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segunda-feira, 2 de janeiro de 2017
quarta-feira, 30 de dezembro de 2015
Cientista russo teria fotografado a alma no momento da morte?
20:06
Posted by Fabiano Vidal
Allan Kardec, alma, desencarne, Doutrina Espírita, E-farsas, espiritismo, Konstantin Korotov, morte, O Crivo da Razão
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Desde setembro de 2013 circula na Internet, através de redes sociais, a notícia segundo a qual um cientista russo de nome Konstantin Korotov teria conseguido, através de experiências, fotografar o momento no qual a alma (espírito encarnado) deixa o corpo físico no momento da morte. Muitos espíritas tem compartilhado essa suposta descoberta sem a devida preocupação em aferi-la, conforme ensinamento de Allan Kardec.
"O Blog dos Espíritas" recomenda que se receba esse tipo de informação com um pé atrás e que se pesquise a veracidade da mesma. Sempre. Com o intuito de esclarecimento, realizamos pesquisa que comprova nossas suspeitas: tal informação é falsa. Clique aqui para acessar matéria do site E-farsas a respeito.
"Na ausência dos fatos, a dúvida se justifica no homem ponderado." (Allan Kardec)
sexta-feira, 6 de agosto de 2010
O que é a morte – o que é o espírito
Por Cairbar Schutel
A expressão morte, em sua significação literal, não exprime a verdade do fenômeno, que nós, espíritas, com muito justa razão, denominamos desencarnação, porque o ser não se extingue. O Espiritismo demonstra, com a razão, a lógica e os fatos, que, não sendo a alma o produto das conjunções físico-químicas, mas, sim, o agente produtor desses fenômenos, e continua a existir, cessada a sua ação sobre o organismo.
A morte é o despimento do invólucro material, é o abandono do Espírito do seu envoltório carnal. Não sendo este estável, fixo, pois que a matéria corporal se acha sempre em transformação contínua, em mutações, devido ao fluxo e ao refluxo dos elementos que o compõem, não poderia esse agregado de substâncias que se substituem, a todos os momentos, gerar e manter um ser estável, dotado de memória e que se pronuncia com inteligência e virtudes crescentes, tal como observamos, absolutamente independentes dos alimentos que ingerimos, da água que bebemos, do ar que aspiramos.
O Espírito é o tudo dessa máquina humana, é o seu construtor, é o seu mantenedor (mens agitat molem).
O Espírito não é uma entidade abstrata e mitológica, um ser vago, indefinido que, semelhante a uma chama, se extingue quando acaba a vela. É um ser concreto, substancial, também constituído de matéria, quanto à sua parte exterior, mas de matéria ultrarradiante, em cujo corpo se caracterizam sentidos muito mais aperfeiçoados do que os que temos na terra.
O Espírito é um ente limitado pelo seu organismo etéreo, assim como, quando encarnado, (o homem) é limitado pelo seu organismo corpóreo-material.
A constituição do ser humano não é só biológica, física, mas, sim, meta-biológica, metafísica.
As fotografias dos duplos, as moldagens e impressões digitais demonstram, positivamente, a existência, em nós, dos duplos-etéreos, que constituem os nossos corpos espirituais, que não são atingidos nem pelo ferro, nem pelo fogo, nem pela morte.
Por isso é que dizemos: não há morte, mas, sim, separação do Espírito do corpo ou desencarnação. “O que é espírito é espírito, o que é corpo é corpo; há muita diferença entre um e outro”.
Uma é glória do corpo terrestre (glória efêmera); outra é a glória do corpo celestial (glória perene).
Deus não é “deus dos mortos”, mas, sim, dos vivos e, assim como Deus vive e viverá sempre, nós, que somos seus filhos, vivemos e também viveremos sempre.
Tal é a verdade experimental, estudada e que pode ser comprovada a qualquer hora.
O Clarim - Publicado em 26 de setembro de 1936
A expressão morte, em sua significação literal, não exprime a verdade do fenômeno, que nós, espíritas, com muito justa razão, denominamos desencarnação, porque o ser não se extingue. O Espiritismo demonstra, com a razão, a lógica e os fatos, que, não sendo a alma o produto das conjunções físico-químicas, mas, sim, o agente produtor desses fenômenos, e continua a existir, cessada a sua ação sobre o organismo.
A morte é o despimento do invólucro material, é o abandono do Espírito do seu envoltório carnal. Não sendo este estável, fixo, pois que a matéria corporal se acha sempre em transformação contínua, em mutações, devido ao fluxo e ao refluxo dos elementos que o compõem, não poderia esse agregado de substâncias que se substituem, a todos os momentos, gerar e manter um ser estável, dotado de memória e que se pronuncia com inteligência e virtudes crescentes, tal como observamos, absolutamente independentes dos alimentos que ingerimos, da água que bebemos, do ar que aspiramos.
O Espírito é o tudo dessa máquina humana, é o seu construtor, é o seu mantenedor (mens agitat molem).
O Espírito não é uma entidade abstrata e mitológica, um ser vago, indefinido que, semelhante a uma chama, se extingue quando acaba a vela. É um ser concreto, substancial, também constituído de matéria, quanto à sua parte exterior, mas de matéria ultrarradiante, em cujo corpo se caracterizam sentidos muito mais aperfeiçoados do que os que temos na terra.
O Espírito é um ente limitado pelo seu organismo etéreo, assim como, quando encarnado, (o homem) é limitado pelo seu organismo corpóreo-material.
A constituição do ser humano não é só biológica, física, mas, sim, meta-biológica, metafísica.
As fotografias dos duplos, as moldagens e impressões digitais demonstram, positivamente, a existência, em nós, dos duplos-etéreos, que constituem os nossos corpos espirituais, que não são atingidos nem pelo ferro, nem pelo fogo, nem pela morte.
Por isso é que dizemos: não há morte, mas, sim, separação do Espírito do corpo ou desencarnação. “O que é espírito é espírito, o que é corpo é corpo; há muita diferença entre um e outro”.
Uma é glória do corpo terrestre (glória efêmera); outra é a glória do corpo celestial (glória perene).
Deus não é “deus dos mortos”, mas, sim, dos vivos e, assim como Deus vive e viverá sempre, nós, que somos seus filhos, vivemos e também viveremos sempre.
Tal é a verdade experimental, estudada e que pode ser comprovada a qualquer hora.
O Clarim - Publicado em 26 de setembro de 1936
sexta-feira, 25 de junho de 2010
A Morte não existe
22:30
Posted by Fabiano Vidal
Doutrina Espírita, espiritismo, Léon Denis, morte, Reencarnação, vida além da morte
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A morte é uma simples mudança de estado, a destruição de uma forma frágil que já não proporciona à vida as condições necessárias ao seu funcionamento e à sua evolução. Para além da campa, abre-se uma nova fase de existência. O Espírito, debaixo da sua forma fluídica, imponderável, prepara-se para novas reencarnações; acha no seu estado mental os frutos da existência que findou.
Por toda parte se encontra a vida. A Natureza inteira mostra-nos, no seu maravilhoso panorama, a renovação perpétua de todas as coisas. Em parte alguma há a morte, como, em geral, é considerada entre nós; em parte alguma há o aniquilamento; nenhum ente pode perecer no seu princípio de vida, na sua unidade consciente. O Universo transborda de vida física e psíquica. Por toda parte o imenso formigar dos seres, a elaboração de almas que, quando escapam às demoradas e obscuras preparações da matéria, é para prosseguirem, nas etapas da luz, a sua ascensão magnífica.
A vida do homem é como o Sol das regiões polares durante o estio. Desce devagar, baixa, vai enfraquecendo, parece desaparecer um instante por baixo do horizonte. É o fim, na aparência; mas, logo depois, torna a elevar-se, para novamente descrever a sua órbita imensa no céu.
A morte é apenas um eclipse momentâneo na grande revolução das nossas existências; mas, basta esse instante para revelar-nos o sentido grave e profundo da vida. A própria morte pode ter também a sua nobreza, a sua grandeza. Não devemos temê-la, mas, antes, nos esforçar por embelezá-la, preparando-se cada um constantemente para ela, pela pesquisa e conquista da beleza moral, a beleza do Espírito que molda o corpo e o orna com um reflexo augusto na hora das separações supremas. A maneira por que cada qual sabe morrer é já, por si mesma, uma indicação do que para cada um de nós será a vida do Espaço.
Há como uma luz fria e pura em redor da almofada de certos leitos de morte. Rostos, até aí insignificantes, parecem aureolados por claridades do Além. Um silêncio imponente faz-se em volta daqueles que deixaram a Terra. Os vivos, testemunhas da morte, sentem grandes e austeros pensamentos desprenderem-se do fundo banal das suas impressões habituais, dando alguma beleza à sua vida interior. O ódio e as más paixões não resistem a esse espetáculo. Ante o corpo de um inimigo, abranda toda a animosidade, esvai-se todo o desejo de vingança. Junto de um esquife, o perdão parece mais fácil, mais imperioso o dever.
Toda morte é um parto, um renascimento; é a manifestação de uma vida até aí latente em nós, vida invisível da Terra, que vai reunir-se à vida invisível do Espaço. Depois de certo tempo de perturbação, tornamos a encontrar-nos, além do túmulo, na plenitude das nossas faculdades e da nossa consciência, junto dos seres amados que compartilharam as horas tristes ou alegres da nossa existência terrestre. A tumba apenas encerra pó. Elevemos mais alto os nossos pensamentos e as nossas recordações, se quisermos achar de novo o rastro das almas que nos foram caras.
Não peçais às pedras do sepulcro o segredo da vida. Os ossos e as cinzas que lá jazem nada são, ficai sabendo. As almas que os animaram deixaram esses lugares, revivem em formas mais sutis, mais apuradas. Do seio do invisível, onde lhes chegam as vossas orações e as comovem, elas vos seguem com a vista, vos respondem e vos sorriem. A Revelação Espírita ensinar-vos-á a comunicar com elas, a unir os vossos sentimentos num mesmo amor, numa esperança inefável.
Muitas vezes, os seres que chorais e que ides procurar no cemitério estão ao vosso lado. Vêm velar por vós aqueles que foram o amparo da vossa juventude, que vos embalaram nos braços, os amigos, companheiros das vossas alegrias e das vossas dores, bem como todas as formas, todos os meigos fantasmas dos seres que encontrastes no vosso caminho, os quais participaram da vossa existência e levaram consigo alguma coisa de vós mesmos, da vossa alma e do vosso coração. Ao redor de vós flutua a multidão dos homens que se sumiram na morte, multidão confusa, que revive, vos chama e mostra o caminho que tendes de percorrer.
Ó morte, ó serena majestade! Tu, de quem fazem um espantalho, és para o pensador simplesmente um momento de descanso, a transição entre dois atos do destino, dos quais um acaba e o outro se prepara. Quando a minha pobre alma, errante há tantos séculos através dos mundos, depois de muitas lutas, vicissitudes e decepções, depois de muitas ilusões desfeitas e esperanças adiadas, for repousar de novo no teu seio, será com alegria que saudará a aurora da vida fluídica; será com ebriedade que se elevará do pó terrestre, através dos espaços insondáveis, em direção àqueles a quem estremeceu neste mundo e que a esperam.
Para a maior parte dos homens, a morte continua a ser o grande mistério, o sombrio problema que ninguém ousa olhar de frente. Para nós, ela é a hora bendita em que o corpo cansado volve à grande Natureza para deixar à Psique, sua prisioneira, livre passagem para a Pátria Eterna.
Essa pátria é a Imensidade radiosa, cheia de sóis e de esferas. Junto deles, como há de parecer raquítica a nossa pobre Terra” O Infinito envolve-a por todos os lados. O infinito na extensão e o infinito na duração, eis o que se nos depara, quer se trate da alma, quer se trate do Universo.
Assim como cada uma das nossas existências tem o seu termo e há de desaparecer, para dar lugar a outra vida, assim também cada um dos mundos semeados no Espaço tem de morrer, para dar lugar a outros mundos mais perfeitos.
Dia virá em que a vida humana se extinguirá no Globo esfriado. A Terra, vasta necrópole, rolará, soturna, na amplidão silenciosa.
Hão de elevar-se ruínas imponentes nos lugares onde existiram Roma, Paris, Constantinopla, cadáveres de capitais, últimos vestígios das raças extintas, livros gigantescos de pedra que nenhum olhar carnal voltará a ler. Mas, a Humanidade terá desaparecido da Terra somente para prosseguir, em esferas mais bem dotadas, a carreira de sua ascensão. A vaga do progresso terá impelido todas as almas terrestres para planetas mais bem preparados para a vida. É provável que civilizações prodigiosas floresçam a esse tempo em Saturno e Júpiter; ali se hão de expandir humanidades renascidas numa glória incomparável. Lá é o lugar futuro dos seres humanos, o seu novo campo de ação, os sítios abençoados onde lhes será dado continuarem a amar e trabalhar para o seu aperfeiçoamento.
No meio dos seus trabalhos, a triste lembrança da Terra virá talvez perseguir ainda esses Espíritos; mas, das alturas atingidas, a memória das dores sofridas, das provas suportadas, será apenas um estimulante para se elevarem a maiores alturas.
Em vão a evocação do passado, lhes fará surgir à vista os espectros de carne, os tristes despojos que jazem nas sepulturas terrestres. A voz da sabedoria dir-lhes-á: “Que importa as sombras que se foram! Nada perece. Todo ser se transforma e se esclarece sobre os degraus que conduzem de esfera em esfera, de sol em sol, até Deus”. Espírito imorredouro, lembra-te disto: “A morte não existe”.
Léon Denis - O Problema do Ser, do Destino e da Dor.
sábado, 6 de março de 2010
Desencarnação: Processo de Transição
17:38
Posted by Fabiano Vidal
Allan Kardec, desencarne, Doutrina Espírita, espiritismo, espírito, morte
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Morte é a cessação da vida orgânica; desencarnação é a libertação do Espírito imortal, período de transição, na sua mudança de plano. "A morte é hereditária" (1) e quando o corpo morre, o Espírito está pronto para delivrar-se, porque "não é a partida do Espírito que causa a morte do corpo; esta é que determina a partida do Espírito;"(2) mas este, nem sempre está em condições de fazê-lo. Neste caso, a morte biológica acontece mas, o Espírito não se desprende, não se liberta, fica preso ao corpo físico, isto é, continua encarnado, porque "nem todos os que morrem desencarnam." (3)
"Disse-nos, certa vez, um suicida: ‘Não estou morto.’ E acrescentava: ‘No entanto sinto os vermes a me roerem.’ Ora indubitavelmente, os vermes não lhe roíam o perispírito e ainda menos o Espírito; roíam-lhe apenas o corpo. (...) Era antes a visão do que se passava com o corpo, ao qual ainda o conservava ligado o perispírito, o que lhe causava a ilusão, que ele tomava por realidade." (4)
A reencarnação não é um processo punitivo, mas educativo, pois aqui "é escola, é prisão, é hospital"; para atingir a perfeição, a felicidade e a plenitude, é necessário renovar-se na experiência da matéria densa.. Tendo escolhido o caminho do progresso, evoluído, e assim realizado a sua reforma íntima, ou, ao contrário estagnado, com a ressalva que, por mínimo que seja, sempre se evolui alguma cousa, inexoravelmente sobrevém a morte (Fig. 1) , que é a fatalidade do corpo físico, assim como "a evolução é a fatalidade do Espírito"(5), um dos objetivos da reencarnação.(4); o outro é " trabalhar para o Universo, como o Universo trabalha para nós, tal é o segredo do destino" (6), "é por o Espírito em condições de suportar a parte que lhe toca na obra da criação (...) e concorrendo para a obra geral, ele próprio se adianta." (4) (FIG. 1); este último é atingido consciente ou inconscientemente pelo Espírito. A reestruturação ou não de seu perispírito, vai depender em ter atingido ambos os objetivos, com influências importantes no seqüênciamento do processo desencarnatório. Quanto mais depurado esteja mais fácil se torna o seu desligamento gradual, porque "os laços se desatam, não se quebram." .(4)
Dois fatores são seqüenciais à morte (Fig. 1), ocorrendo paralelamente e vinculados às suas circunstâncias e ao grau evolutivo do Espírito desencarnante:
o desprendimento do corpo físico
a perturbação do Espírito.

Léon Denis assinala que deveríamos chorar na hora da reencarnação, que é um momento de intenso sofrimento para o Espírito, e rirmos na hora da morte, quando o Espírito se liberta, já que encarnação é seu encarceramento fluídico e a desencarnação a sua libertação; isto, é importante frisar, se o Espírito cumpriu os objetivos da encarnação, porque se não o fez, serão dois choros, um ao encarnar e o outro ao desencarnar, tal a influência que esta sua conduta projetará na desencarnação.
O desprendimento.
Ao reencarnar o Espírito se liga ao corpo, através de seu perispírito, que a ele se une, molécula a molécula, átomo a átomo e ao desencarnar, inversamente se desprende, também, átomo a átomo, molécula a molécula.
O princípio vital e´ "o interruptor da vida",(7) enquanto que o fluido vital é a eletricidade que carrega nossas baterias, o fluido cósmico animalizado; ao ser desligado aquele, a vida se esvai, cessa e sobrevem a morte (morte natural), que se dá por esgotamento do fluido vital ou embora com sua presença, por falência orgânica súbita (morte violenta), ficando ele impotente para transmitir o movimento da vida. (8) Esta fuga energética do corpo físico e do perispírito, que se encontravam dela impregnados, desde o primeiro instante da concepção, realiza-se de forma suave ou abrupta,(Fig. 1) de acordo com a sua distribuição, que é peculiar a cada ser, a cada órgão, a cada célula; há nos centros vitais ou de força, maior atividade vital e pontos de ligação com maior densidade entre o Espírito-perispírito e o corpo físico; destes o que tem mais forte esta união com o Espírito, via perispírito, é o centro coronário ou regente que, pelo fato mesmo, é o último que se desliga, desfazendo-se as conexões Espírito-perispírito-glândula pineal, a "glândula da vida espiritual". O rompimento destes laços fluídico-magnéticos que compõe o cordão fluídico ou de prata, representa o selo da desencarnação, iniciando-se pelas extremidades e terminando, como dissemos, no cérebro.
A natureza das demais ligações dos centros vitais, variam de acordo com cada ser, dependentes da evolução do Espírito, modulador e estruturador do perispírito e portanto de suas ligações com a matéria densa, através dos centros vitais controladores e seus órgãos súditos e que serviço prestou ao comandante de suas ações_ o Espírito. Assim quem usou desregradamente o sexo, ou praticou aborto, por exemplo, terá suas ligações com o centro vital genésico difíceis de serem desligadas; quem foi tabagista inveterado, igualmente terá fortes ligações fluídico-magnéticas com o centro cardíaco, a retardar o processo desencarnatório, e daí por diante.
Assim o desprendimento acontece de forma lenta (envelhecimento natural, doenças crônicas, etc.) por esgotamento do fluido vital, ou de forma abrupta (morte violenta: acidentes, desastres, assassinatos, suicídios) por injúria grave, determinando a incapacidade funcional orgânica definitiva.(FIG. 1); nos primeiros, o desligamento já vinha se fazendo quando ocorreu a morte e nos últimos, a morte corresponde ao início do processo desencarnatório; eqüivale a dizer que o período morte-libertação, genericamente, é maior nestes. Com os Espíritos evoluídos ocorre que o momento da morte corresponde ao da libertação, mas, ao contrário, certos Espíritos que têm seu perispírito ainda muito densificado, ficam presos ainda ao corpo, após a morte.
"O Espiritismo, pelos fatos cuja observação ele faculta, dá a conhecer os fenômenos que acompanham esta separação, que, às vezes, é rápida, fácil, suave e insensível, ao passo que doutras é lenta, laboriosa, horrivelmente penosa, conforme o estado moral do Espírito, e pode durar meses inteiros", (2) e até anos.
A perturbação.
A consciência é do Espírito e após a morte corporal, ele passa por um período variável de perturbação, de acordo com o estado moral da alma, "fruto das suas construções mentais, emocionais e volitivas" (9) e o gênero ou circunstâncias da morte, para voltar a readquiri-la.
O Espírito purificado se desvencilha dos tênues laços que o prendiam ao corpo físico, tomando então consciência de si mesmo, da sua volta ao mundo espiritual e da memória do passado, que é também do Espírito e aos poucos vai retornando do inconsciente, sediado no perispírito (8); este "livro misterioso, fechado a nossa vista, durante a vida terrena, abre-se no espaço. O espírito adiantado percorre-lhe à vontade as páginas (...)." (6) Nestes casos a sensação é de alívio, como quem acordou de uma intervenção cirúrgica e obteve alta, curado; não é pois, nem penosa, nem duradoura; é um despertamento, pois a "vida na carne é o sono da alma; é o sonho triste ou alegre." (6)
Naqueles Espíritos que não aproveitaram o retorno à vida corporal, para sua evolução, estagnados na escala do progresso, o desencarne será um processo extremamente doloroso, "tétrico, aterrador, ansioso (...) qual horrendo pesadelo" (10), demorado e a perturbação espiritual que se seguirá, será muito intensa e prolongada; muitas vezes, mal se lembram até da última encarnação e muito menos das outras, em mais uma concessão da bondade e da misericórdia divina, mas um dia o farão, pois terão que "entrar no conhecimento do seu estado, antes de serem levadas para o meio cósmico adequado ao seu grau de luz e densidade. "(6)
Na morte violenta, situação não esperada na maioria das vezes pelo Espírito, sua conscientização da morte e conseqüente passagem à vida espiritual é difícil e demorada, tanto mais prolongada quanto menor a evolução espiritual.
Na Espiritualidade.
A espiritualidade não está parada, nem contemplativa, ao contrário, trabalha incessantemente e "Espíritos evoluídos, com fortes vínculos com a caridade", (11) se incumbem da tarefa da desencarnação, ajudando nos desligamentos dos laços que unem o Espírito ao corpo físico, sob influxo do pensamento divino. Espíritos amigos e familiares, já desencarnados, colaboram nesta tarefa. Esta mesma atuação, pode ser prejudicada por Espíritos inimigos, obsessores até, que têm a finalidade de tornar o desligamento mais penoso, contribuindo também para maior perturbação do Espírito desencarnante, seu desafeto.
Destino dos componentes do homem.
Após a morte, o corpo físico desintegra-se, seguindo as leis físico-químicas, que também são divinas, nunca mais voltando a recompor-se, ou destinar-se à ressurreição, que seria desprovida de qualquer finalidade.
O fluido vital volta ao seu lugar de origem _ o fluido cósmico ou universal.
O perispírito poderá apresentar modificações em relação à sua densidade; não se segmenta e não se sedimenta; se depura, tornando-se tanto mais sutil quanto maior for o progresso espiritual.
O Espírito pode apresentar modificações em relação ao seu estado moral reencarnatório, porque o "Espírito evolui, tudo o mais se transforma", por menor que seja esta mesma evolução, às vezes mínima, o que não pode nunca acontecer, é retrogradar.
Conclusão
Um dia, depois da morte corporal, nós teremos um decisivo encontro marcado com nós mesmos, nos recônditos da nossa consciência, apanágio do Espírito, onde foram impressas por Deus as suas leis morais (4); aí serão julgados por ela, todos os nossos atos da senda reencarnatória, no uso do nosso livre arbítrio e comparados com os nossos propósitos ao reencarnar, escolhidos ou impostos pela justiça divina, sempre de acordo com as aptidões de cada um; depende de nós, e só de nós, se este será o "dia mais feliz de nossa existência", momento de puro êxtase ou, "ao contrário, o pior deles", o seu momento mais fatídico.
"Cremos que a educação para o desencarne implica na educação para a vida". (9), para que consigamos a morte de que nos fala Hernani Santanna :(12)
"A morte (...) é a liberdade !
É o vôo augusto para a luz divina,
sob as bênçãos da paz da eternidade!
É bem começo de uma nova idade,
antemanhã formosa e peregrina,
da nossa vera e grã felicidade."
BIBLIOGRAFIA
1 _ FORMIGA, Luiz Carlos D. "Dores, Valores, Tabus e Preconceitos", CELD Ed., maio/96, pg.89-102.
2 _ KARDEC, Allan. "A Gênese". 22ª ed. Trad. Guillon Ribeiro. 1980, pg. 215.
3 _ RIBEIRO, Gêmison. "Nem todos que morrem desencarnam." Revista Internacional de Espiritismo, Dez/1999, pg. 504.
4 _ KARDEC, Allan. "O Livro dos Espíritos". 68ª ed.: FEB, 1987. perg. 132, 155, 257, 621.
5 _ SANTOS, Edson Ribeiro dos. Comunicação pessoal.
6 _ DENIS, Léon. "O Problema do Ser, do Destino e da Dor." 4ª ed. 1936: FEB, pg. 167, 261, 323.
7 _ MELO, Jacob. "O Passe". 8ª ed.: FEB,1992, pg 60.
8 _ MOREIRA, Fernando Augusto. "Fisiologia da Alma". Revista Inter-nacional de Espiritismo, Out/2000, pg.399.
9 _ JERRI, Roberto. "A Fisiologia do Desencarne" A Reencarnação. Nº 414, ano XIII, 1º semestre, 1997, pg. 39 e 42.
10 _ KARDEC, Allan. "O Céu e o Inferno". 37ª ed. Trad. Manuel J. Quintão: FEB, 1991, pg. 169.
11 _ CARNEIRO, Oscar F. "Reflexões". Ozon Editor, 1960, pg. 15.
12 _ SANTANNA, Hernani. "Canção do Alvorecer". 2ª ed,: FEB, 1983, pg. 46.
quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010
Sempre diante dela - a morte
08:40
Posted by Fabiano Vidal
Doutrina Espírita, espiritismo, espírito, imortalidade, morte, vida além da morte, vidas sucessivas
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Em verdade não temos como nos afastar da presença da morte, ela caminha conosco para onde formos, implacavelmente, até que nos abrace de forma irreversível.
A morte impõe, como característica fundamental, o afastamento físico daqueles que amamos, sempre causando dor moral pungente, pertinaz e profunda nas entranhas sentimentais, emocionais, espirituais.
Estabelecer comparação com outra situação é-nos impossível, pela condição da morte ser inigualável. Os tecidos sutis da alma são atingidos duramente, sem apelação, porque ela obedece cegamente os desígnios divinos.
A morte minimiza o seu impacto quando é aguardada por um enfermidade de longo curso, mas, em chegando o Espírito ao mundo espiritual, a surpresa é invariavelmente a mesma para todos: está frente à imortalidade.
Usando toda uma metodologia imperceptível, ela costuma arrebatar dos braços dos que ficam, os seus afetos, mas, ao mesmo tempo, leva os adversários, engendrando certo tipo de aflição nem sempre bem definida.
A morte é a transferência compulsória de uma para outra vida, sem pedido de permissão aos envolvidos no processo desencarnatório.
As reações são variadas, ou seja, enquanto para uns se constitui em libertação do jugo da carne, para outros são algemas para uma consciência maculada por desmandos cometidos na vilegiatura terrestre.
A morte pode ser considerada como uma concessão divina, malgrado não seja assim compreendida pela maioria, devido à fixação do "sentenciado" às solicitações terrenais, as quais falam mais alto aos seus interesses de ordem imediata e transitória.
O túmulo é local de encontro para todas as criaturas, é lugar onde a igualdade impera; as diferenças existem apenas na maneira como são os corpos cadaverizados guardados para serem transformados em alimento dos animais vermíformes.
Revoltar-se contra a morte é atitude insensata, porque as suas conjunturas são passageiras, logo promovendo, ela mesma, o reencontro dos que se separaram, dando mostras, assim, de que não era definitiva a separação tão amargurada.
Aconselhável nos munirmos de paciência, resignação, prepararmo-nos para o reencontro com a morte e esperarmos confiantes, sabendo que os do outro lado nos aguardam também ansiosos por nos abraçarem, desejarem boas vindas e nos cobrirem de vibrações amorosas.
Dos nossos afetos houve tão somente uma antecipação do retorno ao mundo verdadeiro, o espiritual, continuando eles a viver como aqui prosseguimos nós; não os vemos, mas eles estão conosco, bem mais juntos agora do que antes, amando-nos se os amamos, odiando-nos se por eles nutrimos ódio.
A tristeza e a saudade serão sempre dissipadas pela convicção que possuímos de que os reencontraremos.
Utilizemos as nossas horas na produção do bem pensando neles, e a eles oferecendo os nossos gestos de amor e caridade, convertendo a separação em motivo para a prática do Bem em prol da felicidade de alguém ou, pelo menos, da suavização da dor alheia, tudo em nome deles, que é a melhor forma de os reverenciarmos.
Se porventura quisermos fazer mais em memória deles, coloquemos em seus lugares um dos órfãos do amor, do bem-estar material, os mais carentes, enfim, procedimento que receberá deles, naturalmente, toda benção, sendo esse gesto motivo para que eles mais de nós se acercarem.
Dirigindo as nossas atenções para o bem do próximo, a dor da saudade sofrerá grande queda, arrefecer-se-ão seus grilhões e estaremos mais libertos para a continuidade dos compromissos aqui iniciados e que precisam de conclusão.
Indubitavelmente, a maior expressão de amor é dar a vida pela vida de outras criaturas, como fez JESUS após encaminhar João para Maria na hora de Sua crucificação, e ela a ele, para que juntos, por carinho e tributo à Sua Vida, não esmorecessem na preservação de Sua mensagem.
Vamos enxugar as nossas lágrimas, meditar na nossa imortalidade, entregarmo-nos ao trabalho edificante, transformando todos os nossos instantes em esperança na felicidade porvindoura.
terça-feira, 15 de dezembro de 2009
A Vida Além da Morte: Memórias de um Psiquiatra
22:34
Posted by Fabiano Vidal
A Roda da Vida, Allan Kardec, Brasil, desencarne, Doutrina Espírita, Elisabeth Kübler-Ross, espiritismo, morte, vida além da morte
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“Onde está, ó morte, a tua vitória? Onde está, ó morte, o teu aguilhão?” Paulo (l Cor, 15:55.)
Em 1998 foi lançado no Brasil o livro A Roda da Vida: memórias do viver e do morrer, da psiquiatra americana Elisabeth Kübler-Ross, que faz nesta obra sua autobiografia. A partir de determinada fase de sua vida profissional como médica, a Dra. Kübler-Ross se lançou como pioneira na investigação do fenômeno da morte e do morrer, especificamente em pacientes terminais. E após décadas de pesquisas, entrevistas, livros publicados e a vivência do dia-a-dia com a dor daqueles que estão morrendo, chega à seguinte conclusão: a morte não existe!
Para nós, espíritas, é uma afirmação mais do que natural. Mas, Elisabeth Kübler-Ross sofreu muitas perseguições e preconceitos a partir dessa postura, principalmente dos colegas de profissão. Nessas memórias é relatado todo o seu processo de descoberta da inexistência da morte, tendo participado de várias reuniões de intercâmbio mediúnico a partir dos anos 70, nas quais encontrou o estímulo dos seus amigos desencarnados para continuar sua principal tarefa: dizer ao mundo que a morte não existe.
Em determinado trecho do seu livro, no capítulo intitulado “A Vida Além da Morte”, relata que apesar de ter tratado durante vários anos de doentes terminais e com eles convivido, não acreditava na vida depois da morte. Mas, os fatos viriam provar o contrário.
Por volta de 1973 a Dra. Kübler-Ross, junto com seus assistentes, tinham entrevistado, aproximadamente, vinte mil pessoas à beira da morte. O interessante é que os relatos eram muito semelhantes. A partir deles chegou a uma nova definição de morte diferente da definição tradicional como o fim de tudo. Passou a considerar como prova a de que o homem possui (ou é) um Espírito (ou alma) e que além da existência física, algo sobrevivia e continuava. De acordo com suas entrevistas notou que o processo do morrer ocorria em diversas fases distintas, as quais resumiremos e nos fixaremos na fase 4, que mais especialmente nos interessa.
Na fase 1 (segundo seu relato) as pessoas, em determinado momento, flutuavam fora de seus corpos e presenciavam tudo o que se passava ao redor, inclusive ouvindo o que outras pessoas falavam entre si, testemunhando, após a volta ao corpo físico, o que tinham presenciado e escutado.
Na fase 2, elas se sentiam extremamente reconfortadas ao descobrirem que nenhum ser humano morre sozinho, encontrando amigos, familiares ou aqueles que denominavam como seus guias.
Na fase 3, guiados por seus “anjos da guarda”, os pacientes se viam entrando por lugares descritos como túneis, portões intermediários, pontes, desfiladeiros de montanhas, vales etc.
Na fase 4, Elisabeth relata que: “Neste estágio as pessoas passavam por uma revisão de suas vidas, um processo no qual se viam diante da totalidade de suas vidas.
Repassavam cada ação, palavra e pensamento. As razões de cada uma de suas decisões, pensamentos e ações tornavam-se compreensíveis. Viam como suas ações tinham afetado outras pessoas, até pessoas desconhecidas. Viam o que suas vidas poderiam ter sido, o potencial que tinham. Era mostrado a elas de que modo as vidas de todas as pessoas estão entrelaçadas, que cada pensamento e ação tem o efeito de uma ondulação e que esta atinge todas as outras formas de vida do planeta.”
Vemos em seus relatos um paralelo importante com a Doutrina Espírita. Allan Kardec, em O Livro dos Espíritos2 na questão 306, pergunta aos Benfeitores espirituais:
306. O Espírito se lembra, pormenorizadamente, de todos os acontecimentos de sua vida? Apreende o conjunto deles de um golpe de vista retrospectivo?
R: Lembra-se das coisas, de conformidade com as conseqüências que delas resultaram para o estado em que se encontra como Espírito errante (...).
Nos itens a e b, da mesma questão, os Espíritos benfeitores mostram que a lembrança de muitos acontecimentos em suas minudências é de grande importância para nós, desde que tenha utilidade. A pessoa compreende a necessidade de sua purificação em cada existência, ou seja, o esforço para melhorar-se moral e intelectualmente. Na questão 307 continua:
307. Como é que ao Espírito se lhe desenha na memória a sua vida passada? Será por esforço da própria imaginação, ou como um quadro que se lhe apresenta à vista?
R: De uma e outra formas. São-lhe como que presentes todos os atos de que tenha interesse em lembrar-se (...).
Esse fenômeno, percebido por Elisabeth Kübler-Ross em quase todas as suas entrevistas, vai encontrar um respaldo mais detalhado em diversos relatos contidos nos livros do Espírito André Luiz, que chamaremos de visão panorâmica pós-morte.
Em uma de suas obras3, na desencarnação de Dimas, o assistente Jerônimo, junto de André Luiz, efetuando o desligamento final, assevera:
“(...) Por enquanto, repousará ele na contemplação do passado, que se lhe descortina em visão panorâmica no campo interior.”
As narrativas e os relatos efetuados pelos pacientes da Dra. Kübler-Ross vêm confirmar as respostas dadas pelos Espíritos responsáveis pela codificação do Espiritismo:
a de que a morte não existe e que a vida continua. Acrescentando, ainda, que no instante do trânsito para “o lado de lá” somos convidados a um exame de todas as nossas atitudes na última existência, bem como das conseqüências de nossas ações e omissões. Conforme nos aponta o Espírito Emmanuel, com as palavras da sabedoria e da experiência:
“(...) a maior surpresa da morte carnal é a de nos colocar face a face com a própria consciência, onde edificamos o céu, estacionamos no purgatório ou nos precipitamos no abismo infernal (...).” 4
Referências Bibliográficas:
1. KÜBLER-ROSS, Elisabeth. A Roda da Vida. GMT: Rio de Janeiro: 1998, parte III, p. 214.
2. KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. 83. ed., Rio de Janeiro: FEB, 2002, Parte 2a, cap. VI, item “Recordação da existência corpórea”.
3. XAVIER, Francisco Cândido. Obreiros da Vida Eterna, pelo Espírito André Luiz. 2. ed. especial, Rio de Janeiro: FEB, 2003, cap. 13, p 233.
4. Nosso Lar, pelo Espírito André Luiz, 2. ed. especial, Rio de Janeiro: FEB, 2003, “Novo amigo”, p. 9.
Fonte: O Reformador – set/2004
sábado, 5 de dezembro de 2009
A Encarnação dos Espíritos
21:01
Posted by Fabiano Vidal
a gênese, Allan Kardec, Corpo, Encarnação, espiritismo, morte, Nascimento, perispírito
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O Perispírito
Pela sua essência espiritual, o Espírito é um ser indefinido, abstrato, que não pode ter ação direta sobre a matéria, sendo-lhe indispensável um intermediário, que é o envoltório fluídico, o qual, de certo modo, faz parte integrante dele. É semimaterial esse envoltório, isto é, pertence à matéria, pela sua origem, e à espiritualidade, pela sua natureza etérea. Como toda matéria, ele é extraído do fluido cósmico universal, que, nessa circunstância, sofre uma modificação especial. Esse envoltório, denominado perispírito, faz de um ser abstrato, o Espírito, um ser concreto, definido, apreensível pelo pensamento. Torna-o apto a atuar sobre a matéria tangível, conforme se dá com todos os fluidos imponderáveis, que são, como se sabe, os mais poderosos motores.
O fluido perispirítico constitui, pois, o traço de união entre o Espírito e a matéria. Enquanto aquele se acha unido ao corpo, serve-lhe ele de veículo ao pensamento, para transmitir o movimento às diversas partes do organismo, as quais atuam sob a impulsão da sua vontade e para fazer que repercutam no Espírito as sensações que os agentes exteriores produzam. Servem-lhe de fios condutores os nervos como, no telégrafo, ao fluido elétrico serve de condutor o fio metálico.
O Nascimento
Quando o Espírito tem de encarnar num corpo humano em vias de formação, um laço fluídico, que mais não é do que uma expansão do seu perispírito, o liga ao gérmen que o atrai por uma força irresistível, desde o momento da concepção. À medida que o gérmen se desenvolve, o laço se encurta. Sob a influência do princípio vital-material do gérmen, o perispírito, que possui certas propriedades da matéria, se une, molécula a molécula, ao corpo em formação, donde poder dizer-se que o Espírito, por intermédio do seu perispírito, se enraíza, de certa maneira, nesse gérmen, como uma planta na terra. Quando o gérmen chega ao seu pleno desenvolvimento, completa é a união; nasce então o ser para a vida exterior.
Um fenômeno particular, que a observação igualmente assinala, acompanha sempre a encarnação do Espírito. Desde que este é apanhado no laço fluídico que o prende ao gérmen, entra em estado de perturbação, que aumenta, à medida que o laço se aperta, perdendo o Espírito, nos últimos momentos, toda a consciência de si próprio, de sorte que jamais presencia o seu nascimento. Quando a criança respira, começa o Espírito a recobrar as faculdades, que se desenvolvem à proporção que se formam e consolidam os órgãos que lhes hão de servir às manifestações.
Mas, ao mesmo tempo em que o Espírito recobra a consciência de si mesmo, perde a lembrança do seu passado, sem perder as faculdades, as qualidades e as aptidões anteriormente adquiridas, que haviam ficado temporariamente em estado de latência e que, voltando à atividade, vão ajudá-lo a fazer mais e melhor do que antes. Ele renasce qual se fizera pelo seu trabalho anterior; o seu renascimento lhe é um novo ponto de partida, um novo degrau a subir. Ainda aí a bondade do Criador se manifesta, porquanto, adicionada aos amargores de uma nova existência, a lembrança, muitas vezes aflitiva e humilhante, do passado, poderia turbá-lo e lhe criar embaraços. Ele apenas se lembra do que aprendeu, por lhe ser isso útil. Se às vezes lhe é dado ter uma intuição dos acontecimentos passados, essa intuição é como a lembrança de um sonho fugitivo. Ei-lo, pois, novo homem, por mais antigo que seja como Espírito. Adota novos processos, auxiliado pelas suas aquisições precedentes. Quando retorna à vida espiritual, seu passado se lhe desdobra diante dos olhos e ele julga como empregou o tempo, se bem ou mal.
Não há, portanto, solução de continuidade na vida espiritual, sem embargo do esquecimento do passado. Cada Espírito é sempre o mesmo eu, antes, durante e depois da encarnação, sendo esta, apenas, uma fase da sua existência. O próprio esquecimento se dá tão-só no curso da vida exterior de relação. Durante o sono, desprendido, em parte, dos liames carnais, restituído à liberdade e à vida espiritual, o Espírito se lembra, pois que, então, já não tem a visão tão obscurecida pela matéria.
A Morte
Por um efeito contrário, a união do perispírito e da matéria carnal, que se efetuara sob a influência do princípio vital do gérmen, cessa, desde que esse princípio deixa de atuar, em conseqüência da desorganização do corpo. Mantida que era por uma força atuante, tal união se desfaz, logo que essa força deixa de atuar. Então, o perispírito se desprende, molécula a molécula, conforme se unira, e ao Espírito é restituída a liberdade. Assim, não é a partida do Espírito que causa a morte do corpo; esta é que determina a partida do Espírito.
O Espiritismo, pelos fatos cuja observação ele faculta, dá a conhecer os fenômenos que acompanham essa separação, que, às vezes, é rápida, fácil, suave e insensível, ao passo que doutras é lenta, laboriosa, horrivelmente penosa, conforme o estado moral do Espírito, e pode durar meses inteiros.
Considerações Gerais
Normalmente, a encarnação não é uma punição para o Espírito, conforme pensam alguns, mas uma condição inerente à inferioridade do Espírito e um meio de ele progredir. A obrigação que tem o Espírito encarnado de prover o alimento ao corpo, à sua segurança, ao seu bem-estar, o força a empregar suas faculdades em investigações, a exercitá-las e desenvolvê-las. Útil, portanto, ao seu adiantamento é a sua união com a matéria. Daí o constituir uma necessidade a encarnação. Além disso, pelo trabalho inteligente que ele executa em seu proveito, sobre a matéria, auxilia a transformação e o progresso material do globo que lhe serve de habitação. É assim que, progredindo, colabora na obra do Criador, da qual se torna fator inconsciente.
Todavia, a encarnação do Espírito não é constante, nem perpétua: é transitória. Deixando um corpo, ele não retoma imediatamente outro. Durante mais ou menos considerável lapso de tempo, vive da vida espiritual, que é a sua vida normal, de tal sorte que insignificante vem a ser o tempo que lhe duram as encarnações, se comparado ao que passa no estado de Espírito livre.
No intervalo de suas encarnações, o Espírito progride igualmente, no sentido de que aplica ao seu adiantamento os conhecimentos e a experiência que alcançou no decorrer da vida corporal; examina o que fez enquanto habitou a Terra, passa em revista o que aprendeu, reconhece suas faltas, traça planos e toma resoluções pelas quais conta guiar-se em nova existência, com a idéia de melhor se conduzir. Desse jeito, cada existência representa um passo para frente no caminho do progresso, uma espécie de escola de aplicação.
Fonte: “A Gênese” – Allan Kardec
segunda-feira, 23 de novembro de 2009
Educação para a Vida
21:32
Posted by Fabiano Vidal
Allan Kardec, Doutrina Espírita, espíritas, espiritismo, espíritos, imortalidade, Jesus, morte, Reencarnação, vida além da morte, vidas sucessivas
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Fomos educados para a morte.
Foi-nos incutido o medo de um dia encontrarmos o nada. De repente tudo deixaria de fazer sentido. Tudo quanto fizemos, tudo quanto construímos, as pessoas que amamos, aquelas que detestamos, tudo isso acabaria. Foi essa a noção de vida que nos foi dada, e claro, acreditamos, apesar de não fazer grande sentido, pois estes valores põem em causa o Amor preconizado por Jesus. Mas, à primeira vista, parece não haver outra solução que não acabar tudo abruptamente.
É uma cultura, são estilos de vida, que vêm dos nossos antepassados.
No entanto, Jesus, querendo nos consolar, disse: “Não se turve teu coração!”.
Que quis ele dizer com isso?
Teria sido uma simples expressão? – Não nos parece.
Uma profundidade, bem grande, tem essa advertência.
Há que parar para pensar um pouco. Às vezes também nos é exigido pensar!
Então não deixemos que se perturbe o nosso pensamento.
Fará sentido que tudo acabe?
- Uns preferem pensar que sim. É-lhes mais fácil, pois acham-se no direito de extravasar as suas emoções, atitudes, acabando, na maioria das vezes, por prejudicar os outros, pois afinal há que aproveitar a vida ao máximo mesmo usurpando quem está por perto.
- Nós espíritas, sabemos que não é assim.
Se assim fosse, Jesus ter-nos-ia enganado, prometendo a Terra como esperança de uma vida melhor.
A Doutrina Espírita assenta em 3 vertentes: Ciência, Filosofia e Moral.
Como ciência investiga os fenômenos espíritas dando-lhes credibilidade, demonstrando, dentre outras coisas, que a reencarnação é um fato e que assim vida após vida vamos reaparecendo neste globo, cada vez mais conhecedores dos grandes fenômenos da vida.
Graças a essa lei, hoje é-nos permitido o crescimento quer intelectual, moral e espiritual.
Somos hoje o somatório das nossas vidas pretéritas. Trazemos no nosso inconsciente, o conhecimento de que a vida não cessa. Não interessa se acreditamos ou não: sabemo-lo no nosso íntimo que continua.
Chegou o tempo de não deixarmos que a dúvida e o medo nos perturbem. Abramos os olhos, e mais que isso, abramos nosso coração.
A vida continua sim, não restam dúvidas, pois são os próprios espíritos (as almas que outrora animaram o Homem) que nos vêm confirmar isso mesmo, dizendo que não morreram e que se encontram tão vivos quanto nós.
Eis a imortalidade da alma, um dos princípios básicos da Doutrina Espírita.
Com estes conhecimentos estamos a ser educados para a vida, não havendo mais lugar para aquela ideia do vazio.
Formemos as crianças, incutindo-lhes os valores da esperança, pois elas serão os homens do amanhã, e assim a pouco e pouco, vamo-nos despojando das crenças e firmando o conhecimento na certeza do porvir.
Educação para a vida SIM!
quarta-feira, 18 de novembro de 2009
[VÍDEO] - Partida e Chegada - Uma reflexão sobre a morte
10:45
Posted by Fabiano Vidal
Chegada, Doutrina Espírita, espiritismo, espírito, morte, Partida, Reencarnação, vida além da morte, vidas sucessivas
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sábado, 31 de outubro de 2009
Como a Doutrina Espírita vê o dia de finados?
00:07
Posted by Fabiano Vidal
Deus, Doutrina Espírita, espíritas, espiritismo, espíritos, finados, morte, vida além da morte
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O dia de finados está relacionado com a morte. Logo, para falarmos de finados, temos que falar da morte.
A Doutrina Espírita nos mostra que somos Espíritos eternos e imortais. Quando encarnados, temos o corpo físico, o corpo espiritual (o perispírito) e o Espírito. Quando desencarnados, temos o corpo espiritual e o Espírito.
A vontade, a inteligência, as emoções, estão no Espírito.
Logo percebemos que a morte como comumente escutamos, não existe. Ninguém morre, no sentido de acabar, pois o Espírito, conforme dissemos no início é eterno e imortal.
A morte então é uma passagem do plano físico para o plano espiritual, para um descortinar de uma nova existência, mais pulsante, mais bela.
Para isso, é preciso que desenvolvamos nossas qualidades morais, de acordo com os ensinamentos de Jesus.
Embora tenhamos um grande desenvolvimento intelectual, a morte ainda não é bem entendida para a maioria de nós, mesmo os espiritualistas e os espíritas.
Em que sentido falamos isso ? No sentido do apego. Embora já tenhamos alguns conceitos bem delineados em nossa mente, o coração não responde adequadamente a estes conceitos.
O resultado é que temos visto uma enorme quantidade de espíritos desencarnados expressarem suas dificuldades na vida de além túmulo, com relação as saudades de seus entes queridos, realidade que não é diferente para nós que estamos encarnados. Por nosso apego em demasia, criamos situações extremamente desconfortantes, onde entramos em grande desequilíbrio nos momentos de separação.
Não queremos aqui dizer que aquele que compreende a morte não possa sofrer, mas sofrer resignadamente, acreditando antes de tudo em Deus, em sua infinita Misericórdia e vontade.
É preciso modificar a nossa idéia acerca da vida, que não se resume a vida material, mas essencialmente a vida espiritual.
É preciso desenvolver a nossa fé em Deus, é preciso sedimentarmos esta fé, eu diria, e termos absoluta certeza que as nossas preocupações são normalmente infundadas, pois acima de nós estará sempre nosso PAI.
Nossos filhos, nossos pais, são empréstimos que Deus em sua profunda misericórdia nos concede, para que possamos nos desenvolver cada vez mais os nossos instintos, transformando-os em sentimentos para que mais tarde possamos este sentimento enobrecido se torne aquele AMOR que Jesus exemplificou para todos nós.
Além do mais, o nosso desequilíbrio, seja neste ou no plano espiritual, perturba diretamente aqueles que dizemos amar.
Que amor então é esse, que em vez de pacificar, que em vez de fazer o bem, acaba prejudicando?
O dia de finados deve ser visto então como mais um dia em que devemos elevar nosso pensamento a Deus, orando fervorosamente por aqueles que já partiram, para que esta prece, feita sempre de coração, possa ser o bálsamo, possa ser o refrigério, para aqueles que nós amamos e já partiram para a pátria espiritual.
Aliás, a prece está entre os maiores bens que podemos fazer em benefício daqueles que já partiram.
Se quem partiu está na condição de sofrimento ou de perturbação, a prece será de grande benefício.
Se quem partiu está consciente, lúcido de sua realidade espiritual, da mesma forma, a prece chegará como um bálsamo ao coração de quem amamos, pela lembrança e pelo carinho.
Logo, se somos ligados pelos pensamentos, e o podemos fazer mais fortemente através da prece, podemos entender que não é necessário o nosso deslocamento no dia de finados até o cemitério, para transmitirmos os nossos melhores sentimentos.
Não vai aqui nenhuma condenação, pois cada um está dentro do seu campo de entendimento, mas como espíritas, podemos vibrar positivamente de onde estivermos.
Busquemos então desenvolver cada vez mais a nossa fé raciocinada, aquietando nosso coração com a certeza que ninguém neste universo está desamparado, que Deus protege a cada um de seus filhos, para que evitemos o engano de nos sentirmos insubstituíveis.
Mais do que sabermos, é preciso que sintamos. Deus não pode estar somente em nossas mentes, apenas em um conjunto de definições.
Quando a preocupação com um ente que já partiu apertar, lembremos antes de tudo que Deus olha por ele.
Temos visto muitas vezes nas sessões de desobsessão, relatos pungentes, principalmente de mães, que ficam desesperadas por não poderem cuidar mais de seus filhos. Na verdade não percebem que quanto maior o desespero, menor a condição de ajudarmos e sermos ajudados.
Confiemos sempre em Deus. O PAI sabe o que faz, onde Suas leis são perfeitas.
Estes são os apontamentos que temos acerca do dia de finados. Que Deus abençoe a todos nós.
domingo, 30 de agosto de 2009
Ninguém Morre Antes da Hora?
15:49
Posted by Fabiano Vidal
desencarne, Doutrina Espírita, espiritismo, morrer antes da hora, morte
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Por Carlos Augusto Parchen
Muitas vezes nos referimos a morte de uma pessoa como "tendo chegado a hora", ou ainda "ninguém morre antes da hora".
Daí a pergunta que muitos fazem: temos pré-determinada a hora de nossa morte? Ninguém morre antes da hora determinada?
Dentro da visão espírita, temos que analisar dois aspectos importantes quando do nascimento (reencarnação) de um ser humano.
O primeiro aspecto é o potencial genético do corpo formado, resultante da fusão de óvulo e espermatozóide, que determinam a formação de um corpo com determinados potenciais e determinadas limitações.
O segundo aspecto é o potencial energético do perispírito, pois este último promove a ligação do espírito com o corpo físico, arrastando para esse corpo energias positivas e/ou negativas, de acordo com as suas características evolutivas específicas. Essas energias provocam alterações nos potenciais genéticos e de funcionamento do corpo físico.
Da interação entre esses dois aspectos no complexo humano (corpo+perispírito+espírito), temos, teoricamente, estabelecido um potencial de vitalidade ou de energia vital que, em tese, determina um potencial máximo de vida para aquele organismo, ou se quiser simplificar, um tempo máximo de vida orgânica.
Colocamos e destacamos "em tese", pois o exercício do livre arbítrio leva ao perispírito possibilidades de alterar suas características energéticas, com energias positivas ou negativas, o que, por sua vez, altera o potencial de energia vital do complexo humano. Essa alteração pode melhorar ou piorar o potencial de energias vitais.
Da mesma forma, o nosso livre arbítrio também nos leva a utilizar o nosso patrimônio físico, com maior ou menor cuidado com suas necessidades específicas, o que pode gerar um "gasto correto" (econômico) ou um "gasto excessivo" de nossa vitalidade orgânica ou energia vital.
Para melhor explicar isso, vamos exemplificar com o tabagismo (vício de fumar). Estudos e pesquisas internacionais, já muito conhecidas (e reconhecidas), provaram que o consumo de um único cigarro "custa" ao organismo físico o desgaste orgânico equivalente a cerca de 12 a 14 minutos de vida. Isso significa que cada 5 cigarros fumados eqüivalem a "diminuição" de 1 (uma) hora de vida. O que falar então do uso de drogas (tóxicos) e do alcoolismo? Ou ainda da alimentação inadequada, excessiva? Quanto desgaste isso tudo gera ao potencial orgânico?
Fica fácil de entender que a pessoa pode "danificar" seu corpo físico, encurtando seu tempo de vida orgânica em relação ao seu "potencial de vitalidade". Só isso já poria por terra a teoria de que "ninguém morre antes da hora". Quem não cuidar das suas energias no perispírito ( o que está ligado ao equilíbrio espiritual) e do seu corpo físico, diminui seu tempo de vida orgânica, ou seja, "morre antes da hora". Com isso, adquire débito energético, ou seja, necessidade de "resgate" desse "débito" em outra(s) encarnação(ões).
Analisando de um ângulo externo ao próprio complexo humano, temos que nos lembrar que todos estamos numa vida de relação, com outros indivíduos e com a natureza. E sofremos as conseqüências disso.
Vamos exemplificar de forma bem direta: uma determinada pessoa resolve ir a uma festa, ingere muita bebida alcoólica, embriaga-se. De forma imprudente, vai voltar para casa dirigindo seu veículo. Em excesso de velocidade, perde o controle do carro, atingindo um ponto de ônibus, onde atropela e mata 3 pessoas, sendo uma criança, um jovem e um adulto.
Essas três pessoas atropeladas estavam na "sua hora de morrer"? Suas mortes estavam "programadas"? Estava escrito? Estava "previsto" na reencarnação de cada um?
É evidente que não, pois em caso contrário não existiria o livre arbítrio, e tudo no mundo seria determinístico, nos tornando meros "robôs" na passagem terrena.
Aquele motorista embriagado ceifou a vida de pessoas que tinham diferentes potenciais de vida, de alguns anos (o adulto) a várias décadas (criança e jovem), e que ainda poderiam viver muito com seu corpo orgânico. As três pessoas "morreram antes da hora".
Não existe uma "programação de morte". Existe um potencial de vida, que pode mesmo ser "estendido" pelo equilíbrio espiritual e respeito e cuidado com o corpo físico, ou ainda, encurtado pelo próprio indivíduo ou por terceiros, que responderão por isso nesta e em outras vidas.
Se as mortes estivessem programadas, cada movimento em todo o mundo estaria programado. Se uma pessoa morre atropelada numa rua, na hora do "pico" do movimento, em São Paulo, por exemplo, e isso estivesse "programado", o atropelador já nasceria com essa "missão", e para ajustar a sincronia entre atropelador e atropelado, todo o trânsito de São Paulo deveria estar "programado", para que todos os envolvidos se encontrassem naquele exato instante.
Cremos que com esses argumentos, evidencia-se que não existe "hora de morte programada".
O que os espíritas devem cuidar é para não se tornarem crentes do determinismo, acreditando numa "programação absoluta da reencarnação", pois isso fere uma verdade basilar – a do livre arbítrio - , sob a qual reside grande parte da filosofia e doutrina espírita.
É preciso estudar um pouco mais a Lei de Causa e Efeito, relacionando isso com o estudo do registro energético do perispírito, de modo a entendermos o correto mecanismo do "resgate e expiação.
Muitas vezes nos referimos a morte de uma pessoa como "tendo chegado a hora", ou ainda "ninguém morre antes da hora".
Daí a pergunta que muitos fazem: temos pré-determinada a hora de nossa morte? Ninguém morre antes da hora determinada?
Dentro da visão espírita, temos que analisar dois aspectos importantes quando do nascimento (reencarnação) de um ser humano.
O primeiro aspecto é o potencial genético do corpo formado, resultante da fusão de óvulo e espermatozóide, que determinam a formação de um corpo com determinados potenciais e determinadas limitações.
O segundo aspecto é o potencial energético do perispírito, pois este último promove a ligação do espírito com o corpo físico, arrastando para esse corpo energias positivas e/ou negativas, de acordo com as suas características evolutivas específicas. Essas energias provocam alterações nos potenciais genéticos e de funcionamento do corpo físico.
Da interação entre esses dois aspectos no complexo humano (corpo+perispírito+espírito), temos, teoricamente, estabelecido um potencial de vitalidade ou de energia vital que, em tese, determina um potencial máximo de vida para aquele organismo, ou se quiser simplificar, um tempo máximo de vida orgânica.
Colocamos e destacamos "em tese", pois o exercício do livre arbítrio leva ao perispírito possibilidades de alterar suas características energéticas, com energias positivas ou negativas, o que, por sua vez, altera o potencial de energia vital do complexo humano. Essa alteração pode melhorar ou piorar o potencial de energias vitais.
Da mesma forma, o nosso livre arbítrio também nos leva a utilizar o nosso patrimônio físico, com maior ou menor cuidado com suas necessidades específicas, o que pode gerar um "gasto correto" (econômico) ou um "gasto excessivo" de nossa vitalidade orgânica ou energia vital.
Para melhor explicar isso, vamos exemplificar com o tabagismo (vício de fumar). Estudos e pesquisas internacionais, já muito conhecidas (e reconhecidas), provaram que o consumo de um único cigarro "custa" ao organismo físico o desgaste orgânico equivalente a cerca de 12 a 14 minutos de vida. Isso significa que cada 5 cigarros fumados eqüivalem a "diminuição" de 1 (uma) hora de vida. O que falar então do uso de drogas (tóxicos) e do alcoolismo? Ou ainda da alimentação inadequada, excessiva? Quanto desgaste isso tudo gera ao potencial orgânico?
Fica fácil de entender que a pessoa pode "danificar" seu corpo físico, encurtando seu tempo de vida orgânica em relação ao seu "potencial de vitalidade". Só isso já poria por terra a teoria de que "ninguém morre antes da hora". Quem não cuidar das suas energias no perispírito ( o que está ligado ao equilíbrio espiritual) e do seu corpo físico, diminui seu tempo de vida orgânica, ou seja, "morre antes da hora". Com isso, adquire débito energético, ou seja, necessidade de "resgate" desse "débito" em outra(s) encarnação(ões).
Analisando de um ângulo externo ao próprio complexo humano, temos que nos lembrar que todos estamos numa vida de relação, com outros indivíduos e com a natureza. E sofremos as conseqüências disso.
Vamos exemplificar de forma bem direta: uma determinada pessoa resolve ir a uma festa, ingere muita bebida alcoólica, embriaga-se. De forma imprudente, vai voltar para casa dirigindo seu veículo. Em excesso de velocidade, perde o controle do carro, atingindo um ponto de ônibus, onde atropela e mata 3 pessoas, sendo uma criança, um jovem e um adulto.
Essas três pessoas atropeladas estavam na "sua hora de morrer"? Suas mortes estavam "programadas"? Estava escrito? Estava "previsto" na reencarnação de cada um?
É evidente que não, pois em caso contrário não existiria o livre arbítrio, e tudo no mundo seria determinístico, nos tornando meros "robôs" na passagem terrena.
Aquele motorista embriagado ceifou a vida de pessoas que tinham diferentes potenciais de vida, de alguns anos (o adulto) a várias décadas (criança e jovem), e que ainda poderiam viver muito com seu corpo orgânico. As três pessoas "morreram antes da hora".
Não existe uma "programação de morte". Existe um potencial de vida, que pode mesmo ser "estendido" pelo equilíbrio espiritual e respeito e cuidado com o corpo físico, ou ainda, encurtado pelo próprio indivíduo ou por terceiros, que responderão por isso nesta e em outras vidas.
Se as mortes estivessem programadas, cada movimento em todo o mundo estaria programado. Se uma pessoa morre atropelada numa rua, na hora do "pico" do movimento, em São Paulo, por exemplo, e isso estivesse "programado", o atropelador já nasceria com essa "missão", e para ajustar a sincronia entre atropelador e atropelado, todo o trânsito de São Paulo deveria estar "programado", para que todos os envolvidos se encontrassem naquele exato instante.
Cremos que com esses argumentos, evidencia-se que não existe "hora de morte programada".
O que os espíritas devem cuidar é para não se tornarem crentes do determinismo, acreditando numa "programação absoluta da reencarnação", pois isso fere uma verdade basilar – a do livre arbítrio - , sob a qual reside grande parte da filosofia e doutrina espírita.
É preciso estudar um pouco mais a Lei de Causa e Efeito, relacionando isso com o estudo do registro energético do perispírito, de modo a entendermos o correto mecanismo do "resgate e expiação.
quarta-feira, 19 de agosto de 2009
Morte - Ilusão ou Realidade
11:07
Posted by Fabiano Vidal
Allan Kardec, Doutrina Espírita, espiritismo, morte, o livro dos espíritos, Reencarnação, vida além da morte
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Não só em outubro, mas sempre, devemos voltar nossos melhores pensamentos para a figura invulgar do Codificador do Espiritismo, Allan Kardec, ou Hippolyte Leon Denizard Rivail, o nome da última personalidade que este Espírito revestiu na terra.
Uma das básicas mensagens do Espiritismo é a nulificação da morte, entre outras tão importantes. Ele conseguiu, porque desmistificou-a, retirou o véu que encobria a sua realidade espiritual, não só corporal. O corpo transforma-se, seus componentes moleculares serão reaproveitados; o Espírito é imortal. Deixou de ser terrificante, a morte, porque era apenas um fenômeno biológico ainda sem maiores e melhores detalhes.
Lemos certa feita que "O maior ato de injustiça de DEUS seria a morte do homem. DEUS não mata seus filhos; corrige-os, educa-os". Podemos aditar: porque os ama.
A morte perdeu toda a sua caracterização apavorante pelo fato de haver trazido à humanidade, seja espírita ou não, a certeza da vida futura, deixando esta de ser mera hipótese para se constituir em pura realidade.
Toda revelação com respeito à vida espiritual, o estado íntimo e exterior da alma depois da morte física não é mais um sistema, mas o resultado de uma observação realizada com todo critério, o mais científico possível, se nos determos numa conceituação tendo como base a metodologia convencional ainda vigente. O mundo espiritual vai aparecendo na sua plenitude, mas sempre obedecendo uma apresentação gradual, respeitando o nosso grau de compreensão. O mais relevante, e que merece ênfase, é que todo conhecimento retido por nós, espíritos espíritas não é resultado de uma engenhosa concepção do homem muitas vezes fantasista e prisioneiro de suas idiossincrasias, mas foram os próprios habitantes de "lá" quem nos trouxeram os detalhes. Variados são os graus da escala espiritual ocupada por eles, nas fases não só de felicidade como de desgraça, disseram.
É de posse de informações, as mais detalhadas possíveis, que vamos nos capacitando a encarar a morte com mais calma, levando-nos à manutenção de uma certa serenidade, variável é verdade, pois tudo depende do grau de compreensão de cada pessoa. Nossos últimos momentos sobre a Terra não será municiado só de esperança, mas de certeza quanto ao porvir, o que não deixa de ser confortador.
Sabemos que a morte nos leva à continuação desta vida, já que deixamos de revestir um corpo carnal fornecido por empréstimo, enquanto no plano físico estagiarmos. As condições da vida espiritual são melhores do que as aqui vividas, dependendo do que fizemos da existência que finda.
Os motivos desta confiança acham-se embasados nos fatos testemunhados, mas se eles concordarem com a lógica, com a justiça de Deus, tudo refletindo as mais legítimas aspirações de todos os humanos.
A alma para nós não é pura abstração, mas algo consistente, com "forma determinada, limitada e constante" (1), formando uma individualidade que preexiste ao nascimento e sobrevive à sua saída do corpo carnal.
A lembrança dos que se afastaram da nossa percepção sensorial terrena não obedece à figuras ilusórias, assim como chamas fugitivas que nada falam ao pensamento. Os espíritos têm forma concreta que nos é mostrada pensamentalmente como seres viventes. Não estão perdidos nas profundezas do espaço infinito, estão bem pertos de nós, ao nosso redor, transmitindo-nos as suas vibrações que refletem seus estados íntimos. Há assim, identificação do mundo material com o espiritual, quando são mantidas as perpétuas relações segundo os preceitos da fraternidade mais legítima quando há amor como liame.
Desaparece a dúvida sobre o futuro, esfumaça-se o temor da morte, e sua aproximação é sentida da mesma forma como a do que aguarda a libertação, após anos de cativeiro.
Procuremos, através da prática do bem, único caminho para chegarmos à verdadeira libertação espiritual, manter, enquanto aqui estivermos, o sentimento de amor ao semelhante pulsante em nosso peito. Façamos a ele o que gostaríamos que nos fizesse, e, assim, com toda certeza teremos uma chegada feliz no mundo das verdades inapagáveis, sendo recebidos com alegria e paz por todos quanto nos amam.
(1) O Livro dos Espíritos, Kardec, Allan, perg. 88, edição da FEB.
ADÉSIO ALVES MACHADO é Escritor, Orador e Radialista.
Autor dos livros: Ser, Crer e Crescer - Elucidações Para uma Vida Melhor;
Diálogo com Deus - Preces de MEIMEI e Verdades que o tempo não apaga.
domingo, 16 de agosto de 2009
Visão Retrospectiva, no momento da morte
20:33
Posted by Fabiano Vidal
espiritismo, filme, Jesus, morte, vida além da morte, visão retrospectiva
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Este é um dos fenômenos mais singulares que ocorrem em todos os casos de morte natural e, até mesmo, em algumas mortes subitâneas, por acidentes diversos.
A pessoa, nos instantes finais de sua existência, vê passar diante de si, como numa tela de cinema ou num monitor de vídeo, toda a Vida que está prestes a deixar. Os primeiros meses do renascimento, a pré-infância, a infância, a puberdade, a adolescência, a juventude e a fase adulta, tudo, tudo que foi experimentado em cada um desses estágios do desenvolvimento bio-psicológico do ser humano, vem à tona com uma riqueza de pormenores, absolutamente, incomum.
Deve-se este fenômeno ao registro minucioso feito pelo corpo perispiritual de todos os acontecimentos vividos pelo ser humano em cada uma de suas existências. Nada deixa de ser fixado pelo envoltório sutil da alma, e é, graças a essa transcrição minuciosa, que podemos, aqui mesmo, em nosso mundo e, mais tarde, na Vida Espiritual, lembrar-nos de todas as nossas existências pregressas.
Essa visão retrospectiva possibilita ao ser uma contemplação crítica e analítica de todas as ações por ele praticadas, durante a última existência, num prévio julgamento consciencial, com vistas à situação que ele merece na Pátria Espiritual.
Através desse retrospecto, pode o espírito avaliar a imensa distância que ainda o separa de um viver, realmente, pautado dentro da legislação divina. Por outro lado, verifica-se, também, que até o centavo que um dia doamos, como esmola, ao mais humilde dos pedintes, ali está registrado.
0 fenômeno é instantâneo. Acontece num átimo. 0 que mais importa, entretanto, não é a sua duração, mas a sua qualidade. Mesmo os segredos mais íntimos que, por vezes, o ser humano reprime para o seu inconsciente, vêm à tona com absoluta fidelidade, numa demonstração de que nada permanecerá enterrado, para sempre, nos porões da mente.
E isto apenas confirma as palavras de Jesus, quando disse:
Nada há oculto que não venha, um dia, a ser conhecido.
Nessa retrospectiva, os fatos negativos servem de advertência, e possibilitam ao espírito entrever as conseqüências cármicas que, no futuro, eles desencadearão. Isto nas almas -mais esclarecidas, com senso de responsabilidade e noções precisas de Vida Eterna e reencarnação. Já os fatos positivos, também recordados, servem como estímulo a um maior crescimento moral e espiritual nas novas dimensões da Vida em que a alma está penetrando.
0 grande vate português Luiz de Camões, em soneto célebre, afirma: - Numa hora, encontro mil anos e é de jeito que em mil anos não encontro uma hora... De fato, o tempo psicológico do espírito e suas vivências espirituais não são medidos exteriormente com os parâmetros habituais dos ponteiros dos relógios. Esse tempo não cronológico, representado pelo acúmulo de experiências vividas, só pode ser avaliado, interiormente, em visões retrospectivas, no instante da morte, ou nos estados de emancipação da alma. No sonho, no sono hipnótico ou sonambúlico, é perfeitamente possível ao espírito reviver, em segundos, fatos que ocuparam, por vezes, metade de uma existência.
Ao despertar no Além e na posse integral dessa visão panorâmica de sua última existência, o espírito transformar-se-á no grande juiz de si mesmo, no tribunal silencioso de sua consciência...
Cap. 25 do livro Morrer e Depois Editora: A União
domingo, 12 de julho de 2009
O CÉU E O INFERNO - Causas do Temor da Morte

Entretanto, a maior parte dos que nele crêem apresentam-se-nos possuídos de grande amor às coisas terrenas e temerosos da morte! Por quê?
2. - Este temor é um efeito da sabedoria da Providência e uma conseqüência do instinto de conservação comum a todos os viventes. Ele é necessário enquanto não se está suficientemente esclarecido sobre as condições da vida futura, como contrapeso à tendência que, sem esse freio, nos levaria a deixar prematuramente a vida e a negligenciar o trabalho terreno que deve servir ao nosso próprio adiantamento.
Assim é que, nos povos primitivos, o futuro é uma vaga intuição, mais tarde tornada simples esperança e, finalmente, uma certeza apenas atenuada por secreto apego à vida corporal.
3 . - A proporção que o homem compreende melhor a vida futura, o temor da morte diminui; uma vez esclarecida a sua missão terrena, aguarda-lhe o fim calma, resignada e serenamente. A certeza da vida futura dá-lhe outro curso às idéias, outro fito ao trabalho; antes dela nada que se não prenda ao presente; depois dela tudo pelo futuro sem desprezo do presente, porque sabe que aquele depende da boa ou da má direção deste.
A certeza de reencontrar seus amigos depois da morte, de reatar as relações que tivera na Terra, de não perder um só fruto do seu trabalho, de engrandecer-se incessantemente em inteligência, perfeição, dá-lhe paciência para esperar e coragem para suportar as fadigas transitórias da vida terrestre. A solidariedade entre vivos e mortos faz-lhe compreender a que deve existir na Terra, onde a fraternidade e a caridade têm desde então um fim e uma razão de ser, no presente como no futuro.
4. - Para libertar-se do temor da morte é mister poder encará-la sob o seu verdadeiro ponto de vista, isto é, ter penetrado pelo pensamento no mundo espiritual, fazendo dele uma idéia tão exata quanto possível, o que denota da parte do Espírito encarnado um tal ou qual desenvolvimento e aptidão para desprender-se da matéria.
No Espírito atrasado a vida material prevalece sobre a espiritual. Apegando-se às aparências, o homem não distingue a vida além do corpo, esteja embora na alma a vida real; aniquilado aquele, tudo se lhe afigura perdido, desesperador.
Se, ao contrário, concentrarmos o pensamento, não no corpo, mas na alma, fonte da vida, ser real a tudo sobrevivente, lastimaremos menos a perda do corpo, antes fonte de misérias e dores. Para isso, porém, necessita o Espírito de uma força só adquirível na madureza.
O temor da morte decorre, portanto, da noção insuficiente da vida futura, embora denote também a necessidade de viver e o receio da destruição total; igualmente o estimula secreto anseio pela sobrevivência da alma, velado ainda pela incerteza.
Esse temor decresce, à proporção que a certeza aumenta, e desaparece quando esta é completa.
Eis aí o lado providencial da questão. Ao homem não suficientemente esclarecido, cuja razão mal pudesse suportar a perspectiva muito positiva e sedutora de um futuro melhor, prudente seria não o deslumbrar com tal idéia, desde que por ela pudesse negligenciar o presente, necessário ao seu adiantamento material e intelectual.
5. - Este estado de coisas é entretido e prolongado por causas puramente humanas, que o progresso fará desaparecer. A primeira é a feição com que se insinua a vida futura, feição que poderia contentar as inteligências pouco desenvolvidas, mas que não conseguiria satisfazer a razão esclarecida dos pensadores refletidos. Assim, dizem estes: "Desde que nos apresentam como verdades absolutas princípios contestados pela lógica e pelos dados positivos da Ciência, é que eles não são verdades." Daí, a incredulidade de uns e a crença dúbia de um grande número.
A vida futura é-lhes uma idéia vaga, antes uma probabilidade do que certeza absoluta; acreditam, desejariam que assim fosse, mas apesar disso exclamam: "Se todavia assim não for! O presente é positivo, ocupemo-nos dele primeiro, que o futuro por sua vez virá"
E depois, acrescentam, definitivamente que é a alma? Um ponto, um átomo, uma faísca, uma chama? Como se sente, vê ou percebe? E que a alma não lhes parece uma realidade efetiva, mas uma abstração.
Os entes que lhes são caros, reduzidos ao estado de átomos no seu modo de pensar, estão perdidos, e não têm mais a seus olhos as qualidades pelas quais se lhes fizeram amados; não podem compreender o amor de uma faísca nem o que a ela possamos ter. Quanto a si mesmos, ficam mediocremente satisfeitos com a perspectiva de se transformarem em mônadas. Justifica-se assim a preferência ao positivismo da vida terrestre, que algo possui de mais substancial.
É considerável o número dos dominados por este pensamento.
6. - Outra causa de apego às coisas terrenas, mesmo nos que mais firmemente crêem na vida futura, é a impressão do ensino que relativamente a ela se lhes há dado desde a infância. Convenhamos que o quadro pela religião esboçado, sobre o assunto, é nada sedutor e ainda menos consolatório.
De um lado, contorções de condenados a expiarem em torturas e chamas eternas os erros de uma vida efêmera e passageira. Os séculos sucedem-se aos séculos e não há para tais desgraçados sequer o lenitivo de uma esperança e, o que mais atroz é, não lhes aproveita o arrependimento. De outro lado, as almas combalidas e aflitas do purgatório aguardam a intercessão dos vivos que orarão ou farão orar por elas, sem nada fazerem de esforço próprio para progredirem.
Estas duas categorias compõem a maioria imensa da população de além-túmulo. Acima delas, paira a limitada classe dos eleitos, gozando, por toda a eternidade, da beatitude contemplativa. Esta inutilidade eterna, preferível sem dúvida ao nada, não deixa de ser de uma fastidiosa monotonia. É por isso que se vê, nas figuras que retratam os bem-aventurados, figuras angélicas onde mais transparece o tédio que a verdadeira felicidade.
Este estado não satisfaz nem as aspirações nem a instintiva idéia de progresso, única que se afigura compatível com a felicidade absoluta. Custa crer que, só por haver recebido o batismo, o selvagem ignorante - de senso moral obtuso -, esteja ao mesmo nível do homem que atingiu, após longos anos de trabalho, o mais alto grau de ciência e moralidade práticas. Menos concebível ainda é que a criança falecida em tenra idade, antes de ter consciência de seus atos, goze dos mesmos privilégios somente por força de uma cerimônia na qual a sua vontade não teve parte alguma. Estes raciocínios não deixam de preocupar os mais fervorosos crentes, por pouco que meditem.
7. - Não dependendo a felicidade futura do trabalho progressivo na Terra, a facilidade com que se acredita adquirir essa felicidade, por meio de algumas práticas exteriores, e a possibilidade até de a comprar a dinheiro, sem regeneração de caráter e costumes, dão aos gozos do mundo o melhor valor.
Mais de um crente considera, em seu foro íntimo, que assegurado o seu futuro pelo preenchimento de certas fórmulas ou por dádivas póstumas, que de nada o privam, seria supérfluo impor-se sacrifícios ou quaisquer incômodos por outrem, uma vez que se consegue a salvação trabalhando cada qual por si.
Seguramente, nem todos pensam assim, havendo mesmo muitas e honrosas exceções; mas não se poderia contestar que assim pensa o maior número, sobretudo das massas pouco esclarecidas, e que a idéia que fazem das condições de felicidade no outro mundo não entretenha o apego aos bens deste, acoroçoando o egoísmo.
8. - Acrescentemos ainda a circunstância de tudo nas usanças concorrer para lamentar a perda da vida terrestre e temer a passagem da Terra ao céu. A morte é rodeada de cerimônias lúgubres, mais próprias a infundirem terror do que a provocarem a esperança. Se descrevem a morte, é sempre com aspecto repelente e nunca como sono de transição; todos os seus emblemas lembram a destruição do corpo, mostrando-o hediondo e descarnado; nenhum simboliza a alma desembaraçando-se radiosa dos grilhões terrestres. A partida para esse mundo mais feliz só se faz acompanhar do lamento dos sobreviventes, como se imensa desgraça atingira os que partem; dizem-lhes eternos adeuses como se jamais devessem revê-los. Lastima-se por eles a perda dos gozos mundanos, como se não fossem encontrar maiores gozos no além-túmulo. Que desgraça, dizem, morrer tão jovem, rico e feliz, tendo a perspectiva de um futuro brilhante! A idéia de um futuro melhor apenas toca de leve o pensamento, porque não tem nele raízes. Tudo concorre, assim, para inspirar o terror da morte, em vez de infundir esperança.
Sem dúvida que muito tempo será preciso para o homem se desfazer desses preconceitos, o que não quer dizer que isto não suceda, à medida que a sua fé se for firmando, a ponto de conceber uma idéia mais sensata da vida espiritual.
9. - Demais, a crença vulgar coloca as almas em regiões apenas acessíveis ao pensamento, onde se tornam de alguma sorte estranhas aos vivos; a própria Igreja põe entre umas e outras uma barreira insuperável, declarando rotas todas as relações e impossível qualquer comunicação. Se as almas estão no inferno, perdida é toda a esperança de as rever, a menos que lá se vá ter também; se estão entre os eleitos, vivem completamente absortas em contemplativa beatitude. Tudo isso interpõe entre mortos e vivos uma distância tal que faz supor eterna a separação, e é por isso que muitos preferem ter junto de si, embora sofrendo, os entes caros, antes que vê-los partir, ainda mesmo que para o céu.
E a alma que estiver no céu será realmente feliz vendo, por exemplo, arder eternamente seu filho, seu pai, sua mãe ou seus amigos?
Por que os espíritas não temem a morte
10. - A Doutrina Espírita transforma completamente a perspectiva do futuro. A vida futura deixa de ser uma hipótese para ser realidade. O estado das almas depois da morte não é mais um sistema, porém o resultado da observação. Ergueu-se o véu; o mundo espiritual aparece-nos na plenitude de sua realidade prática; não foram os homens que o descobriram pelo esforço de uma concepção engenhosa, são os próprios habitantes desse mundo que nos vêm descrever a sua situação; aí os vemos em todos os graus da escala espiritual, em todas as rases da felicidade e da desgraça, assistindo, enfim, a todas as peripécias da vida de além-túmulo. Eis aí por que os espíritas encaram a morte calmamente e se revestem de serenidade nos seus últimos momentos sobre a Terra. Já não é só a esperança, mas a certeza que os conforta; sabem que a vida futura é a continuação da vida terrena em melhores condições e aguardam-na com a mesma confiança com que aguardariam o despontar do Sol após uma noite de tempestade. Os motivos dessa confiança decorrem, outrossim, dos fatos testemunhados e da concordância desses fatos com a lógica, com a justiça e bondade de Deus, correspondendo às íntimas aspirações da Humanidade.
Para os espíritas, a alma não é uma abstração; ela tem um corpo etéreo que a define ao pensamento, o que muito é para fixar as idéias sobre a sua individualidade, aptidões e percepções. A lembrança dos que nos são caros repousa sobre alguma coisa de real. Não se nos apresentam mais como chamas fugitivas que nada falam ao pensamento, porém sob uma forma concreta que antes no-los mostra como seres viventes. Além disso, em vez de perdidos nas profundezas do Espaço, estão ao redor de nós; o mundo corporal e o mundo espiritual identificam-se em perpétuas relações, assistindo-se mutuamente.
Não mais permissível sendo a dúvida sobre o futuro, desaparece o temor da morte; encara-se a sua aproximação a sangue-frio, como quem aguarda a libertação pela porta da vida e não do nada.
Fonte: KARDEC, Allan. O Céu e o Inferno.