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terça-feira, 12 de janeiro de 2016

Cuidado na propaganda Espírita

Por Vinícius Matias

Uma mentira pode viajar meio mundo enquanto a verdade ainda está a calçar os sapatos. Acertou em cheio o escritor norte americano, Mark Twain, quando escreveu essa frase. E, no seio espírita, é incrível como boatos e distorções de todos os tipos ganham campo sem pudor algum. E isso, é bom que se diga, pode ser notado desde a desencarnação de Allan Kardec. Não que antes fosse tudo um mar de rosas, não, a fundamental diferença é que todas as calúnias tendentes a desacreditar o Espiritismo encontravam em Kardec uma muralha, fossem elas urdidas por encarnados ou desencarnados, oriundas da má-fé ou da ignorância.

Um exemplo disso pode ser encontrado na obra “Processo dos Espíritas” que narra o triste drama vivido por um grupo de espíritas em Paris no ano de 1875, seis anos depois do desencarne de Kardec. O caso se dá após serem publicadas supostas fotografias de Espíritos na Revista Espírita ao serem compradas de um fotógrafo que fazia das fotos com os invisíveis o seu ganha-pão, tal publicação fez com que o Ministério Público parisiense instaurasse um processo acusando os espíritas de charlatanismo. No fim do embate judicial o saldo para a Doutrina foi desastroso: o presidente da Revista Espírita e o fotógrafo condenados e presos por um ano e a Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas, fundada por Allan Kardec, multada em 500 francos. A conclusão mais lúcida do lamentável episódio foi de Gabriel Delanne:

“Se tivemos que experimentar uma condenação contra nós, foi porque nos desviamos da rota traçada por Allan Kardec. Este inovador era contrário à retribuição dos médiuns e tinha para isso boas razões. Em sua época, os irmãos Davenport muito fizeram falar de si, mas, como ganhavam dinheiro com suas habilidades, Allan Kardec afastou-se deles, prudentemente.”

A notícia se espalhou logo por toda França e quem nunca havia ouvido falar em Espiritismo passou a conhecê-lo graças ao “procès des spirites”, e se a primeira impressão é a que fica podemos imaginar que dias difíceis viveu a propaganda Espírita . A maior parte das pessoas não se interessa em saber se condenação foi injusta ou não, se o engano foi pontual de determinada pessoa ou da Doutrina como um todo. O fato é que a percepção social do Espiritismo passou a ser maculada, e reabilitar o seu nome é tarefa para lá de hercúlea.

Os anos se passaram o caso do “procès des spirites” ficou esquecido, mas outras deturpações vieram, tente você, Espírita, dizer que o Espiritismo é uma ciência, ou que não há cabimento em ele ser confundido com a Umbanda e Candomblé, ou ainda que romances não podem constituir o conhecimento doutrinário, ou falar de temas como alma gêmea, crianças índigo e cristal, regressão de memória, terapia de cristais, apometria etc., e verá o tanto de premissas falsas que terá que desmontar até conseguir ter um diálogo razoável.

Toda essa dificuldade acontece porque mentiras sobre Espiritismo realmente viajam meio mundo enquanto as verdades sobre ele ainda se encontram dentro dos livros de Kardec esperando que sejam lidas para que comecem a caminhar.

Mesmo sob inúmeros ataques e deturpações ao longo dos anos, podemos dizer com plena segurança que nenhum deles fora mortal para a Doutrina. Para isso seria necessário ferir de morte as obras de Kardec, essas, no entanto acham-se blindadas pela lógica, bom-senso, e pelo controle universal do ensino dos Espíritos¹, tudo isso fruto de uma filosofia experimental, e não de especulações. Mas apesar de não poder ser detida, a propaganda Espírita pode ser entravada. Por isso nosso forte apelo a todos que se ocupam com o Espiritismo, seja para ensiná-lo ou para combatê-lo: aprofunde-se em TODAS as obras de Kardec², e antes de se pronunciar sobre algum tema espírita leiam e releiam tudo o que o Codificador disse a respeito. Do contrário, cale-se e evite que mais um possível engano venha a circular pelo mundo.

1. O Evangelho Segundo o Espiritismo, Introdução, item II- Autoridade da Doutrina Espírita.

2. Obras Básicas:
- O principiante Espírita;
- O que é o Espiritismo;
- Instrução prática sobre as manifestações Espíritas;
- Viagem Espírita de 1862;
- Refutação das críticas contra o Espiritismo;
- Resumo das leis e dos fenômenos Espíritas
- Resposta à mensagem dos Espíritas lioneses por ocasião do ano novo de 1862;
- Coleção de composições inéditas e
- Estudo acerca da poesia mediúnica.
Obras Fundamentais:
- O Livro dos Espíritos;
- O Livro dos Médiuns;
- O Evangelho Segundo o Espiritismo;
- O Céu e o Inferno e
- A Gênese.
Obras subsidiárias:
- Obras Póstumas e
- 12 volumes da Revista Espíritas 1858 a 1869

Texto enviado por e-mail ao blog e postado tal e qual recebido.

sábado, 8 de setembro de 2012

Controle Universal Hoje?

Por Sérgio Aleixo
 
Os reivindicadores de uma novíssima aplicação deste método esquecem que Kardec disse que o controle universal do ensino dos espíritos serviu para estabelecer os princípios mesmos do Espiritismo, e não se aplicava a “interesses secundários”.
 
Uma só garantia séria existe para o ensino dos espíritos: a concordância que haja entre as revelações que eles façam espontaneamente, servindo-se de grande número de médiuns estranhos uns aos outros e em vários lugares. Vê-se bem que não se trata aqui das comunicações referentes a interesses secundários, mas do que respeita aos princípios mesmos da Doutrina. Prova a experiência que, quando um princípio novo tem de ser enunciado, isso se dá espontaneamente em diversos pontos ao mesmo tempo e de modo idêntico, senão quanto à forma, quanto ao fundo.[1]
 
No século 19 foi assim. Poderia sê-lo hoje? Não sei. O problema para uma nova aplicação desse controle seria a “espontaneidade”. Com a Doutrina já amplamente difundida no mundo e a comunicação instantânea entre os habitantes do planeta, essa “espontaneidade” seria confiável? Haveria nos médiuns atuais a mesma isenção de ânimo anterior ao assentamento dos princípios da Doutrina por Kardec? Tem-se visto os próprios médiuns psicografando e defendendo o que eles mesmos pensam sobre os assuntos tratados nos livros que recebem dos Espíritos... E será coincidência que muitos deles conflitem frontalmente a Obra de Kardec, enquanto outros a contrariem ao mesmo tempo em que a aclamem? E mesmo supondo que novos princípios fossem transmitidos por um virtual novo controle, estes poderiam contradizer o controle kardeciano? Tão prevenido e perspicaz foi Kardec que, de revés, respondeu negativamente a isso, na introdução de A Gênese. Se não, vejamos:
 
Essa coletividade concordante da opinião dos Espíritos, passada, ao demais, pelo critério da lógica, é que constitui a força da Doutrina Espírita e lhe assegura a perpetuidade. Para que ela mudasse, fora mister que a universalidade dos Espíritos mudasse de opinião e viesse um dia dizer o contrário do que dissera. (Grifo meu.)
 
Ainda que novos princípios fossem ditados sob a eventual aferição de um novíssimo controle, não poderiam esses princípios contraditar os kardecianos, sob pena de admitir-se que os espíritos superiores necessitassem agora contradizer-se. Assim sendo, o padrão de aferição espírita das comunicações mediúnicas será sempre a Obra de Kardec. Eventuais novos princípios não contrariariam os anteriormente fixados. Kardec deve ser estudado e a sua filosofia, a espírita, acompanhada em seu minucioso desenvolvimento, ao longo de todos os seus trabalhos. Só isso pode garantir a qualidade daquilo que hoje escrevem os escritores do aquém e do além sob o epíteto de Espiritismo. Caso queiram, a exemplo de Emmanuel, divulgar filosofia espiritualista,[2] é que não têm compromisso com a Doutrina Espírita em si; se ainda assim afirmem tê-lo, mentem, porque não é legítimo um Espiritismo a contrariar os princípios kardecianos.[3]
 
O controle universal do ensino espírita serviu para estabelecer os princípios mesmos do Espiritismo. Os instrumentos para dar ao Espiritismo qualquer eventual novo contorno que se lhe faça necessário (e ainda assim, mais na linguagem que no conteúdo) são a pesquisa científica e a análise filosófica, sempre aliadas, nessa tarefa específica, aos princípios estabelecidos por Kardec. Ao que tudo indica, os espíritos não têm nada exatamente novo a dizer que já não tenham dito à época de Kardec, com a diferença de que agora a responsabilidade de filtrar esses informes há sido nossa e temos preterido Kardec mais que vilmente.
 
Dizem que André Luiz inovou, mas os espíritos já vinham relatando essas “ilusões” de uma vida praticamente física no além desde sempre, e Kardec enquadrou tudo isso devidamente, conforme os princípios do Espiritismo. Infelizmente, esses princípios por ele assentados não são usados para qualquer aferição, com a desculpa de que vêm aí “coisas novas”. Mas novas em quê, mais precisamente? Acaso os princípios fixados pela universalidade do controle kardeciano poderiam ser desmentidos hoje? Como disse Kardec, seria necessário que a universalidade dos espíritos mudasse de opinião e viesse agora dizer o contrário do que dissera. Onde a verdade?
 
Por exemplo: sabe-se que os espíritos não têm órgãos, nem podem satisfazer necessidades típicas do corpo terreno; que uma coisa é a ilusão em que muitos deles podem estar e, outra, bem diversa, é a realidade de sua verdadeira situação. Mas veio André Luiz e subverteu isso, desmentindo princípios estabelecidos pela universalidade do controle kardeciano. Que fizeram os espíritas em sua grande maioria? Encorajaram a mistificação com uma credulidade excessiva, por conta da quase santidade de Chico Xavier, e tentam hoje misturar água e óleo, dizendo que André Luiz completa Kardec.
 
Outros, mais ousados, e não raro fascinados, dizem que André Luiz o supera e mesmo o substitui, sendo que já existem até os que superam o próprio André Luiz. Sim, porque, afinal, mais não fazem estes novos cronistas que ir aonde André Luiz, tacitamente, os havia autorizado a irem. Se existem pássaros no além, porque não colocariam ovos em seus ninhos? Se os espíritos de homens e mulheres casam e coabitam no além, por que não teriam filhos? Não é de admirar o que publicam Bacceli e congêneres; mera consequência do secular federalismo febiano e do mito rustenista que nele surgiu e se alimentou: a infalibilidade mediúnica de Chico Xavier. 
__________________________________________________________________
 
[1] O Evangelho Segundo o Espiritismo. Introdução, II. Grifos meus.
[2] Emmanuel. Explicando. F.E.B., 15.ª ed., p. 15.
[3] Cf. Cap. 20: Kardec Versus Emmanuel em 12 Passos, http://ensaiosdahoraextrema.blogspot.com.br/2011/06/kardec-versus-emmanuel-em-12-passos.html.

terça-feira, 3 de julho de 2012

O vínculo de Roustaing com a Igreja

Por Nazareno Tourinho

Mais do que surpresos, os espíritas sinceros, e suficientemente esclarecidos, ainda alheios às consequências filosóficas da tese do corpo fluídico de Jesus, terão ficado perplexos durante a leitura do penúltimo escrito desta série, no qual mostramos o vínculo ideológico da obra de Jean-Baptiste Roustaing com a Igreja Romana, que desvirtuou a autêntica mensagem do Cristianismo e tantos males causou ao progresso da Humanidade.

Para que ninguém julgue ter havido de nossa parte a exploração de um mero e descuidoso tropeço do antigo bastonário da Corte Imperial de Bordeaux, isolado e perdido no Volume 2 de Os Quatro Evangelhos de sua autoria (6ª edição da FEB), vamos aqui transcrever mais alguns dislates do gênero, contidos no Volume 3 que dá sequência a “Revelação da Revelação”, por ele arquitetada com o objetivo de suplantar a obra de Allan Kardec, Ei-los:
“A mediunidade dos que, entre vós, servem de instrumentos aos Espíritos está apenas no começo. Mas, contrariamente ao que sucedeu na época dos discípulos, os vossos médiuns só entrarão no gozo completo de suas faculdades mediúnicas quando estiver entre os homens o Regenerador, Espírito que desempenhará a missão superior de conduzir a humanidade ao estado de inocência, isto é: ao grau de perfeição a que ela tem de chegar. Até lá, obterão somente fatos isolados, estranhos à ordem comum dos fatos.

“Não nos cabe fixar de antemão a época em que tal se verificará. O Senhor disse: vigiai e orai, porquanto desconheceis a hora em que soará retumbante a trombeta, fazendo que de seus túmulos saiam os mortos. Quer dizer: desconheceis a hora em que Deus fará que renasçam materialmente na terra os Espíritos elevados, incumbidos de dar impulso às virtudes que eles descerão a pregar, praticando-as em toda a sua extensão.

“O chefe da Igreja católica, nesta época em que este qualificativo terá a sua verdadeira significação, pois que ela estará em via de tornar-se universal, como sendo a Igreja do Cristo, o chefe da Igreja católica, dizemos, será um dos principais pilares do edifício.” (Página 65; os grifos são dos autores.)

“Debaixo da influência e da direção do Regenerador, caminhará o chefe da Igreja católica, a qual, repetimos, será então católica na legítima acepção deste termo, pois que estará em via de tornar-se universal, como sendo a Igreja do Cristo.” (Página 66)

“Homens, que praticais os ritos cristãos, não vos envergonheis de aproximar-vos da “mesa santa”, pois que sejam quais forem as profanações a que ela tenha sido exposta, sempre a podeis santificar pelo sentimento com que dela vos avizinhardes. Não coreis de vir, curvada a fronte, prostrar-vos aos pés do sacerdote que vos apresenta a hóstica “consagrada”.” (Página 403)

Aí está, não precisamos ir além. Os rustenistas da escola de Luciano dos Anjos poderão nos refutar através de longos e especiosos textos, garantindo que mutilamos as ideias centrais da obra de Roustaing, trazendo ao público apenas trechos esparsos de seus escritos, desconexos de outros imprescindíveis para completar o pensamento do autor. Quanto a isso, cumpre-nos denunciar a técnica mistificatória empregada nos volumes de Roustaing: os Espíritos que a ditaram, com refinada esperteza, própria dos padres jesuítas, acabam de dizer uma coisa e logo afirmam outra em contrário, a fim de obterem aceitação em nosso meio doutrinal. É por isso que os seus raros defensores sempre possuem argumentos para sustentar intermináveis polêmicas, reivindicando a condição de espíritas quando, no fundo, são católicos envergonhados, arrependidos mas ainda não inteiramente convertidos. Vejamos um exemplo da tática mistificatória exercida na obra de Roustaing, com base na última citação feita no presente artigo, a da página 403 do terceiro volume de Os Quatro Evangelhos. Ali somos concitados a não ter um constrangimento em nos prostrar aos pés de um sacerdote, de fronte curvada (a nossa, não a dele), e reverenciar a hóstia “consagrada”. Ora, qualquer pessoa sabe que isto é uma proposição católica, não espírita. Assim sendo, para dourar a pílula os ladinos autores do conselho no mesmo parágrafo o precedem com o reconhecimento da superioridade do ato espiritual sobre o ato material, e o complementam ressaltando a prevalência do fundo sobre a forma. Destarte, quando alguém, reproduzindo o mencionado trecho qual o fizemos, disser que a obra de Roustaing agasalha a apologia do ritual católico, do dogma da “Sagrada Eucaristia” etc., logo um de seus admiradores contestará, valendo-se da parte inicial ou final do parágrafo onde o referido trecho se encontra. E assim nunca falta munição verbalística para os renitentes defensores de Roustaing, que já sem coragem de atacar a obra de Kardec de frente (no pretérito atacaram, e a prova é a edição de 1920 de Os Quatro Evangelhos, que a FEB patrocinou e hoje esconde o fato, divulgando uma edição sem os ataques), já sem coragem de menosprezar frontalmente a obra de Kardec, repetimos, procuram minar as suas bases teóricas, contradizendo-lhes princípios filosóficos fundamentais como o que situa a encarnação e a reencarnação na categoria de lei da vida inteligente (na doutrina de Roustaing a experiência encarnatória não é uma necessidade para todos os Espíritos, é apenas castigo para alguns).

Na verdade, a única defesa possível da mistificação de Roustaing é a tese de que ela foi necessária quando surgiu, no século passado, a fim de atrair os católicos para o movimento espírita iniciante.

Este argumento, entretanto, é inaceitável, de um lado por ser aético e inconsistente (a nossa doutrina não endossa a teoria de que os fins justificam os meios, responsável, na Idade Média, pelas fogueiras da Santa Inquisição, e é contra o proselitismo, mesmo corretamente praticado do ponto de vista moral, pois seus postulados libertadores nunca serão absorvidos por quem ainda não estiver evolutivamente preparado para compreendê-los), e de outro lado porque a adulteração essencial de uma filosofia, através da mesclagem com quaisquer filosofias divergentes, é um modo solerte de arruiná-la perante o futuro, no campo das ideias (objetivo das entidades umbralinas fascinadoras do antigo bastonário da Corte Imperial de Bordeuax).

Na hipótese de querermos, por motivo de pura benevolência, aceitar a tese de que a mistificação de Roustaing, embora nociva, foi desculpável pela sua origem, atitude da qual já partilhamos no intuito de contribuir para a fraternidade dos espíritas brasileiros, sobre esta pergunta:

— Por que a FEB, atualmente, insiste em prestigiá-la, quando não mais ignora o seu caráter conflitante com a Codificação de Allan Kardec?

Fonte:

TOURINHO, Nazareno.  As Tolices e Pieguices da Obra de Roustaing – Nazareno Tourinho; ensaio crítico-doutrinário; 1ª edição, Edições Correio Fraterno, São Bernardo do Campo, SP, 1999.

quarta-feira, 11 de abril de 2012

Tirando a máscara dos enganadores


Por Nazareno Tourinho

No artigo precedente fizemos alusão ao recurso empregado por J. B. Roustaing para tornar digerível, em nosso meio doutrinário, sua obra indigesta: plagiar Kardec, copiando-lhe algumas ideias e as oferecendo ao público como se fossem suas. Demos como exemplo dessa deplorável conduta apenas um trecho de O Livro dos Espíritos, mas poderíamos ter acrescentado outros, pois Roustaing surrupiou ideias de Kardec retirando-as até de O Evangelho Segundo o Espiritismo – neste livro o Codificador explica, uma por uma, as frases da prece conhecida como Pai Nosso, ensinada por Jesus; o antigo bastonário da Corte Imperial de Bordeaux não deixou de imitá-lo também quanto a isso, e quem duvidar consulte as páginas 447/449 do Volume 1 de Os Quatro Evangelhos, de sua autoria (6ª edição da FEB).

Contudo desprezemos essas “superfluidades” porque no Volume 2 da referida obra há coisas muito piores. Não somente heresias científicas (“A paralisia é um resfriamento dos fluidos animalizados que circulam no organismo humano.” – página 76), mas principalmente religiosas.

O que Roustaing e seus “guias” pretendem, já salientamos nos escritos anteriores, é nos intoxicar filosoficamente, temperando o Espiritismo com Catolicismo.

Na página  143 do mencionado Volume 2, lemos:
“A igreja que os homens fizeram tem que ser transformada, vós o sabeis. Preparai, pois, espíritas, os materiais que hão de servir para a reedificação, a fim de que os obreiros do Senhor encontrem talhadas as pedras, quando for tempo de levantar o edifício.”
Neste tópico Roustaing e seus “guias” ainda estão preparando o terreno para plantar suas venenosas sementes. Na página 169 eles avançam um pouco mais, garantindo:
A igreja, porém, despertará; o sonho em que ainda se compraz, dissipar-se-á ao clarão da nova aurora.” (Os grifos são dos autores, não nossos).
Na página seguinte, 170, começam a tirar a máscara:
“Coragem, filhos da nossa igreja, da Igreja do Senhor, aproximam-se os tempos em que os discípulos e o Mestre aparecerão de novo entre vós, em que vossos olhos desvendados verão o Justo nas nuvens do céu, em que os anjos, isto é, os Espíritos purificados, descerão à Terra para mais eficazmente vos estenderem seus braços fraternais.” (Todos os grifos até aqui, e daqui para a frente, destacando em negrito algumas palavras, são dos autores.)
Na página 254 vão além, assumindo a linguagem que lhes é própria:
“De contínuo incentivando em vós, igualmente, as aspirações pela perfeição, não levantamos também uma ponta do véu que ocultava o futuro, para vos mostrarmos o vosso Deus no seu trono imutável, esperando que, arrependidos, seus filhos venham acabar junto desse trono a obra que ele lhes confiou?”.
Depois de colocarem DEUS em um trono, soltam mais a língua à página 277:
“Inclinai-vos com respeito, reconhecimento e amor diante desse Salvador cheio de devotamento que, desde o instante em que o vosso globo saiu dos fluidos espalhados na imensidade, em que esses fluidos, para formarem um mundo, se reuniram pela ação de sua vontade divina, divina no sentido de ser ele órgão de Deus, velou sempre por vós...”
Na página 297 Jesus é denominado Redentor. Na 308 temos este primor de argumento católico:
“Referindo-nos a Jesus, acabamos de usar das expressões – filho único do pai. Ele o era e é, no sentido de ser, pela sua elevação espiritual, única relativamente à de todos os Espíritos que se acham ligados ao vosso planeta, quem lhe preside os destinos.”
Finalmente, na página 440, somos presenteados com a grande “Revelação” da obra de Roustaing, que a atual diretoria da FEB, a esta altura talvez mais por capricho, teima em aceitar e divulgar. Ei-la, sem qualquer comentário, em respeito à inteligência dos verdadeiros espíritas, os fiéis seguidores da doutrina codificada por Allan Kardec.
“Quando o cetro do “príncipe da igreja” houver cedido lugar ao cajado do viajor, quando a púrpura houver caído e o burel cobrir os ombros daquele a quem os homens chamam de “O Santo Padre” e os dos “príncipes da igreja”, o que sucederá, depois que todos hão de voltar à humildade de que jamais se deveriam ter apartado, então a fé, evolando-se dos vossos corações, se elevará grande e forte, para dominar ainda na igreja do Cristo, e o “sucessor de São Pedro” estenderá sua santa mão para abençoar o universo.”

Fonte:
TOURINHO, Nazareno.  As Tolices e Pieguices da Obra de Roustaing – Nazareno Tourinho; ensaio crítico-doutrinário; 1ª edição, Edições Correio Fraterno, São Bernardo do Campo, SP, 1999.

quinta-feira, 5 de abril de 2012

O Corpo Fluídico de Jesus

Por Maria das Graças Cabral

Interessante a palestra de Sérgio Aleixo, que fala sobre o corpo físico de Jesus e o seu desaparecimento do túmulo, segundo relatam os evangelhos cristãos - e como Kardec trata racionalmente do tema. Importante a abordagem do assunto, pois Roustaing na condição de grande opositor do Codificador da Doutrina Espírita, defende a tese de que Jesus teria um corpo fluídico diferenciado dos humanos encarnados no planeta Terra. Tese esta, defendida e acatada por inúmeros espíritas.

No que concerne ao confronto de Roustaing aos preceitos espíritas codificados pelo Mestre Lionês, faz-se por oportuno ressaltar, que todo o trabalho de sistematização dos Ensinamentos Espíritas, feito por Kardec, foi de forma efetiva supervisionado  e aprovado pelo Espírito da Verdade, que não deixava passar nada que não estivesse de pleno acordo com os propósitos e objetivos da Espiritualidade Superior.

Entretanto, o que mais nos espanta e preocupa, é que a Federação Espírita Brasileira, que se auto intitula "A Casa Mater" do Espiritismo, acolhe e defende as obras de Roustaing, reconhecidamente um dos grandes opositores de Kardec, desde de que este ainda estava encarnado!

Daí vem a indagação: - Como esta Federação pode ser considerada "Casa Mater" do Espiritismo? De que Espiritismo ela se considera representante?!

Na realidade, precisamos na condição de Espíritas, estar cada vez mais atentos às obras "validadas" pela FEB, pois são inúmeras as que deturpam e corrompem os preceitos doutrinários positivados nas Obras Fundamentais da  Doutrina dos Espíritos, além de ser a maior "exportadora" de tais obras para o mundo afora!

Observemos que, como assevera Sérgio Aleixo, até mesmo as traduções das obras fundamentais, apresentam deturpações preocupantes, valendo conferir o texto publicado neste Blog, intitulado "Tradutor, Traidor", de autoria do referido palestrante, e que assim mesmo vêm sendo publicadas sem nenhum critério de avaliação e/ou esclarecimento por parte da FEB.

Portanto, precisamos urgentemente mais e mais estudar Kardec, preocupados com a "fonte", e com o "tradutor", para que possamos identificar e denunciar as deturpações que destroem os princípios Espíritas, para que assim, as próximas gerações possam conhecer com fidelidade os ensinamentos libertadores e consoladores trazidos pelos Espíritos Superiores da Codificação Espírita!  

Assista ao vídeo de Sérgio Aleixo sobre o corpo fluídico de Jesus:

sábado, 24 de março de 2012

O Melancólico Plágio


Por Nazareno Tourinho

Na página 430 do Volume 1 de Os Quatro Evangelhos (6ª edição, feita pela FEB) os “guias” de J. B. Roustaing escreveram o seguinte, referindo-se a uma lição de Jesus:

“Essas palavras do Mestre são o seguimento do que explicamos no nº 78. Não basta ao homem abster-se do mal, cumpre-lhe praticar o bem.”

Temos aqui um escandaloso plágio.

Plágio, como certamente o leitor não ignora, é a apropriação indevida que um autor faz da ideia de outro, apresentando-a como se fosse sua.

Se tivessem honestidade, os “protetores” de Roustaing diriam:

Como foi revelado a Allan Kardec, não basta ao homem abster-se do mal, cumpre-lhe praticar o bem.”

Assim se expressariam porque já em 1857, quase dez anos antes do lançamento de seus Evangelhos apócrifos, em 1866, no primeiro tomo da Codificação, O Livro dos Espíritos, figura tal ensinamento.

Eis o inteiro teor da pergunta nº 642 do supracitado volume, e a respectiva resposta:

“Para agradar a Deus e assegurar a sua posição futura, bastará que o homem não pratique o mal?

“Não; cumpre-lhe fazer o bem no limite de suas forças, porquanto responderá por todo o mal que haja resultado de não haver praticado o bem.”

A custa desse expediente desprezível, apossando-se de algumas ideias originais da codificação kardequiana sem confessar isso, Roustaing conseguiu tornar sua obra mais aceitável por uns poucos espíritas ainda presos aos condicionamentos católicos, herdados de outras encarnações. Estes companheiros místicos costumam, quando defendem o roustainguismo, dizer que o mesmo nos oferta muitas coisas boas. O que não falam é que as coisas boas a nós oferecidas foram retiradas espertamente dos livros de Kardec. E omitem o fato de que entre tais coisas boas existem teses lesivas aos superiores interesses do Espiritismo, porque em nível filosófico conflitam com os fundamentos da doutrina (como, por exemplo, a teoria de que a encarnação é um castigo e não uma necessidade).

Em razão disso a obra de Roustaing deve ser esquecida pela FEB, única Entidade em todo o mundo que a prestigia, estudando-a por força de um dispositivo estatutário, reeditando-a sempre e fazendo dela constante propaganda, de modo ostensivo ou subliminar, se é que a FEB deseja, nos tempos modernos, permanecer na liderança do nosso movimento ideológico, cuja unificação só é possível com absoluto respeito à insuperada mensagem espiritual claramente exposta por Allan Kardec. 

Fonte:
TOURINHO, Nazareno.  As Tolices e Pieguices da Obra de Roustaing – Nazareno Tourinho; ensaio crítico-doutrinário; 1ª edição, Edições Correio Fraterno, São Bernardo do Campo, SP, 1999.

quinta-feira, 22 de março de 2012

Magazine "Bom Ânimo" analisa a obra "Breve História do Espiritismo"

O livro Breve História do Espiritismo, de autoria do jornalista e turismólogo Fabiano Vidal, é divulgado e analisado no magazine eletrônico "Bom Ânimo", produzido, editado e distribuído  pelo Grupo de Estudos Espíritas e Evangelho no Lar - Irmãos Hansenianos, cuja coordenação editorial é da jornalista Carmem Paiva de Barros.

Leia a análise feita pelo jornalista Carlos Barros:



Para baixar o magazine "Bom Ânimo", clique aqui.

quinta-feira, 15 de março de 2012

Visión Correcta del Espiritismo


Por Nazareno Tourinho

Es innegable que el Espiritismo, esencialmente, como hecho natural, como ley de vida, es  de todos los tiempos, se encuentra aunque de un modo difuso o velado en el aliciente de  todas las creencias inmortales, razón por lo que debe ser concebido  no como una secta particular y si como elementos capaz de fortalecer las diversas religiones y abrir camino para que ellas se encuentren con las variadas ciencias, llevando al hombre a cumplir de manera integral su destino en este mundo, a través  del desenvolvimiento tanto de las potencialidades sentimentales como intelectivas. Siendo así, nada impide que un católico, un teósofo, un amante de la Umbanda o del esoterismo sea también espirita, cara al carácter universalista, cósmico, del Espiritismo, y quien quisiera defender esta posición ciertamente descubrirá  algunas frases de Allan Kardec para apoyarse. Con todo, solamente será espirita en parte, y no de un modo completo, pues es igualmente indiscutible que la verdadera Doctrina Espirita está en la enseñanza que los Espíritus dieron (“El Libro de los Espíritus”, introducción, ítem XVIII), y tal enseñanza  es suficientemente clara cuando establece los fundamentos de una filosofía racional (ídem, Prolegómenos) que incompatibiliza la teoría y práctica del Espiritismo  con todo aquello que tiene sabor a místico y es destituido de contenido lógico. De ahí porque nadie puede ser fiel a la causa espirita  si dejará de actuar con buen sentido.

No basta obtener la tarjeta en el Club de la Pureza Doctrinaria para servir con eficiencia en el espiritismo. Lo importante es tener una visión correcta y el buen sentido indica que, para eso, el primer cuidado  es no ser radicales. En la historia  de todos los movimientos que han surgido  para alargar los horizontes mentales del ser  humano siempre fueron las concepciones extremistas las que estragaron todas… Son ellas las fuentes generadoras  de la ortodoxia  y toda ortodoxia es fechadura dogmatica  atrancando las ventanas  del libre análisis, sin el cual se torna imposible el progreso. Acontece que tanto hay una ortodoxia excesivamente conservadora, dedicada para sustentar el tradicionalismo, como hay una ortodoxia exageradamente renovadora, que nada respeta, ni aun mismo los valores fundamentales e imprescindibles  para la identidad de un pensamiento filosófico. La primera produce  la inmovilidad  por la fe ciega  y la segunda  va tan lejos que destruye  cualquier fe, aunque nazca del conocimiento bien construido. Es lamentable, más aun no aprendimos una gran lección de la Antigüedad clásica: la Virtud esta en el medio…

Con el debido aprecio a los que luchan por fijar el espiritismo únicamente en el plano científico o exclusivamente en la esfera religiosa,  y aun con la justa consideración  a aquellos que desean conservarlo en su rasgo primitivo o modernizarlo por completo, osamos afirmar que la providencia básica para tener una óptica sino perfecta, por lo menos razonable, del Espiritismo, consiste  en abandonar la presunción de sabiduría infusa  y estudiar con inteligente humildad la obra de Kardec, donde son límpidamente expuestos los principios incuestionables de nuestra Doctrina y los puntos sobre los cuales ella misma recomienda reflexión, pesquisa y debate para la madurez de las ideas.

Lo malo es que, en vez de examinar sin premeditación los libros del maestro lionés, recurrimos a ellos  con el deliberado ánimo de captar escasos argumentos alimentadores de nuestras tendencias ideológicas, sin admitir que, como las demás personas, estamos sujetos a limitaciones perceptivas. Ora, como todos nos situamos en grados  de evolución diferenciados, cada uno ve el Espiritismo de una forma  distinta, resultando de ahí las insanas divergencias de opinión. Si sabemos administrarlas, cultivándolas con equilibrio y moderación, todavía podremos convivir  en régimen de trabajo solidaridad y tolerancia, en consonancia a la divisa, o lema, de la Codificación. Si caemos en el radicalismo, terminamos siendo nocivos  y no útiles al ideal común.  Es lo que parece, salvo mejor juicio…

Fuente: Reformador nº 2000 de Noviembre de 1995

Clique aqui para a versão em português.
Tradução: Mercedes Cruz

terça-feira, 13 de março de 2012

Visão Correta do Espiritismo

Por Nazareno Tourinho

É inegável que o Espiritismo, essencialmente, como fato natural, como lei da vida, é de todos os tempos, encontra-se ainda que de modo difuso ou velado no alicerce de todas as crenças imortalistas, razão por que deve ser concebido não como uma seita particular e sim como elemento capaz de fortalecer as diversas religiões e abrir caminho para que elas se encontrem com as várias ciências, levando o homem a cumprir de maneira integral seu destino neste mundo, através do desenvolvimento tanto das potencialidades sentimentais quanto intelectivas. Assim sendo, nada impede que um católico, um teosofista, um amante da umbanda ou do esoterismo seja também espírita, em face do caráter universalista, cósmico, do Espiritismo, e quem quiser defender esta posição certamente descobrirá algumas frases de Allan Kardec para se apoiar. Contudo, somente será espírita em parte, e não de modo completo, pois é igualmente indiscutível que a verdadeira Doutrina Espírita está no ensino que os Espíritos deram (“O Livro dos Espíritos”, introdução, item XVII), e tal ensino é suficientemente claro quando estabelece os fundamentos de uma filosofia racional (idem, Prolegômenos) que incompatibiliza a teoria e prática do Espiritismo com tudo aquilo que tem sabor místico e é destituído de conteúdo lógico. Daí porque ninguém pode ser fiel à causa espírita se deixar de agir com bom senso.

Não basta tirarmos carteirinha no Clube da Pureza Doutrinária para servirmos com proficiência ao Espiritismo. Importa termos a sua visão correta e o bom senso indica que, para isso, o primeiro cuidado é não sermos radicais. Na história de todos os movimentos que hão surgido para alargar os horizontes mentais do ser humano sempre foram as concepções extremistas que estragaram tudo... São elas as fontes geradoras da ortodoxia e toda ortodoxia é fechadura dogmática trancando as janelas da livre análise, sem a qual torna-se impossível o progresso. Acontece que tanto há uma ortodoxia excessivamente conservadora, vocacionada para sustentar o tradicionalismo, quanto há uma ortodoxia exageradamente renovadora, que nada respeita, nem mesmo os valores fundamentais e imprescindíveis à identidade de um pensamento filosófico. A primeira produz por imobilismo a fé cega e a segunda vai tão longe que destrói qualquer fé, ainda que nascida do conhecimento bem construído. É lamentável, mas ainda não aprendemos uma grande lição da Antiguidade clássica: virtude está no meio...

Com o devido apreço aos que lutam por fixar o Espiritismo unicamente no plano científico ou exclusivamente na esfera religiosa, e ainda com a justa consideração àqueles que de sejam conservá-lo em sua feição primitiva ou modernizá-lo por completo, ousamos afirmar que a providência básica para termos uma ótica senão perfeita, pelo menos razoável, do Espiritismo, consiste em abandonarmos a presunção de sabedoria infusa e estudarmos com inteligente humildade a obra de Kardec, onde são limpidamente expostos os princípios inquestionáveis de nossa Doutrina e os pontos sobre o quais ela própria recomenda reflexão, pesquisa e debate para amadurecimento das idéias.

O mal é que, ao invés de examinarmos sem premeditação os livros do mestre lionês, recorremos a eles com o deliberado ânimo de catar argumentos esparsos alimentadores de nossas tendências ideológicas, sem admitir que, como as demais pessoas, estamos sujeitos a limitações perceptivas. Ora, como todos nos situamos em graus de evolução diferenciados, cada um vê o Espiritismo de uma forma distinta, resultando daí as insanáveis divergências opiniáticas Se sabemos administrá-las, cultivando-as com equilíbrio e moderação, ainda dá para convivermos em regime de trabalho solidariedade e tolerância, consoante a divisa, ou lema, da Codificação. Se caímos no radicalismo, terminamos sendo nocivos e não úteis ao ideal comum. É o que parece, salvo melhor juízo...

Fonte: Reformador nº 2000 de Novembro de 1995

segunda-feira, 5 de março de 2012

O Espírito da Água


Por Riviane Damásio

Os copinhos de plástico arrumados ao redor da jarra transparente, formavam um arranjo circular e curioso, que aguçava a imaginação das crianças que vez ou outra entravam no salão esperando a hora do objeto de desejo ser liberado para o consumo. Cupcakes não fariam melhor e a ansiedade infantil já começava a contagiar os mais velhos presentes, que lançavam olhares dissimulados para a mesa afastada no canto da sala.

Um e outro bebê choravam e eram embalados pelo movimento das pernas das mães, mas relutavam no choro até que um pai envergonhado pelos olhares críticos vindos dos componentes da mesa resolve sair e respirar a fresca da noite, contrastante com o ar pesado e quente que duelava com os barulhentos ventiladores de teto do ambiente.

O Ritual ainda estava no meio... Já acabara a oração inicial embalada por uma música orquestrada que lembrava a Ave Maria, já houvera a troca de confetes entre o palestrante e os dirigentes, o pedido de silêncio por uma senhora firme e os recursos áudio-visuais já tinham sido explorados – O hino de São Francisco de Assis, acompanhado em canto pelos presentes e enfim a palestra do dia ilustrada por slides, que falava como todas as anteriores, na importância da caridade, da benevolência, das provas e da aceitação.

Volta e meia, Francisco e André eram citados, e excertos de suas obras exemplificavam o ensinamento do Palestrante. A dirigente lembra que há no lugar um estudo sistematizado sobre as obras do último autor e a importância de adquiri-las.

Desavisados, alguns participantes, neófitos, sedentos de conhecer, se inquietavam nas cadeiras de plástico, fugindo por instantes da atmosfera real do lugar e forçando a vista para enxergar vultos (inexistentes), espíritos (não presentes) e algo que enfim mostrasse o que destoava no Espiritismo das velhas igrejas... A ausência de Kardec e de outros pensadores espíritas na fala dos presentes suscitou a dúvida de que era realmente aquele, o endereço conseguido na internet, do Centro Espírita do bairro.

Os pensamentos incautos, foram interrompidos pela despedida do palestrante,pelos avisos gerais e pelo levantar apressado da platéia que se dividiu entre a fila para uma saleta anexa e a saída, não sem antes avançarem quase todos para os cupcakes, digo, para os copinhos d’água abençoados pelos espíritos que respondiam pela casa.

Os mais necessitados, substituíam os copinhos de café pelos de água, aumentando a dose do remédio espiritual...sem temer superdosagem ou overdose de proteção.

Na saleta ao lado, as mãos suspensas sobre as cabeças submissas, davam benção, permissão e direção para seguirem em paz para suas casas até a semana seguinte. Um último copinho de água fluidificada - que realmente não estava sólida em nenhum dos copinhos - fechava o ritual tão inesperado por sua mesmice.

Do lado de fora, uma lufada inesperada de vento seca o rosto choroso dos bebês, entra na salão e dança em volta da jarra que tem um resto de água morna e em seguida uma chuva gostosa começa a cair lentamente sobre os neófitos que caminham até os carros estacionados. E ninguém apressa o passo.

- Chuva inusitada numa noite tão abafada! Um verdadeiro milagre de Deus. Disse um.
- Feito o Espiristimo? Interrompe o outro.
- Feito o Espírito da água, ri o primeiro apontando para o céu. Fenômeno natural e milagrosamente simples. Te encontro mais tarde na net naquela comunidade que fala de Kardec...

quinta-feira, 1 de março de 2012

Até Divaldo Franco anda abismado...


Por Artur Felipe Azevedo


Diante de tantos absurdos que estamos vendo sendo publicados em nome do Espiritismo, até mesmo o antes tão "diplomático" médium Divaldo Pereira Franco resolveu se pronunciar. Sem dar "nome aos bois", como se diz popularmente, Divaldo alerta para a onda de obras anti-doutrinárias que vem assolando o meio espírita, tal qual já alertamos por diversas vezes aqui, principalmente nos nossos últimos artigos: "Saint Germain, Novo 'Governador do Planeta' ou apenas um Bon Vivant?", "Insistindo nos mesmos erros" e "Artigo investigativo: Ramatis pode nem existir".

Divaldo acertadamente aponta as "revelações estapafúrdias" e as "ameaças de acontecimentos negativos por não se exercitar a mediunidade e a caridade" como questões graves contidas nesses livros, além de chamar a atenção dos centros espíritas que vendem obras anti-doutrinárias em suas livrarias a pretexto de que "é isso o que o povo pede".

Não obstante o acerto na crítica, Divaldo Franco emite uma opinião que em nada se assemelha às recomendações dos espíritos superiores e do próprio Allan Kardec. O citado médium acredita que é silenciando que melhor colaboramos para obstar a penetração dessas ideias e obras anti-doutrinárias. Já o insigne Codificador, o bom-senso encarnado, claramente adverte:

“É preciso que se saiba que o Espiritismo sério se faz patrono, com alegria e apressuramento, de toda obra realizada com critério, qualquer que seja o país de onde provém, mas que, igualmente, repudia todas as publicações excêntricas. Todos os espíritas que, de coração, vigiam para que a Doutrina não seja comprometida, devem, pois, sem hesitação, denunciá-las, tanto mais porque, se algumas delas são produtos da boa-fé, outras constituem trabalho dos próprios inimigos do Espiritismo, que visam desacreditá-lo e poder motivar acusações contra ele. Eis porque, repito, é necessário que saibamos distinguir aquilo que a Doutrina Espírita aceita daquilo que ela repudia”. (Allan Kardec, Viagem Espírita em 1862. Instruções Particulares. VI.)

Já em "O Livro dos Médiuns", Allan Kardec volta à baila sobre a questão e arremata dizendo:

"Separar o verdadeiro do falso, descobrir a trapaça oculta numa cascata de palavras bonitas, desmascarar os impostores, eis, sem contradita, uma das maiores dificuldades da Ciência Espírita.”

Daí perguntamos como é possível desmascarar os impostores ficando em silêncio...

Interessante notar que, como já abordamos em nosso artigo "Divaldo apoia Ramatis... Mas, e daí?", parece haver uma grande contradição, já que Divaldo andou dando força justamente aos maiores responsáveis por esse movimento de ataque ao Espiritismo e que vêm lotando as prateleiras das livrarias com uma enxurrada de obras de conteúdo exótico, estapafúrdio, que não resiste à menor crítica doutrinária. 

Os ditados de Ramatis, de Ashtar-Sheran, as obras de Diamantino Coelho, o mega-apócrifo "A Vida de Jesus ditada por Ele mesmo", os livros "recebidos" por médiuns ramatisistas, etc., têm todos a chancela do movimento auto-intitulado "universalista", exatamente o mesmo que comemorou a publicação do livro "Transição Planetária" do próprio Divaldo Franco, que confirma as profecias absurdas de catástrofes no chamado "fim dos tempos", o carro-chefe dos pseudossábios encarnados e os da erraticidade na sanha de chamar a atenção dos incautos por uma "conversão" apressada.

Portanto, embora reconheçamos que o médium Divaldo Franco apresentou avanços em sua maneira de pensar e até uma certa coragem ao expor esse terrível problema, falta muito para que ele cumpra as recomendações contidas nas obras da Codificação, em que verifica-se que o pensamento crítico deva ser claramente exposto, desde que, obviamente, reúna os elementos necessários para uma boa fundamentação. Na Doutrina Espírita encontramos o estímulo a uma postura ativa, e jamais a uma postura passiva, tímida e condescendente: 

(...) “Observai e estudai com cuidado as comunicações que recebeis; aceitai o que a razão não recusar, repeli o que a choca; pedi esclarecimentos sobre as que vos deixam na dúvida. Tendes aqui a marcha a seguir para transmitir às gerações futuras, sem medo de as ver desnaturadas, as verdades que separáveis sem esforço de seu cortejo inevitável de erros”. (Santo Agostinho, Revista Espírita, 1863, julho.)

“Há polêmica e polêmica; e há uma diante da qual não recuaremos jamais, que é a discussão séria dos princípios que professamos.” (Allan Kardec, Revista Espírita - Nov/1858)

Fonte: Blog Ramatis, Sábio ou Pseudossábio? - http://espiritismoxramatisismo.blogspot.com/2012/02/ate-divaldo-franco-esta-abismado.html

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Jornalista Fabiano Vidal publica livro sobre o Espiritismo


O Blog dos Espíritas

O Jornalista e Turismólogo Fabiano Vidal, um dos fundadores de "O Blog dos Espíritas", lança hoje, de forma virtual através do site da Bookess Editora, sua nova obra Breve História do Espiritismo. Com prefácio de Artur Felipe de Azevedo Ferreira (autor de Ramatis, Sábio ou Pseudossábio?), o livro faz uma retrospectiva histórica do surgimento da Doutrina Espírita na França, a partir do fenômeno das mesas girantes e os posteriores estudos de Hyppolite Léon Denizard Rivail, que mais tarde se imortalizaria sob o pseudônimo de Allan Kardec.

A obra, que em breve ganhará uma versão digital, relata como se iniciaram os estudos de Allan Kardec, a posterior edificação da Doutrina Espírita, o surgimento do Roustainguismo, o Espiritismo após a morte de Kardec, a chegada do Espiritismo no Brasil, a criação da FEB, a adesão de Bezerra de Menezes às teses de Roustaing e a defesa do legado kardeciano através de instituições como o NEFCA (Núcleo Espírita de Filosofia e Ciências Aplicadas).

Sem dúvida, um livro que deve ser lido e estudado atentamente pelos espíritas.

Adquira seu exemplar clicando aqui.


quinta-feira, 26 de janeiro de 2012

Primeiros Passos de um Ingênuo


Por Nazareno Tourinho

A obra de J. B. Roustaing, que unicamente a Federação Espírita Brasileira continua editando, começa para nós com um breve escrito do tradutor Guillon Ribeiro na qual é situada na categoria de "obra incomparável, única até hoje no mundo".

Assevera o referido confrade no arroubo do seu entusiasmo:
"Nela se encerra toda uma revelação de verdades divinas que ainda em nenhuma outra fora dado ao homem entrever."

Fica, assim, os espíritas cientes de que os livros de Allan Kardec não chegam aos pés das brochuras de Jean Baptiste Roustaing – nelas estão as verdades divinas que os tomos do emérito codificador do Espiritismo não conseguem entrever...

O conceituado tradutor faz referência ainda a “"certas inovações" a que se balançou quando verteu para a nossa língua o texto original, como, por exemplo, a iniciativa de separá-lo em quatro volumes e não em três, conforme preferiu o autor; julgou-se no direito de agir de tal modo por ser “"de melhor aviso", esquecendo de informar quem deu o aviso...Mas deixemos de lado este pormenor ético, em homenagem à biografia do ilustre tradutor.

Passemos para o Prefácio contendo a assinatura de J. B. Roustaing.

Ele principia dando a si mesmo um atestado de ingênuo ou mentiroso. Esta observação é tão grave que vamos comprová-la através de suas próprias palavras. Preste o leitor muita atenção, sobretudo para as datas.

Na página 57 escreve:
“No mês de janeiro de 1858 fui acometido de uma enfermidade tão prolongada quão dolorosa...".

Na p.58 prossegue o ilustre advogado, que se tornou proeminente na Corte Imperial de Bordeaux:

“Em janeiro de 1861, completamente restabelecido, cuidei de voltar ao exercício dessa amada profissão para com a qual era devedor de uma posição independente, adquirida mediante trinta anos de trabalho no gabinete e nos tribunais. Mas, 'o homem propõe e Deus dispõe', diz a sabedoria das nações.

Um distinto clínico daquela cidade me falou da possibilidade de comunicações do mundo corpóreo com o mundo espiritual, da doutrina e da ciência espíritas, como fruto dessa comunicação, objetivando uma revelação geral. Minha primeira impressão foi a de incredulidade devida à ignorância...".

Na p.59 confessa:
“Li O Livro dos Espíritos."

Na p.60 acrescenta:
“Li em seguida O Livro dos Médiuns...
Depois desse estudo e desse exame, consultei a História, desde a origem das eras conhecidas até nossos dias...".

Na p.61 aduz:
“Compulsei os livros da filosofia profana e religiosa, antiga e recente, os prosadores e os poetas que refletem as crenças, bem como os costumes dos tempos."

Na p.64 arremata:
“Na véspera do dia 24 de junho de 1861, eu rogara a Deus, no sigilo de uma prece fervorosa, que permitisse ao Espírito de João Batista manifestar-se por um médium, que se achava então em minha companhia e com o qual diariamente me consagrava a trabalhos assíduos. Pedira também a graça da manifestação do Espírito de meu pai e do meu guia protetor."

Aí está:
Em janeiro de 1861 Roustaing era analfabeto em matéria de Espiritismo, nem sequer ouvira falar de comunicação mediúnica, e seis meses depois, em junho do mesmo ano, 1861, já se punha diariamente em “trabalhos assíduos” buscando mensagens do Além, e não apenas do seu genitor, e do seu guia, mas também de um grande vulto evangélico, nada menos do que o precursor do Cristo...Só podia acabar sendo vítima de mistificação!

Abstraindo-se o aspecto espiritual e doutrinário do problema, pergunta-se:

- Como foi possível a Roustaing, no curto período de seis meses, em que andou ocupado analisando O Livro dos Espíritos e O Livro dos Médiuns, ter tido tempo para consultar a História, desde a origem das eras conhecidas até os nossos dias (os dias dele, é claro), e afora esse empreendimento fenomenal, como lhe foi possível ainda ter tido tempo para compulsar os livros da filosofia profana e religiosa, antiga e recente, não dispensando nem os prosadores e os poetas que refletem as crenças, bem como os costumes dos tempos???

Responda a essa pergunta, sem rodeios, quem pretender nos acusar de ser injusto levantando suspeita sobre a competência ou a honestidade intelectual do indigitado autor.

Antes de irmos adiante tem mais um detalhe de natureza moral digno de não passar em branco.

Os trechos da lavra de Roustaing que reproduzimos são do Volume 1 da 6ª edição da FEB, de 1983, de Os Quatro Evangelhos, de sua autoria.

Os espíritas brasileiros das novas gerações, porém, precisam saber deste fato pitoresco: em 1920 o anjo Ismael, dado como sempre em rigoroso plantão para orientar a FEB, cochilou desastradamente e a deixou publicar uma edição da obra de Roustaing onde se lê críticas acerbas, diretas e ferinas, a Allan Kardec.

Tal edição, que alguns companheiros veteranos guardam, constitui hoje uma espinha na garganta da FEB porque documenta a insanável divergência entre os seguidores de Roustaing e de Kardec. Provaremos também isso no próximo texto.

Fonte:

TOURINHO, Nazareno.  As Tolices e Pieguices da Obra de Roustaing – Nazareno Tourinho; ensaio crítico-doutrinário; 1ª edição, Edições Correio Fraterno, São Bernardo do Campo, SP, 1999.

Início de Conversa


Por Nazareno Tourinho

Os dislates e disparates da obra de Jean Baptiste Roustaing são tantos, e tão agressivos ao pensamento lógico, que até hoje, segundo nos parece, nenhum escritor espírita lúcido e coerente, fiel aos ensinos enfeixados na codificação de Allan Kardec julgou valer a pena se ocupar da maioria deles em termos minuciosos, detalhando-os e exibindo o lado ridículo de cada um.

Autores respeitáveis, que combateram as teses docetistas através de livros e textos veiculados na imprensa, preferiram sempre abordar apenas os pontos da obra semi-católica de Roustaing flagrantemente contrários aos princípios fundamentais da nossa doutrina: a esdrúxula  ideia do corpo fluídico de Jesus e outras ideias à mesma agregadas por via de consequência, de maior peso filosófico negativo, como a evolução em linha reta do Cristo sem passar por qualquer incômodo encarnatório.

Esses autores, conquanto tenham feito às vezes estudo profundo dos escritos copiosos do célebre advogado francês que aprendeu Espiritismo com Kardec e depois o traiu, acharam por bem não se envolver com as miudezas deploráveis de tais escritos, deixando de executar uma varredura neles com o fim de queimar detritos doutrinários, aparentemente insignificantes. Procederam de modo correto, nas circunstâncias que enfrentaram. Nós, porém, em face das últimas discórdias vicejantes no seio do movimento espírita nacional, que a FEB, por capricho e orgulhoso apego ao passado, não está sabendo conduzir, decidimos pinçar e expor, para os companheiros de crença, uma ponderável parcela de tolices e pieguices espalhadas ao longo da massuda e indigesta obra de Roustaing.

Vamos, portanto, nesta série de escritos, reproduzindo as palavras do próprio Roustaing mostrar de maneira irrefutável as invencionices e sandices de Os Quatro Evangelhos tidos e havidos como “Revelação da Revelação”, isto é, uma revelação superior e mais avançada do que a contida nos livros de Allan Kardec.

Os leitores decerto vão ficar surpresos verificando os absurdos doutrinários saídos da pena de Roustaing, um tanto mais porque a Federação Espírita Brasileira os apoia expressamente por dispositivo estatutário e por habilidosa propaganda em sua tribuna oficial, a revista Reformador.

Como pode uma Entidade que pretende liderar o processo de unificação de nosso movimento ideológico patrocinar os referidos absurdos doutrinários?

Esta pergunta não nos compete responder. O que se nos impõe, na atual conjuntura, quando começa a amadurecer a consciência doutrinária do movimento espírita, é simplesmente pôr a verdade diante dos olhos de quem quiser vê-la para assumi-la. Do resto se encarregará a Providência Divina.

Os rustenistas de tradição, portadores de carteira de identidade expedida pela Secretaria de Segurança do GRUPO DOS OITO, atuante no Rio de Janeiro com alto poder de fogo para atingir os kardecistas também de tradição, costumam alardear que criticamos Os Quatro Evangelhos do antigo bastonário de Bordéus porque ignoramos grande parte de seus conceitos essenciais. Dizem, fiados em que espírita possuidor de elementar bom senso não perderá tempo com a leitura, terrivelmente enfadonha, de mais de duas mil páginas repetitivas de evidentes bobagens teológicas:

- Combatem a obra de J. B. Roustaing sem nunca a terem lido integralmente!

Pois bem, nós resolvemos ler. E o resultado de tão desconfortável esforço intelectual os rustenistas roxos agora vão ter que engolir, depois de nos haverem intoxicado o estômago durante décadas com os seus refinados sofismas.

A partir do próximo escrito provaremos que nos entregamos à penosa tarefa de estudar toda a obra de Roustaing desnudando suas tolices e pieguices sem deixar de fornecer a indicação dos números das páginas onde elas se encontram.

Podem os leitores aguardar essa despretensiosa novidade em matéria de crítica à mistificação roustainguista. Ela se torna necessária para que neste país, haja um pouco mais de respeito pela obra de Allan Kardec.

Fonte:

TOURINHO, Nazareno.  As Tolices e Pieguices da Obra de Roustaing – Nazareno Tourinho; ensaio crítico-doutrinário; 1ª edição, Edições Correio Fraterno, São Bernardo do Campo, SP, 1999.

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

La Fe por las Obras Y La Conducta Espirita

Por Ricardo Malta

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“Así también la fe, si no tuviera las obras, es muerta en sí misma. Más alguien dirá: Tú tienes  la fe, y yo tengo las obras; muéstrame tu fe sin tus obras, y yo te mostrará mi fe por mis obras.”  (Tiago 2:17, 18)

El Espiritismo enseña que se reconoce al verdadero cristiano por sus obras (ESE,  Cap. 18, Ítem 16). No adelanta adorar e idolatrar la figura de Jesús: Es necesario  vivenciar el mensaje del cual el fue portador y ejemplificado. El Propio nazareno elucida: ¿“Y por qué me llamáis, Señor, Señor, y no hacéis lo que yo os digo?” (Lucas 6:46). Con estas palabras, dirigidas a los hipócritas y adoradores  comodistas, el evidenció la necesidad de vivenciar el evangelio  sin las ataduras de la pueril idolatría.

La beatitud es común dentro de las iglesias cristianas, con todo, notamos la infiltración de esta actitud en algunos sectores espiritas, yendo al encuentro de los postulados doctrinarios. Hay individuos que se tornan adeptos al Espiritismo, más, infelizmente, no consiguen desasociarse totalmente de los conceptos teológicos medievales.  En realidad, la “principal  causa de la deturpación y desvió de  las grandes ideas filosóficas y concepciones religiosas es que los hombres, no esforzándose  lo suficiente para comprenderlas, pasan a adaptarlas a su modo de ser y de actuar. No consiguiendo cambiar a sí mismos, emprenden  por sus propios  puntos de vista  el cambio de los principios que no consiguieron asimilar.” (Nueva Historia    del Espiritismo – Dalmo Duque)        
                                                                                                                                                                                                                  
Es natural que los Espíritus de escuela ejerzan sobre nosotros, seres aun imperfectos, un “ascendente moral irresistible” (L.E, Q.274), más el deseo de ellos es de auxiliarnos en la conquista de nuestro progreso  intelecto moral, y no ser livianamente  adorados como mitos.

Al escribir en su frontispicio el lema “Fuera de la caridad no hay salvación”, la doctrina espirita restaura la moral cristiana en su expresión más pura. No existen más dogmas, rituales, ceremonias, sacerdocios, imágenes, o cualquier acción que evidencie la práctica del culto exterior y del formalismo institucional. Verificamos en la cuestión 886 de El Libro de los Espíritus cual es el verdadero sentido de la palabra caridad, como entendía el propio Jesús: Benevolencia para con todos, indulgencia para las imperfecciones de los otros, perdón de las ofensas.”

Conforme observamos, el sentido de la palabra caridad, empleada por el Espiritismo, es bastante amplio  y no se limita a la asistencia social, como algunos falsamente interpretan. Los dogmas, que fueron infiltrándose  en las enseñanzas evangélicas, ahogaron  las máximas grandes del cristianismo naciente. Poco a poco los cristianos fueron abandonando la esencia del Evangelio, cambiándolo por el culto exterior que nada exige del hombre a no ser la hipocresía de los fariseos.

Ocurre que, entre los cristianos protestantes y católicos, hay un predominio de la teología paulina de la justificación por la fe, según las palabras de Pablo de Tarso,  la “salvación” (¿salvarse de qué?) vendría por la fe  y no por las palabras. De acuerdo  con datos históricos, Tiago, el hermano de Jesús, fue el verdadero coordinador del  Cristianismo naciente, siendo su epístola una verdadera contestación para con la doctrina  de la justificación por la fe enseñada por el apóstol de los Gentíos.

Todavía, defiende Herminio C. Miranda que el apóstol Paulo “no predica la fe sin obras, como entienden muchos de sus intérpretes hasta hoy; el no hace otra cosa sino enseñar que la fe,  la nueva concepción del relacionamiento del hombre con Dios, dispensa la ritualista de la ley antigua, consubstanciada en el viejo testamento y en la tradición” y que “jamás encontró apoyo en el pensamiento de Paulo de que la fe pasiva y sin obras nos llevaría a la salvación. “ (Las  marcas de Cristo – Paulo, el apóstol de los Gentiles).  Por su vez,  Severino Celestino adujo que “no podemos olvidar que Paulo es Jesús. Su mensaje fue dirigido a los Gentíos  o paganos y el facilito  muchas cosas para conquistar a aquellos  a quien dirigió su mensaje, en  nombre de Jesús.” (El evangelio y el Cristianismo primitivo)
 
Tal pensamiento  tiene sentido,  bastaríamos citar el capítulo 13 de la primera epístola  de Paulo a los Corintios, considerada un verdadero himno a la caridad. Otros pasajes también evidencian que Paulo no predicaba la fe sin obras. 2 Corintios 5:10, 2 Timoteo 4: 14, 1 Corintios 3:8, entre otras.

No sabemos si la intención de Pablo de tarso era predicar la salvación gratuita o si los teólogos interpretaron mal (mala fe) sus palabras, entretanto, son en sus   epistolas que la iglesia se fundamenta, para defender el dogma salvacionista  gratuito, donde podemos decir que hay más paulinos que cristianos dentro de las iglesias.

En las palabras de Jesús el salvacionismo jamás encontró respaldo. El coloca como regla aurea la Ley de amor (Mateo 22:36-39). La síntesis del evangelio está toda contenida en el Sermón de la Montaña, en el encontramos toda la pureza de una verdadera moral universal, la exhortación es siempre en   pro de la benevolencia para con todos, indulgencia para las imperfecciones de los otros y perdón de las ofensas. Para Humberto Rohden “el Sermón de la Montaña  es el alma del evangelio". Lo que también llevó a Gandhi a decir: “Si por acaso  se perdiese todos los libros sagrados del mundo y quedase apenas el Sermón de la Montaña, nada estaría perdido”.

En una de sus bellísimas parábolas, con contenido extremadamente significativo, “Jesús coloca al samaritano, considerado herético, pero que practica el amor a su prójimo, por encima del ortodoxo que falta a la caridad. No considera, por  tanto, la caridad apenas como una de las condiciones para la salvación, más  si como la condición única. Si otras hubiesen de ser cumplidas, las habría declinado. Desde que coloca la caridad en primer lugar,  es porque ella implícitamente abraza  a todas las otras. La humildad, la dulzura, la benevolencia, la indulgencia, la justicia, etc. “(ESE Cap. 15, ítem 3)

Renace la esencia de la moral [universal] cristiana con el advenimiento del Espiritismo. Semejante al aposto Tiago,  que también afirma: “así como el cuerpo sin el espíritu está muerto, así también la fe sin obras está muerta.” (Tiago 2, 26) Esta es la verdad que debemos resguardar. Cultivar los atavismos religiosos dentro del movimiento espirita es inaceptable.

 No podemos permitir que, en nombre de una tolerancia irresponsable, desnaturalicen el mensaje del Espiritismo, silenciar ante la deturpación  es lo mismo que compactar con el error. El adepto sincero tiene el deber  de celar  por la pureza doctrinaria y denunciar toda tentativa de institucionalización de iglesia. “No hay más lugar para la complacencia, compadres, tolerancia criminosas en el medio espirita. Cada uno será responsable por las hiervas dañinas que deja crecer a su alrededor. Es esa la manera más eficaz de combatir  el Espiritismo en la actualidad: cruzar los brazos, sonrisa amarilla, concordar para no contrariar, porque, en ese caso, el combate a la doctrina no viene de fuera, más si de dentro del movimiento doctrinario. (J. Herculano Pires – Curso Dinámico de Espiritismo)

El individuo que busca vivenciar el evangelio no es ( o no debería ser)  un beato cursi, más si apenas un hombre que lucha para conquistar su transformación moral y dominar sus malas inclinaciones (ESE, Cap. 17, ítem 4). La moral cristiana  no visa crear conductas artificiales, nos invita, conforme afirmo J. Herculano Pires, a “evolucionar no para fuera más si para dentro”.