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quinta-feira, 5 de abril de 2012

Espíritu de la Tierra


Por Riviane Damásio

Miguel sentía que aquel día sería diferente. Siempre que los días pasaban sin que llegasen  nuevos mensaje  el se sentía así… En la noche anterior, hizo una linda oración, pidiendo a Dios que Tertuliano se comunicase nuevamente si fuese de  su merecimiento. En aquellos días difíciles, sus palabras eran  bálsamos aplacando la salud desesperadora. Ando deprisa por la calle sinuosa, procurando  protegerse  en la sombra de viejas arboles que se que se enfilaban  en las sencillas calles. Los mensajes eran recibidos por Bernardo, que bondadosamente recibía en la Varanda de la casa sencilla.

Esta vez, Tertuliano fue más didáctico al describir su nuevo mundo.

Daba detalles rellenos de poesía sobre sus impresiones  desde su llegada hasta aquel momento. Los ojos de Miguel se llenaban de lágrimas  mientras Bernardo le transmitía  las palabras pesarosas. Tertuliano conto su miedo a la llegada, de los amigos  que partieron antes de el y le recibieron  y sirvieron de guía para enfrentar  su nueva realidad. Según Tertuliano, el lugar era parecido  con su tierra, más de una manera diferente. Muchas flores bien cuidadas cercaban los jardines  de las casas que no tenían muros  ni  candados. Ni señal de violencia que fuera la causante de su partida inesperada. Hablo también  que el anochecer allá era diferente, que el sol demoraba en irse… Y la comida… ¡Ah! No tenía  todos los especias  con las cuales estaban acostumbrados, más el resultado era divino ¡Según los amigos,  mucho trabajo le esperaba, y las recompensas ciertamente vendrían después  de las arduas tareas  que le aguardaban. Contó también  de las leyes regidas  del lugar, lo que le había sorprendido… Contó aun de los nuevos amigos que vieron en diferentes lugares reunidos por el destino común  que hacían juntos, reuniones de alegría, oraciones y recuerdos de los familiares.

Cuando Tertuliano partió, Miguel temió no tener nunca más noticias del hijo. Infelizmente, desgraciado por la suerte, nunca pudo aprender a leer y a escribir y aquella nota escrita por Tertuliano en una bolsa de palomitas  no tenía sentido alguno  si no fuera por Bernardo – ex – presidiario  que estaba terminando  la enseñanza media  en la escuela donde Miguel hacia 20 años vendía sus palomitas de maíz  religiosamente  en la hora de recreo – que se ofreció  para intermediar  el contacto entre el  y su hijo que se había ido para el extranjero, en busca de una vida mejor, después un asalto  le quito lo único que poseía: Su taxi. Aquel nombre en el papel, según Bernardo, se llamaba email, y funcionaba como un puente donde padre e hijo se podrían comunicar.

Miguel salió de la casa amarilla, cerró la puerta oxidada tras de el sonriendo, pensó en el futuro que le aguardaba  al lado de Tertuliano, según el hijo le prometiera.

Pasó por una plaza, se sentó en un banco, hizo una oración silenciosa y agradeció a Dios por haber colocado a Bernardo en su camino. A su lado un libro olvidado  por alguien estaba abierto en una página que decía lo siguiente:

“573. ¿En qué consiste la misión de los Espíritus encarnados?

-Instruir a los hombres, ayudarlos a avanzar, mejorar sus instituciones s  por medios directos materiales. Más las misiones son más o menos generales e importantes. Aquel que cultiva la tierra cumple una misión, como aquel que gobierna  o aquel que instruye. Todo se encadena  en la Naturaleza; al mismo tiempo que el Espíritu se depura por la encarnación, también concurre por esa forma para el cumplimiento de los designios de la Providencia.  Cada uno tiene su misión en este mundo, porque cada uno puede ser útil en algún sentido”.

Más Miguel no leyó. Se levanto levemente y siguió su camino, ignorando el libro, desproveído como estaba de la capacidad de leer, más su corazón sintió la fuerza de los Espíritus de la Tierra.

Tradução: Mercedes Cruz

domingo, 1 de abril de 2012

O Espírito da Terra

Por Riviane Damásio

Miguel sentia que aquele dia seria diferente. Sempre que os dias passavam sem que chegassem novas mensagens ele se sentia assim...Na noite anterior, fez uma linda oração, pedindo a Deus que Tertuliano se comunicasse novamente se fosse de seu merecimento. Naqueles dias difíceis, suas palavras eram bálsamos aplacando a saudade desesperadora. Andou depressa pela rua sinuosa, procurando se proteger na sombra de velhas árvores que se enfileiravam na rua simples. As mensagens eram recebidas por Bernardo, que bondosamente lhe recebia na varanda da casa simples.

Desta vez, Tertuliano foi mais didático ao descrever seu novo mundo.

Dava detalhes recheados de poesia sobre suas impressões desde a sua chegada até aquele momento. Os olhos de Miguel se enchiam de lágrimas enquanto Bernardo lhe transmitia as palavras saudosas. Tertuliano contou do seu medo na chegada, dos amigos que partiram antes dele e lhe receberam e serviram de guia para enfrentar sua nova realidade. Segundo Tertuliano, o lugar era parecido com sua terra, mas de um jeito diferente. Muitas flores bem cuidadas cercavam os jardins das casas que não tinham muros nem cadeados. Nem sinal da violência que fora a causadora da sua partida inesperada. Falou também que o anoitecer lá era diferente, que o sol demorava a ir embora... E a comida... Ah! Não tinha todos os temperos com os quais estavam acostumados, mas o resultado era divino! Segundo os amigos, muito trabalho lhe esperava, e as recompensas certamente viriam após as árduas tarefas que lhe aguardavam. Contou também das leis rígidas do lugar, o que lhe havia surpreendido... Contou ainda dos novos amigos que vieram de diferentes lugares e reunidos pelo destino comum faziam juntos, reuniões de alegria, preces e lembranças de familiares.

Quando Tertuliano partiu, Miguel temeu nunca mais ter notícias do filho. Infelizmente, desgraçado pela sorte, nunca pode aprender a ler e a escrever e aquele nomezinho escrito por Tertuliano num saco de pipoca não faria sentido algum se Bernardo - ex-presidiário que estava terminando o ensino médio na escola onde Miguel há 20 anos vendia sua pipoca religiosamente na hora do recreio – não se oferecesse para intermediar o contato entre ele e seu filho que tinha ido para o estrangeiro, buscar uma vida melhor, após um assalto que lhe tirou o único bem que possuía: Seu taxi. Aquele nome no papel, segundo Bernardo, se chamava e-mail, e funcionava como uma ponte onde pai e filho poderiam se comunicar.

Miguel saiu da casa amarela, fechou o portão enferrujado atrás de si e sorrindo, pensou no futuro que lhe aguardava ao lado de Tertuliano, segundo o filho lhe prometera.

Passou por uma praça, sentou num banco, fez uma prece silenciosa e agradeceu a Deus por ter colocado Bernardo em seu caminho. Ao seu lado um livro esquecido por alguém estava aberto numa página que dizia o seguinte:

“573. Em que consiste a missão dos Espíritos encarnados?
— Instruir os homens, ajudá-los a avançar, melhorar as suas instituições por meios diretos e materiais. Mas as missões são mais ou menos gerais e importantes. Aquele que cultiva a terra cumpre uma missão, como aquele que governa ou aquele que instrui. Tudo se encadeia na Natureza; ao mesmo tempo que o Espírito se depura pela encarnação, também concorre por essa forma para o cumprimento dos desígnios da Providencia. Cada um tem a sua missão neste mundo, porque cada um pode ser útil em algum sentido”


Mas Miguel não leu. Levantou devagar e seguiu seu caminho ignorando o livro, desprovido que estava da capacidade de leitura, mas em seu coração intuía a força dos Espíritos da Terra.

quarta-feira, 7 de abril de 2010

OLE - Finalidade da Encarnação

O Livro dos Espíritos

132. Qual é a finalidade da encarnação dos Espíritos?

— Deus a impõe com o fim de levá-los à perfeição: para uns, é uma expiação; para outros, uma missão. Mas, para chegar a essa perfeição, eles devem sofrer todas as vicissitudes da existência corpórea; nisto é que está a expiação. A encarnação tem ainda outra finalidade, que é a de pôr o Espírito em condições de enfrentar a sua parte na obra da Criação. É para executá-la que ele toma um aparelho em cada mundo, em harmonia com a matéria essencial do mesmo, afim de nele cumprir, daquele ponto de vista, as ordens de Deus. E dessa maneira, concorrendo para a obra geral, também progredir.

Comentário de Kardec: A ação dos seres corpóreos é necessária à marcha do Universo. Mas Deus, na sua sabedoria, quis que eles tivessem, nessa mesma ação, um meio de progredir e de se aproximarem dele. É assim que, por uma lei admirável de sua providência, tudo se encadeia, tudo é solidário na Natureza.

133. Os Espíritos que, desde o princípio, seguiram o caminho do bem têm necessidade da encarnação?

— Todos são criados simples e ignorantes e se instruem através das lutas e atribulações da vida corporal. Deus, que é justo, não podia fazer feliz a uns, sem penas e sem trabalhos, e por conseguinte sem mérito.

133. a) Mas então de que serve aos Espíritos seguirem o caminho do bem, se isso não os isenta das penas da vida corporal?

— Chegam mais depressa ao alvo. Além disso, as penas da vida são freqüentemente a conseqüência da imperfeição do Espírito. Quanto menos imperfeito ele for, menos tormentos sofrerá. Aquele que não for invejoso, nem ciumento, nem avarento ou ambicioso, não passará pelos tormentos que se originam desses defeitos.

II – Da Alma

134. O que é a alma?

— Um Espírito encarnado.

134 - a) O que era a alma, antes de unir-se ao corpo?

— Espírito.

134 – b) As almas e os Espíritos são, portanto, uma e a mesma coisa?

— Sim, as almas não são mais que Espíritos. Antes de ligar-se ao corpo, a alma é um dos seres inteligentes que povoam o mundo invisível, e depois reveste temporariamente um invólucro carnal, para se purificar e esclarecer.

135. Há no homem outra coisa, além da alma e do corpo?

— Há o liame que une a alma e o corpo.

135 – a) Qual é a natureza desse liame?

— Semimaterial; quer dizer, um meio-termo entre a natureza do Espírito e a do corpo. E isso é necessário, para que eles possam comunicar-se. E por meio desse liame que o Espírito age sobre a matéria, e vice-versa.

Comentário de Kardec: O homem é, assim, formado de três partes essenciais:

1°) O corpo, ou ser material, semelhante aos dos animais e animado pelo

mesmo princípio vital;

2°) A alma. Espírito encarnado, do qual o corpo é a habitação;

3°) O perispírito. princípio intermediário, substância semimaterial, que serve de

primeiro envoltório ao Espírito e une a alma ao corpo. Tais são. num fruto, a semente, a polpa e a casca.

136. A alma é independente do princípio vital?

— O corpo não é mais que o envoltório, sempre o repetimos.

136 – a) O corpo pode existir sem a alma?

— Sim; e não obstante, desde que o corpo deixa de viver, a alma o abandona. Antes do nascimento não há uma união decisiva entre a alma e o corpo, ao passo que, após o estabelecimento dessa união, a morte do corpo rompe os liames que a unem a ele, e a alma o deixa. A vida orgânica pode animar um corpo sem alma, mas a alma não pode habitar um corpo sem vida orgânica.

136 – b) O que seria o nosso corpo, se não tivesse alma?

— Uma massa de carne sem inteligência; tudo o que quiserdes, menos um homem.

137. O mesmo Espírito pode encarnar-se de uma vez em dois corpos diferentes?

— Não. O Espírito é indivisível e não pode animar simultaneamente duas criaturas diferentes. (Ver, em O Livro dos Médiuns, o capítulo Bicorporeidade e transfiguração.)

138. Que pensar da opinião dos que consideram a alma como o princípio da vida material?

— Simples questão de palavras, com a qual nada temos. Começai por vos entenderdes.

139. Alguns Espíritos, e antes deles alguns filósofos, assim definiram a alma: Uma centelha anímica emanada do Grande Todo. Por que essa contradição?

— Não há contradição: tudo depende da significação das palavras. Por que não tendes uma palavra para cada coisa?

Comentário de Kardec: A palavra alma é empregada para exprimir as coisas mais diferentes. Uns chamam alma ao principio da vida, e nessa acepção é exato dizer figuradamente, que a alma é uma centelha anímica emanada do Grande Todo. Essas últimas palavras se referem à fonte universal do principio vital, em que cada ser absorve uma porção, que devolve ao todo após a morte. Esta idéia não exclui absolutamente a de um ser moral, distinto, independente da matéria, e que conserva a sua individualidade. É a este ser que se chama igualmente alma. E nesta acepção pode dizer-se que a alma é um Espírito encarnado. Dando da alma diferentes definições, os Espíritos falaram segundo as aplicações que faziam da palavra e segundo as idéias terrestres de que estavam ainda mais ou menos imbuídos. Isso decorre da insuficiência da linguagem humana, que não tem um termo para cada idéia, o que acarreta uma multidão de mal-entendidos e discussões. Eis porque os Espíritos superiores dizem que devemos, primeiro, nos entendermos quanto às palavras(1).

140. Que pensar da teoria da alma subdividida em tantas partes quantos são os músculos, presidindo cada uma às diferentes funções do corpo?

— Isso também depende do sentido que se atribuir à palavra alma. Se por ela se entende o fluido vital, está certo; se se entende o Espírito encarnado, está errado. Já dissemos que o Espírito é indivisível: ele transmite o movimento aos órgãos através do fluido intermediário, sem por isso se dividir.

140 – a) Não obstante, há Espíritos que deram esta definição.

— Os Espíritos ignorantes podem tomar o efeito pela causa.

Comentário de Kardec: A alma age por meio dos órgãos, e estes são animados pelo fluido vital que se reparte entre eles, e com mais abundância nos que são os centros ou focos de movimento. Mas essa explicação não pode aplicar-se à alma como sendo o Espírito que habita o corpo durante a vida e o deixa com a morte.

141. Há qualquer coisa de certo na opinião dos que pensam que a alma é externa e envolve o corpo?

— A alma não está encerrada no corpo como o pássaro numa gaiola. Ela irradia e se manifesta no exterior, como a luz através de um globo de vidro ou como o som ao redor de um centro sonoro. É por isso que se pode dizer que ela é exterior, mas não como um envoltório do corpo. A alma tem dois envoltórios: um, sutil e leve, o primeiro, que chamamos perispírito; o outro, grosseiro, material e pesado, que é o corpo. A alma é o centro desses envoltórios, como a amêndoa na casca, já o dissemos.

142. Que dizer dessa outra teoria, segundo a qual, na criança, a alma vai se completando a cada período da vida?

— O Espírito é apenas um: inteiro na criança, como no adulto; são os órgãos, instrumentos de manifestação da alma, que se desenvolvem e se completam. Isto é ainda tomar o efeito pela causa.

143. Por que todos os Espíritos não definem a alma da mesma maneira?

— Os Espíritos não são todos igualmente esclarecidos sobre essas questões. Há Espíritos ainda limitados, que não compreendem as coisas abstraías, como as crianças entre vós. Há também Espíritos pseudo-sábios, que para se imporem, como acontece ainda entre vós, fazem rodeios de palavras. Além disso, mesmo os Espíritos esclarecidos podem exprimir-se em termos diferentes, que no fundo têm o mesmo valor, sobretudo quando se trata de coisas que a vossa linguagem é incapaz de esclarecer; há então necessidade de figuras, de comparações, que tomais pela realidade.

144. Que se deve entender por alma do mundo?

— O princípio universal da vida e da inteligência de que nascem as individualidades. Mas os que se servem dessa expressão, freqüentemente, não se entendem. A palavra alma tem aplicação tão elástica que cada um a interpreta de acordo com as suas fantasias. Tem-se, às vezes, atribuído uma alma à Terra, e por ela é necessário entender o conjunto dos Espíritos abnegados que dirigem as vossas ações no bom sentido, quando os escutais, e que são de certa maneira os lugares-tenentes de Deus junto ao vosso globo.

145. Como é que tantos filósofos antigos e modernos têm longamente discutido sobre a Ciência psicológica, sem chegar à verdade?

— Esses homens eram os precursores da doutrina espírita eterna, e prepararam o caminho. Eram homens e puderam enganar-se, porque tomaram pela luz as suas próprias idéias; mas os seus mesmos erros, através dos prós e contras de suas doutrinas, servem para evidenciar a verdade. Aliás, entre esses erros se encontram grandes verdades, que um estudo comparativo vos fará compreender.

146. A alma tem, no corpo, uma sede determinada e circunscrita?

— Não. Mas ela se situa mais particularmente na cabeça, entre os grandes gênios e todos aqueles que usam bastante o pensamento, e no coração dos que sentem bastante, dedicando todas as suas ações à Humanidade.

146 – a) Que pensar da opinião dos que situam a alma num centro vital?

— Que o Espírito se encontra de preferência nessa parte do vosso organismo, que é o ponto a que se dirigem toda as sensações. Os que a situam naquilo que consideram como centro da vitalidade, a confundem com afluído ou princípio vital. Não obstante, pode dizer-se que a sede da alma se encontra mais particularmente nos órgãos que servem para as manifestações intelectuais e morais.

(1) Ver, na Introdução ao Estudo da Doutrina Espírita, a explicação sobre a palavra alma. II

sábado, 5 de dezembro de 2009

A Encarnação dos Espíritos

O Espiritismo ensina de que maneira se opera a união do Espírito com o corpo, na encarnação.

O Perispírito

Pela sua essência espiritual, o Espírito é um ser indefinido, abstrato, que não pode ter ação direta sobre a matéria, sendo-lhe indispensável um intermediário, que é o envoltório fluídico, o qual, de certo modo, faz parte integrante dele. É semimaterial esse envoltório, isto é, pertence à matéria, pela sua origem, e à espiritualidade, pela sua natureza etérea. Como toda matéria, ele é extraído do fluido cósmico universal, que, nessa circunstância, sofre uma modificação especial. Esse envoltório, denominado perispírito, faz de um ser abstrato, o Espírito, um ser concreto, definido, apreensível pelo pensamento. Torna-o apto a atuar sobre a matéria tangível, conforme se dá com todos os fluidos imponderáveis, que são, como se sabe, os mais poderosos motores.

O fluido perispirítico constitui, pois, o traço de união entre o Espírito e a matéria. Enquanto aquele se acha unido ao corpo, serve-lhe ele de veículo ao pensamento, para transmitir o movimento às diversas partes do organismo, as quais atuam sob a impulsão da sua vontade e para fazer que repercutam no Espírito as sensações que os agentes exteriores produzam. Servem-lhe de fios condutores os nervos como, no telégrafo, ao fluido elétrico serve de condutor o fio metálico.

O Nascimento

Quando o Espírito tem de encarnar num corpo humano em vias de formação, um laço fluídico, que mais não é do que uma expansão do seu perispírito, o liga ao gérmen que o atrai por uma força irresistível, desde o momento da concepção. À medida que o gérmen se desenvolve, o laço se encurta. Sob a influência do princípio vital-material do gérmen, o perispírito, que possui certas propriedades da matéria, se une, molécula a molécula, ao corpo em formação, donde poder dizer-se que o Espírito, por intermédio do seu perispírito, se enraíza, de certa maneira, nesse gérmen, como uma planta na terra. Quando o gérmen chega ao seu pleno desenvolvimento, completa é a união; nasce então o ser para a vida exterior.

Um fenômeno particular, que a observação igualmente assinala, acompanha sempre a encarnação do Espírito. Desde que este é apanhado no laço fluídico que o prende ao gérmen, entra em estado de perturbação, que aumenta, à medida que o laço se aperta, perdendo o Espírito, nos últimos momentos, toda a consciência de si próprio, de sorte que jamais presencia o seu nascimento. Quando a criança respira, começa o Espírito a recobrar as faculdades, que se desenvolvem à proporção que se formam e consolidam os órgãos que lhes hão de servir às manifestações.

Mas, ao mesmo tempo em que o Espírito recobra a consciência de si mesmo, perde a lembrança do seu passado, sem perder as faculdades, as qualidades e as aptidões anteriormente adquiridas, que haviam ficado temporariamente em estado de latência e que, voltando à atividade, vão ajudá-lo a fazer mais e melhor do que antes. Ele renasce qual se fizera pelo seu trabalho anterior; o seu renascimento lhe é um novo ponto de partida, um novo degrau a subir. Ainda aí a bondade do Criador se manifesta, porquanto, adicionada aos amargores de uma nova existência, a lembrança, muitas vezes aflitiva e humilhante, do passado, poderia turbá-lo e lhe criar embaraços. Ele apenas se lembra do que aprendeu, por lhe ser isso útil. Se às vezes lhe é dado ter uma intuição dos acontecimentos passados, essa intuição é como a lembrança de um sonho fugitivo. Ei-lo, pois, novo homem, por mais antigo que seja como Espírito. Adota novos processos, auxiliado pelas suas aquisições precedentes. Quando retorna à vida espiritual, seu passado se lhe desdobra diante dos olhos e ele julga como empregou o tempo, se bem ou mal.

Não há, portanto, solução de continuidade na vida espiritual, sem embargo do esquecimento do passado. Cada Espírito é sempre o mesmo eu, antes, durante e depois da encarnação, sendo esta, apenas, uma fase da sua existência. O próprio esquecimento se dá tão-só no curso da vida exterior de relação. Durante o sono, desprendido, em parte, dos liames carnais, restituído à liberdade e à vida espiritual, o Espírito se lembra, pois que, então, já não tem a visão tão obscurecida pela matéria.

A Morte

Por um efeito contrário, a união do perispírito e da matéria carnal, que se efetuara sob a influência do princípio vital do gérmen, cessa, desde que esse princípio deixa de atuar, em conseqüência da desorganização do corpo. Mantida que era por uma força atuante, tal união se desfaz, logo que essa força deixa de atuar. Então, o perispírito se desprende, molécula a molécula, conforme se unira, e ao Espírito é restituída a liberdade. Assim, não é a partida do Espírito que causa a morte do corpo; esta é que determina a partida do Espírito.

O Espiritismo, pelos fatos cuja observação ele faculta, dá a conhecer os fenômenos que acompanham essa separação, que, às vezes, é rápida, fácil, suave e insensível, ao passo que doutras é lenta, laboriosa, horrivelmente penosa, conforme o estado moral do Espírito, e pode durar meses inteiros.

Considerações Gerais

Normalmente, a encarnação não é uma punição para o Espírito, conforme pensam alguns, mas uma condição inerente à inferioridade do Espírito e um meio de ele progredir. A obrigação que tem o Espírito encarnado de prover o alimento ao corpo, à sua segurança, ao seu bem-estar, o força a empregar suas faculdades em investigações, a exercitá-las e desenvolvê-las. Útil, portanto, ao seu adiantamento é a sua união com a matéria. Daí o constituir uma necessidade a encarnação. Além disso, pelo trabalho inteligente que ele executa em seu proveito, sobre a matéria, auxilia a transformação e o progresso material do globo que lhe serve de habitação. É assim que, progredindo, colabora na obra do Criador, da qual se torna fator inconsciente.

Todavia, a encarnação do Espírito não é constante, nem perpétua: é transitória. Deixando um corpo, ele não retoma imediatamente outro. Durante mais ou menos considerável lapso de tempo, vive da vida espiritual, que é a sua vida normal, de tal sorte que insignificante vem a ser o tempo que lhe duram as encarnações, se comparado ao que passa no estado de Espírito livre.

No intervalo de suas encarnações, o Espírito progride igualmente, no sentido de que aplica ao seu adiantamento os conhecimentos e a experiência que alcançou no decorrer da vida corporal; examina o que fez enquanto habitou a Terra, passa em revista o que aprendeu, reconhece suas faltas, traça planos e toma resoluções pelas quais conta guiar-se em nova existência, com a idéia de melhor se conduzir. Desse jeito, cada existência representa um passo para frente no caminho do progresso, uma espécie de escola de aplicação.

Fonte: “A Gênese” – Allan Kardec