Mostrando postagens com marcador Severino Celestino. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Severino Celestino. Mostrar todas as postagens

quinta-feira, 31 de julho de 2014

[VÍDEO] - Reencarnação na Bíblia - Severino Celestino

Severino Celestino da Silva  possui doutorado em Odontologia pela Faculdade de Odontologia de Pernambuco (1994). Atualmente é professor associado da Universidade Federal da Paraíba. Tem experiência na área de Odontologia.Atua também na área de teologia-bíblia-religião e tradução de textos sagrados do hebraico para o português. Coordena o grupo de pesquisa intitulado BERESHIT. Atualmente cursa pós-doutorado em Ciências das Religiões na Universidade Metodista de São Paulo.



sábado, 3 de dezembro de 2011

A Bíblia e a fundamentação espírita

Por Ricardo Malta

O leigo geralmente questiona por qual motivo nós, espíritas, utilizamos determinados textos Bíblicos e, algumas vezes, rejeitamos outros. A primeira vista parece incoerência, mas isso não passa da aplicação do princípio da fé raciocinada. Paulo de Tarso, o apóstolo dos Gentios, certa vez afirmou: "Examinai tudo e retendes o que for bom".  Parece-nos que, mesmo naquele tempo, a fé raciocinada já encontrava suporte. Para o espírita não basta crer, é necessário saber. “A fé raciocinada, por se apoiar nos fatos e na lógica, nenhuma obscuridade deixa. A criatura então crê, porque tem certeza, e ninguém tem certeza senão porque compreendeu. Eis por que não se dobra. Fé inabalável só o é a que pode encarar de frente a razão, em todas as épocas da Humanidade.” (ESE, Cap.19, Item 7)

“Aprendei a discernir,” – exorta Leon Denis – “a separar as coisas imaginárias das reais. Abstende-vos de combater a Ciência e renegar a razão, porque a razão é Deus dentro de nós, e o seu santuário é a nossa consciência.” (Cristianismo e Espiritismo)

O grande problema é que as pessoas enxergam a Bíblia como um todo unitário. Não conseguem diferenciar o que é de origem humana e, portanto, mutável, daquilo que é origem divina e imutável. “A palavra Bíblia vem do grego (biblia=plural de biblion ou biblios= livro), portanto é um conjunto de livros”, escritos por diversos autores, muitos deles desconhecidos. Ressaltamos, por exemplo, que a Bíblia Protestante contém 66 livros, a Católica possui 73 e a Hebraica apenas 24. Onde estaria, neste caso, a tão proclamada “palavra de Deus” (expressão de origem judaica)?

Nem iremos adentrar na questão das adulterações, mas destacamos e indicamos o estudo da obra “Analisando as traduções Bíblicas” de autoria do Dr. Severino Celestino. As revelações são surpreendentes. “É um trabalho original, de fôlego, com muita força analítica”, diz o prefaciador.

Reconhecemos nos textos Bíblicos a existência de ensinamentos sublimes que, provavelmente, têm suas origens inspiradoras nas esferas mais elevadas da espiritualidade, por outro lado, há também aberrações e barbaridades que nos fazem pensar na inferioridade moral e espiritual dos seus autores e co-autores (Espíritos malévolos). Vejamos, por exemplo, o quadro de atrocidades e bobagens Bíblicas que nos traz Richard Simmoneti:

“Os filhos devem pagar pelos pecados dos pais (Êxodo, 20:5); Quem trabalhar no sábado será morto (Êxodo, 35:2); Animais e aves serão sacrificados, sangue espargido sobre altares, atendendo a variados objetivos (Levítico, caps. 1 a7); Quando morrer um homem sem deixar descendentes, seu irmão deve casar-se com a viúva (Deuteronômio, 25:5); Os filhos desobedientes e rebeldes, que não ouçam os pais e se comprometam em vícios, serão apedrejados até a morte (Deuteronômio 21: 18-21); È proibido comer carne de porco, lebre ou coelho (Levítico, 11: 5-7); O homossexualismo será punido com morte (Levítico, 20:13); A zoofilia sexual será punida com morte (Levítico, 20:15-16); Deficientes físicos estão proibidos de aproximar-se do altar do culto, para não profaná-lo com seu defeito (Levítico, 21: 17-23); O hanseniano deve ser segregado da vida social, vivendo no isolamento (Levítico, Cap. 13); Os adúlteros serão apedrejados até a morte (Deuteronômio, 22:22); A blasfêmia contra Deus será punida com o apedrejamento, até a morte (Levítico, 24: 16-16).”
Afirmar que tudo isso é a “palavra de Deus” seria, no mínimo, uma ofensa para com a divindade. Portanto, não consideramos a Bíblia por esse foco dogmático, mas encontraremos nela, assim como em inúmeros outros livros ditos "sagrados", uma série de fatos e postulados espíritas. Ora, sendo a moral divina universal e os fatos espíritas (reencarnação e fenomenologia mediúnica) fenômenos naturais, nada mais lógico do que encontrarmos o registro desses ensinamentos e eventos em todos as épocas da humanidade, em diversos livros “sagrados”, entre os filósofos da antiguidade, nas mais diversas culturas e tradições.

A fundamentação espírita encontra suas raízes no que há de mais lógico, racional, pautada no bom senso e, principalmente, na universalidade do ensino dos Espíritos. Não precisaríamos buscar o apoio Bíblico para confirmar aquilo que é um fato, mas como dizer que Saul não se comunicou com o Espírito Samuel (I Samuel 28:7 a 17) e que Jesus não conversou com os Espíritos Elias e Moises (Mateus 17:3)? Como defender que João Batista não era a reencarnação de Elias (Mateus 11:14; 17: 10-13)? Enfim, como negar tantos fatos espíritas que saltam aos olhos em diversas passagens Bíblicas (indicamos a leitura do artigo “A Bíblia: um Livro de origem mediúnica” de autoria de Francisco Amado)? Não foram os espíritas que inventaram tudo isso. Está tudo lá na Bíblia, basta ter olhos para ver. O fanático religioso não consegue entender isso, “porque eles, vendo, não vêem; e, ouvindo, não ouvem nem compreendem.” (Mateus 13:13)

Assim, fazemos coro às palavras de José Reis Chaves: “respeitamos a Bíblia, mas com moderação, com uma visão racional dela, pois ela é tal como uma rosa que tem pétalas e perfume, mas tem também espinhos, obviamente humanos, e não divinos.” (Revista Espiritismo e Ciência, nº 64)

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

La Fe por las Obras Y La Conducta Espirita

Por Ricardo Malta

Clique aqui para a versão em português.

“Así también la fe, si no tuviera las obras, es muerta en sí misma. Más alguien dirá: Tú tienes  la fe, y yo tengo las obras; muéstrame tu fe sin tus obras, y yo te mostrará mi fe por mis obras.”  (Tiago 2:17, 18)

El Espiritismo enseña que se reconoce al verdadero cristiano por sus obras (ESE,  Cap. 18, Ítem 16). No adelanta adorar e idolatrar la figura de Jesús: Es necesario  vivenciar el mensaje del cual el fue portador y ejemplificado. El Propio nazareno elucida: ¿“Y por qué me llamáis, Señor, Señor, y no hacéis lo que yo os digo?” (Lucas 6:46). Con estas palabras, dirigidas a los hipócritas y adoradores  comodistas, el evidenció la necesidad de vivenciar el evangelio  sin las ataduras de la pueril idolatría.

La beatitud es común dentro de las iglesias cristianas, con todo, notamos la infiltración de esta actitud en algunos sectores espiritas, yendo al encuentro de los postulados doctrinarios. Hay individuos que se tornan adeptos al Espiritismo, más, infelizmente, no consiguen desasociarse totalmente de los conceptos teológicos medievales.  En realidad, la “principal  causa de la deturpación y desvió de  las grandes ideas filosóficas y concepciones religiosas es que los hombres, no esforzándose  lo suficiente para comprenderlas, pasan a adaptarlas a su modo de ser y de actuar. No consiguiendo cambiar a sí mismos, emprenden  por sus propios  puntos de vista  el cambio de los principios que no consiguieron asimilar.” (Nueva Historia    del Espiritismo – Dalmo Duque)        
                                                                                                                                                                                                                  
Es natural que los Espíritus de escuela ejerzan sobre nosotros, seres aun imperfectos, un “ascendente moral irresistible” (L.E, Q.274), más el deseo de ellos es de auxiliarnos en la conquista de nuestro progreso  intelecto moral, y no ser livianamente  adorados como mitos.

Al escribir en su frontispicio el lema “Fuera de la caridad no hay salvación”, la doctrina espirita restaura la moral cristiana en su expresión más pura. No existen más dogmas, rituales, ceremonias, sacerdocios, imágenes, o cualquier acción que evidencie la práctica del culto exterior y del formalismo institucional. Verificamos en la cuestión 886 de El Libro de los Espíritus cual es el verdadero sentido de la palabra caridad, como entendía el propio Jesús: Benevolencia para con todos, indulgencia para las imperfecciones de los otros, perdón de las ofensas.”

Conforme observamos, el sentido de la palabra caridad, empleada por el Espiritismo, es bastante amplio  y no se limita a la asistencia social, como algunos falsamente interpretan. Los dogmas, que fueron infiltrándose  en las enseñanzas evangélicas, ahogaron  las máximas grandes del cristianismo naciente. Poco a poco los cristianos fueron abandonando la esencia del Evangelio, cambiándolo por el culto exterior que nada exige del hombre a no ser la hipocresía de los fariseos.

Ocurre que, entre los cristianos protestantes y católicos, hay un predominio de la teología paulina de la justificación por la fe, según las palabras de Pablo de Tarso,  la “salvación” (¿salvarse de qué?) vendría por la fe  y no por las palabras. De acuerdo  con datos históricos, Tiago, el hermano de Jesús, fue el verdadero coordinador del  Cristianismo naciente, siendo su epístola una verdadera contestación para con la doctrina  de la justificación por la fe enseñada por el apóstol de los Gentíos.

Todavía, defiende Herminio C. Miranda que el apóstol Paulo “no predica la fe sin obras, como entienden muchos de sus intérpretes hasta hoy; el no hace otra cosa sino enseñar que la fe,  la nueva concepción del relacionamiento del hombre con Dios, dispensa la ritualista de la ley antigua, consubstanciada en el viejo testamento y en la tradición” y que “jamás encontró apoyo en el pensamiento de Paulo de que la fe pasiva y sin obras nos llevaría a la salvación. “ (Las  marcas de Cristo – Paulo, el apóstol de los Gentiles).  Por su vez,  Severino Celestino adujo que “no podemos olvidar que Paulo es Jesús. Su mensaje fue dirigido a los Gentíos  o paganos y el facilito  muchas cosas para conquistar a aquellos  a quien dirigió su mensaje, en  nombre de Jesús.” (El evangelio y el Cristianismo primitivo)
 
Tal pensamiento  tiene sentido,  bastaríamos citar el capítulo 13 de la primera epístola  de Paulo a los Corintios, considerada un verdadero himno a la caridad. Otros pasajes también evidencian que Paulo no predicaba la fe sin obras. 2 Corintios 5:10, 2 Timoteo 4: 14, 1 Corintios 3:8, entre otras.

No sabemos si la intención de Pablo de tarso era predicar la salvación gratuita o si los teólogos interpretaron mal (mala fe) sus palabras, entretanto, son en sus   epistolas que la iglesia se fundamenta, para defender el dogma salvacionista  gratuito, donde podemos decir que hay más paulinos que cristianos dentro de las iglesias.

En las palabras de Jesús el salvacionismo jamás encontró respaldo. El coloca como regla aurea la Ley de amor (Mateo 22:36-39). La síntesis del evangelio está toda contenida en el Sermón de la Montaña, en el encontramos toda la pureza de una verdadera moral universal, la exhortación es siempre en   pro de la benevolencia para con todos, indulgencia para las imperfecciones de los otros y perdón de las ofensas. Para Humberto Rohden “el Sermón de la Montaña  es el alma del evangelio". Lo que también llevó a Gandhi a decir: “Si por acaso  se perdiese todos los libros sagrados del mundo y quedase apenas el Sermón de la Montaña, nada estaría perdido”.

En una de sus bellísimas parábolas, con contenido extremadamente significativo, “Jesús coloca al samaritano, considerado herético, pero que practica el amor a su prójimo, por encima del ortodoxo que falta a la caridad. No considera, por  tanto, la caridad apenas como una de las condiciones para la salvación, más  si como la condición única. Si otras hubiesen de ser cumplidas, las habría declinado. Desde que coloca la caridad en primer lugar,  es porque ella implícitamente abraza  a todas las otras. La humildad, la dulzura, la benevolencia, la indulgencia, la justicia, etc. “(ESE Cap. 15, ítem 3)

Renace la esencia de la moral [universal] cristiana con el advenimiento del Espiritismo. Semejante al aposto Tiago,  que también afirma: “así como el cuerpo sin el espíritu está muerto, así también la fe sin obras está muerta.” (Tiago 2, 26) Esta es la verdad que debemos resguardar. Cultivar los atavismos religiosos dentro del movimiento espirita es inaceptable.

 No podemos permitir que, en nombre de una tolerancia irresponsable, desnaturalicen el mensaje del Espiritismo, silenciar ante la deturpación  es lo mismo que compactar con el error. El adepto sincero tiene el deber  de celar  por la pureza doctrinaria y denunciar toda tentativa de institucionalización de iglesia. “No hay más lugar para la complacencia, compadres, tolerancia criminosas en el medio espirita. Cada uno será responsable por las hiervas dañinas que deja crecer a su alrededor. Es esa la manera más eficaz de combatir  el Espiritismo en la actualidad: cruzar los brazos, sonrisa amarilla, concordar para no contrariar, porque, en ese caso, el combate a la doctrina no viene de fuera, más si de dentro del movimiento doctrinario. (J. Herculano Pires – Curso Dinámico de Espiritismo)

El individuo que busca vivenciar el evangelio no es ( o no debería ser)  un beato cursi, más si apenas un hombre que lucha para conquistar su transformación moral y dominar sus malas inclinaciones (ESE, Cap. 17, ítem 4). La moral cristiana  no visa crear conductas artificiales, nos invita, conforme afirmo J. Herculano Pires, a “evolucionar no para fuera más si para dentro”.

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

A fé pelas obras e a conduta espiritista

Por Ricardo Malta

“Assim também a fé, se não tiver as obras, é morta em si mesma. Mas dirá alguém: Tu tens a fé, e eu tenho as obras; mostra-me a tua fé sem as tuas obras, e eu te mostrarei a minha fé pelas minhas obras.“ (Tiago 2:17, 18)

O Espiritismo ensina que se reconhece o verdadeiro cristão pelas suas obras (ESE, Cap.18, Item 16). Não adianta adorar e idolatrar a figura de Jesus: É necessário vivenciar a mensagem da qual ele foi portador e exemplificador. O próprio nazareno elucida: “E por que me chamais, Senhor, Senhor, e não fazeis o que eu digo?“ (Lucas 6:46). Com estas palavras, dirigidas aos hipócritas e adoradores comodistas, ele evidenciou a necessidade de vivenciar o evangelho sem as amarras da idolatria pueril.

A beatice é comum dentro das igrejas cristãs, contudo, notamos a infiltração desta atitude em alguns setores espíritas, indo de encontro aos postulados doutrinários. Há indivíduos que se tornam adeptos do Espiritismo, mas, infelizmente, não conseguem se desassociar totalmente dos conceitos teológicos medievais. Na realidade, a “principal causa da deturpação e desvio das grandes idéias filosóficas e concepções religiosas é que os homens, não se esforçando o suficiente para compreendê-las, passam a adaptá-las ao seu modo de ser e de agir. Não conseguindo mudar a si mesmos, empreendem pelos seus pontos de vista a mudança dos princípios que não conseguiram assimilar.” (Nova História do Espiritismo – Dalmo Duque)

É natural que os Espíritos de escol exerçam sobre nós, seres ainda imperfeitos, um “ascendente moral irresistível” (L.E, Q.274), mas o desejo deles é de nos auxiliar na conquista do nosso progresso intelecto-moral, e não serem levianamente adorados como mitos.

Ao escrever em seu frontispício o lema “Fora da caridade não há salvação”, a doutrina espírita restaura a moral cristã em sua expressão mais pura. Não existem mais dogmas, rituais, cerimônias, sacerdócio, imagens, ou qualquer ação que evidencie a pratica do culto exterior e do formalismo institucional. Verificamos na questão 886 de O Livro dos Espíritos qual o verdadeiro sentido da palavra caridade, como entendia o próprio Jesus: Benevolência para com todos, indulgência para as imperfeições dos outros, perdão das ofensas.”

Conforme observamos, o sentido da palavra caridade, empregada pelo Espiritismo, é bastante amplo e não se limita a assistência social, como alguns falsamente interpretam. Os dogmas, que foram se infiltrando nos ensinamentos evangélicos, abafaram essa grande máxima do Cristianismo nascente. Aos poucos os cristãos foram abandonando a essência do evangelho, trocando-o pelo culto exterior que nada exige do homem a não ser a hipocrisia dos fariseus.

Ocorre que, entre os cristãos protestantes e católicos, há um predomínio da teologia paulina da justificação pela fé, que, segundo as palavras de Paulo de Tarso, a “salvação” (salvar-se de que?) viria pela fé e não pelas obras. De acordo com dados históricos, Tiago, o irmão de Jesus, foi o verdadeiro coordenador do Cristianismo nascente, sendo a sua epístola uma verdadeira contestação para com a doutrina da justificação pela fé ensinada pelo apóstolo dos Gentios.

Todavia, defende Hermínio C. Miranda que o apóstolo Paulo “não prega a fé sem obras, como entendem muitos de seus intérpretes até hoje; ele não faz outra coisa senão ensinar que a fé, a nova concepção do relacionamento do homem com Deus, dispensa a ritualista da lei antiga, consubstanciada no velho testamento e na tradição” e que “jamais encontrou apoio no pensamento de Paulo de que a fé passiva e sem obras levar-nos-ia à salvação.” (As marcas do Cristo - Paulo, o apóstolo dos Gentios). Por sua vez, Severino Celestino aduz que “não podemos esquecer é que Paulo não é Jesus. Sua mensagem foi dirigida aos Gentios ou pagãos e ele facilitou muita coisa para conquistar aqueles a que dirigiu sua mensagem, em nome de Jesus.” (O evangelho e o Cristianismo primitivo)

Tal pensamento faz sentido, bastaríamos citar o capítulo 13 da primeira epístola de Paulo aos Coríntios, considerada um verdadeiro hino à caridade. Outras passagens também evidenciam que Paulo não pregava a fé sem as obras: 2 Coríntios 5:10, 2 Timóteo 4:14, 1 Coríntios 3:8, entre outras.

Não sabemos se a intenção de Paulo de Tarso era pregar a salvação gratuita ou se os teólogos interpretaram mal (má-fé?) as suas palavras, entretanto, são nas suas epístolas que a igreja se fundamenta para defender o dogma do salvacionismo gratuito, donde podemos dizer que há mais paulinos do que cristãos dentro das igrejas.

Nas palavras de Jesus o salvacionismo jamais encontrou respaldo. Ele coloca como regra áurea a Lei do amor (Mateus 22: 36-39). A síntese do evangelho está toda contida no Sermão da Montanha, nele encontramos toda pureza de uma verdadeira moral universal,  a exortação é sempre em prol da benevolência para com todos, indulgência para as imperfeições dos outros e o perdão das ofensas. Para Huberto Rohden “o Sermão da Montanha é a alma do evangelho”. O que também levou Gandhi a dizer: “Se por acaso se perdesse todos os livros sagrados do mundo e restasse apenas o Sermão da Montanha, nada estaria perdido”.

Numa de suas belíssimas parábolas, com conteúdo extremamente significativo, “Jesus coloca o samaritano, considerado herético, mas que pratica o amor do próximo, acima do ortodoxo que falta com a caridade. Não considera, portanto, a caridade apenas como uma das condições para a salvação, mas como a condição única. Se outras houvesse a serem preenchidas, ele as teria declinado. Desde que coloca a caridade em primeiro lugar, é que ela implicitamente abrange todas as outras: a humildade, a brandura, a benevolência, a indulgência, a justiça, etc.” (ESE, Cap.15, Item 3)

Renasce a essência da moral [universal] cristã com o advento do Espiritismo. Semelhante ao apóstolo Tiago, também afirma: “assim como o corpo sem o espírito está morto, assim também a fé sem obras é morta.” (Tiago 2, 26) Esta é a verdade que devemos resguardar. Cultivar os atavismos religiosos dentro do movimento espírita é inaceitável.

Não podemos permitir que, em nome de uma tolerância irresponsável, desnaturem a mensagem do Espiritismo, silenciar ante as deturpações é o mesmo que compactuar com o erro. O adepto sincero tem o dever de zelar pela pureza doutrinária e denunciar toda tentativa de institucionalização igrejeira. “Não há mais lugar para comodismos, compadrismos, tolerâncias criminosas no meio espírita. Cada um será responsável pelas ervas daninhas que deixar crescer ao seu redor. É essa a maneira mais eficaz de se combater o Espiritismo na atualidade: cruzar os braços, sorrir amarelo, concordar para não contrariar, porque, nesse caso, o combate à doutrina não vem de fora, mas de dentro do movimento doutrinário.” (J. Herculano Pires - Curso Dinâmico de Espiritismo.)

O indivíduo que busca vivenciar o evangelho não é (ou não deveria ser) um beato piegas, mas apenas um homem que luta para conquistar sua transformação moral e dominar suas más inclinações (ESE, Cap. 17, Item 4). A moral cristã não visa criar condutas artificiais, convida-nos, conforme afirmou J. Herculano Pires, a “evoluir, não por fora, mas por dentro”.

domingo, 17 de abril de 2011

Reencarnação no Contexto Histórico

Por Paulo da Silva Neto Sobrinho

“Pois não há nada de escondido que não venha a ser revelado, e não existe nada de oculto que não venha a ser conhecido”. (JESUS, Mt 10,26).

A cada dia que desenvolvemos nossos estudos sobre o tema reencarnação estamos vendo que, infelizmente, muitas coisas foram expurgadas das Sagradas Escrituras, a verdade pouco lhes importa, com o objetivo de justificar a manutenção de dogmas religiosos. Dogmas esses que ainda servem aos interesses das lideranças religiosas, que buscam de todas as formas fazer com que seus fiéis permaneçam na ignorância e assim sigam acreditando nessa teologia “Adão e Eva”.

Assim, é que já em Êxodo 20, 5, mudaram a preposição, que fatalmente nos levaria à conclusão da existência da reencarnação, quando trocam o “na” por “até”, vejamos:

“... porque eu, Iahweh teu Deus, sou um Deus ciumento, que puno a iniqüidade dos pais sobre os filhos até a terceira e quarta geração dos que me odeiam”.

Só que, com essa mudança, o texto entra em conflito com outra passagem bíblica:

“Os pais não serão mortos em lugar dos filhos, nem os filhos em lugar dos pais. Cada um será executado por seu próprio crime”. (Dt 24, 16) [ [1] ].

Entretanto, se colocarmos a preposição “na” em lugar da usada no texto, ficaremos perfeitamente coerentes com essa passagem anterior e a justiça divina não puniria um inocente, mas o próprio espírito culpado que nasceria como neto ou bisneto dele mesmo, ou seja, o próprio criminoso reencarnado como um de seus descendentes.

Sempre lemos, de outros autores, que a idéia da reencarnação existia no cristianismo primitivo e existe no judaísmo, como por exemplo, Dr. Severino Celestino da Silva, em Analisando as Traduções Bíblicas, H. Spencer Lewis, F.R.C, Ph.D., no livro A Vida Mística de Jesus e o teólogo alemão Holger Kersten, autor de Jesus Viveu na Índia, do qual transcrevemos:

“Até agora, quase todos os historiadores da Igreja acreditaram que a doutrina da reencarnação foi declarada herética durante o Concílio de Constantinopla em 553. No entanto, a condenação da doutrina se deve a uma ferrenha oposição pessoal do imperador Justiniano, que nunca esteve ligado aos protocolos do Concílio. Segundo Procópio, a ambiciosa esposa de Justiniano, que, na realidade, era quem manejava o poder, era filha de um guardador de ursos do anfiteatro de Bizâncio. Ela iniciou sua rápida ascensão ao poder como cortesã. Para se libertar de um passado que a envergonhava, ordenou, mais tarde, a morte de quinhentas antigas ‘colegas’ e, para não sofrer as conseqüências dessa ordem cruel em uma outra vida como preconizava a lei do Carma, empenhou-se em abolir toda a magnífica doutrina da reencarnação. Estava confiante no sucesso dessa anulação, decretada por ‘ordem divina’”.

“Em 543 d.C. o imperador Justiniano, sem levar em conta o ponto de vista papal, declarou guerra frontal aos ensinamentos de Orígenes, condenando-os através de um sínodo especial. Em suas Obras De Principiis e Contra Celsum, Orígenes (185-235 d.C), o grande Padre da Igreja, tinha reconhecido, abertamente, a existência da alma antes do nascimento e sua dependência de ações passadas. Ele pensava que certas passagens do Novo Testamento poderiam ser explicadas somente à luz da reencarnação”.

“Do Concílio convocado pelo imperador Justiniano só participaram bispos do Oriente (ortodoxos). Nenhum de Roma. E o próprio Papa, que estava em Constantinopla naquela ocasião, deixou isso bem claro”.

“O Concílio de Constantinopla, o quinto dos Concílios, não passou de um encontro, mais ou menos em caráter privado, organizado por Justiniano, que, mancomunado com alguns vassalos, excomungou e maldisse a doutrina da pré-existência da alma, apesar dos protestos do Papa Virgílio, com a publicação de seus Anathemata.

“A conclusão oficial a que o Concílio chegou após uma discussão de quatro semanas teve que ser submetida ao Papa para ratificação. Na verdade, os documentos que lhe foram apresentados (os assim-chamados ‘Três Capítulos’) versavam apenas sobre a disputa a respeito dos três eruditos que Justiniano, há quatro anos, havia por um edito declarado heréticos. Nada continham sobre Orígenes. Os Papas seguintes, Pelágio I (556-561), Pelágio II (579-590) e Gregório (590-604), quando se referiram ao quinto Concílio, nunca tocaram no nome de Orígenes”.

“A Igreja aceitou o edito de Justiniano – ‘Todo aquele que ensinar esta fantástica pré-existência da alma e sua monstruosa renovação será condenado’ – como parte das conclusões do Concílio. Portanto, a proibição da doutrina da reencarnação não passa de um erro histórico, sem qualquer validade eclesiástica”. (pág. 240-241).

E especificamente quanto ao judaismo podemos comprovar pelo historiador judeu Flavius Josephus, citado por Dr. Hernani de Guimarães Andrade, no livro Você e a Reencarnação, à página 28. Dr. Hernani em referência a WHISTON (The Works of Flavius Josephus, trad. Willian Whiston, M.A., London: War, Loc & Co. Limited.), diz-nos:

Flavius Josephus (37 a 95 a.D.), intelectual e historiador judeu, em sua famosa obra De Bello Judaico, faz a seguinte advertência aos soldados judeus que preferiam desertar, suicidando-se:

"Não vos recordais de que todos os espíritos puros que se encontram em conformidade com a vontade divina vivem no mais humildes dos lugares celestiais, e que no decorrer do tempo eles serão novamente enviados de volta para habitar corpos inocentes? Mas que as almas daqueles que cometeram suicídio serão atiradas às regiões trevosas do mundo inferior?" (Josephus, 1910).

Entretanto, até nessa clássica obra desse autor da antiguidade modificaram o texto para, obviamente, fugir da idéia da reencarnação, conforme podemos comprovar pela tradução de Vicente Pedroso, publicada no livro História dos Hebreus, (CPAD, 7ª ed., 2003), que diz o seguinte (pág. 600):

Não sabeis que Ele difunde suas bênçãos sobre a posteridade daqueles, que depois de ter chamado para junto de si, entregam em suas mãos, a vida, que, segundo as leis da natureza, Ele lhes deu e que suas almas voam puras para o céu, para lá viverem felizes e voltar, no correr dos séculos, animar corpos que sejam puros como elas (*) e que ao invés, as almas dos ímpios, que por uma loucura criminosa dão a morte a si mesmos são precipitados nas trevas do inferno.

(*) Parece, segundo estas palavras, que Josefo acreditava na metempsicose.

Observar que apesar dos textos serem bem semelhantes, mudaram todo o sentido do original para fugir da idéia da reencarnação. Dúvida que envolveu até o próprio editor: “Parece, segundo estas palavras, que Josefo acreditava na metempsicose”, querendo dissimular o pensamento sobre a reencarnação.

Mas se esqueceu de modificar o que disse Josephus, quando fala no que acreditavam os fariseus:

“Eles julgam que as almas são imortais, que são julgadas em um outro mundo e recompensadas ou castigadas segundo foram neste, viciosas ou virtuosas; que umas são eternamente retidas prisioneiras nessa outra vida e que outras voltam a esta”. (op. cit., pág. 416).

Entretanto, o mesmo não aconteceu com a tradução do livro Atos dos Apóstolos 23, 8, onde se diz que os fariseus sustentam “a ressurreição”, quando, na verdade, deveria ser “a reencarnação”, conforme nos informa o historiador judeu.

Podemos ainda acrescentar as informações contidas no livro As Rodas da Alma, onde o Rabino Philip S. Berg desenvolvendo o tema dentro da ótica cabalista, diz a certa altura (pág. 29):

“Entre todos os que aceitam a doutrina da reencarnação, talvez os cabalistas sejam os únicos que acreditam que uma alma pode retornar num nível inferior daquele que deixou em uma vida anterior. Efetivamente, se o peso do tikun (correção) for suficientemente pesado, uma alma humana poderá se encontrar reencarnada no corpo de um animal, de uma planta ou até mesmo de uma pedra”.

“A Cabala é o significado mais profundo e oculto da Torá, ou Bíblia”, diz Berg, o que confirma que é um conhecimento do judaísmo místico, segundo suas próprias palavras.

Trazemos também a opinião de Sérgio F. Aleixo, escritor e estudioso da Bíblia, que em seu livro Reencarnação – Lei da Bíblia, Lei do Evangelho, Lei de Deus, diz o seguinte (pág. 21):

“Neste trabalho, queremos demonstrar que a cultura judaico-cristã tem precedentes reencarnacionistas incontestáveis, a despeito de as políticas igrejeiras, sustentadas pelos mais absurdos teologismos, se obstinarem ainda em negá-los”.

É comum a certas pessoas advogarem que devemos, para interpretar a Bíblia, levar em conta o contexto histórico, mas quando o fato é reencarnação não seguem a sua própria recomendação. Os fatos históricos estão aí relatados, e não há como mudá-los. Resta então aos fanáticos a humildade de mudarem de posicionamento em relação ao assunto. Embora sinceramente achamos isso muito difícil, pois são completamente cegos, cuja única verdade que aceitam é a que lhes ensinaram, pouco importa se corresponde à realidade ou não. Todos os que pensam diferente deles são “heréticos” que precisam ser combatidos.

Aos que ainda nos dias de hoje perseguem os Espíritas por causa desse princípio doutrinário do Espiritismo, recomendamos que leiam mais, mas saiam da literatura de autores “recomendados” e busquem a verdade em outras obras, principalmente de outros autores, estudiosos e pesquisadores da reencarnação, que não os de sua corrente religiosa. Somente os que temem a verdade é que proíbem a leitura de obras fora do “nihil obstat” de sua liderança religiosa.

Referências Bibliográficas:

ALEIXO, S.F. Reencarnação – Lei da Bíblia, Lei do Evangelho, Lei de Deus, Niterói, Lachâtre, 2003.

ANDRADE, H.G. Você e a Reencarnação, Bauru, CEAC, 2002.

BERG, P. S. As Rodas da Alma, São Paulo, Centro de Estudos da Cabala, 1998.

CHAVES, J. R. A Reencarnação Segundo a Bíblia e a Ciência, São Paulo, 2002.

DIVERSOS. Bíblia de Jerusalém, São Paulo, Paulus, 2002.

KERSTEN, H. Jesus Viveu na Índia. São Paulo, Best Seller, 1988.

LEWIS, H.S. A Vida Mística de Jesus, Curitiba, AMORC, 2001.

SILVA, S. C. Analisando as Traduções Bíblicas. João Pessoa; Idéia, 2001.


[1] Ver tb: Ex 34, 7; Nm 14, 18; Jr 31, 29-30 e Ez 18, 2-4, 20.