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segunda-feira, 2 de janeiro de 2017
quinta-feira, 1 de novembro de 2012
A carne é fraca - Estudo fisiológico e moral
08:57
Posted by Anônimo
a gênese, Allan Kardec, cérebro, Doutrina Espírita, espírito, predisposições, Revista Espírita
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Por Allan Kardec
Há inclinações viciosas que evidentemente são mais inerentes ao espírito, porque têm a ver mais com a moral do que com o físico; outras mais parecem consequência do organismo e, por este motivo, a gente se julga menos responsável. Tais são as predisposições à cólera, à moleza, à sensualidade, etc.
Está hoje perfeitamente reconhecido pelos filósofos espiritualistas que os órgãos cerebrais correspondentes às diversas aptidões devem o seu desenvolvimento à atividade do espírito; que esse desenvolvimento é, assim, um efeito e não uma causa. Um homem não é músico porque tem a bossa da música, mas tem a bossa da música porque seu espírito é músico (Revista de julho de 1860 e abril de 1862).
Se a atividade do espírito reage sobre o cérebro, deve reagir igualmente sobre as outras partes do organismo. Assim, o espírito é o artífice de seu próprio corpo, por assim dizer, modela-o, a fim de apropriá-lo às suas necessidades e à manifestação de suas tendências. Assim sendo, a perfeição do corpo nas raças adiantadas seria o resultado do trabalho do espírito que aperfeiçoa o seu utensílio à medida que aumentam as suas faculdades. (A Gênese segundo o Espiritismo, cap. XI, Gênese Espiritual).
Por uma consequência natural desse princípio, as disposições morais do espírito devem modificar as qualidades do sangue, dar-lhe maior ou menor atividade, provocar uma secreção mais ou menos abundante de bile ou de outros fluidos. É assim, por exemplo, que o glutão sente vir a saliva, ou, como se diz vulgarmente, vir água à boca à vista de um prato apetitoso. Não é o alimento que pode superexcitar o órgão do paladar, pois não há contato; é, portanto, o espírito, cuja sensualidade é despertada, que age pelo pensamento sobre esse órgão, ao passo que, sobre um outro Espírito, a visão daquele prato nada produz. Dá-se o mesmo em todas as cobiças, todos os desejos provocados pela visão. A diversidade das emoções não pode ser compreendida, numa porção de casos, senão pela diversidade das qualidades do espírito. Tal é a razão pela qual uma pessoa sensível facilmente derrama lágrimas; não é a abundância das lágrimas que dá a sensibilidade ao espírito, mas a sensibilidade do espírito que provoca a abundante secreção de lágrimas. Sob o império da sensibilidade, o organismo modelou-se sob esta disposição normal do espírito, como se modelou sob a do espírito glutão.
Seguindo esta ordem de ideias, compreende-se que um espírito irascível deve levar ao temperamento bilioso, de onde se segue que um homem não é colérico porque é bilioso, mas que é bilioso porque é colérico. Assim acontece com todas as outras disposições instintivas; um espírito mole e indolente deixará o seu organismo num estado de atonia em relação com o seu caráter, ao passo que, se ele for ativo e enérgico, dará ao seu sangue, aos seus nervos, qualidades bem diferentes. A ação do espírito sobre o físico é de tal modo evidente, que por vezes se veem graves desordens orgânicas produzidas por efeito de violentas comoções morais. A expressão vulgar: A emoção lhe fez subir o sangue, não é assim despida de sentido quanto se podia crer. Ora, o que pôde alterar o sangue senão as disposições morais do espírito?
Este efeito é sensível sobretudo nas grandes dores, nas grandes alegrias, nos grandes pavores, cuja reação pode chegar a causar a morte. Vemos pessoas que morrem do medo de morrer. Ora, que relação existe entre o corpo do indivíduo e o objeto que causa pavor, objeto que, muitas vezes, não tem qualquer realidade? Diz-se que é o efeito da imaginação; seja, mas o que é a imaginação senão um atributo, um modo de sensibilidade do espírito? Parece difícil atribuir à imaginação, aos músculos e aos nervos, pois então não compreenderíamos por que esses músculos e esses nervos não têm imaginação sempre; por que não a têm após a morte; por que o que nuns causa um pavor mortal, noutros excita a coragem.
Seja qual for a sutileza que usemos para explicar os fenômenos morais exclusivamente pelas propriedades da matéria, cairemos inevitavelmente num impasse, no fundo do qual se percebe, com toda a evidência, e como única solução possível, o ser espiritual independente, para quem o organismo não é senão um meio de manifestação, como o piano é o instrumento das manifestações do pensamento do músico. Assim como o músico afina o seu piano, pode-se dizer que o Espírito afina o seu corpo para pô-lo no diapasão de suas disposições morais.
É realmente curioso ver o materialismo falar incessantemente da necessidade de elevar a dignidade do homem, quando se esforça para reduzi-lo a um pedaço de carne que apodrece e desaparece sem deixar qualquer vestígio; de reivindicar para si a liberdade como um direito natural, quando o transforma num mecanismo, marchando como um boneco, sem responsabilidade por seus atos.
Com o ser espiritual independente, preexistente e sobrevivente ao corpo, a responsabilidade é absoluta. Ora, para a maioria, o primeiro, o principal móvel da crença no niilismo, é o pavor que causa essa responsabilidade, fora da lei humana, e à qual crê escapar fechando os olhos. Até hoje essa responsabilidade nada tinha de bem definido; não era senão um medo vago, fundado, há que reconhecer, em crenças nem sempre admissíveis pela razão. O Espiritismo a demonstra como uma realidade patente, efetiva, sem restrição, como uma consequência natural da espiritualidade do ser. Eis por que certas pessoas temem o Espiritismo, que as perturbaria em sua quietude, erguendo à sua frente o temível tribunal do futuro. Provar que o homem é responsável por todos os seus atos é provar a sua liberdade de ação, e provar a sua liberdade é revelar a sua dignidade. A perspectiva da responsabilidade fora da lei humana é o mais poderoso elemento moralizador: é o objetivo ao qual conduz o Espiritismo pela força das coisas.
Portanto, conforme as observações fisiológicas que precedem, podemos admitir que o temperamento é, pelo menos em parte, determinado pela natureza do espírito, que é causa e não efeito. Dizemos em parte, porque há casos em que o físico evidentemente influi sobre o moral: é quando um estado mórbido ou anormal é determinado por uma causa externa, acidental, independente do espírito, como a temperatura, o clima, os vícios hereditários de constituição, um mal-estar passageiro, etc. O moral do Espírito pode, então, ser afetado em suas manifestações pelo estado patológico, sem que sua natureza intrínseca seja modificada.
Escusar-se de suas más ações com a fraqueza da carne não é senão um subterfúgio para eximir-se da responsabilidade. A carne não é fraca senão porque o espírito é fraco, o que derruba a questão e deixa ao espírito a responsabilidade de todos os seus atos. A carne, que não tem nem pensamento nem vontade, jamais prevalece sobre o Espírito, que é o ser pensante e voluntarioso. É o espírito que dá à carne as qualidades correspondentes aos instintos, como um artista imprime à sua obra material o cunho de seu gênio. Liberto dos instintos da bestialidade, o espírito modela um corpo que não é mais um tirano para as suas aspirações à espiritualidade de seu ser; então o homem come para viver, porque viver é uma necessidade, mas não vive para comer.
A responsabilidade moral dos atos da vida, portanto, permanece íntegra. Mas, diz a razão que as consequências dessa responsabilidade devem ser proporcionais ao desenvolvimento intelectual do Espírito, pois quanto mais esclarecido ele for, menos escusável será, porque, com a inteligência e o senso moral, nascem as noções do bem e do mal, do justo e do injusto. O selvagem, ainda vizinho da animalidade, que cede ao instinto do animal, comendo o seu semelhante, é, sem contradita, menos culpável que o homem civilizado que comete uma simples injustiça.
Esta lei ainda encontra sua aplicação na Medicina e dá a razão do seu insucesso em certos casos. Considerando-se que o temperamento é um efeito, e não uma causa, os esforços tentados para modificá-lo podem ser paralisados pelas disposições morais do espírito que opõe uma resistência inconsciente e neutraliza a ação terapêutica. É, pois, sobre a causa primeira que devemos agir; se se consegue mudar as disposições morais do espírito, o temperamento modificar-se-á por si mesmo, sob o império de uma vontade diferente ou, pelo menos, a ação do tratamento médico será ajudada, em vez de ser tolhida. Se possível, dai coragem ao poltrão, e vereis cessarem os efeitos fisiológicos do medo. Dá-se o mesmo com as outras disposições.
Mas, perguntarão, pode o médico do corpo fazer-se médico da alma? Está em suas atribuições fazer-se moralizador de seus doentes? Sim, sem dúvida, em certos limites; é mesmo um dever que um bom médico jamais negligencia, desde o instante que vê no estado da alma um obstáculo ao restabelecimento da saúde do corpo. O essencial é aplicar o remédio moral com tato, prudência e convenientemente, conforme as circunstâncias. Deste ponto de vista, sua ação é forçosamente circunscrita, porque, além de ele ter sobre o seu doente apenas uma ascendência moral, em certa idade é difícil uma transformação do caráter. É, pois, à educação, e sobretudo à primeira educação, que incumbem os cuidados dessa natureza. Quando a educação, desde o berço, for dirigida nesse sentido; quando nos aplicarmos em abafar, em seus germes, as imperfeições morais, como fazemos com as imperfeições físicas, o médico não mais encontrará no temperamento um obstáculo contra o qual a sua ciência muitas vezes é impotente.
Como se vê, é todo um estudo, mas um estudo completamente estéril, enquanto não levarmos em conta a ação do elemento espiritual sobre o organismo. Participação incessantemente ativa do elemento espiritual nos fenômenos da vida, tal é a chave da maior parte dos problemas contra os quais se choca a Ciência. Quando ela levar em consideração a ação desse princípio, verá abrir-se à sua frente horizontes completamente novos. É a demonstração desta verdade que o Espiritismo traz.
Revista Espírita, março de 1869
sexta-feira, 9 de março de 2012
El Espiritu del Viento
09:24
Posted by Fabiano Vidal
Doutrina Espírita, espiritismo, espírito, fenômenos espíritas, Mundo Espiritual
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Por Riviane Damásio
¿Quien nunca se vio envuelto en dudas sobre situaciones que atacan a las experiencias espirituales? Sueños inusitados con colores y tonos diferentes de los habituales donde reencontramos personas especiales que ya hicieron el trayecto de vuelta al mundo espiritual o aun mismo con personas desconocidas que intrigaron nuestra imaginación… sueños históricos, donde Vivenciamos episodios inusitados y detallados de otras realidades que están fura de la nuestra…
El inesperado viene muchas veces en el momento de vigilia, aquel realce de la visión de algo que paso y parece haber dejado un rastro de luz, un olor agradable en el aire, la percepción de frío a pesar de las ventanas están cerradas.
Encontrar aquella persona que no vemos hace años y sobre la cual hablamos el día anterior o acabamos de pensar, también salió de nuestra imaginación o de nuestra curiosidad.
Descifrar algo que no está catalogado en Google, ni tiene respaldo de ningún medio científico, siempre nos cataloga en la categoría de mera credulidad supersticiosa y laicos.
Más, en esta balanza donde de un lado pende la materia y del otro el espíritu, usar el contrapeso de la razón es siempre prudente, aun mismo que esta racionalidad nos empuje para caminos convencionales.
El primer deber de casa es el de derrumbar las paredes que construimos con ladrillos frágiles de la credulidad y substituir los aliciente que vengan al encuentro de nuestra inteligencia, que a pesar de ser limitada por la inmensidad de lo desconocido, sigue siendo el norte saludable de nuestra condición humana.
Sabemos que nuestra mente es poderosa, más no tenemos dones o súper poderes, podemos si, condensar vivencias, deseos, conocimientos olvidados en nuestro inconsciente y todo esto puede ser revertido en sueños inusitados, editados por nuestra mente tan creativa como la de aquel roble de Unidos de la Tijuca. Y tal o cual publico de una escuela de samba, nos sorprendemos con las creaciones formidables de este carnavalesco emocional llamado mente, que tantas veces convierte nuestros deseos o nuestros miedos en fantasías, sueños, visiones tan reales que las dudas en cuanto a su autenticidad o realidad serian un pecado (como si no hubiese pecados y también no fuesen fruto de nuestras fantasías y temores)
¡Ahhh! Pero no todas las partes pueden ser acreditado en el cerebro! Inocente tan a menudo cuando el verdadero culpable es el viento que trae olores familiares o inusuales. El viento, es culpable corre rápido llevando consigo las pruebas del crimen, cargándolas como las trajo, silencioso y transparente.
¿Nuestra mente, el viento… y donde está el fenómeno espiritual? ¿La Verdad del espiritismo? ¿Eso nos dice que el mundo espiritual está aquí a nuestro lado, como una dimensión que no vemos que no hizo todo en rojo, es decir, necesario para su percepción?La que nos informa que los hombres desencarnados se deslizan a nuestro alrededor, cargados de sus pasiones carnales? ¿Aquella que vislumbra que los espíritus pueden susurrar en nuestros oídos sus consejos y verdades conforme su grado de evolución? ¿La que casi nos sorprende cuando nos informa que ellos pueden hacerse visibles si es necesario, aun mismo que nuestros ojos no hayan sido preparados para ver o nuestros oídos para oír, avanzando por las fronteras de nuestra ignorancia.
Frágil, insegura, subversible es la línea que separa lo real de lo imaginario. Si, porque no tenga duda de que el mundo espiritual es real y que las orientaciones fundamentadas en la Doctrina Espirita son autenticas y apoyadas en la fe razonada, fe esta que clama a nuestra razón cada vez que dudamos, que oscilamos en nuestras incertezas en la balanza donde oscila la creencia ciega y la realidad, realidad no menos maravillosa y espectacular, pues nos permite experimentar el espectáculo de ser espíritus encarnados, "Evolucionando", los responsables de nosotros mismos y nuestro futuro infinito.
Sopla por aquí un viento silencioso que trae el olor de la lluvia, mientras que el sol tórrido quema las telas en la pared… Una curiosa mirada se centra en la ventana y el fenómeno se manifiesta en el jardinero, en el edificio de al lado, mojando el jardín. El verdadero espíritu del viento. Y la fe sigue ardiendo en el interior, fortalecido por la verdad, siempre...
Tradução: Mercedes Cruz
Versão em português: http://oblogdosespiritas.blogspot.com/2012/02/o-espirito-do-vento.html
segunda-feira, 5 de março de 2012
O Espírito da Água
07:55
Posted by Anônimo
Allan Kardec, Andreluizismo, Centro Espírita, Chiquismo, chuva, Doutrina Espírita, espiritismo, espírito, Misticismo Igrejeiro, Pureza Doutrinária
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Por Riviane Damásio
Os copinhos de plástico arrumados ao redor da jarra transparente, formavam um arranjo circular e curioso, que aguçava a imaginação das crianças que vez ou outra entravam no salão esperando a hora do objeto de desejo ser liberado para o consumo. Cupcakes não fariam melhor e a ansiedade infantil já começava a contagiar os mais velhos presentes, que lançavam olhares dissimulados para a mesa afastada no canto da sala.
Um e outro bebê choravam e eram embalados pelo movimento das pernas das mães, mas relutavam no choro até que um pai envergonhado pelos olhares críticos vindos dos componentes da mesa resolve sair e respirar a fresca da noite, contrastante com o ar pesado e quente que duelava com os barulhentos ventiladores de teto do ambiente.
O Ritual ainda estava no meio... Já acabara a oração inicial embalada por uma música orquestrada que lembrava a Ave Maria, já houvera a troca de confetes entre o palestrante e os dirigentes, o pedido de silêncio por uma senhora firme e os recursos áudio-visuais já tinham sido explorados – O hino de São Francisco de Assis, acompanhado em canto pelos presentes e enfim a palestra do dia ilustrada por slides, que falava como todas as anteriores, na importância da caridade, da benevolência, das provas e da aceitação.
Volta e meia, Francisco e André eram citados, e excertos de suas obras exemplificavam o ensinamento do Palestrante. A dirigente lembra que há no lugar um estudo sistematizado sobre as obras do último autor e a importância de adquiri-las.
Desavisados, alguns participantes, neófitos, sedentos de conhecer, se inquietavam nas cadeiras de plástico, fugindo por instantes da atmosfera real do lugar e forçando a vista para enxergar vultos (inexistentes), espíritos (não presentes) e algo que enfim mostrasse o que destoava no Espiritismo das velhas igrejas... A ausência de Kardec e de outros pensadores espíritas na fala dos presentes suscitou a dúvida de que era realmente aquele, o endereço conseguido na internet, do Centro Espírita do bairro.
Os pensamentos incautos, foram interrompidos pela despedida do palestrante,pelos avisos gerais e pelo levantar apressado da platéia que se dividiu entre a fila para uma saleta anexa e a saída, não sem antes avançarem quase todos para os cupcakes, digo, para os copinhos d’água abençoados pelos espíritos que respondiam pela casa.
Os mais necessitados, substituíam os copinhos de café pelos de água, aumentando a dose do remédio espiritual...sem temer superdosagem ou overdose de proteção.
Na saleta ao lado, as mãos suspensas sobre as cabeças submissas, davam benção, permissão e direção para seguirem em paz para suas casas até a semana seguinte. Um último copinho de água fluidificada - que realmente não estava sólida em nenhum dos copinhos - fechava o ritual tão inesperado por sua mesmice.
Do lado de fora, uma lufada inesperada de vento seca o rosto choroso dos bebês, entra na salão e dança em volta da jarra que tem um resto de água morna e em seguida uma chuva gostosa começa a cair lentamente sobre os neófitos que caminham até os carros estacionados. E ninguém apressa o passo.
- Chuva inusitada numa noite tão abafada! Um verdadeiro milagre de Deus. Disse um.
- Feito o Espiristimo? Interrompe o outro.
- Feito o Espírito da água, ri o primeiro apontando para o céu. Fenômeno natural e milagrosamente simples. Te encontro mais tarde na net naquela comunidade que fala de Kardec...
quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012
O Espírito do Vento
20:39
Posted by Fabiano Vidal
Doutrina Espírita, espiritismo, espírito, fenômenos espíritas, Mundo Espiritual
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Por Riviane Damásio
Quem nunca se viu as voltas em dúvidas sobre situações que remetem a experiências espirituais? Sonhos inusitados com cores e tons diferentes dos habituais onde reencontramos pessoas especiais que já fizeram o trajeto de volta ao mundo espiritual ou mesmo com pessoas desconhecidas que intrigaram nossa imaginação...sonhos históricos, onde vivenciamos episódios inusitados e detalhados de outras realidades que fogem à nossa...
O inesperado muitas vezes vem no momento de vigília, naquele relance de visão de algo que passou e parece ter deixado um rastro de luz, um cheiro gostoso no ar, um frio gelado apesar das janelas estarem fechadas.
Encontrar aquela pessoa que não vemos há anos e sobre a qual falamos no dia anterior ou acabamos de pensar, também sacode nosso imaginário ou nossa curiosidade.
Decifrar algo que não está catalogado no Google, nem tem o respaldo de nenhum meio científico, sempre nos cataloga na categoria de meros crédulos leigos e supersticiosos.
Mas, nesta balança onde de um lado pende a matéria e do outro o espírito, usar o contrapeso da razão é sempre prudente, mesmo que esta racionalidade nos empurre para caminhos não convencionais.
O primeiro dever de casa é o de derrubar as paredes que construímos com tijolos frágeis da credulidade e substituí-los por alicerces que venham ao encontro de nossa inteligência, que apesar de limitada pela vastidão do desconhecido, ainda é o norte saudável da nossa condição humana.
Sabemos que nossa mente é poderosa, mas não temos dons ou superpoderes, podemos sim, condensar vivências, desejos, conhecimentos esquecidos em nosso inconsciente e tudo isto pode ser revertido em sonhos inusitados, editados por nossa mente tão criativa quanto a daquele carvalesco da Unidos da Tijuca. E tal qual o público de uma escola de samba, nos surpreendemos com as criações formidáveis deste carnavalesco emocional chamado mente, que tantas vezes converte nossos desejos ou nossos medos em fantasias, sonhos, visões tão reais que as dúvidas quanto a sua autenticidade ou realidade seriam pecado (se pecados existissem e também não fossem fruto de nossas fantasias e temores).
Ahhh! Mas nem todas as peças podem ser creditadas ao cérebro! Inocente tantas vezes quando o real culpado é o vento que trás cheiros familiares ou inusitados. O vento, este culpado que corre rápido levando consigo as provas do crime, carregando-as como as trouxe, silencioso e transparente.
Nossa mente, o vento...e onde fica o fenômeno espiritual? A verdade do Espiritismo? Aquela que nos diz que o mundo espiritual está aqui do nosso lado, tal qual uma dimensão que não enxergamos por não termos todos, enquanto encarnado, o sentido necessário à sua percepção? A que nos informa que os homens desencarnados deslizam ao nosso redor, arraigados às suas paixões carnais? Aquela que nos vislumbra que os espíritos podem sussurrar aos nossos ouvidos seus conselhos e verdades condizentes com seus graus de evolução? A que nos quase surpreende quando informa que os eles podem se fazer visíveis se necessário, mesmo que nossos olhos não tenham sido preparados para ver ou nossos ouvidos para ouvir, avançando pelas fronteiras da nossa ignorância.
Frágil, insegura, subversível é a linha que separa o real do imaginário. Sim, porque não tenha dúvida de que o mundo espiritual é real e que as orientações fundamentadas na Doutrina Espírita são autênticas e apoiadas na fé racionada, fé esta que clama à nossa razão a cada vez que duvidamos, que oscilamos nossas incertezas na balança onde oscila a crendice cega e a realidade, realidade não menos maravilhosa e espetacular, pois nos permite experienciar o espetáculo de estarmos espíritos encarnados, “evoluintes”, fazedores de nós mesmos e de nosso amanhã infinito.
Sopra por aqui um vento silencioso que trás cheiro de chuva, enquanto um sol tórrido queima as telas na parede... Um olhar curioso se debruça sobre a janela e o fenômeno se revela no jardineiro do prédio ao lado, molhando o jardim. É o verdadeiro espírito do vento. E a fé continua queimando do lado de dentro, fortificada pela verdade, sempre...
quarta-feira, 10 de agosto de 2011
O Ato Mediúnico
11:36
Posted by Anônimo
Doutrina Espírita, espiritismo, espírito, Médium, mediunidade, O Ato Mediúnico, perispírito, Vibrações
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O ato mediúnico é o momento em que o espírito comunicante e o médium se fundem na unidade psico-afetiva da comunicação. O espírito aproxima-se do médium e o envolve nas suas vibrações espirituais. Essas vibrações irradiam-se do seu corpo espiritual atingindo o corpo espiritual do médium. A esse toque vibratório, semelhante ao de um brando choque elétrico, reage o perispírito do médium. Realiza-se a fusão fluídica. Há uma simultânea alteração no psiquismo de ambos. Cada um assimila um pouco do outro. Uma percepção visual desse momento comove o vidente que tem a ventura de captá-la. As irradiações perispirituais projetam sobre o rosto do médium a máscara transparente do espírito. Compreende-se então o sentido profundo da palavra intermúndio. Ali estão, fundidos e ao mesmo tempo distintos, o semblante radioso do espírito e o semblante humano do médium, iluminado pelo suave clarão da realidade espiritual. Essa superposição de planos dá aos videntes a impressão de que o espírito comunicante se incorpora no médium. Daí a errônea denominação de incorporação para as manifestações orais. O que se dá não é uma incorporação, mas uma interpenetração psíquica, como a da luz atravessando uma vidraça. Ligados os centros vitais de ambos, o espírito se manifesta emocionado, reintegrando-se nas sensações da vida terrena, sem sentir o peso da carne. O médium, por sua vez, experimenta a leveza do espírito, sem perder a consciência de sua natureza carnal, e fala ao sopro do espírito, como um intérprete que não se dá ao trabalho da tradução.
O ato mediúnico natural é esse momento de síntese afetiva em que os dois planos da vida revelam o segredo da morte: apenas um desvestir do pesado escafandro da matéria densa.
O ato mediúnico normal é uma segunda ressurreição, que se verifica precisamente no corpo espiritual que, segundo o Apóstolo Paulo, é o corpo da ressurreição. O espírito volta à carne, não a que deixou no túmulo, mas a do médium que lhe oferece, num gesto de amor, a oportunidade do retorno aos corações que deixou no mundo. A beleza do reencontro de um filho com a mãe, que estreita o médium nos braços ansiosos e o beija com toda a efusão da saudade materna, compensa de muito a impiedade dos que o acusam de praticar bruxarias. Nos casos de materialização, nada mais belo que Lombroso com sua mãe materializada através da mediunidade de Eusápia Paladino, na sessão a que fora levado pelo Prof. Chiaia, de Milão. Eusápia era uma camponesa analfabeta e mil vezes caluniada. Lombroso, o fundador da Antropologia Criminal, retratou-se na revista Luce e Ombra de seus violentos artigos contra o Espiritismo, e declarou comovido: "Nenhum gigante do pensamento e da força poderia me fazer o que me fez esta pequena mulher analfabeta: arrancar minha mãe do túmulo e devolvê-la aos meus braços!". Frederico Fígner, introdutor do fonógrafo no Brasil, levou sua esposa desolada a Belém do Pará, na esperança de um reencontro com a menina Rachel, sua filha, que haviam perdido, o que quase os levara à loucura, a ele e à esposa. Procuraram a médium Ana Prado, também mulher do campo, e numa sessão com ela a menina apareceu materializada, estimulando os pais a enfrentarem o caso com serenidade, pois ali estava viva, e falava e os beijava, e, sentava-se em seus colos, provando que não morrera. Fígner, ao voltar para o Rio de Janeiro, dedicou-se dali por diante ao Espiritismo, com a chama da fé acesa em seu coração e no coração da esposa, mas agora uma fé inabalável, assentada na razão e nos fatos.
Quando o ato mediúnico é assim perfeito e claro, iluminado por uma mediunidade esclarecida e devotada ao bem, não há gigante — como no caso de Lombroso — que não se curve reverente ante o mistério da vida imortal. O médium se torna o instrumento da ressurreição impossível, provando aos homens que a morte não é mais do que lapso no intermúndio que separa os vivos na carne dos vivos no espírito. Compreende-se então o fenômeno da Ressurreição de Jesus, que não foi o ato divino de um Deus, mas o ato mediúnico de um espírito que dominava, pelo saber e a pureza, os mistérios da imortalidade.
Quando o ato mediúnico não tem a pureza e a beleza de uma comunicação amorosa, tem o calor da solidariedade humana e é iluminado pela caridade cristã. Numa sessão comum de socorro espiritual, os médiuns sentados ao redor da mesa, os doutrinadores a postos, espíritos sofredores e espíritos maldosos e vingativos, sob controle dos orientadores espirituais, são aproximados de médiuns que desejam servi-los. O quadro é bem diferente dos que apresentamos acima. Não há beleza nem serenidade nos espíritos comunicantes, nem resplendor ou transparência em suas faces. Há desespero, dor, expressões de rebeldia ou ímpetos de vingança. Os médiuns sentem-se inquietos, não raro temerosos. A aproximação dos comunicantes é incômoda, desagradável. As vibrações perispirituais são ásperas e sombrias. O vidente se aturde com aquelas figuras pesadas e escuras que transtornam a fisionomia dos médiuns. Mas, na proporção em que os doutrinadores encarnados dão o socorro de suas vibrações e de seus argumentos fraternos aos necessitados, o quadro se modifica com as luzes vacilantes que se acendem nas mentes conturbadas. Os guias espirituais manifestam-se em socorro dos doutrinadores e suas vibrações acalmam a inquietação do ambiente. O trabalho é penoso. Criaturas recalcitrantes no mal recusam-se a compreender a realidade negativa em que se encontram. Espíritos vencidos pelas dores de encarnações penosas mostram-se revoltados. Os que trazem o coração esmagado por injustiças e traições exigem vingança e fazem ameaças terríveis. Mas a palavra fraterna, carregada de bondade e amor, iluminada pelas citações evangélicas, vai aos poucos amortecendo as explosões de ódio. Às vezes a autoridade do dirigente ou de um espírito elevado se faz sentir, para que os mais rebeldes compreendam que estão sob um poder persuasivo, mas enérgico. Uma pessoa que desconheça o problema dirá que se encontra numa sala de hospício sem controle ou assiste a um psicodrama de histéricos em desespero. Psicólogos sistemáticos ririam com desdém. O dirigente dos trabalhos parece um leigo a brincar com explosivos perigosos. Fanáticos de seitas dogmáticas julgam assistir a uma cena de possessão diabólica. Mas a sessão chega ao fim com a tranqüilização total do ambiente. Um espírito amigo comunica-se com palavras de agradecimento. Em silêncio, todos ouvem a prece final de gratidão aos espíritos bondosos que ajudaram a socorrer as sombras sofredoras. É estranho que todos estejam bem e satisfeitos com o resultado dos trabalhos. As pessoas beneficiadas comentam suas melhoras. O ambiente é de paz, amor e satisfação pelo dever cumprido.
Numa sessão de desobsessão para casos graves, com poucos elementos, sem a assistência numerosa do socorro geral, as comunicações são violentas os médiuns sofrem, gemem, gritam e choram. O dirigente e os doutrinadores permanecem tranqüilos, aparentemente impassíveis, e os doutrinadores usam de palavras persuasivas, de atitudes benignas. Nada de ameaças e exprobações violentas, como nas práticas antiquadas do exorcismo arcaico, vindo das profundezas do Egito, da Mesopotâmia, da Palestina. Nada de velas acesas, de símbolos sacramentais, de expulsão de entidades diabólicas. A técnica é de persuasão, de esclarecimento racional. Uma menina de quinze anos chega carregada pelos pais. Há uma semana dormia em estado cataléptico. As primeiras tentativas de despertá-la agitam-se e levanta-se furiosa, aos gritos. Quatro ou cinco homens não conseguem contê-la, parece dotada de força indomável. Mas pouco a pouco se acalma, chora baixinho e volta ao seu estado natural de menina graciosa e frágil. Retira-se da reunião como se nada demais tivesse acontecido. Despede-se alegre. Corre para a rua e toma o automóvel que a trouxe como se voltasse de um passeio. O ato mediúnico foi violento, assustador'. Mas o resultado da prece, dos passes, das doutrinações amorosas foi surpreendente. Poucos perceberam que, naquele corpinho de menina as garras da vingança estavam cravadas, tentando rasgar a cortina piedosa que vela os ódios do passado.
No ato mediúnico a criatura humana recupera os tempos esquecidos e se revê na tela das experiências mortas. E mais uma vez a morte lhe aparece como pura ilusão sensorial, pois tudo quanto havia desaparecido numa cova renasce de repente nas águas amargas da provação. A mediunidade funciona como um radar sensibilíssimo voltado para os caminhos perdidos. Nem sempre a tela da memória consegue reproduzir as imagens distantes, mas nas profundezas do inconsciente recalques antifreudianos esperam a catarse piedosa da comunicação absurda, em que os diálogos da caridade parecem brotar de terríveis mal-entendidos. Uma mulher não entendia porque o espírito comunicante a acusava de atrocidades que jamais praticara e a chamava de Condessa. Achou que tudo aquilo não passava de uma farsa ou de um momento de loucura. Mas quando, aconselhada pelo doutrinador, pediu perdão ao espírito algoz e chorou sem querer e sem saber por qual motivo o fazia, sentiu profundo alívio e nos dias seguintes os seus males desapareceram. As lágrimas de uma criatura que a amnésia tornou inocente podem comover um coração embrutecido no desejo de vingança. Mas quem fará o encontro necessário para o ajuste dos velhos erros e crimes, se o médium não se oferecer na imolação voluntária de si mesmo para apaziguar com a palavra do Mestre?
A responsabilidade espiritual do médium reflete-se no espelho de cada um dos seus atos de caridade mediúnica. O mediunato não é uma sagração ritual inventada pelos homens. Nasce das leis naturais que regem consciências no fluir do tempo, no suceder das gerações e das reencarnações. Um ato mediúnico é o cumprimento de um dever assumido perante o Tribunal de Deus instalado na consciência de cada um. Quando o médium se esquiva a esse cumprimento engana a si mesmo, pensando enganar a Deus. Sua própria consciência se incumbirá de condená-lo quando soar a hora do veredicto irrecorrível. Nada justifica a fuga a uni compromisso forjado à custa do sacrifício alheio. As leis morais da consciência têm a mesma inflexibilidade das leis materiais da Natureza. Nossa consciência de relação capta apenas a realidade imediata em que nos encontramos. Mas a consciência profunda guarda o registro indelével de todos os compromissos assumidos no passado e de todas as dívidas morais que pensamos apagar nas águas do Letes, o rio do esquecimento das velhas mitologias. O rio Letes secou nas encostas áridas do Olimpo, o cenáculo vazio dos antigos deuses. Hoje só temos um Deus, que não precisa vigiar-nos do alto de um monte nem ditar-nos suas leis para serem inscritas em tábuas de pedras. Essas leis estão gravadas a fogo em nossa própria carne. Nossos atos determinam no tempo as situações em que nos encontraremos em cada existência. E o mediunato é o passaporte que Deus nos concede para a liberação do passado através de um só ato, o mais belo e mais honroso de todos, que é o ato mediúnico.
A responsabilidade mediúnica não nos foi imposta como castigo. Nós mesmos a assumimos na esperança da redenção, que não virá do Céu, mas da Terra, da maneira pela qual fizermos as nossas travessias existenciais no planeta, num mar de lágrimas ou por estradas floridas pelas obras de sacrifício e abnegação que soubermos semear. Temos o futuro em nossas mãos, o futuro imediato do dia-a-dia e o futuro remoto que nos espera nas translações da Terra em torno do Sol. Chegamos assim à conclusão inevitável de que o presente passa depressa, mas o passado reponta em cada esquina do presente e do futuro.
Fonte: Livro "Mediunidade"
segunda-feira, 8 de agosto de 2011
A Vida no Espaço
09:49
Posted by Anônimo
Doutrina Espírita, espiritismo, espírito, Léon Denis, Terra, Universo, Vida no Espaço
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Segundo as diferentes doutrinas religiosas, a Terra é o centro do Universo e o céu estende-se como abóbada sobre nós. É na sua parte superior, dizem, que está a morada dos bem-aventurados; o inferno, habitação dos condenados, prolonga suas sombrias galerias nas próprias entranhas do globo.
A ciência moderna, de acordo com o ensino dos Espíritos, mostrando-nos o Universo semeado de Inumeráveis mundos habitados, deu golpe mortal nessas teorias.
O céu está por toda parte; por toda parte, o incomensurável, o insondável, o infinito; por toda parte, um fervilhamento de sóis e de esferas, entre as quais o nosso planeta é apenas mesquinha parcela.
No meio dos espaços não existem moradas circunscritas para as almas. Tanto mais livres quanto mais puras forem, estas percorrem a imensidade e vão para onde as levam suas afinidades e simpatias. Os Espíritos inferiores, sobrecarregados pela densidade de seus fluídos, ficam ligados ao mundo onde viveram, circulando em sua atmosfera ou envolvendo-se entre os seres humanos.
As alegrias e as percepções do Espírito não procedem do meio que ele ocupa, mas de suas disposições pessoais e dos progressos realizados. Embora com o perispírito opaco e envolto em trevas, o Espírito atrasado pode encontrar-se com a alma radiante cujo invólucro sutil se presta às delicadas sensações, às mais extensas vibrações. Cada um traz em si sua glória ou sua miséria.
A condição dos Espíritos na vida de além-túmulo, sua elevação, sua felicidade, tudo depende da respectiva faculdade de sentir e de perceber, que é sempre proporcional ao seu grau evolutivo.
Aqui mesmo, na Terra, vemos os gozos intelectuais aumentarem com a cultura do espírito. As obras literárias e artísticas, as belezas da civilização, as concepções sublimes do gênio humano são incompreensíveis ao selvagem e também a muitos dos nossos concidadãos. Assim, os Espíritos de ordem inferior, como cegos no meio da natureza resplandecente, ou como surdos em um concerto, permanecem Indiferentes e insensíveis diante das maravilhas do Infinito.
Esses Espíritos, envolvidos em fluídos espessos, sofrem as leis da atração e são inclinados para a matéria. Sob a Influência dos apetites grosseiros, as moléculas do seu corpo fluídico fecham-se às percepções externas e os tornam escravos das mesmas forças naturais que governam a Humanidade.
Não há que insistir neste fato, porque ele é o fundamento da ordem e da justiça universais.
As almas colocam-se e agrupam-se no espaço segundo o grau de pureza do seu respectivo invólucro; a condição do Espírito está em relação direta com a sua constituição fluídica, que é a própria obra, a resultante do seu passado e de todos os seus trabalhos. Determinando a sua própria situação, acham, depois, a recompensa que. merecem. Enquanto a alma purificada percorre a vasta e fulgente amplidão, repousa à vontade sobre os mundos e quase não vê limites ao seu vôo, o Espírito impuro não pode afastar-se da vizinhança dos globos materiais.
Entre esses estados extremos, numerosos graus permitem que Espíritos similares se agrupem e constituam verdadeiras sociedades do invisível. A comunhão de sentimentos, a harmonia de pensamentos, a Identidade de gostos, de vistas, de aspirações, aproximam e unem essas almas, de modo a formarem grandes famílias.
Sem fadigas, a vida do Espírito adiantado é essencialmente ativa. As distâncias não existem para ele, pois se transporta com a rapidez do pensamento. Seu Invólucro, semelhante a ténue vapor, adquiriu tal sutileza que o torna Invisível aos Espíritos inferiores. Vê, ouve, sente, percebe não mais pelos órgãos materiais que se interpõem entre nós e a Natureza, mas, sim, diretamente, sem intermediário, por todas as partes do seu ser. Suas percepções, por isso mesmo, são muito mais precisas e aumentadas que as nossas. O Espírito elevado desliza, por assim dizer, no seio de um oceano de sensações deliciosas. Constante variedade de quadros apresenta-se-lhe à vista, harmonias suaves acalentam-no e encantam; para ele, as cores são perfume, são sons. Entretanto, por mais agradáveis que sejam essas impressões, pode subtrair-se a elas, e, se lhe aprouver, recolher-se-á, envolvendo-se num véu fluídico e insulando-se no seio dos espaços.
O Espírito adiantado está liberto de todas as necessidades materiais. Para ele, não têm razão de ser a nutrição e o sono. Ao abandonar a Terra, deixa para sempre os vãos cuidados, os sobressaltos, todas as quimeras que envenenam a existência corpórea. Os Espíritos inferiores levam consigo para além do tümulo os hábitos, as necessidades, as preocupações materiais. Não podendo elevar-se acima da atmosfera terrestre, voltam a compartilhar a vida dos entes humanos, intrometem-se nas suas lutas, trabalhos e prazeres. Suas paixões, seus desejos, sempre vivazes e aguçados pelo permanente contacto da Humanidade, os acabrunham; a impossibilidade de os satisfazerem torna-se para eles causa de constantes torturas.
Os Espíritos não precisam da palavra para se fazerem compreender. O pensamento, refletindo-se no perispírito como imagem em espelho, permite-lhes permutarem suas idéias sem esforço, com uma rapidez vertiginosa. O Espírito elevado pode ler no cérebro do homem e conhecer os seus secretos desígnios. Nada lhe é oculto. Perscruta todos os mistérios da Natureza, pode explorar à vontade as entranhas do globo, o fundo dos oceanos, e assim apreciar os destroços das civilizações submersas. Atravessa os corpos por mais densos que sejam e vê abrirem-se diante de si os domínios impenetráveis à Humanidade.
Fonte:
DENIS, Léon. Depois da Morte: explicação da doutrina dos espíritos: solução científica e racional dos problemas da vida e da morte; Natureza e destino do ser humano; as vidas sucessivas/Léon Denis; Tradução de Maria Lucia Alcantara de Carvalho. - 3 ed. - Rio de Janeiro: CELD, 2008.
sexta-feira, 24 de junho de 2011
Sobre Primeira Geração de Espíritos
12:33
Posted by Anônimo
Allan Kardec, Doutrina Espírita, espiritismo, espírito, NEFCA, Nelson Free Man
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Quando pensamos em primeira geração de Espíritos, vem-nos à mente qual a condição que estes teriam para progredir e evoluir na sua escalada para a perfeição. Essa dúvida até é pertinente, ao considerarmos que o Espírito é criado "simples e ignorante" segundo o esclarecimento que nos deram aqueles que se manifestaram na elaboração da Doutrina dos Espíritos.
Ao termos a informação de que Deus cria desde sempre, implica associar à criação de espíritos?
Se considerarmos que o Espírito é uma criação Divina, o que é, não implicaria em sua criação desde o sempre, visto que levaria ao entendimento de infinito, ou seja, concomitantemente com qualquer primeira criação Divina. A lógica diz que um Espírito, para ser criado, deverá ocupar um lugar qualquer para o seu progresso. E esse lugar, se refletirmos, é o Universo, necessário ao Espírito criado.
Ao termos a informação de que o Princípio Inteligente é elaborado, sendo, em alguns casos, considerado como alguma coisa criada, implica que esse Princípio Inteligente, caso fosse criado, o fosse antes do espírito?"
Essa proposição está interligada, e a resposta estaria no entendimento do que é antes e do que é depois. Alguns entendem o Espírito como o Princípio Inteligente, o que é um equívoco; são ambos distintos. Somente depois de elaborado esse Princípio Inteligente, o Espírito passa a ser identificado como o Princípio Inteligente do Universo.
Ao termos a informação de que os espíritos trabalham nos elementos da Natureza, implica que sejam, antes, encarnados?"
Podemos fazer uma correlação com o assunto, e julgar esse tão pertinente, quanto entender o trabalho do Espírito no mundo Espiritual. No mundo espiritual, a lógica nos aponta o início da sua caminhada progressiva, como espírito simples e ignorante que é, e que não foi criado para a ociosidade, já que está submetido às Leis Divinas e Naturais.
Como dito no comentário anterior, o Espírito não é o Princípio Inteligente, mas está intimamente a ele interligado. Com o atributo da inteligência a manipulação de tudo que cerca o Espírito concorre para o seu progresso. Manipular os elementos da Natureza, com capacidade e observância às Leis Divinas, prepara-o, por lógica, às encarnações que se sucederão. Entende-se dessa maneira, o porquê dos Espíritos Superiores delegarem essas tarefas aos espíritos inferiores, o que pressupõe aqueles “simples e ignorantes”.
Perguntemo-nos, ainda, se a imutabilidade de Deus se desvanece, ao ordenar (por em ordem), progressivamente suas criações, sendo uma delas, o espírito?
A imutabilidade Divina está nas suas Leis, e a criação é gradativa e progressiva, obedecendo a essas mesmas Leis. Exemplo disso são as sementes, que após germinarem, geram árvores frondosas, que darão frutos e mais sementes.
A gradação e o progresso da criação, por obedecerem a leis perfeitas, não alterariam a imutabilidade Divina, pois tudo está contido nessas mesmas Leis. E assim, nos leva a lógica a entender também a criação do Espírito. Ele é um processo dentro das Leis Divinas. O que podemos e devemos compreender é que não há um Deus (antropomórfico) numa fábrica, criando Espíritos.
Perguntaríamos, estudando a codificação Espírita, se a primeira geração de espíritos não tinha, como todos os demais posteriores, gravados em sua consciência (individualidade) as Leis Divinas e, portanto, as Leis Morais?
Como a resposta a essa pergunta é unânime pelo "sim", uma vez que essa informação encontra-se ditada pelos Espíritos da codificação, podemos inferir a possibilidade do progresso e do avanço para a evolução da primeira geração de Espíritos criados. E, com isso, deixaremos de alimentar a premissa de que um Espírito de primeira geração não reunisse as condições necessárias para progredir e evoluir.
Outra pergunta que nos vem à mente é se, contemplados pela Doutrina Espírita, já não temos a informação de que o espírito, pela primeira vez encarnado, não habita um mundo compatível com o seu nível de conhecimento? Sendo simples e ignorante, a lógica não diz que o seu meio será esse?"
Nesse tema, há que se compreenderem as gradações dos mundos habitados. A inferioridade de um Espírito, pela lógica, não está circunscrita ao seu progresso moral, somente. Como simples e ignorante, ele necessita passar pelas tribulações mundanas (físicas e morais).
E isso não implica presumir que a sua encarnação deva ser juntamente com Espíritos que já tenham experiências reencarnatórias, tampouco que o Mundo no qual ele encarnará tenha os recursos humanos já produzidos. Bastam-lhe os recursos naturais.
Fonte: NEFCA - Núcleo Espírita de Filosofia e Ciências Aplicadas
Foto: Caverna de Lauscaux na França
sexta-feira, 6 de agosto de 2010
O que é a morte – o que é o espírito
Por Cairbar Schutel
A expressão morte, em sua significação literal, não exprime a verdade do fenômeno, que nós, espíritas, com muito justa razão, denominamos desencarnação, porque o ser não se extingue. O Espiritismo demonstra, com a razão, a lógica e os fatos, que, não sendo a alma o produto das conjunções físico-químicas, mas, sim, o agente produtor desses fenômenos, e continua a existir, cessada a sua ação sobre o organismo.
A morte é o despimento do invólucro material, é o abandono do Espírito do seu envoltório carnal. Não sendo este estável, fixo, pois que a matéria corporal se acha sempre em transformação contínua, em mutações, devido ao fluxo e ao refluxo dos elementos que o compõem, não poderia esse agregado de substâncias que se substituem, a todos os momentos, gerar e manter um ser estável, dotado de memória e que se pronuncia com inteligência e virtudes crescentes, tal como observamos, absolutamente independentes dos alimentos que ingerimos, da água que bebemos, do ar que aspiramos.
O Espírito é o tudo dessa máquina humana, é o seu construtor, é o seu mantenedor (mens agitat molem).
O Espírito não é uma entidade abstrata e mitológica, um ser vago, indefinido que, semelhante a uma chama, se extingue quando acaba a vela. É um ser concreto, substancial, também constituído de matéria, quanto à sua parte exterior, mas de matéria ultrarradiante, em cujo corpo se caracterizam sentidos muito mais aperfeiçoados do que os que temos na terra.
O Espírito é um ente limitado pelo seu organismo etéreo, assim como, quando encarnado, (o homem) é limitado pelo seu organismo corpóreo-material.
A constituição do ser humano não é só biológica, física, mas, sim, meta-biológica, metafísica.
As fotografias dos duplos, as moldagens e impressões digitais demonstram, positivamente, a existência, em nós, dos duplos-etéreos, que constituem os nossos corpos espirituais, que não são atingidos nem pelo ferro, nem pelo fogo, nem pela morte.
Por isso é que dizemos: não há morte, mas, sim, separação do Espírito do corpo ou desencarnação. “O que é espírito é espírito, o que é corpo é corpo; há muita diferença entre um e outro”.
Uma é glória do corpo terrestre (glória efêmera); outra é a glória do corpo celestial (glória perene).
Deus não é “deus dos mortos”, mas, sim, dos vivos e, assim como Deus vive e viverá sempre, nós, que somos seus filhos, vivemos e também viveremos sempre.
Tal é a verdade experimental, estudada e que pode ser comprovada a qualquer hora.
O Clarim - Publicado em 26 de setembro de 1936
A expressão morte, em sua significação literal, não exprime a verdade do fenômeno, que nós, espíritas, com muito justa razão, denominamos desencarnação, porque o ser não se extingue. O Espiritismo demonstra, com a razão, a lógica e os fatos, que, não sendo a alma o produto das conjunções físico-químicas, mas, sim, o agente produtor desses fenômenos, e continua a existir, cessada a sua ação sobre o organismo.
A morte é o despimento do invólucro material, é o abandono do Espírito do seu envoltório carnal. Não sendo este estável, fixo, pois que a matéria corporal se acha sempre em transformação contínua, em mutações, devido ao fluxo e ao refluxo dos elementos que o compõem, não poderia esse agregado de substâncias que se substituem, a todos os momentos, gerar e manter um ser estável, dotado de memória e que se pronuncia com inteligência e virtudes crescentes, tal como observamos, absolutamente independentes dos alimentos que ingerimos, da água que bebemos, do ar que aspiramos.
O Espírito é o tudo dessa máquina humana, é o seu construtor, é o seu mantenedor (mens agitat molem).
O Espírito não é uma entidade abstrata e mitológica, um ser vago, indefinido que, semelhante a uma chama, se extingue quando acaba a vela. É um ser concreto, substancial, também constituído de matéria, quanto à sua parte exterior, mas de matéria ultrarradiante, em cujo corpo se caracterizam sentidos muito mais aperfeiçoados do que os que temos na terra.
O Espírito é um ente limitado pelo seu organismo etéreo, assim como, quando encarnado, (o homem) é limitado pelo seu organismo corpóreo-material.
A constituição do ser humano não é só biológica, física, mas, sim, meta-biológica, metafísica.
As fotografias dos duplos, as moldagens e impressões digitais demonstram, positivamente, a existência, em nós, dos duplos-etéreos, que constituem os nossos corpos espirituais, que não são atingidos nem pelo ferro, nem pelo fogo, nem pela morte.
Por isso é que dizemos: não há morte, mas, sim, separação do Espírito do corpo ou desencarnação. “O que é espírito é espírito, o que é corpo é corpo; há muita diferença entre um e outro”.
Uma é glória do corpo terrestre (glória efêmera); outra é a glória do corpo celestial (glória perene).
Deus não é “deus dos mortos”, mas, sim, dos vivos e, assim como Deus vive e viverá sempre, nós, que somos seus filhos, vivemos e também viveremos sempre.
Tal é a verdade experimental, estudada e que pode ser comprovada a qualquer hora.
O Clarim - Publicado em 26 de setembro de 1936
quarta-feira, 7 de abril de 2010
OLE - Finalidade da Encarnação
11:40
Posted by Fabiano Vidal
Allan Kardec, alma, Deus, Doutrina Espírita, Encarnação, espiritismo, espírito, o livro dos espíritos
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132. Qual é a finalidade da encarnação dos Espíritos?
— Deus a impõe com o fim de levá-los à perfeição: para uns, é uma expiação; para outros, uma missão. Mas, para chegar a essa perfeição, eles devem sofrer todas as vicissitudes da existência corpórea; nisto é que está a expiação. A encarnação tem ainda outra finalidade, que é a de pôr o Espírito em condições de enfrentar a sua parte na obra da Criação. É para executá-la que ele toma um aparelho em cada mundo, em harmonia com a matéria essencial do mesmo, afim de nele cumprir, daquele ponto de vista, as ordens de Deus. E dessa maneira, concorrendo para a obra geral, também progredir.
Comentário de Kardec: A ação dos seres corpóreos é necessária à marcha do Universo. Mas Deus, na sua sabedoria, quis que eles tivessem, nessa mesma ação, um meio de progredir e de se aproximarem dele. É assim que, por uma lei admirável de sua providência, tudo se encadeia, tudo é solidário na Natureza.
133. Os Espíritos que, desde o princípio, seguiram o caminho do bem têm necessidade da encarnação?
— Todos são criados simples e ignorantes e se instruem através das lutas e atribulações da vida corporal. Deus, que é justo, não podia fazer feliz a uns, sem penas e sem trabalhos, e por conseguinte sem mérito.
133. a) Mas então de que serve aos Espíritos seguirem o caminho do bem, se isso não os isenta das penas da vida corporal?
— Chegam mais depressa ao alvo. Além disso, as penas da vida são freqüentemente a conseqüência da imperfeição do Espírito. Quanto menos imperfeito ele for, menos tormentos sofrerá. Aquele que não for invejoso, nem ciumento, nem avarento ou ambicioso, não passará pelos tormentos que se originam desses defeitos.
II – Da Alma
134. O que é a alma?
— Um Espírito encarnado.
134 - a) O que era a alma, antes de unir-se ao corpo?
— Espírito.
134 – b) As almas e os Espíritos são, portanto, uma e a mesma coisa?
— Sim, as almas não são mais que Espíritos. Antes de ligar-se ao corpo, a alma é um dos seres inteligentes que povoam o mundo invisível, e depois reveste temporariamente um invólucro carnal, para se purificar e esclarecer.
135. Há no homem outra coisa, além da alma e do corpo?
— Há o liame que une a alma e o corpo.
135 – a) Qual é a natureza desse liame?
— Semimaterial; quer dizer, um meio-termo entre a natureza do Espírito e a do corpo. E isso é necessário, para que eles possam comunicar-se. E por meio desse liame que o Espírito age sobre a matéria, e vice-versa.
Comentário de Kardec: O homem é, assim, formado de três partes essenciais:
1°) O corpo, ou ser material, semelhante aos dos animais e animado pelo
mesmo princípio vital;
2°) A alma. Espírito encarnado, do qual o corpo é a habitação;
3°) O perispírito. princípio intermediário, substância semimaterial, que serve de
primeiro envoltório ao Espírito e une a alma ao corpo. Tais são. num fruto, a semente, a polpa e a casca.
136. A alma é independente do princípio vital?
— O corpo não é mais que o envoltório, sempre o repetimos.
136 – a) O corpo pode existir sem a alma?
— Sim; e não obstante, desde que o corpo deixa de viver, a alma o abandona. Antes do nascimento não há uma união decisiva entre a alma e o corpo, ao passo que, após o estabelecimento dessa união, a morte do corpo rompe os liames que a unem a ele, e a alma o deixa. A vida orgânica pode animar um corpo sem alma, mas a alma não pode habitar um corpo sem vida orgânica.
136 – b) O que seria o nosso corpo, se não tivesse alma?
— Uma massa de carne sem inteligência; tudo o que quiserdes, menos um homem.
137. O mesmo Espírito pode encarnar-se de uma vez em dois corpos diferentes?
— Não. O Espírito é indivisível e não pode animar simultaneamente duas criaturas diferentes. (Ver, em O Livro dos Médiuns, o capítulo Bicorporeidade e transfiguração.)
138. Que pensar da opinião dos que consideram a alma como o princípio da vida material?
— Simples questão de palavras, com a qual nada temos. Começai por vos entenderdes.
139. Alguns Espíritos, e antes deles alguns filósofos, assim definiram a alma: Uma centelha anímica emanada do Grande Todo. Por que essa contradição?
— Não há contradição: tudo depende da significação das palavras. Por que não tendes uma palavra para cada coisa?
Comentário de Kardec: A palavra alma é empregada para exprimir as coisas mais diferentes. Uns chamam alma ao principio da vida, e nessa acepção é exato dizer figuradamente, que a alma é uma centelha anímica emanada do Grande Todo. Essas últimas palavras se referem à fonte universal do principio vital, em que cada ser absorve uma porção, que devolve ao todo após a morte. Esta idéia não exclui absolutamente a de um ser moral, distinto, independente da matéria, e que conserva a sua individualidade. É a este ser que se chama igualmente alma. E nesta acepção pode dizer-se que a alma é um Espírito encarnado. Dando da alma diferentes definições, os Espíritos falaram segundo as aplicações que faziam da palavra e segundo as idéias terrestres de que estavam ainda mais ou menos imbuídos. Isso decorre da insuficiência da linguagem humana, que não tem um termo para cada idéia, o que acarreta uma multidão de mal-entendidos e discussões. Eis porque os Espíritos superiores dizem que devemos, primeiro, nos entendermos quanto às palavras(1).
140. Que pensar da teoria da alma subdividida em tantas partes quantos são os músculos, presidindo cada uma às diferentes funções do corpo?
— Isso também depende do sentido que se atribuir à palavra alma. Se por ela se entende o fluido vital, está certo; se se entende o Espírito encarnado, está errado. Já dissemos que o Espírito é indivisível: ele transmite o movimento aos órgãos através do fluido intermediário, sem por isso se dividir.
140 – a) Não obstante, há Espíritos que deram esta definição.
— Os Espíritos ignorantes podem tomar o efeito pela causa.
Comentário de Kardec: A alma age por meio dos órgãos, e estes são animados pelo fluido vital que se reparte entre eles, e com mais abundância nos que são os centros ou focos de movimento. Mas essa explicação não pode aplicar-se à alma como sendo o Espírito que habita o corpo durante a vida e o deixa com a morte.
141. Há qualquer coisa de certo na opinião dos que pensam que a alma é externa e envolve o corpo?
— A alma não está encerrada no corpo como o pássaro numa gaiola. Ela irradia e se manifesta no exterior, como a luz através de um globo de vidro ou como o som ao redor de um centro sonoro. É por isso que se pode dizer que ela é exterior, mas não como um envoltório do corpo. A alma tem dois envoltórios: um, sutil e leve, o primeiro, que chamamos perispírito; o outro, grosseiro, material e pesado, que é o corpo. A alma é o centro desses envoltórios, como a amêndoa na casca, já o dissemos.
142. Que dizer dessa outra teoria, segundo a qual, na criança, a alma vai se completando a cada período da vida?
— O Espírito é apenas um: inteiro na criança, como no adulto; são os órgãos, instrumentos de manifestação da alma, que se desenvolvem e se completam. Isto é ainda tomar o efeito pela causa.
143. Por que todos os Espíritos não definem a alma da mesma maneira?
— Os Espíritos não são todos igualmente esclarecidos sobre essas questões. Há Espíritos ainda limitados, que não compreendem as coisas abstraías, como as crianças entre vós. Há também Espíritos pseudo-sábios, que para se imporem, como acontece ainda entre vós, fazem rodeios de palavras. Além disso, mesmo os Espíritos esclarecidos podem exprimir-se em termos diferentes, que no fundo têm o mesmo valor, sobretudo quando se trata de coisas que a vossa linguagem é incapaz de esclarecer; há então necessidade de figuras, de comparações, que tomais pela realidade.
144. Que se deve entender por alma do mundo?
— O princípio universal da vida e da inteligência de que nascem as individualidades. Mas os que se servem dessa expressão, freqüentemente, não se entendem. A palavra alma tem aplicação tão elástica que cada um a interpreta de acordo com as suas fantasias. Tem-se, às vezes, atribuído uma alma à Terra, e por ela é necessário entender o conjunto dos Espíritos abnegados que dirigem as vossas ações no bom sentido, quando os escutais, e que são de certa maneira os lugares-tenentes de Deus junto ao vosso globo.
145. Como é que tantos filósofos antigos e modernos têm longamente discutido sobre a Ciência psicológica, sem chegar à verdade?
— Esses homens eram os precursores da doutrina espírita eterna, e prepararam o caminho. Eram homens e puderam enganar-se, porque tomaram pela luz as suas próprias idéias; mas os seus mesmos erros, através dos prós e contras de suas doutrinas, servem para evidenciar a verdade. Aliás, entre esses erros se encontram grandes verdades, que um estudo comparativo vos fará compreender.
146. A alma tem, no corpo, uma sede determinada e circunscrita?
— Não. Mas ela se situa mais particularmente na cabeça, entre os grandes gênios e todos aqueles que usam bastante o pensamento, e no coração dos que sentem bastante, dedicando todas as suas ações à Humanidade.
146 – a) Que pensar da opinião dos que situam a alma num centro vital?
— Que o Espírito se encontra de preferência nessa parte do vosso organismo, que é o ponto a que se dirigem toda as sensações. Os que a situam naquilo que consideram como centro da vitalidade, a confundem com afluído ou princípio vital. Não obstante, pode dizer-se que a sede da alma se encontra mais particularmente nos órgãos que servem para as manifestações intelectuais e morais.
(1) Ver, na Introdução ao Estudo da Doutrina Espírita, a explicação sobre a palavra alma. II
sábado, 6 de março de 2010
Desencarnação: Processo de Transição
17:38
Posted by Fabiano Vidal
Allan Kardec, desencarne, Doutrina Espírita, espiritismo, espírito, morte
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Morte é a cessação da vida orgânica; desencarnação é a libertação do Espírito imortal, período de transição, na sua mudança de plano. "A morte é hereditária" (1) e quando o corpo morre, o Espírito está pronto para delivrar-se, porque "não é a partida do Espírito que causa a morte do corpo; esta é que determina a partida do Espírito;"(2) mas este, nem sempre está em condições de fazê-lo. Neste caso, a morte biológica acontece mas, o Espírito não se desprende, não se liberta, fica preso ao corpo físico, isto é, continua encarnado, porque "nem todos os que morrem desencarnam." (3)
"Disse-nos, certa vez, um suicida: ‘Não estou morto.’ E acrescentava: ‘No entanto sinto os vermes a me roerem.’ Ora indubitavelmente, os vermes não lhe roíam o perispírito e ainda menos o Espírito; roíam-lhe apenas o corpo. (...) Era antes a visão do que se passava com o corpo, ao qual ainda o conservava ligado o perispírito, o que lhe causava a ilusão, que ele tomava por realidade." (4)
A reencarnação não é um processo punitivo, mas educativo, pois aqui "é escola, é prisão, é hospital"; para atingir a perfeição, a felicidade e a plenitude, é necessário renovar-se na experiência da matéria densa.. Tendo escolhido o caminho do progresso, evoluído, e assim realizado a sua reforma íntima, ou, ao contrário estagnado, com a ressalva que, por mínimo que seja, sempre se evolui alguma cousa, inexoravelmente sobrevém a morte (Fig. 1) , que é a fatalidade do corpo físico, assim como "a evolução é a fatalidade do Espírito"(5), um dos objetivos da reencarnação.(4); o outro é " trabalhar para o Universo, como o Universo trabalha para nós, tal é o segredo do destino" (6), "é por o Espírito em condições de suportar a parte que lhe toca na obra da criação (...) e concorrendo para a obra geral, ele próprio se adianta." (4) (FIG. 1); este último é atingido consciente ou inconscientemente pelo Espírito. A reestruturação ou não de seu perispírito, vai depender em ter atingido ambos os objetivos, com influências importantes no seqüênciamento do processo desencarnatório. Quanto mais depurado esteja mais fácil se torna o seu desligamento gradual, porque "os laços se desatam, não se quebram." .(4)
Dois fatores são seqüenciais à morte (Fig. 1), ocorrendo paralelamente e vinculados às suas circunstâncias e ao grau evolutivo do Espírito desencarnante:
o desprendimento do corpo físico
a perturbação do Espírito.

Léon Denis assinala que deveríamos chorar na hora da reencarnação, que é um momento de intenso sofrimento para o Espírito, e rirmos na hora da morte, quando o Espírito se liberta, já que encarnação é seu encarceramento fluídico e a desencarnação a sua libertação; isto, é importante frisar, se o Espírito cumpriu os objetivos da encarnação, porque se não o fez, serão dois choros, um ao encarnar e o outro ao desencarnar, tal a influência que esta sua conduta projetará na desencarnação.
O desprendimento.
Ao reencarnar o Espírito se liga ao corpo, através de seu perispírito, que a ele se une, molécula a molécula, átomo a átomo e ao desencarnar, inversamente se desprende, também, átomo a átomo, molécula a molécula.
O princípio vital e´ "o interruptor da vida",(7) enquanto que o fluido vital é a eletricidade que carrega nossas baterias, o fluido cósmico animalizado; ao ser desligado aquele, a vida se esvai, cessa e sobrevem a morte (morte natural), que se dá por esgotamento do fluido vital ou embora com sua presença, por falência orgânica súbita (morte violenta), ficando ele impotente para transmitir o movimento da vida. (8) Esta fuga energética do corpo físico e do perispírito, que se encontravam dela impregnados, desde o primeiro instante da concepção, realiza-se de forma suave ou abrupta,(Fig. 1) de acordo com a sua distribuição, que é peculiar a cada ser, a cada órgão, a cada célula; há nos centros vitais ou de força, maior atividade vital e pontos de ligação com maior densidade entre o Espírito-perispírito e o corpo físico; destes o que tem mais forte esta união com o Espírito, via perispírito, é o centro coronário ou regente que, pelo fato mesmo, é o último que se desliga, desfazendo-se as conexões Espírito-perispírito-glândula pineal, a "glândula da vida espiritual". O rompimento destes laços fluídico-magnéticos que compõe o cordão fluídico ou de prata, representa o selo da desencarnação, iniciando-se pelas extremidades e terminando, como dissemos, no cérebro.
A natureza das demais ligações dos centros vitais, variam de acordo com cada ser, dependentes da evolução do Espírito, modulador e estruturador do perispírito e portanto de suas ligações com a matéria densa, através dos centros vitais controladores e seus órgãos súditos e que serviço prestou ao comandante de suas ações_ o Espírito. Assim quem usou desregradamente o sexo, ou praticou aborto, por exemplo, terá suas ligações com o centro vital genésico difíceis de serem desligadas; quem foi tabagista inveterado, igualmente terá fortes ligações fluídico-magnéticas com o centro cardíaco, a retardar o processo desencarnatório, e daí por diante.
Assim o desprendimento acontece de forma lenta (envelhecimento natural, doenças crônicas, etc.) por esgotamento do fluido vital, ou de forma abrupta (morte violenta: acidentes, desastres, assassinatos, suicídios) por injúria grave, determinando a incapacidade funcional orgânica definitiva.(FIG. 1); nos primeiros, o desligamento já vinha se fazendo quando ocorreu a morte e nos últimos, a morte corresponde ao início do processo desencarnatório; eqüivale a dizer que o período morte-libertação, genericamente, é maior nestes. Com os Espíritos evoluídos ocorre que o momento da morte corresponde ao da libertação, mas, ao contrário, certos Espíritos que têm seu perispírito ainda muito densificado, ficam presos ainda ao corpo, após a morte.
"O Espiritismo, pelos fatos cuja observação ele faculta, dá a conhecer os fenômenos que acompanham esta separação, que, às vezes, é rápida, fácil, suave e insensível, ao passo que doutras é lenta, laboriosa, horrivelmente penosa, conforme o estado moral do Espírito, e pode durar meses inteiros", (2) e até anos.
A perturbação.
A consciência é do Espírito e após a morte corporal, ele passa por um período variável de perturbação, de acordo com o estado moral da alma, "fruto das suas construções mentais, emocionais e volitivas" (9) e o gênero ou circunstâncias da morte, para voltar a readquiri-la.
O Espírito purificado se desvencilha dos tênues laços que o prendiam ao corpo físico, tomando então consciência de si mesmo, da sua volta ao mundo espiritual e da memória do passado, que é também do Espírito e aos poucos vai retornando do inconsciente, sediado no perispírito (8); este "livro misterioso, fechado a nossa vista, durante a vida terrena, abre-se no espaço. O espírito adiantado percorre-lhe à vontade as páginas (...)." (6) Nestes casos a sensação é de alívio, como quem acordou de uma intervenção cirúrgica e obteve alta, curado; não é pois, nem penosa, nem duradoura; é um despertamento, pois a "vida na carne é o sono da alma; é o sonho triste ou alegre." (6)
Naqueles Espíritos que não aproveitaram o retorno à vida corporal, para sua evolução, estagnados na escala do progresso, o desencarne será um processo extremamente doloroso, "tétrico, aterrador, ansioso (...) qual horrendo pesadelo" (10), demorado e a perturbação espiritual que se seguirá, será muito intensa e prolongada; muitas vezes, mal se lembram até da última encarnação e muito menos das outras, em mais uma concessão da bondade e da misericórdia divina, mas um dia o farão, pois terão que "entrar no conhecimento do seu estado, antes de serem levadas para o meio cósmico adequado ao seu grau de luz e densidade. "(6)
Na morte violenta, situação não esperada na maioria das vezes pelo Espírito, sua conscientização da morte e conseqüente passagem à vida espiritual é difícil e demorada, tanto mais prolongada quanto menor a evolução espiritual.
Na Espiritualidade.
A espiritualidade não está parada, nem contemplativa, ao contrário, trabalha incessantemente e "Espíritos evoluídos, com fortes vínculos com a caridade", (11) se incumbem da tarefa da desencarnação, ajudando nos desligamentos dos laços que unem o Espírito ao corpo físico, sob influxo do pensamento divino. Espíritos amigos e familiares, já desencarnados, colaboram nesta tarefa. Esta mesma atuação, pode ser prejudicada por Espíritos inimigos, obsessores até, que têm a finalidade de tornar o desligamento mais penoso, contribuindo também para maior perturbação do Espírito desencarnante, seu desafeto.
Destino dos componentes do homem.
Após a morte, o corpo físico desintegra-se, seguindo as leis físico-químicas, que também são divinas, nunca mais voltando a recompor-se, ou destinar-se à ressurreição, que seria desprovida de qualquer finalidade.
O fluido vital volta ao seu lugar de origem _ o fluido cósmico ou universal.
O perispírito poderá apresentar modificações em relação à sua densidade; não se segmenta e não se sedimenta; se depura, tornando-se tanto mais sutil quanto maior for o progresso espiritual.
O Espírito pode apresentar modificações em relação ao seu estado moral reencarnatório, porque o "Espírito evolui, tudo o mais se transforma", por menor que seja esta mesma evolução, às vezes mínima, o que não pode nunca acontecer, é retrogradar.
Conclusão
Um dia, depois da morte corporal, nós teremos um decisivo encontro marcado com nós mesmos, nos recônditos da nossa consciência, apanágio do Espírito, onde foram impressas por Deus as suas leis morais (4); aí serão julgados por ela, todos os nossos atos da senda reencarnatória, no uso do nosso livre arbítrio e comparados com os nossos propósitos ao reencarnar, escolhidos ou impostos pela justiça divina, sempre de acordo com as aptidões de cada um; depende de nós, e só de nós, se este será o "dia mais feliz de nossa existência", momento de puro êxtase ou, "ao contrário, o pior deles", o seu momento mais fatídico.
"Cremos que a educação para o desencarne implica na educação para a vida". (9), para que consigamos a morte de que nos fala Hernani Santanna :(12)
"A morte (...) é a liberdade !
É o vôo augusto para a luz divina,
sob as bênçãos da paz da eternidade!
É bem começo de uma nova idade,
antemanhã formosa e peregrina,
da nossa vera e grã felicidade."
BIBLIOGRAFIA
1 _ FORMIGA, Luiz Carlos D. "Dores, Valores, Tabus e Preconceitos", CELD Ed., maio/96, pg.89-102.
2 _ KARDEC, Allan. "A Gênese". 22ª ed. Trad. Guillon Ribeiro. 1980, pg. 215.
3 _ RIBEIRO, Gêmison. "Nem todos que morrem desencarnam." Revista Internacional de Espiritismo, Dez/1999, pg. 504.
4 _ KARDEC, Allan. "O Livro dos Espíritos". 68ª ed.: FEB, 1987. perg. 132, 155, 257, 621.
5 _ SANTOS, Edson Ribeiro dos. Comunicação pessoal.
6 _ DENIS, Léon. "O Problema do Ser, do Destino e da Dor." 4ª ed. 1936: FEB, pg. 167, 261, 323.
7 _ MELO, Jacob. "O Passe". 8ª ed.: FEB,1992, pg 60.
8 _ MOREIRA, Fernando Augusto. "Fisiologia da Alma". Revista Inter-nacional de Espiritismo, Out/2000, pg.399.
9 _ JERRI, Roberto. "A Fisiologia do Desencarne" A Reencarnação. Nº 414, ano XIII, 1º semestre, 1997, pg. 39 e 42.
10 _ KARDEC, Allan. "O Céu e o Inferno". 37ª ed. Trad. Manuel J. Quintão: FEB, 1991, pg. 169.
11 _ CARNEIRO, Oscar F. "Reflexões". Ozon Editor, 1960, pg. 15.
12 _ SANTANNA, Hernani. "Canção do Alvorecer". 2ª ed,: FEB, 1983, pg. 46.
quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010
Sempre diante dela - a morte
08:40
Posted by Fabiano Vidal
Doutrina Espírita, espiritismo, espírito, imortalidade, morte, vida além da morte, vidas sucessivas
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Em verdade não temos como nos afastar da presença da morte, ela caminha conosco para onde formos, implacavelmente, até que nos abrace de forma irreversível.
A morte impõe, como característica fundamental, o afastamento físico daqueles que amamos, sempre causando dor moral pungente, pertinaz e profunda nas entranhas sentimentais, emocionais, espirituais.
Estabelecer comparação com outra situação é-nos impossível, pela condição da morte ser inigualável. Os tecidos sutis da alma são atingidos duramente, sem apelação, porque ela obedece cegamente os desígnios divinos.
A morte minimiza o seu impacto quando é aguardada por um enfermidade de longo curso, mas, em chegando o Espírito ao mundo espiritual, a surpresa é invariavelmente a mesma para todos: está frente à imortalidade.
Usando toda uma metodologia imperceptível, ela costuma arrebatar dos braços dos que ficam, os seus afetos, mas, ao mesmo tempo, leva os adversários, engendrando certo tipo de aflição nem sempre bem definida.
A morte é a transferência compulsória de uma para outra vida, sem pedido de permissão aos envolvidos no processo desencarnatório.
As reações são variadas, ou seja, enquanto para uns se constitui em libertação do jugo da carne, para outros são algemas para uma consciência maculada por desmandos cometidos na vilegiatura terrestre.
A morte pode ser considerada como uma concessão divina, malgrado não seja assim compreendida pela maioria, devido à fixação do "sentenciado" às solicitações terrenais, as quais falam mais alto aos seus interesses de ordem imediata e transitória.
O túmulo é local de encontro para todas as criaturas, é lugar onde a igualdade impera; as diferenças existem apenas na maneira como são os corpos cadaverizados guardados para serem transformados em alimento dos animais vermíformes.
Revoltar-se contra a morte é atitude insensata, porque as suas conjunturas são passageiras, logo promovendo, ela mesma, o reencontro dos que se separaram, dando mostras, assim, de que não era definitiva a separação tão amargurada.
Aconselhável nos munirmos de paciência, resignação, prepararmo-nos para o reencontro com a morte e esperarmos confiantes, sabendo que os do outro lado nos aguardam também ansiosos por nos abraçarem, desejarem boas vindas e nos cobrirem de vibrações amorosas.
Dos nossos afetos houve tão somente uma antecipação do retorno ao mundo verdadeiro, o espiritual, continuando eles a viver como aqui prosseguimos nós; não os vemos, mas eles estão conosco, bem mais juntos agora do que antes, amando-nos se os amamos, odiando-nos se por eles nutrimos ódio.
A tristeza e a saudade serão sempre dissipadas pela convicção que possuímos de que os reencontraremos.
Utilizemos as nossas horas na produção do bem pensando neles, e a eles oferecendo os nossos gestos de amor e caridade, convertendo a separação em motivo para a prática do Bem em prol da felicidade de alguém ou, pelo menos, da suavização da dor alheia, tudo em nome deles, que é a melhor forma de os reverenciarmos.
Se porventura quisermos fazer mais em memória deles, coloquemos em seus lugares um dos órfãos do amor, do bem-estar material, os mais carentes, enfim, procedimento que receberá deles, naturalmente, toda benção, sendo esse gesto motivo para que eles mais de nós se acercarem.
Dirigindo as nossas atenções para o bem do próximo, a dor da saudade sofrerá grande queda, arrefecer-se-ão seus grilhões e estaremos mais libertos para a continuidade dos compromissos aqui iniciados e que precisam de conclusão.
Indubitavelmente, a maior expressão de amor é dar a vida pela vida de outras criaturas, como fez JESUS após encaminhar João para Maria na hora de Sua crucificação, e ela a ele, para que juntos, por carinho e tributo à Sua Vida, não esmorecessem na preservação de Sua mensagem.
Vamos enxugar as nossas lágrimas, meditar na nossa imortalidade, entregarmo-nos ao trabalho edificante, transformando todos os nossos instantes em esperança na felicidade porvindoura.
segunda-feira, 18 de janeiro de 2010
A preexistência e o subconsciente
20:31
Posted by Fabiano Vidal
Cairbar Schutel, Doutrina Espírita, espiritismo, espírito, Preexistência, Reencarnação, vidas sucessivas
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A doutrina da preexistência do espírito está em íntima relação com a da sobrevivência ao corpo.
A lei das vidas sucessivas vem em apoio a esta verdade consoladora e luminosa.
A vida não começa no berço e não termina no túmulo.
É nas vidas múltiplas na Terra e em outros mundos que adquirimos, conhecimentos e vamos nos libertando da ignorância que nos prende à infância do espírito.
É no perispírito que se gravam todas as imagens fornecidas à mente pelo mundo exterior, ele é o repositório de todas as aquisições, de todos os conhecimentos adquiridos, de tudo o que aprendemos, vimos, ouvimos e sentimos através das existências que percorremos...
Está, portanto, no perispírito a sede exclusiva da subconsciência.
A aceitação da subconsciência, em determinadas condições, implica, portanto, a aceitação da preexistência e da sobrevivência espiritual, bem como a reencarnação dos espíritos.
Quer isto dizer que os materialistas e os espiritualistas que não aceitam a reencarnação, não podem invocar a teoria do subconsciente para explicar fenômenos que estão na esfera do animismo; assim não explicam, porque não aceitam a doutrina das vidas múltiplas, a razão de ser da precocidade ou os “meninos prodígios”, que tanto os maravilha.
De fato, como dar provas de conhecimentos que se não se adquiriu na Terra, se a alma começa e termina com o corpo ou se a alma, como dizem o Catolicismo e o Protestantismo foi criada com o corpo?
Como proclamar a “teoria do inconsciente” - com “aquisições anteriores” se se tem certeza que o indivíduo, com quem ou em quem se observa os fenômenos, nenhuma aquisição tem de tudo a que disse e dos altos conhecimentos que manifestou?
Um indivíduo, por exemplo, em estado de transe, de sonambulismo, fala do que não estudou, trata de assuntos altamente científicos ou filosóficos que não estão ao seu alcance em estado normal, quando não há aí interferência de um Espírito, uma outra personalidade, não há dúvida que a “teoria do subconsciente” aí é manifesta, mas sem dúvida alguma, também essa teoria não é um derivativo materialista e sim está intimamente ligada aos princípios espíritas da preexistência e vidas sucessivas.
O corpo humano nada pode; o espírito sim, quando mais ou menos livre dum organismo denso e grosseiro que constitui o seu invólucro na Terra, pode dominar esse invólucro, e ler, remontando à corrente do passado, uma a uma, as páginas da sua existência integral, cujas ações e ideias desfilam ao longo do trajeto de suas encarnações.
Fonte: livro “Os Fatos Espíritas e as Forças X” - 1926, de Cairbar Schutel
Retirado do blog "Espírita na Net"
quinta-feira, 7 de janeiro de 2010
[BIOGRAFIA] - Caírbar Schutel
09:51
Posted by Fabiano Vidal
Cairbar Schutel, Doutrina Espírita, espíritas, espiritismo, espírito
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No dia 22 de setembro de 1868, filho do casal Anthero de Souza Schutel e Rita Tavares Schutel, nasceu Caírbar de Souza Schutel, no Rio de Janeiro, então sede da Corte Imperial do Brasil, onde praticou em diversas farmácias e aos 17 anos de idade foi para o Estado de São Paulo, trabalhando como farmacêutico em Piracicaba, Araraquara e depois em Matão, cidade em que viveu durante 42 anos.
Possuidor de brilhante cultura, de grande prestígio social e sobretudo de notória autoridade moral, acabou sendo escolhido para o honroso e histórico cargo de primeiro Prefeito da cidade de Matão, cargo que ocupou por duas vezes, a primeira de 28 de março a 07 de outubro de 1899, voltando a exercê-lo de 18 de agosto a 15 de outubro de 1900, conforme consta das atas e dos registros históricos da municipalidade matonense.
Nascido em família católica, batizado aos 7 anos de idade, Caírbar Schutel cumpria suas obrigações perante a Igreja de Roma. Entretanto, já adulto e vivendo em Matão, passou a receber, em sonhos, a visita constante de seus falecidos pais, porque ele ficara órfão de ambos com menos de 10 anos de idade. Insatisfeito com as explicações de um padre para o fenômeno, Schutel procurou Quintiliano José Alves e Calixto Prado, que realizavam reuniões de práticas espíritas domésticas, logrando então entender a realidade do mundo extrafísico.
Convertido ao Espiritismo, cuidou logo de legalizar o Grupo (hoje Centro) Espírita Amantes da Pobreza, cuja ata de instalação foi lavrada no dia 15 de julho de 1905. Resolvido a difundir a Doutrina Espírita pelos quatro cantos do mundo - e mesmo vivendo em uma pequena e modesta cidade no interior do Brasil -, o "Bandeirante do Espiritismo", como ficou conhecido Caírbar Schutel, fundou o jornal "O Clarim" no dia 15 de agosto de 1905, e a RIE - Revista Internacional de Espiritismo no dia 15 de fevereiro de 1925, ambos circulando até hoje.
Além disso, o incansável arauto da Boa Nova, com todas as dificuldades da época e da região, viajava semanalmente até a cidade de Araraquara para proferir, aos domingos, as suas famosas 15 "Conferências Radiofônicas", pela Rádio Cultura de Araraquara (PRD - 4), no período de 19 de agosto de 1936 a 02 de maio de 1937.
Escritor fértil, entre 1911 e 1937 escreveu os livros O batismo, Cartas a esmo, Conferências radiofônicas, Histeria e fenômenos psíquicos, O diabo e a igreja, Espiritismo e protestantismo, O espírito do cristianismo, Os fatos espíritas e as forças X..., Gênese da alma, Interpretação sintética do apocalipse, Médiuns e mediunidades, Espiritismo e materialismo, Parábolas e ensinos de Jesus, Preces espíritas, Vida e atos dos apóstolos, A questão religiosa, Liberdade e progresso, Pureza doutrinária, A vida no outro mundo e Espiritismo para crianças.
Para publicá-los, Schutel não mediu esforços: adquiriu máquinas, papel, tinta, cola e outros insumos para impressão, procurando escolher sempre material de primeira categoria. Desse esforço surgiu a Casa Editora O Clarim, que hoje emprega inúmeros funcionários em Matão, tendo publicado mais de cem títulos de obras de renomados autores, encarnados e desencarnados.
Consciente de sua responsabilidade como cidadão, cuidou de regularizar a sua união com Dª. Maria Elvira da Silva e Lima, com ela se casando no dia 31 de agosto de 1905; o casal Schutel não teve filhos carnais, porém sua dedicação aos semelhantes ficou indelevelmente marcada na história de Matão, uma vez que ambos jamais deixaram de atender aqueles que os procuravam.
Depois de curta enfermidade, Caírbar Schutel faleceu em Matão, no dia 30 de janeiro de 1938. Durante e após suas exéquias, inúmeras pessoas de Matão, das cercanias, do Estado de São Paulo e de diversas regiões do Brasil prestaram-lhe comovente tributo de gratidão e reconhecimento pelo trabalho desenvolvido, tendo certamente cumprido a sua missão.
Aliás, o prestigioso jornal 'A Comarca', de Matão, em sua edição de 6 de fevereiro de 1938, consignou o seguinte: "É absolutamente impossível em Matão falar-se quer da nossa história passada, quer da nossa história hodierna sem mencionar Caírbar Schutel. Caírbar Schutel foi, para Matão, um dínamo propulsor do seu progresso, um arauto dedicado e eloqüente das suas aspirações de cidade nascente. Mais do que isso foi o homem que, como farmacêutico, acorria com o seu saber e com a sua caridade à cabeceira dos doentes, naqueles tempos em que o médico era ainda nos sertões que beiravam o 'Rumo', uma autêntica 'avis rara'.
"Militando na política por algum tempo, a sua atuação pode ser traduzida no curto parágrafo que abaixo transcrevemos, fragmento de um discurso pronunciado em 1923, na Câmara Estadual, pelo Deputado Dr. Hilário Freire, quando aquele ilustre parlamentar apresentou o projeto da criação da Comarca de Matão. Ei-lo: 'Em 1898, o operoso, humanitário e patriótico cidadão Sr. Caírbar de Souza Schutel, empregando todo o largo prestígio político de que gozava, e comprando com os seus próprios recursos o prédio para instalação da Câmara, conseguiu, por intermédio de um projeto apresentado e defendido pelo Dr. Francisco de Toledo Malta, de saudosa memória, a criação do município de Matão'.
Dizem algumas comunicações mediúnicas que o Espírito Caírbar Schutel está, no mundo espiritual, encarregado pela divulgação do Espiritismo na Terra; sendo confirmada tal informação, essa nobre tarefa está muito dirigida, porque o movimento espírita deve muito ao querido "Bandeirante do Espiritismo", assim como à sua digníssima esposa Dª. Maria Elvira da Silva Schutel, pois, como diz a sabedoria popular, ao lado de um grande homem há sempre uma grande mulher!
Eliseu da Motta Júnior é escritor, orador e diretor da Revista Internacional de Espiritismo - RIE, de Matão-SP.