fé raciocinada. Paulo de Tarso, o apóstolo dos Gentios, certa vez afirmou: "Examinai tudo e retendes o que for bom".  Parece-nos que, mesmo naquele tempo, a fé raciocinada já encontrava suporte. Para o espírita não basta crer, é necessário saber. “A fé raciocinada, por se apoiar nos fatos e na lógica, nenhuma obscuridade deixa. A criatura então crê, porque tem certeza, e ninguém tem certeza senão porque compreendeu. Eis por que não se dobra. Fé inabalável só o é a que pode encarar de frente a razão, em todas as épocas da Humanidade.” (ESE, Cap.19, Item 7)

“Aprendei a discernir,” – exorta Leon Denis – “a separar as coisas imaginárias das reais. Abstende-vos de combater a Ciência e renegar a razão, porque a razão é Deus dentro de nós, e o seu santuário é a nossa consciência.” (Cristianismo e Espiritismo)

O grande problema é que as pessoas enxergam a Bíblia como um todo unitário. Não conseguem diferenciar o que é de origem humana e, portanto, mutável, daquilo que é origem divina e imutável. “A palavra Bíblia vem do grego (biblia=plural de biblion ou biblios= livro), portanto é um conjunto de livros”, escritos por diversos autores, muitos deles desconhecidos. Ressaltamos, por exemplo, que a Bíblia Protestante contém 66 livros, a Católica possui 73 e a Hebraica apenas 24. Onde estaria, neste caso, a tão proclamada “palavra de Deus” (expressão de origem judaica)?

Nem iremos adentrar na questão das adulterações, mas destacamos e indicamos o estudo da obra “Analisando as traduções Bíblicas” de autoria do Dr. Severino Celestino. As revelações são surpreendentes. “É um trabalho original, de fôlego, com muita força analítica”, diz o prefaciador.

Reconhecemos nos textos Bíblicos a existência de ensinamentos sublimes que, provavelmente, têm suas origens inspiradoras nas esferas mais elevadas da espiritualidade, por outro lado, há também aberrações e barbaridades que nos fazem pensar na inferioridade moral e espiritual dos seus autores e co-autores (Espíritos malévolos). Vejamos, por exemplo, o quadro de atrocidades e bobagens Bíblicas que nos traz Richard Simmoneti:

“Os filhos devem pagar pelos pecados dos pais (Êxodo, 20:5); Quem trabalhar no sábado será morto (Êxodo, 35:2); Animais e aves serão sacrificados, sangue espargido sobre altares, atendendo a variados objetivos (Levítico, caps. 1 a7); Quando morrer um homem sem deixar descendentes, seu irmão deve casar-se com a viúva (Deuteronômio, 25:5); Os filhos desobedientes e rebeldes, que não ouçam os pais e se comprometam em vícios, serão apedrejados até a morte (Deuteronômio 21: 18-21); È proibido comer carne de porco, lebre ou coelho (Levítico, 11: 5-7); O homossexualismo será punido com morte (Levítico, 20:13); A zoofilia sexual será punida com morte (Levítico, 20:15-16); Deficientes físicos estão proibidos de aproximar-se do altar do culto, para não profaná-lo com seu defeito (Levítico, 21: 17-23); O hanseniano deve ser segregado da vida social, vivendo no isolamento (Levítico, Cap. 13); Os adúlteros serão apedrejados até a morte (Deuteronômio, 22:22); A blasfêmia contra Deus será punida com o apedrejamento, até a morte (Levítico, 24: 16-16).”
Afirmar que tudo isso é a “palavra de Deus” seria, no mínimo, uma ofensa para com a divindade. Portanto, não consideramos a Bíblia por esse foco dogmático, mas encontraremos nela, assim como em inúmeros outros livros ditos "sagrados", uma série de fatos e postulados espíritas. Ora, sendo a moral divina universal e os fatos espíritas (reencarnação e fenomenologia mediúnica) fenômenos naturais, nada mais lógico do que encontrarmos o registro desses ensinamentos e eventos em todos as épocas da humanidade, em diversos livros “sagrados”, entre os filósofos da antiguidade, nas mais diversas culturas e tradições.

A fundamentação espírita encontra suas raízes no que há de mais lógico, racional, pautada no bom senso e, principalmente, na universalidade do ensino dos Espíritos. Não precisaríamos buscar o apoio Bíblico para confirmar aquilo que é um fato, mas como dizer que Saul não se comunicou com o Espírito Samuel (I Samuel 28:7 a 17) e que Jesus não conversou com os Espíritos Elias e Moises (Mateus 17:3)? Como defender que João Batista não era a reencarnação de Elias (Mateus 11:14; 17: 10-13)? Enfim, como negar tantos fatos espíritas que saltam aos olhos em diversas passagens Bíblicas (indicamos a leitura do artigo “A Bíblia: um Livro de origem mediúnica” de autoria de Francisco Amado)? Não foram os espíritas que inventaram tudo isso. Está tudo lá na Bíblia, basta ter olhos para ver. O fanático religioso não consegue entender isso, “porque eles, vendo, não vêem; e, ouvindo, não ouvem nem compreendem.” (Mateus 13:13)

Assim, fazemos coro às palavras de José Reis Chaves: “respeitamos a Bíblia, mas com moderação, com uma visão racional dela, pois ela é tal como uma rosa que tem pétalas e perfume, mas tem também espinhos, obviamente humanos, e não divinos.” (Revista Espiritismo e Ciência, nº 64)