Mostrando postagens com marcador imortalidade. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador imortalidade. Mostrar todas as postagens

quarta-feira, 7 de julho de 2010

Dever e caridade

Por Cairbar Schutel

O trabalho de propaganda, pelo qual nos empenhamos, aplicando todas as nossas aptidões, além de ser uma tarefa que se acha adstrita aos nossos afazeres na Terra, é um dos maiores exercícios de caridade que não pode deixar de concorrer para o nosso bem-estar futuro.

Se mais não fizemos que pregar, insistentemente, a existência e imortalidade da alma e, portanto, a sorte que aguarda os crentes e os descrentes, os bons e os maus, as almas liberais e as avaras, os simples, os humildes, os orgulhosos e os enfatuados, já teríamos realizado o nosso dever e exercido, na frase de S. Paulo, a mais alta expressão da Caridade Cristã.

Com efeito, a imortalidade da alma, ou seja, o prosseguimento da nossa existência, à despeito da transformação que chamamos morte, é o princípio fundamental de todos os cometimentos e, consequentemente, o ponto de partida, o fundamento de uma orientação firme para bem nos guiarmos na estrada da vida.

Poder-se-á comparar a existência, o modo de agir de um homem que em nada crê, julgando ser o túmulo a sua última morada, com a existência de um outro que, orientado pelos princípios espíritas, já sabe que a morte nada mais é que um incidente na sua ascensão para a felicidade, pela conquista de conhecimentos que enriquecem e santificam sua alma!

O princípio da Imortalidade, quando aceito, não como um artigo de fé-cega, mas, após acurado estudo e experiências positivas e bem controladas, constitui o pivô mágico sobre o qual nos equilibramos para triunfarmos nas lutas e aproveitarmos o tempo da nossa peregrinação terrestre. Além de tudo, a Doutrina da Imortalidade nos faculta uma soma enorme de consolações e esperanças que, em vão, procuraríamos em qualquer religião da Terra e em todas as ciências, que constituem o orgulho da nossa civilização.

A imortalidade individual implica a existência, portanto, dos nossos parentes, dos seres queridos que, segundo afirma o Espiritismo, não foram absorvidos nas voragens dos túmulos e, consequentemente, ela vem nos dizer que nós também não seremos destruídos nesse combate que teremos todos de enfrentar contra a morte.

“Mors janua est” – a morte é a porta da vida –, como disse o filósofo, e repetiu-nos, numa carta que nos enviou o grande biologista francês recém-desencarnado, Professor Charles Richet.

Pois bem, em troco dessa grande Luz que o Espiritismo nos proporciona, julgamos que, por dever e caridade, nos cumpre erguer bem alto esse lábaro sagrado, que constitui a Verdadeira Fé, para que, os que nos são próximos bebam dessa Água que desaltera e vivifica e prossigam, intemeratamente, nas lutas pelo seu aperfeiçoamento espiritual, certos de que, assim fazendo, terão magnificamente aproveitado a sua existência terrestre.

A Imortalidade é a Luz da Vida; só por ela, podemos vislumbrar, desde já, o futuro que nos espera.

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Sempre diante dela - a morte

Por Adésio Alves Machado

Em verdade não temos como nos afastar da presença da morte, ela caminha conosco para onde formos, implacavelmente, até que nos abrace de forma irreversível.

A morte impõe, como característica fundamental, o afastamento físico daqueles que amamos, sempre causando dor moral pungente, pertinaz e profunda nas entranhas sentimentais, emocionais, espirituais.

Estabelecer comparação com outra situação é-nos impossível, pela condição da morte ser inigualável. Os tecidos sutis da alma são atingidos duramente, sem apelação, porque ela obedece cegamente os desígnios divinos.

A morte minimiza o seu impacto quando é aguardada por um enfermidade de longo curso, mas, em chegando o Espírito ao mundo espiritual, a surpresa é invariavelmente a mesma para todos: está frente à imortalidade.

Usando toda uma metodologia imperceptível, ela costuma arrebatar dos braços dos que ficam, os seus afetos, mas, ao mesmo tempo, leva os adversários, engendrando certo tipo de aflição nem sempre bem definida.

A morte é a transferência compulsória de uma para outra vida, sem pedido de permissão aos envolvidos no processo desencarnatório.

As reações são variadas, ou seja, enquanto para uns se constitui em libertação do jugo da carne, para outros são algemas para uma consciência maculada por desmandos cometidos na vilegiatura terrestre.

A morte pode ser considerada como uma concessão divina, malgrado não seja assim compreendida pela maioria, devido à fixação do "sentenciado" às solicitações terrenais, as quais falam mais alto aos seus interesses de ordem imediata e transitória.

O túmulo é local de encontro para todas as criaturas, é lugar onde a igualdade impera; as diferenças existem apenas na maneira como são os corpos cadaverizados guardados para serem transformados em alimento dos animais vermíformes.

Revoltar-se contra a morte é atitude insensata, porque as suas conjunturas são passageiras, logo promovendo, ela mesma, o reencontro dos que se separaram, dando mostras, assim, de que não era definitiva a separação tão amargurada.

Aconselhável nos munirmos de paciência, resignação, prepararmo-nos para o reencontro com a morte e esperarmos confiantes, sabendo que os do outro lado nos aguardam também ansiosos por nos abraçarem, desejarem boas vindas e nos cobrirem de vibrações amorosas.

Dos nossos afetos houve tão somente uma antecipação do retorno ao mundo verdadeiro, o espiritual, continuando eles a viver como aqui prosseguimos nós; não os vemos, mas eles estão conosco, bem mais juntos agora do que antes, amando-nos se os amamos, odiando-nos se por eles nutrimos ódio.

A tristeza e a saudade serão sempre dissipadas pela convicção que possuímos de que os reencontraremos.

Utilizemos as nossas horas na produção do bem pensando neles, e a eles oferecendo os nossos gestos de amor e caridade, convertendo a separação em motivo para a prática do Bem em prol da felicidade de alguém ou, pelo menos, da suavização da dor alheia, tudo em nome deles, que é a melhor forma de os reverenciarmos.

Se porventura quisermos fazer mais em memória deles, coloquemos em seus lugares um dos órfãos do amor, do bem-estar material, os mais carentes, enfim, procedimento que receberá deles, naturalmente, toda benção, sendo esse gesto motivo para que eles mais de nós se acercarem.

Dirigindo as nossas atenções para o bem do próximo, a dor da saudade sofrerá grande queda, arrefecer-se-ão seus grilhões e estaremos mais libertos para a continuidade dos compromissos aqui iniciados e que precisam de conclusão.

Indubitavelmente, a maior expressão de amor é dar a vida pela vida de outras criaturas, como fez JESUS após encaminhar João para Maria na hora de Sua crucificação, e ela a ele, para que juntos, por carinho e tributo à Sua Vida, não esmorecessem na preservação de Sua mensagem.

Vamos enxugar as nossas lágrimas, meditar na nossa imortalidade, entregarmo-nos ao trabalho edificante, transformando todos os nossos instantes em esperança na felicidade porvindoura.

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Educação para a Vida

Por Antônio Luís

Fomos educados para a morte.

Foi-nos incutido o medo de um dia encontrarmos o nada. De repente tudo deixaria de fazer sentido. Tudo quanto fizemos, tudo quanto construímos, as pessoas que amamos, aquelas que detestamos, tudo isso acabaria. Foi essa a noção de vida que nos foi dada, e claro, acreditamos, apesar de não fazer grande sentido, pois estes valores põem em causa o Amor preconizado por Jesus. Mas, à primeira vista, parece não haver outra solução que não acabar tudo abruptamente.

É uma cultura, são estilos de vida, que vêm dos nossos antepassados.

No entanto, Jesus, querendo nos consolar, disse: “Não se turve teu coração!”.

Que quis ele dizer com isso?

Teria sido uma simples expressão? – Não nos parece.

Uma profundidade, bem grande, tem essa advertência.

Há que parar para pensar um pouco. Às vezes também nos é exigido pensar!

Então não deixemos que se perturbe o nosso pensamento.

Fará sentido que tudo acabe?

- Uns preferem pensar que sim. É-lhes mais fácil, pois acham-se no direito de extravasar as suas emoções, atitudes, acabando, na maioria das vezes, por prejudicar os outros, pois afinal há que aproveitar a vida ao máximo mesmo usurpando quem está por perto.

- Nós espíritas, sabemos que não é assim.

Se assim fosse, Jesus ter-nos-ia enganado, prometendo a Terra como esperança de uma vida melhor.

A Doutrina Espírita assenta em 3 vertentes: Ciência, Filosofia e Moral.

Como ciência investiga os fenômenos espíritas dando-lhes credibilidade, demonstrando, dentre outras coisas, que a reencarnação é um fato e que assim vida após vida vamos reaparecendo neste globo, cada vez mais conhecedores dos grandes fenômenos da vida.

Graças a essa lei, hoje é-nos permitido o crescimento quer intelectual, moral e espiritual.

Somos hoje o somatório das nossas vidas pretéritas. Trazemos no nosso inconsciente, o conhecimento de que a vida não cessa. Não interessa se acreditamos ou não: sabemo-lo no nosso íntimo que continua.

Chegou o tempo de não deixarmos que a dúvida e o medo nos perturbem. Abramos os olhos, e mais que isso, abramos nosso coração.

A vida continua sim, não restam dúvidas, pois são os próprios espíritos (as almas que outrora animaram o Homem) que nos vêm confirmar isso mesmo, dizendo que não morreram e que se encontram tão vivos quanto nós.

Eis a imortalidade da alma, um dos princípios básicos da Doutrina Espírita.

Com estes conhecimentos estamos a ser educados para a vida, não havendo mais lugar para aquela ideia do vazio.

Formemos as crianças, incutindo-lhes os valores da esperança, pois elas serão os homens do amanhã, e assim a pouco e pouco, vamo-nos despojando das crenças e firmando o conhecimento na certeza do porvir.

Educação para a vida SIM!

segunda-feira, 5 de outubro de 2009

ESE - A Felicidade Não É Deste Mundo

Não sou feliz! A felicidade não foi feita para mim! Exclama geralmente o homem, em toda as posições sociais. Isto prova, meus caros filhos, melhor que todos os raciocínios possíveis, a verdade desta máxima do Eclesiastes: “A felicidade não é deste mundo”. Com efeito, nem a fortuna, nem o poder, nem mesmo a juventude em flor, são condições essenciais da felicidade. Digo mais: nem mesmo a reunião dessas três condições, tão cobiçadas, pois que ouvimos constantemente, no seio das classes privilegiadas, pessoas de todas as idades lamentarem amargamente a sua condição de existência.

Diante disso, é inconcebível que as classes trabalhadoras invejem com tanta cobiça a posição dos favorecidos da fortuna. Neste mundo, seja quem for, cada qual tem a sua parte de trabalho e de miséria, seu quinhão de sofrimento e desengano. Pelo que é fácil chegar-se à conclusão de que a Terra é um lugar de provas e de expiações.

Assim, pois, os que pregam que a Terra é a única morada do homem, e que somente nela, e numa única existência, lhe é permitido alcançar o mais elevado grau de felicidade que a sua natureza comporta, iludem-se e enganam aqueles que os ouvem. Basta lembrar que está demonstrado, por uma experiência multissecular, que este globo só excepcionalmente reúne as condições necessárias à felicidade completa do indivíduo.

Num sentido geral, pode afirmar-se que a felicidade é uma utopia, a cuja perseguição se lançam as gerações, sucessivamente, sem jamais a alcançarem. Porque, se o homem sábio é uma raridade neste mundo, o homem realmente feliz não se encontra com maior facilidade.

Aquilo em que consiste a felicidade terrena é de tal maneira efêmera para quem não se guiar pela sabedoria, que por um ano, um mês, uma semana de completa satisfação, todo o resto da existência se passa numa seqüência de amarguras e decepções. E notai, meus caros filhos que estou falando dos felizes da Terra, desses que são invejados pelas massas populares.

Conseqüentemente, se a morada terrena se destina a provas e expiações, é forçoso admitir que existem, além, moradas mais favorecidas, em que o Espírito do homem, ainda prisioneiro de um corpo material, desfruta em sua plenitude as alegrias inerentes à vida humana. Foi por isso que Deus semeou, no vosso turbilhão, esses belos planetas superiores para os quais os vossos esforços e as vossas tendências vos farão um dia gravitar, quando estiverdes suficientemente purificados e aperfeiçoados.

Não obstante, não se deduza das minhas palavras que a Terra esteja sempre destinada a servir de penitenciária. Não, por certo! Porque, do progresso realizado podeis facilmente deduzir o que será o progresso futuro, e das melhoras sociais já conquistadas, as novas e mais fecundas melhoras que virão. Essa é a tarefa imensa que deve ser realizada pela nova doutrina que os Espíritos vos revelaram.

Assim, pois, meus queridos filhos, que uma santa emulação vos anime, e que cada um dentre vós se despoje energicamente do homem velho. Entregai vos inteiramente à vulgarização desse Espiritismo, que já deu início à vossa própria regeneração. É um dever fazer vossos irmãos participarem dos raios dessa luz sagrada. À obra, portanto, meus caros filhos! Que nesta reunião solene, todos os vossos corações se voltem para esse alvo grandioso, de preparar para as futuras gerações um mundo em que felicidade não seja mais uma palavra vã.

FRANÇOIS-NICOLAS-MADELAINE
Cardeal Morlot, Paris, 1863

Fonte: KARDEC, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo. Tradução de José Herculano Pires.

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

O Espiritismo, por Allan Kardec

O Espiritismo é uma doutrina filosófica de efeitos religiosos, como qualquer filosofia espiritualista, pelo que forçosamente vai ter às bases fundamentais de todas as religiões: Deus, a alma e a vida futura. Mas, não é uma religião constituída, visto que não tem culto, nem rito, nem templos e que, entre seus adeptos, nenhum tomou, nem recebeu o título de sacerdote ou de sumo-sacerdote. Estes qualificativos são de pura invenção da crítica.

As crenças que propugna, as tendências que manifesta e o fim a que visa se resumem nas proposições seguintes:

1º) O elemento espiritual e o elemento material são os dois princípios, as duas forças vivas da Natureza, as quais se completam uma a outra e reagem incessantemente uma sobre a outra, indispensáveis ambas ao funcionamento do mecanismo do Universo.

Da ação recíproca desses dois princípios se originam fenômenos que cada um deles, isoladamente, não tem possibilidade de explicar.

À Ciência, propriamente dita, cabe a missão especial de estudar as leis da matéria.

O Espiritismo tem por objeto o estudo do elemento espiritual em suas relações com o elemento material e aponta na união desses dois princípios a razão de uma imensidade de fatos até então inexplicados.

O Espiritismo caminha ao lado da Ciência, no campo da matéria: admite todas as verdades que a Ciência comprova; mas, não se detém onde esta última pára: prossegue nas suas pesquisas pelo campo da espiritualidade.

2º) Sendo o elemento espiritual um estado ativo da Natureza, os fenômenos em que ele intervém estão submetidos a leis e são por isso mesmo tão naturais quanto os que derivam da matéria neutra.

Alguns de tais fenômenos foram reputados sobrenaturais, apenas por ignorância das leis que os regem. Em virtude desse princípio, o Espiritismo não admite o caráter de maravilhoso atribuído a certos fatos, embora lhes reconheça a realidade ou a possibilidade. Não há, para ele, milagres, no sentido de derrogação das leis naturais, donde se segue que os espíritas não fazem milagres e que é impróprio o qualificativo de taumaturgos que umas tantas pessoas lhes dão.

O conhecimento das leis que regem o princípio espiritual prende-se de modo direto à questão do passado e do futuro do homem. Cinge-se a sua vida à existência atual? Ao entrar neste mundo, vem ele do nada e volta para o nada ao deixá-lo? Já viveu e ainda viverá? Como viverá e em que condições? Numa palavra: donde vem ele e para onde vai? Por que está na Terra e por que sofre aí? Tais as questões que cada um faz a si mesmo, porque são para toda gente de capital interesse e às quais ainda nenhuma doutrina deu solução racional. A que lhe dá o Espiritismo, baseada em fatos, por satisfazer às exigências da lógica e da mais rigorosa justiça, constitui uma das causas principais da rapidez de sua propagação.

O Espiritismo não é uma concepção pessoal, nem o resultado de um sistema preconcebido. É a resultante de milhares de observações feitas sobre todos os pontos do globo e que convergiram para um centro que os coligiu e coordenou. Todos os seus princípios constitutivos, sem exceção de nenhum, são deduzidos da experiência. Esta precedeu sempre a teoria.

O Espiritismo não é solidário com aqueles a quem apraza dizerem-se espíritas, do mesmo modo que a Medicina não o é com os que a exploram, nem a sã religião com os abusos e até crimes que se cometam em seu nome. Ele não reconhece como seus adeptos senão os que lhe praticam os ensinos, isto é, que trabalham por melhorar-se moralmente, esforçando-se por vencer os maus pendores, por ser menos egoístas e menos orgulhosos, mais brandos, mais humildes, mais caridosos para com o próximo, mais moderados em tudo, porque é essa a característica do verdadeiro espírita.

É-se espírita pelo só fato de simpatizar com os princípios da doutrina e por conformar com esses princípios o proceder. Trata-se de uma opinião como qualquer outra, que todos têm o direito de professar, como têm o de ser judeus, católicos, protestantes, simonistas, voltairiano, cartesiano, deísta e, até, materialista.

Coerente com seus princípios, o Espiritismo não se impõe a quem quer que seja; quer ser aceito livremente e por efeito de convicção. Expõe suas doutrinas e acolhe os que voluntariamente o procuram. Não cuida de afastar pessoa alguma das suas convicções religiosas; não se dirige aos que possuem uma fé e a quem essa fé basta; dirige-se aos que, insatisfeitos com o que se lhes dá, pedem alguma coisa melhor.

Assim, desde o começo, o Espiritismo lançou raízes por toda parte. A História nenhum exemplo oferece de uma doutrina filosófica ou religiosa que, em dez anos, tenha conquistado tão grande número de adeptos. Entretanto, não empregou, para se fazer conhecido, nenhum dos meios vulgarmente em uso; propagou-se por si mesmo, pelas simpatias que inspirou.

O Espiritismo proclama a liberdade de consciência como direito natural; reclama-a para os seus adeptos, do mesmo modo que para toda a gente. Respeita todas as convicções sinceras e faz questão da reciprocidade. Da liberdade de consciência decorre o direito de livre-exame em matéria de fé. O Espiritismo combate a fé cega, porque ela impõe ao homem que abdique da sua própria razão; considera sem raiz toda fé imposta, donde o inscrever entre suas máximas: Não é inabalável, senão a fé que pode encarar de frente a razão em todas as épocas da Humanidade.

Fonte: KARDEC, Allan. Obras Póstumas.

quarta-feira, 9 de setembro de 2009

O Social e o Imortal em Chico Xavier

Por José Rodrigues

A passagem de Chico Xavier por este mundo deixa duas contribuições marcantes. No campo social e na investigação da imortalidade. Sem ser rico, contribuiu, pela literatura que veiculou, para farta redistribuição de renda no Brasil. Poucas pessoas, neste país e no mundo, terão tido tanta influência para que bens se transferissem de mãos, visando atingir estratos sociais inferiorizados. Uma peculiaridade da estrutura social brasileira, com das mais elevadas concentrações de renda do planeta, teve, no conteúdo da literatura e no exemplo pessoal do médium, farto apoio para se desenvolver. Uma prática compensatória, sem dúvida, sociologicamente combatida, sob o pressuposto de sua perenização, mas pelo menos discutível, tanto que também defendida por líderes, como Betinho, na sua luta contra a fome.

Se cerca de um terço da população brasileira estão abaixo da linha de pobreza e quase 50 milhões de pessoas encontram-se na faixa da indigência, há mesmo que se fazer transbordar a panela dos que têm para os despossuídos, até que medidas de maior alcance, especialmente no campo da educação, ajam no sentido do encurtamento das diferenças.

Os princípios de uma ética social, o sabemos, estão bem claros na obra também literária de Allan Kardec, afinal, a fonte da inspiração original de um conjunto de ações, inclusive dos espíritos, no chamado sentido do bem. Ainda assim, milhões, certamente, nunca leram, ou o fizeram sem maior aprofundamento filosófico, o texto kardequiano, ao contrário da literatura, a partir de simples mensagens de poucas linhas, retransmitidas por Chico Xavier. Talvez um trabalho silencioso, de tocar a emoção, o sentimento, provocando questionamentos íntimos e o ponto deflagrador de uma ação para além do círculo da casa e da família.

No da comprovação da imortalidade, sempre haverá aqueles que duvidam. Desde as materialização de Kate King, controladas pelo físico William Crookes, a academia emite sinais de desconfiança nas provas da continuidade da vida para além das formas físicas conhecidas. Além disso, brasileiros, de todos os níveis de conhecimento, deram pouquíssima ênfase a esse aspecto, ao contrário do filosófico e moral. Sem esquecer que vasto contingente estruturou uma carapaça religiosa, mística e paralisante, em torno da mediunidade e do que consideram Espiritismo.

As comunicações de espíritos, especialmente de jovens, numa fase da produção mediúnica de Chico Xavier, com informações de caráter exclusivo dos seus respectivos familiares, tiveram forte impacto de credibilidade. Para isto, como para todo o trabalho incansável do médium, tem peso específico sua estrutura moral, seu exemplo de vida. No mínimo, tem-se disponível muita substância para a investigação da imortalidade, são centenas de famílias que podem dar testemunho sobre o antes e o depois da morte de seus parentes.

Por fim e não menos importante, está a contribuição de um homem despojado, que elegeu o próximo como amigo, sem distinções. Diríamos que Francisco Cândido Xavier, nesse ministério de igualdade, antecipou a humanidade em alguns milhares de anos.

José Rodrigues, jornalista e economista, é um dos coordenadores do site Pense - Pensamento Social Espírita.

sábado, 22 de agosto de 2009

Para que somos imortais

Por Amílcar Del Chiaro Filho

Já nos perguntaram: o que o Espiritismo fez de bom para a humanidade? A nossa resposta foi simples. Perguntamos, por nossa vez, se a pessoa disporia de tempo para ouvir o relato que tínhamos a fazer. Ela disse que não, por isso queria um resumo do que pretendíamos dizer. Começamos falando das consolações extraordinárias aos sofredores, aos quem perdem um ente querido, para depois falar da imortalidade.

Dissemos, então: o Espiritismo veio trazer a imortalidade ao homem. Nosso amigo protestou dizendo que todas as religiões pregam a imortalidade, ao que respondemos: a Doutrina Espírita não prega, ela prova que somos imortais, e mais ainda, para que somos imortais, porque isso faz toda a diferença.

Ser imortal para sofrer os tormentos do inferno ou os gozar no paraíso, às vezes, separados dos que amamos, é irracional. O Espiritismo demonstra a imortalidade racional, dinâmica. Somos imortais para crescer, evoluir, alcançar a perfeição, e isto será conseguido através das reencarnações.

Nosso amigo argumentou: ora, a reencarnação não é para pagar as dívidas, os pecados?

Não! Embora seja também para isso, a sua finalidade primeira é o aperfeiçoamento do ser. Deus criou-nos simples e ignorantes, mas propensos a aprender o bem e o mal. Através da extraordinária jornada "palingenésica", ou seja, das reencarnações, partimos deste ponto e miramos o alvo que é a perfeição. Nada prova melhor a imortalidade do que duas coisas, as comunicações dos espíritos dos homens que viveram na Terra, e a reencarnação.

O Espiritismo foi o primeiro a penetrar nesse mundo coberto pelo pano negro do luto, e vedado pelos mistérios das religiões oficiais. Por meio da mediunidade, que é um instrumento tão importante quanto o telescópio é para a astronomia e o microscópio para a medicina, os pesquisadores, a começar por Allan Kardec, adentraram esse mundo invisível, conversaram com os seus habitantes e construíram uma ponte por onde podemos passar para lá, e os espíritos podem vir até nós e comunicarem-se por meios físicos ou inteligentes.

É grande a quantidade de espíritos desconhecidos que não podem provar quem foram, quando viveram na Terra e o que fizeram. Contudo é inumerável a quantidade dos que provaram as suas existências como seres encarnados, com detalhes íntimos irrecusáveis.

Quanto à reencarnação, ela é provada cientificamente, com as investigações de cientistas renomados, como De Rochas, no final do século XIX, Banerjí, Ian Stevenson , Puarick e aqui no Brasi, Hernani Guimarães Andrade. Confirmam eles que a reencarnação está em plena harmonia com as leis da natureza.

Filosoficamente o Espiritismo é que tem as respostas para as perguntas: quem somos? Por que e para que estamos na Terra? De onde viemos? Para onde vamos? Como harmonizar liberdade com responsabilidade?

Moralmente, ou religiosamente, só a reencarnação explica a dor, a infelicidade, o sofrimento, as injustiças, as desigualdades e os males que afligem a humanidade. Por tanto é o Espiritismo que pode impulsionar a reforma moral dos indivíduos, e a transformação social da humanidade.

Nosso amigo disse, basta, porque se não, começarei a me perguntar: por que não sou espírita?