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terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

Ensaio teórico sobre a composição do perispírito

Por Maria Ribeiro

Este estudo tem o objetivo de reunir algumas informações dispersas ao longo da codificação sobre o que se designa por períspirito a fim de conceber-se ideia mais exata sobre ele.* 

Apesar do máximo esforço de Kardec e dos Espíritos na explicação acerca dos diversos conceitos e fenômenos espíritas, muitas vezes recorrendo a comparações por demais materiais para que se pudesse apreendê-los, não é raro que se deparem com dúvidas ou falsos entendimentos acerca de pontos capitais. Um deles diz respeito aos fluidos mais próximos da materialidade, ou seja, da categoria dos ponderáveis, o perispírito e, consequentemente, o fluido vital.

Em seu conceito vulgarizado, períspirito é o elo que une o Espírito à matéria.  Trata-se do envoltório pelo qual o Espírito propriamente dito se reveste e pode ser reconhecido e identificado numa aparição. O perispírito envolve o Espírito em qualquer grau que esteja, antes, durante e após a morte. E, durante a vida material, penetra o corpo físico.  É por seu intermédio que o Espírito realiza todas as ações da inteligência, seja no mundo físico ou moral. No mundo físico, entretanto, sua ação é percebida através das manifestações com o concurso dos médiuns. 

Ao perispírito designam-se concepções como revestimento de uma substância vaporosa  e invólucro semi-material.1,  Sendo que na Introdução de O Livro dos Espíritos, Kardec se refere a ele como uma espécie de envoltório (d'enveloppe) semi-material.

O períspirito não pode ser entendido como corpo, que seja fluídico, (fluídico, sem dúvida, mas não corpo) etéreo, astral ou designação similar, conforme abordado por alguns escritos de nomes ilustres que adotaram as crenças esotéricas, pela razão que a partir de agora vamos abordar.

Na questão 257 de O Livro dos Espíritos, encontra-se esta definição para o períspirito:

“O períspirito é o laço que une o Espírito à matéria do corpo, sendo tirado do meio ambiente, do fluido universal; contém ao mesmo tempo, eletricidade, fluido magnético e, até certo ponto, a matéria inerte. Poder-se-ia dizer que é a quintessência da matéria, o princípio da vida orgânica, mas não da vida intelectual, por que esta está no Espírito. É, além disso, o agente das sensações externas. No corpo, essas sensações estão localizadas pelos órgãos que lhes servem de canais. Destruído o corpo, as sensações ficam generalizadas.”

Quando se diz que o perispírito “contém ao mesmo tempo, eletricidade, fluido magnético e, até certo ponto, a matéria inerte”, diz-se que o períspirito é o resultado de variados estados de fluidos que se aglomeram, embora sem se confundirem, e, de certa forma, conservarem sua independência. A ideia de fluido perispirítico como sendo uma aglomeração molecular de fluidos iguais, semelhantes é abandonada para dar lugar a um composto de fluidos distintos: fluido magnético e fluido elétrico, que por conceito são o fluido vital , e ainda o fluido mais materializado – o que se chama matéria inerte, talvez um estado o mais próximo da ponderabilidade. Além destes fluidos conhecidos, provavelmente há os totalmente desconhecidos que ainda entram na composição perispiritual que estão mais em contato com o Ser inteligente. Mas é imprescindível lembrar que os fluidos não permanecem os mesmos, pois, de acordo com a evolução do Espírito, eles se purificam.

O fluido vital, por sua vez, em seu estado mais simples, quer dizer, sem combinação, está na forma de fluido magnético animalizado , ou seja, o estado em que é absorvido e assimilado pela matéria quando lhe fornece a vida orgânica. Isto faz inferir que seja o mesmo estado no qual é absorvido pelas plantas e animais, incluindo o homem, variando sua composição de acordo com as exigências de cada reino. No caso dos reinos superiores, ele, ainda sem perder sua independência, obtém ou agrega novas formas moleculares, ou novas misturas fluídicas, em sua composição, dando origem ao envoltório, e, no homem, o envoltório se torna mais bem elaborado, o perispírito. 

Poder-se-ia inferir que o perispírito coadune os fluidos vitais mais materializados da sua composição no momento da encarnação, daí o dizer dos Espíritos que “se desenvolve com o corpo. Não dissemos que esse agente sem a matéria não é a vida? É necessária a união dessas duas coisas para produzir a vida.”  Assim, faz sentido que ao desencarnar estes fluidos retornem á massa. 

As questões 27 e 64 de O Livro dos Espíritos dão a conhecer que a matéria, o Espírito e o fluido cósmico universal são os elementos gerais do universo. Do fluido cósmico se origina tudo o que existe, e se distingue do elemento material, pois, possui propriedades especiais, embora guardem relativa afinidade entre si. Devido às suas infinitas modificações, se liga à matéria, conforme ver-se-á, e entre outras coisas, imprime-lhe forma.

A questão 427 de O Livro dos Espíritos ainda traz a definição de eletricidade animalizada, électricité animalisée, como sendo uma das modificações do fluido cósmico. Pode-se inferir que há nuances muito sutis nestes estados fluídicos, do contrário usaria-se o termo no singular, e não no plural: modifications du fluide universel, conforme se pode verificar. 

Em resumo: a composição do perispírito não pode ser uma única substância fluídica. Em outras palavras, chama-se perispírito ao conjunto de componentes fluídicos que formam o envoltório com o qual o Espírito se reveste. Quando se diz fluido perispirítico deve-se entender exatamente a combinação de mais de uma modificação do fluido universal, entre eles, aquele que dá a vida orgânica. Por isso que, em dadas vezes, o perispírito é designado como sendo este agente,  enquanto o fluido vital é designado por elo entre matéria e Espírito.  É como se o uso de um ou de outro se fizesse por extensão, já que o segundo está contido no primeiro. O outro fluido componente seria o fluido elétrico, cuja função seria a do condutor, ou seja, através dele que o Espírito recebe as sensações exteriores. Isto lhe confere todas as propriedades necessárias à vida física, bem como ao desenvolvimento dos mecanismos da mediunidade e também à vida espírita, além de todos os processos anímicos, como o do poder magnético.

Seria conveniente questionar se o próprio fluido vital seja o fruto de uma combinação fluídica, onde seu estado simples seria o fluido magnético animal, e, a partir de associações com outros fluidos, como o elétrico, o torne absorvível pelos seres mais bem elaborados da natureza. Na verdade, a designação do fluido magnético animal sugere que o termo animal seja para lhe imprimir a função que tem o fluido magnético: animar, dar vida.

Os Espíritos se reportam ao fluido cósmico universal como sendo a matéria primitiva, a substância através da qual tudo teve e tem origem e na qual tudo está mergulhado.  O conhecimento empírico desta verdade, ou seja, dos diversos estados fluídicos, pode ser a razão para a crença nos diversos corpos do Espírito. Razão que sucumbe diante a revelação espírita. A questão 94 de O Livro dos Espíritos, entretanto, afirma que o mencionado fluido universal está particularizado segundo a natureza de cada mundo, ou seja, seria impróprio dizer fluido universal quando ele se particulariza em cada mundo. Eis a questão:

De onde o Espírito toma o seu invólucro semi-material¿

- Do fluido universal de cada globo. Por isso ele não é o mesmo em todos os mundos. Passando de um mundo para outro o Espírito troca se envoltório como mudais de roupa.

O que haveria de comum entre os mundos¿ Ou melhor, o que seria realmente universal¿ Esta é a pergunta. E com esta pergunta é preciso admitir que, se cada globo tem seu próprio fluido ‘universal’, tudo o que é criado num pode não encontrar correspondência noutro, e, para que haja solidariedade entre eles tem que haver elos que façam com que tenham continuidade. É por isso que os Espíritos afirmam que seria impossível classificá-los em categorias , mesmo se referindo aos fluidos terrestres, pois que são infinitos. 

Também afirmam as Letras Espíritas que os fluidos não têm qualidades originais, mas as que lhe dão os pensamentos. Sendo estes bons ou maus, os fluidos serão salutares ou maléficos.  Ou seja, nada há no homem de imutável.

Nas manifestações mediúnicas, o perispírito do médium se expande, formando em torno como que um campo magnético, razão pela qual os Espíritos se sentirão, de certa forma, atraídos. Mas, quais seriam os componentes do perispírito que exercem este papel mais abundantemente¿ O fluido vital estaria presente em todos os seus estados¿ E isto seria o sinal determinante do grau e potência mediúnicos¿ De acordo com a pergunta 19 do capítulo IV da segunda parte de O Livro dos Médiuns:

Por que todo mundo não pode produzir o mesmo efeito, e por que os médiuns não têm a mesma força¿

- Isso depende do organismo e da maior ou menos facilidade com a qual a combinação dos fluidos pode se operar; depois o Espírito do médium simpatiza mais ou menos com os Espíritos estranhos que nele encontram a força fluídica necessária. Ocorre com esta força como com a dos magnetizadores, ser maior ou menor...  

O fluido vital em seu estado mais material (matéria inerte que se reportam os Espíritos como um componente do perispírito), ou seja, mais próximo da matéria, fluido que guarda mais íntima afinidade com o corpo físico, deixa de fazer parte da composição perispirítica na ocasião do desencarne.  Não possuíndo mais este estado fluídico, os Espíritos recorrem aos médiuns, que são encarnados com uma aptidão especial, da qual, com ou sem o seu conhecimento, agem de forma a não deixar dúvidas de que se trata de uma inteligência oculta.

Há médiuns cuja constituição permite uma grande emanação deste fluido, de tal forma generosa, o que torna o trabalho dos Espíritos mais fácil no que tange à possibilidade para realizarem manifestações físicas, como movimentação e formação de objetos, as aparições, até mesmo tangíveis; e inteligentes, como a psicografia. Muito embora, toda ação espírita que manifeste independência, é por isto mesmo, inteligente.

Esta emanação fluídica varia de indivíduo para indivíduo , e, com certeza, há variações em suas composições, ou seja, enquanto um médium possui mais fluido animalizado em seu perispírito, outro o  possui em menor quantidade, tendo outro em maior volume, e assim por diante.  Por isso a grande variedade de faculdades mediúnicas e em diversos graus, pois, ao que parece, cada fluido proporciona uma dada intensidade para a faculdade. Esta teoria explicaria como dois médiuns veem o mesmo Espírito de maneiras diferentes.

Outro ponto digno de nota é a respeito do destino destes fluidos após o desencarne. Na questão 70 de O Livro dos Espíritos a informação é que “a matéria inerte se decompõe e toma nova forma; o princípio vital retorna à massa”. Ou seja, o Ser permanece o mesmo, outros componentes do seu perispírito lhe resguardam a identidade, mais que isto, a individualidade.

Além disso, há de se questionar se não há os Espíritos que, a despeito do desencarne, carreguem consigo algo deste fluido animalizado, mais precisamente da matéria inerte, pois, conforme em O Livro dos Médiuns: 

Foi dito que a densidade do perispírito, se se pode exprimir assim, varia segundo o estado dos mundos; parece que varia também no mesmo mundo segundo os indivíduos. Nos Espíritos avançados moralmente, é mais sutil e se aproxima da dos Espíritos elevados; nos Espíritos inferiores, ao contrário, se aproxima da matéria, e é o que faz que esses Espíritos de baixo estágio conservem por tempo tão longo as ilusões da vida terrestre; eles pensam e agem como se estivessem ainda vivos; têm os mesmos desejos e, se poderá dizer, a mesma sensualidade. Essa grosseria do perispírito dando-lhe mais afinidade com a matéria, torna os Espíritos inferiores mais próprios para as manifestações físicas. 

Ora, se neste estágio de inferioridade o Espírito tem afinidade com a matéria mais grosseira e por isso está mais apto às manifestações físicas, deve guardar em sua composição perispirítica algo verdadeiro de matéria, uma vez que, se dependessem apenas da vontade, os Espíritos mais elevados também seriam igualmente capazes. Ou seja, a força moral apenas não basta para estes efeitos. 

Além disso, mesmo estando no mundo espírita, encontra em sua própria condição fluídica, meios de “pensar e agir como se ainda vivessem no mundo físico, conservando ilusões da vida terrestre.” Sendo assim, podem forjar determinadas situações e efeitos que não justificam sua atual situação. Em outras palavras, manterão seu estado fluídico “denso” enquanto suas mentes estiverem voltadas para as ocupações e interesses materiais. 

A questão 186 de O Livro dos Espíritos esclarece prontamente este ponto, afirmando que, ao atingir o estado de pureza, os Espíritos passam a revestir um perispírito tão etéreo que parecerá não existir para os que ainda permanecem em baixa elevação. Isto explica porque os Espíritos imperfeitos não veem sempre os mais evoluídos. Quando estes querem se fazer ver, ou quando isto for útil, absorvem fluidos mais grosseiros para adensar os seus próprios e assim se fazerem visíveis. Parece o que comumente se chama de “baixar a vibração”. 

Esta ideia se ampara pelas questões 87 e 1011 e a própria supra citada 186 de O Livro dos Espíritos onde as informações se cruzam e dão conta de que os Espíritos não estão separados por locais, lugares, ambientes espirituais senão no sentido metafísico. Os Espíritos falam de estados e não de mundos espirituais circunscritos propriamente ditos. Alguns se valem dos mundos transitórios citados nas questões 234 a 236 da mesma obra magna para amparar a ideia de uma morada dos Espíritos, mas se esquecem de que os mundos transitórios são mundos físicos em formação.

Portanto, a ideia de organização do perispírito, tornando-o corpo perde totalmente o sentido quando refletidas e devidamente analisadas as ilações apontadas. Um exemplo que poderá ilustrar o que se quis dizer é a manga comprida de uma camisa, por exemplo: ela recobre o braço, toma inclusive a sua forma, mas ela não é o braço mesmo, é o seu revestimento.

Isto significa que o fluido perispirítico não forma um corpo, mas um revestimento, um envoltório adimensional, enquanto o entendimento de corpo requer uma visão tridimensional. Por mais materializados que sejam alguns dos fluidos que o compõem, sua natureza espiritual, ou seja, aqueles fluidos ainda em estados desconhecidos, se sobrepõe à concepção da matéria propriamente dita, ou melhor, a matéria que ainda carregam, de forma alguma tem as mesmas propriedades e exigências da matéria mais grosseira da vida terrestre.

***

*Trata-se, no entanto, de reflexões especulativas, segundo nossa compreensão atual.

Referências:

  KARDEC, Introdução de O Livro dos Espíritos.
  KARDEC, O Livro dos Espíritos, 93.
  KARDEC, cap. I, item 55 de O Livro dos Médiuns.
  KARDEC, cap. XI,  item 17 de A Gênese.
  KARDEC, cap. I, seg. parte, item 4 de O Céu e o Inferno.
  KARDEC, O Livro dos Espíritos, 93.
  KARDEC, O Livro dos Espíritos, 94.
  KARDEC, Introdução item II de O Livro dos Espíritos.
  KARDEC, cap. IV, item 74 de O Livro dos Médiuns.
  KARDEC, O Livro dos Espíritos, 67.
  KARDEC, O Livro dos Espíritos, 70.
  KARDEC, O Livro dos Espíritos, 257.
  KARDEC, O Livro dos Espíritos, 65.
  KARDEC, cap. XIV, item 2, A Gênese.
   KARDEC, cap. XIV, item 17, A Gênese.
  KARDEC, cap. XIV, item 7, A Gênese.
  KARDEC, cap. III, item 65-8, O Livro dos Médiuns.
  KARDEC, O Livro dos Espíritos, 66.
  KARDEC, comentário q. 70.
  KARDEC, cap. IV, 74/12 (nota), O Livro dos Médiuns. 



quinta-feira, 11 de agosto de 2011

El Acto Mediúmnico

Por José Herculano Pires

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El acto mediúmnico es el momento en que el espíritu comunicante y el médium se funden en unidad psico-afectiva de la comunicación. El Espíritu se aproxima al médium y lo envuelve en sus vibraciones espirituales. Esas vibraciones se irradian de su cuerpo espiritual alcanzando al cuerpo espiritual del médium. A ese toque vibratorio, semejante al de un blando choque eléctrico, responde el periespiritu del médium. Se realiza la fusión fluídica. Hay una simultánea alteración en el psiquismo de ambos. Cada uno asimila un poco del otro. Una percepción visual de ese momento al vidente que tiene la ventura de captarla. Las irradiaciones periespirituales proyectan sobre el rostro del médium la máscara transparente del espíritu. Se comprende entonces el sentido profundo de la palabra intermúndio. Allí están, fundidos y al mismo tiempo distintos, el semblante radiante del espíritu y el semblante humano del médium, iluminado por el suave flash de la realidad espiritual. Esa superposición de planos da a los videntes la impresión de que el espíritu comunicante se incorpora al médium. De ahí la errónea denominación de incorporación para las manifestaciones orales. Lo que se da no es una incorporación, más si una interpenetración psíquica, como la de la luz atravesando una ventana. Ligados los centros vitales de ambos, el espíritu se manifiesta emocionado, reintegrándose en las sensaciones de la vida terrena, sin sentir el peso de la carne. El médium, por su vez, experimenta la ligereza del espíritu, sin perder la conciencia de su naturaleza carnal, y habla al soplo del espíritu, Como un intérprete que no se toma el trabajo de traducción

El acto mediúmnico natural es ese momento de síntesis afectiva en el que los dos planos de la vida revelan el secreto de la muerte: apenas un despojarse de la pesada armadura material densa.

El acto mediúmnico normal es una segunda resurrección, que se verifica precisamente en el cuerpo espiritual que, según el Apóstol Pablo, es el cuerpo de la resurrección. El espíritu vuelve a la carne, no a la que dejó en el túmulo, más si a la que le ofrece el médium, en un gesto de amor, la oportunidad del retorno a los corazones que dejó en el mundo. La belleza del reencuentro de un hijo con la madre, que estrecha el médium en los brazos ansiosos y lo besa con toda efusión del deseo materno, compensa mucho a la impiedad de los que lo acusan de practicar brujerías. En los casos de materialización, nada más bello que Lombroso con su madre materializada a través de la mediúmnidad de Eusapia Paladino, en la sesión a la que fue llevado por el Prof. Chiaia, de Milao. Eusapia era una campesina analfabeta y mil veces calumniada. Lombroso, el fundador de la Antropología Criminal, se retrató en la revista Luce y Ombra en sus violentos artículos contra el Espiritismo, y declaró conmovido: “Ningún gigante del pensamiento y de la fuerza podría hacerme lo que me hace esta pequeña mujer analfabeta: ¡arrancar a mi madre del túmulo y devolverla a mis brazos! Federico Figner, introductor del fonógrafo en Brasil, llevo a su esposa desolada a Belem del Para, con la esperanza de un reencuentro con la niña Rachel, su hija, que habían perdido, lo que lo llevo casi a la locura, a el y a la esposa. Procuraron a la médium Ana Prado, también mujer del campo, y en una sesión con ella la niña apareció materializada, estimulando a los padres para que enfrentaran el caso con serenidad, pues ella estaba viva, y les hablaba y los besaba, y, se sentaba en sus regazos, probando que no había muerto. Figner, al volver para Río de Janeiro, se dedicó de allí en adelante al Espiritismo, con la llama de la fe encendida en su corazón y en el corazón de la esposa, más ahora con una fe inquebrantable, basado en la razón y los hechos.

Cuando el acto mediúmnico es perfecto y claro, iluminado por una mediúmnidad esclarecida y devotada al bien, no hay gigante – como en el caso de Lombroso – que no se curve reverente ante el misterio de la vida inmortal. El médium se torna el instrumento de la resurrección imposible, probando a los hombres que la muerte no es más que lapso en el intermúndio que separa a los vivos en la carne de los vivos en el espíritu. Se comprende entonces el fenómeno de la Resurrección de Jesús, que no fue el acto divino de un Dios, más el acto mediúmnico de un espíritu que dominaba, por el saber y la pureza, los misterios de la inmortalidad.

Cuando el acto mediúmnico no tiene la pureza y la belleza de una comunicación amorosa, tiene el calor de la solidaridad humana y es iluminada por la caridad cristiana. En una sesión común de socorro espiritual, los médiums sentados alrededor de la mesa, los adoctrinadores en su lugar, espíritus sufridores maliciosos y vengativos, bajo el control de los orientadores espirituales, son aproximados a los médiums que desean servirlos. El cuadro es bien diferente de los que presentamos antes. No hay belleza ni serenidad en los espíritus comunicantes, ni resplandor o transparencia en sus caras. Hay desespero, dolor, expresiones de rebeldía, o ímpetus de venganza. Los médiums se sienten inquietos, no es raro temerosos. La aproximación de los comunicantes es incómoda, desagradable. Las vibraciones periespirituales son ásperas y sombrías. El vidente se aturde con aquellas figuras pesadas y oscuras que trastornan la fisionomía de los médiums. Más, en la proporción en que los adoctrinadores encarnados dan el socorro de sus vibraciones y de sus argumentos fraternos a los necesitados, el cuadro se modifica con las luces vacilantes que se encienden en las mentes conturbadas. Los guías espirituales se manifiestan en socorro a los adoctrinadores y sus vibraciones calman la inquietud del ambiente. El trabajo es penoso. Recalcitrantes criaturas en el mal rechazan el comprender la realidad negativa en que se encuentran. Espíritus vencidos por los dolores de encarnaciones penosas se muestran rebeldes. Los que traen el corazón amargado por injusticias y traiciones exigen venganza y hacen amenazas terribles. Más la palabra fraterna, cargada de bondad y amos, iluminada por las citaciones evangélicas van poco a poco amortiguando las explosiones de odio. Algunas veces la autoridad del dirigente o de un espíritu elevado se hace sentir, para que los más rebeldes comprendan que están bajo poder persuasivo, más enérgico. Una persona que desconozca el problema dirá que se encuentra en una sala de hospicio sin control o asiste a un psicodrama de histéricos en desespero. Psicólogos sistemáticos se ríen con desprecio. El dirigente de los trabajos parece un laico con explosivos peligrosos. Fanáticos de sectas dogmaticas juzgan asistir a una escena de posesión diabólica. Más la sesión llega al fin con la tranquilización total del ambiente. Un espíritu amigo se comunica con palabras de agradecimiento. En silencio, todos oyen la oración final de gratitud a los espíritus bondadosos que ayudaron a socorrer a las sombras sufridoras. Es extraño que todos estén bien y satisfechos con el resultado de los trabajos. Las personas beneficiadas comentan sus mejoras. El ambiente es de paz, amor y satisfacción por el deber cumplido.

En una sesión de desobsesión para casos graves, con poco elementos, sin la asistencia números del socorro general, las comunicaciones son violentas los médiums sufren, gimen, gritan y lloran. El dirigente y los adoctrinadores permanecen tranquilos, aparentemente impasibles, y los adoctrinadores usan de palabras persuasivas, de actitudes benignas. Nada de amenazas y expresiones violentas, como en las prácticas anticuadas del exorcismo arcaico, viniendo de las profundidades de Egipto, de Mesopotamia, de Palestina. Nada de velas encendidas, de símbolos sacramentales, de expulsión de entidades diabólicas. La técnica es de persuasión, de esclarecimiento racional. Una niña de quince años llega cargada por sus padres. Hace una semana dormía en estado cataléptico. Las primeras tentativas de despertarla se agitan y se levanta furiosa, a gritos. Cuatro o cinco hombres no consiguen contenerla, parece estar dotada de una fuerza indomable. Más poco a poco se calma, llora bajito y vuelve a su estado natural de niña graciosa y frágil. Se retira de la reunión como si nada hubiese acontecido. Se despide alegre. Corre para la calle y sube al automóvil que la trajo como si volviese de un paseo. El acto mediúmnico fue violento, asustador. Más el resultado de la oración, de los pases, de las adoctrinaciones amorosas fue sorprendente. Pocos percibieron que, en aquel cuerpecito de niña las garras de la venganza estaban clavadas intentando rasgar la cortina piadosa que vela los odios del pasado.

En el acto mediúmnico la criatura humana recupera los tiempos olvidados y se revé en la tela de las experiencias muertas. Y una vez más la muerte le aparece como pura ilusión sensorial, pues todo cuanto había desaparecido en una cueva renace de repente en las aguas amargas de la prueba. La mediúmnidad funciona como un radar sensibilísimo volcado para los caminos perdidos. No siempre la tela de la memoria consigue reproducir las imágenes distantes, más en las profundidades del inconsciente asentamientos anti freudianos esperan catarsis piadosa de la comunicación absurda, en la que los diálogos de la caridad parecen brotar de terribles mal entendidos. Una mujer no entendía porque el espíritu comunicante la acusaba de atrocidades que jamás practicara y la llamaba Condesa. Alló que todo aquello no pasaba de una farsa o de un momento de locura. Más cuando, aconsejada por el adoctrinador, pidió perdón al espíritu atormentador y lloró sin querer y sin saber por qué motivo lo hacía, sintió profundo alivio y en los días siguientes sus males desaparecieron. Las lágrimas de una criatura que la amnesia tornó inocente pueden conmover un corazón embrutecido en su deseo de venganza. ¿Más quien hará el encuentro necesario para el ajuste de los viejos errores y crímenes, si el médium no se ofrece en la inmolación voluntaria de si mismo para apaciguar con la palabra del Maestro?

La responsabilidad espiritual del médium se refleja en el espejo de cada uno de sus actos de caridad mediúmnica. El mediunato no es una consagración ritual inventada por los hombres. Nace de las leyes naturales que rigen las conciencias en el fluir del tiempo, en el suceder de las generaciones y de las reencarnaciones. Un acto mediúmnico es el cumplimiento de un deber asumido ante el Tribunal de Dios instalado en la conciencia de cada uno. Cuando el médium se esquiva a ese cumplimiento engaña a sí mismo, pensando engañar a Dios. Su propia conciencia se incumbirá de condenarlo cuando suene la hora del veredicto inapelable. Nada justifica la fuga al uní compromiso forjado a costa del sacrificio ajeno. Las leyes morales de la conciencia tienen la misma inflexibilidad de las leyes materiales de la Naturaleza. Nuestra conciencia de relación capta apenas la realidad inmediata en la que nos encontramos. Más la conciencia profunda guarda el registro indeleble de todos los compromisos asumidos en el pasado y de todas las deudas morales que pensamos apagar en las aguas del Letes, el rio del olvido de las viejas mitologías. el río Letes se seco en las costas áridas del Olimpo, el cenáculo vacio de los antiguos dioses. Hoy solo tenemos un Dios, que no precisa vigilarnos desde lo alto de un monte ni dictarnos sus leyes para ser inscritas en tablas de piedras. Esas leyes están gravadas a fuego en nuestra propia carne. Nuestros actos determinan en el tiempo las situaciones en la que nos encontramos en cada existencia. Y el mediunato es el pasaporte que Dios nos concede para la liberación del pasado a través de un solo acto, el más bello y honroso de todos, que es el acto mediúmnico.

La responsabilidad mediúmnica no nos fue impuesta como castigo. Nosotros mismos la asumimos en la esperanza de la redención, que no vendrá del Cielo, más si de la Tierra, de la manera por la cual hiciéramos las travesías existenciales en el planeta, en un mar de lágrimas o por caminos floridos por las obras de sacrificio y abnegación que supiéramos sembrar. Tenemos el futuro en nuestras manos, el futuro inmediato del día a día y el futuro remoto que nos espera en las traslaciones de la Tierra alrededor del Sol. Llegamos así a la conclusión inevitable de que el presente pasa deprisa, más el pasado repunta en cada esquina del presente y del futuro

Fuente: Libro “Mediúmnidad”

Traducido por M. C. R

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

O Ato Mediúnico

Por José Herculano Pires

O ato mediúnico é o momento em que o espírito comunicante e o médium se fundem na unidade psico-afetiva da comunicação. O espírito aproxima-se do médium e o envolve nas suas vibrações espirituais. Essas vibrações irradiam-se do seu corpo espiritual atingindo o corpo espiritual do médium. A esse toque vibratório, semelhante ao de um brando choque elétrico, reage o perispírito do médium. Realiza-se a fusão fluídica. Há uma simultânea alteração no psiquismo de ambos. Cada um assimila um pouco do outro. Uma percepção visual desse momento comove o vidente que tem a ventura de captá-la. As irradiações perispirituais projetam sobre o rosto do médium a máscara transparente do espírito. Compreende-se então o sentido profundo da palavra intermúndio. Ali estão, fundidos e ao mesmo tempo distintos, o semblante radioso do espírito e o semblante humano do médium, iluminado pelo suave clarão da realidade espiritual. Essa superposição de planos dá aos videntes a impressão de que o espírito comunicante se incorpora no médium. Daí a errônea denominação de incorporação para as manifestações orais. O que se dá não é uma incorporação, mas uma interpenetração psíquica, como a da luz atravessando uma vidraça. Ligados os centros vitais de ambos, o espírito se manifesta emocionado, reintegrando-se nas sensações da vida terrena, sem sentir o peso da carne. O médium, por sua vez, experimenta a leveza do espírito, sem perder a consciência de sua natureza carnal, e fala ao sopro do espírito, como um intérprete que não se dá ao trabalho da tradução.

O ato mediúnico natural é esse momento de síntese afetiva em que os dois planos da vida revelam o segredo da morte: apenas um desvestir do pesado escafandro da matéria densa.

O ato mediúnico normal é uma segunda ressurreição, que se verifica precisamente no corpo espiritual que, segundo o Apóstolo Paulo, é o corpo da ressurreição. O espírito volta à carne, não a que deixou no túmulo, mas a do médium que lhe oferece, num gesto de amor, a oportunidade do retorno aos corações que deixou no mundo. A beleza do reencontro de um filho com a mãe, que estreita o médium nos braços ansiosos e o beija com toda a efusão da saudade materna, compensa de muito a impiedade dos que o acusam de praticar bruxarias. Nos casos de materialização, nada mais belo que Lombroso com sua mãe materializada através da mediunidade de Eusápia Paladino, na sessão a que fora levado pelo Prof. Chiaia, de Milão. Eusápia era uma camponesa analfabeta e mil vezes caluniada. Lombroso, o fundador da Antropologia Criminal, retratou-se na revista Luce e Ombra de seus violentos artigos contra o Espiritismo, e declarou comovido: "Nenhum gigante do pensamento e da força poderia me fazer o que me fez esta pequena mulher analfabeta: arrancar minha mãe do túmulo e devolvê-la aos meus braços!". Frederico Fígner, introdutor do fonógrafo no Brasil, levou sua esposa desolada a Belém do Pará, na esperança de um reencontro com a menina Rachel, sua filha, que haviam perdido, o que quase os levara à loucura, a ele e à esposa. Procuraram a médium Ana Prado, também mulher do campo, e numa sessão com ela a menina apareceu materializada, estimulando os pais a enfrentarem o caso com serenidade, pois ali estava viva, e falava e os beijava, e, sentava-se em seus colos, provando que não morrera. Fígner, ao voltar para o Rio de Janeiro, dedicou-se dali por diante ao Espiritismo, com a chama da fé acesa em seu coração e no coração da esposa, mas agora uma fé inabalável, assentada na razão e nos fatos.

Quando o ato mediúnico é assim perfeito e claro, iluminado por uma mediunidade esclarecida e devotada ao bem, não há gigante — como no caso de Lombroso — que não se curve reverente ante o mistério da vida imortal. O médium se torna o instrumento da ressurreição impossível, provando aos homens que a morte não é mais do que lapso no intermúndio que separa os vivos na carne dos vivos no espírito. Compreende-se então o fenômeno da Ressurreição de Jesus, que não foi o ato divino de um Deus, mas o ato mediúnico de um espírito que dominava, pelo saber e a pureza, os mistérios da imortalidade.

Quando o ato mediúnico não tem a pureza e a beleza de uma comunicação amorosa, tem o calor da solidariedade humana e é iluminado pela caridade cristã. Numa sessão comum de socorro espiritual, os médiuns sentados ao redor da mesa, os doutrinadores a postos, espíritos sofredores e espíritos maldosos e vingativos, sob controle dos orientadores espirituais, são aproximados de médiuns que desejam servi-los. O quadro é bem diferente dos que apresentamos acima. Não há beleza nem serenidade nos espíritos comunicantes, nem resplendor ou transparência em suas faces. Há desespero, dor, expressões de rebeldia ou ímpetos de vingança. Os médiuns sentem-se inquietos, não raro temerosos. A aproximação dos comunicantes é incômoda, desagradável. As vibrações perispirituais são ásperas e sombrias. O vidente se aturde com aquelas figuras pesadas e escuras que transtornam a fisionomia dos médiuns. Mas, na proporção em que os doutrinadores encarnados dão o socorro de suas vibrações e de seus argumentos fraternos aos necessitados, o quadro se modifica com as luzes vacilantes que se acendem nas mentes conturbadas. Os guias espirituais manifestam-se em socorro dos doutrinadores e suas vibrações acalmam a inquietação do ambiente. O trabalho é penoso. Criaturas recalcitrantes no mal recusam-se a compreender a realidade negativa em que se encontram. Espíritos vencidos pelas dores de encarnações penosas mostram-se revoltados. Os que trazem o coração esmagado por injustiças e traições exigem vingança e fazem ameaças terríveis. Mas a palavra fraterna, carregada de bondade e amor, iluminada pelas citações evangélicas, vai aos poucos amortecendo as explosões de ódio. Às vezes a autoridade do dirigente ou de um espírito elevado se faz sentir, para que os mais rebeldes compreendam que estão sob um poder persuasivo, mas enérgico. Uma pessoa que desconheça o problema dirá que se encontra numa sala de hospício sem controle ou assiste a um psicodrama de histéricos em desespero. Psicólogos sistemáticos ririam com desdém. O dirigente dos trabalhos parece um leigo a brincar com explosivos perigosos. Fanáticos de seitas dogmáticas julgam assistir a uma cena de possessão diabólica. Mas a sessão chega ao fim com a tranqüilização total do ambiente. Um espírito amigo comunica-se com palavras de agradecimento. Em silêncio, todos ouvem a prece final de gratidão aos espíritos bondosos que ajudaram a socorrer as sombras sofredoras. É estranho que todos estejam bem e satisfeitos com o resultado dos trabalhos. As pessoas beneficiadas comentam suas melhoras. O ambiente é de paz, amor e satisfação pelo dever cumprido.

Numa sessão de desobsessão para casos graves, com poucos elementos, sem a assistência numerosa do socorro geral, as comunicações são violentas os médiuns sofrem, gemem, gritam e choram. O dirigente e os doutrinadores permanecem tranqüilos, aparentemente impassíveis, e os doutrinadores usam de palavras persuasivas, de atitudes benignas. Nada de ameaças e exprobações violentas, como nas práticas antiquadas do exorcismo arcaico, vindo das profundezas do Egito, da Mesopotâmia, da Palestina. Nada de velas acesas, de símbolos sacramentais, de expulsão de entidades diabólicas. A técnica é de persuasão, de esclarecimento racional. Uma menina de quinze anos chega carregada pelos pais. Há uma semana dormia em estado cataléptico. As primeiras tentativas de despertá-la agitam-se e levanta-se furiosa, aos gritos. Quatro ou cinco homens não conseguem contê-la, parece dotada de força indomável. Mas pouco a pouco se acalma, chora baixinho e volta ao seu estado natural de menina graciosa e frágil. Retira-se da reunião como se nada demais tivesse acontecido. Despede-se alegre. Corre para a rua e toma o automóvel que a trouxe como se voltasse de um passeio. O ato mediúnico foi violento, assustador'. Mas o resultado da prece, dos passes, das doutrinações amorosas foi surpreendente. Poucos perceberam que, naquele corpinho de menina as garras da vingança estavam cravadas, tentando rasgar a cortina piedosa que vela os ódios do passado.

No ato mediúnico a criatura humana recupera os tempos esquecidos e se revê na tela das experiências mortas. E mais uma vez a morte lhe aparece como pura ilusão sensorial, pois tudo quanto havia desaparecido numa cova renasce de repente nas águas amargas da provação. A mediunidade funciona como um radar sensibilíssimo voltado para os caminhos perdidos. Nem sempre a tela da memória consegue reproduzir as imagens distantes, mas nas profundezas do inconsciente recalques antifreudianos esperam a catarse piedosa da comunicação absurda, em que os diálogos da caridade parecem brotar de terríveis mal-entendidos. Uma mulher não entendia porque o espírito comunicante a acusava de atrocidades que jamais praticara e a chamava de Condessa. Achou que tudo aquilo não passava de uma farsa ou de um momento de loucura. Mas quando, aconselhada pelo doutrinador, pediu perdão ao espírito algoz e chorou sem querer e sem saber por qual motivo o fazia, sentiu profundo alívio e nos dias seguintes os seus males desapareceram. As lágrimas de uma criatura que a amnésia tornou inocente podem comover um coração embrutecido no desejo de vingança. Mas quem fará o encontro necessário para o ajuste dos velhos erros e crimes, se o médium não se oferecer na imolação voluntária de si mesmo para apaziguar com a palavra do Mestre?

A responsabilidade espiritual do médium reflete-se no espelho de cada um dos seus atos de caridade mediúnica. O mediunato não é uma sagração ritual inventada pelos homens. Nasce das leis naturais que regem consciências no fluir do tempo, no suceder das gerações e das reencarnações. Um ato mediúnico é o cumprimento de um dever assumido perante o Tribunal de Deus instalado na consciência de cada um. Quando o médium se esquiva a esse cumprimento engana a si mesmo, pensando enganar a Deus. Sua própria consciência se incumbirá de condená-lo quando soar a hora do veredicto irrecorrível. Nada justifica a fuga a uni compromisso forjado à custa do sacrifício alheio. As leis morais da consciência têm a mesma inflexibilidade das leis materiais da Natureza. Nossa consciência de relação capta apenas a realidade imediata em que nos encontramos. Mas a consciência profunda guarda o registro indelével de todos os compromissos assumidos no passado e de todas as dívidas morais que pensamos apagar nas águas do Letes, o rio do esquecimento das velhas mitologias. O rio Letes secou nas encostas áridas do Olimpo, o cenáculo vazio dos antigos deuses. Hoje só temos um Deus, que não precisa vigiar-nos do alto de um monte nem ditar-nos suas leis para serem inscritas em tábuas de pedras. Essas leis estão gravadas a fogo em nossa própria carne. Nossos atos determinam no tempo as situações em que nos encontraremos em cada existência. E o mediunato é o passaporte que Deus nos concede para a liberação do passado através de um só ato, o mais belo e mais honroso de todos, que é o ato mediúnico.

A responsabilidade mediúnica não nos foi imposta como castigo. Nós mesmos a assumimos na esperança da redenção, que não virá do Céu, mas da Terra, da maneira pela qual fizermos as nossas travessias existenciais no planeta, num mar de lágrimas ou por estradas floridas pelas obras de sacrifício e abnegação que soubermos semear. Temos o futuro em nossas mãos, o futuro imediato do dia-a-dia e o futuro remoto que nos espera nas translações da Terra em torno do Sol. Chegamos assim à conclusão inevitável de que o presente passa depressa, mas o passado reponta em cada esquina do presente e do futuro.

Fonte: Livro "Mediunidade"

terça-feira, 15 de dezembro de 2009

A Memória do Espírito fica no Perispírito?

Por José Henrique Baldin

Alguns livros espíritas, sejam eles de autores encarnados ou de autores desencarnados cometem erros doutrinários, por isso nós espíritas devemos saber discernir os bons livros dos maus livros, independente de qual seja o autor, o espírito, o médium, etc.

Para que nós não assimilemos conceitos equivocados como corretos é imprescindível o estudo regular das obras básicas do Espiritismo, que são: Livro dos Espíritos, O Evangelho Segundo o Espiritismo, Céu e o Inferno, Livro dos Médiuns, A Gênese. Ainda possuímos da Revista Espírita que Allan Kardec escreveu de 1858 a 1869, e Obras Póstumas. Se algum conceito estiver em contradição com as Obras básicas devemos deixar de lado este conceito e ficar com o conceito das Obras Básicas, temos que analisar os outros livros espíritas com a razão e não com o coração. Às vezes aceitamos todos os conceitos que vem através destas obras, só porque veio de tal espírito (que julgamos superior) ou de um médium( que julgamos infalível). Conforme Kardec nos orientou não existe na face na Terra nenhum médium perfeito e nos alertou para o cuidado na análise do que é transmitido por um espírito.

Um dos conceitos equivocados de alguns livros espíritas é que a memória do Espírito fica no perispírito. O perispírito é apenas o veiculo de manifestação do espírito, ou seja o corpo espiritual. Assim como o corpo humano que não pensa, não raciocina, e que as memórias e o patrimônio intelectual adquirido nas várias existências corpóreas do espírito não estão no corpo físico, da mesma maneira ocorre com o perispírito que é apenas um corpo de manifestação do espírito no mundo espiritual, mais etéreo do que o corpo físico, mais ainda um corpo revestido de matéria.

Quando o espírito sai deste mundo para ir a outro mundo ele precisa destruir o corpo perispiritual deste mundo e constituir um novo perispirito no mundo em que irá habitar. Isso porque o espírito constrói o perispírito de acordo com os fluídos existentes de cada planeta. E cada planeta não é exatamente igual fluidicamente a outro, porque cada mundo está numa faixa de evolução diferente por causa dos seus habitantes que também estão em defirentes graus de evolução espiritual. Se a memória ficasse no perispírito, quando o espírito destruiria o perispírito para reconstruir um outro no novo planeta, a memória se perderia.

O que a Doutrina Espírita nos diz é que: o pensamento, a vontade, as memórias(lembranças), os conhecimentos adquiridos, a moral estão no próprio espírito, e o perispírito apenas reflete o pensamento do espírito. Todos os espíritos possuirão eternamente um perispírito, mesmo os espíritos puros, pois como foi dito o perispírito é a forma de manifestação do espírito no mundo dos espíritos. Mesmo que um espírito seja perfeito, ou seja, puro, ele possuirá um perispírito que será muito mais etéreo do que de um espírito que ainda não chegou perfeição.

sábado, 5 de dezembro de 2009

A Encarnação dos Espíritos

O Espiritismo ensina de que maneira se opera a união do Espírito com o corpo, na encarnação.

O Perispírito

Pela sua essência espiritual, o Espírito é um ser indefinido, abstrato, que não pode ter ação direta sobre a matéria, sendo-lhe indispensável um intermediário, que é o envoltório fluídico, o qual, de certo modo, faz parte integrante dele. É semimaterial esse envoltório, isto é, pertence à matéria, pela sua origem, e à espiritualidade, pela sua natureza etérea. Como toda matéria, ele é extraído do fluido cósmico universal, que, nessa circunstância, sofre uma modificação especial. Esse envoltório, denominado perispírito, faz de um ser abstrato, o Espírito, um ser concreto, definido, apreensível pelo pensamento. Torna-o apto a atuar sobre a matéria tangível, conforme se dá com todos os fluidos imponderáveis, que são, como se sabe, os mais poderosos motores.

O fluido perispirítico constitui, pois, o traço de união entre o Espírito e a matéria. Enquanto aquele se acha unido ao corpo, serve-lhe ele de veículo ao pensamento, para transmitir o movimento às diversas partes do organismo, as quais atuam sob a impulsão da sua vontade e para fazer que repercutam no Espírito as sensações que os agentes exteriores produzam. Servem-lhe de fios condutores os nervos como, no telégrafo, ao fluido elétrico serve de condutor o fio metálico.

O Nascimento

Quando o Espírito tem de encarnar num corpo humano em vias de formação, um laço fluídico, que mais não é do que uma expansão do seu perispírito, o liga ao gérmen que o atrai por uma força irresistível, desde o momento da concepção. À medida que o gérmen se desenvolve, o laço se encurta. Sob a influência do princípio vital-material do gérmen, o perispírito, que possui certas propriedades da matéria, se une, molécula a molécula, ao corpo em formação, donde poder dizer-se que o Espírito, por intermédio do seu perispírito, se enraíza, de certa maneira, nesse gérmen, como uma planta na terra. Quando o gérmen chega ao seu pleno desenvolvimento, completa é a união; nasce então o ser para a vida exterior.

Um fenômeno particular, que a observação igualmente assinala, acompanha sempre a encarnação do Espírito. Desde que este é apanhado no laço fluídico que o prende ao gérmen, entra em estado de perturbação, que aumenta, à medida que o laço se aperta, perdendo o Espírito, nos últimos momentos, toda a consciência de si próprio, de sorte que jamais presencia o seu nascimento. Quando a criança respira, começa o Espírito a recobrar as faculdades, que se desenvolvem à proporção que se formam e consolidam os órgãos que lhes hão de servir às manifestações.

Mas, ao mesmo tempo em que o Espírito recobra a consciência de si mesmo, perde a lembrança do seu passado, sem perder as faculdades, as qualidades e as aptidões anteriormente adquiridas, que haviam ficado temporariamente em estado de latência e que, voltando à atividade, vão ajudá-lo a fazer mais e melhor do que antes. Ele renasce qual se fizera pelo seu trabalho anterior; o seu renascimento lhe é um novo ponto de partida, um novo degrau a subir. Ainda aí a bondade do Criador se manifesta, porquanto, adicionada aos amargores de uma nova existência, a lembrança, muitas vezes aflitiva e humilhante, do passado, poderia turbá-lo e lhe criar embaraços. Ele apenas se lembra do que aprendeu, por lhe ser isso útil. Se às vezes lhe é dado ter uma intuição dos acontecimentos passados, essa intuição é como a lembrança de um sonho fugitivo. Ei-lo, pois, novo homem, por mais antigo que seja como Espírito. Adota novos processos, auxiliado pelas suas aquisições precedentes. Quando retorna à vida espiritual, seu passado se lhe desdobra diante dos olhos e ele julga como empregou o tempo, se bem ou mal.

Não há, portanto, solução de continuidade na vida espiritual, sem embargo do esquecimento do passado. Cada Espírito é sempre o mesmo eu, antes, durante e depois da encarnação, sendo esta, apenas, uma fase da sua existência. O próprio esquecimento se dá tão-só no curso da vida exterior de relação. Durante o sono, desprendido, em parte, dos liames carnais, restituído à liberdade e à vida espiritual, o Espírito se lembra, pois que, então, já não tem a visão tão obscurecida pela matéria.

A Morte

Por um efeito contrário, a união do perispírito e da matéria carnal, que se efetuara sob a influência do princípio vital do gérmen, cessa, desde que esse princípio deixa de atuar, em conseqüência da desorganização do corpo. Mantida que era por uma força atuante, tal união se desfaz, logo que essa força deixa de atuar. Então, o perispírito se desprende, molécula a molécula, conforme se unira, e ao Espírito é restituída a liberdade. Assim, não é a partida do Espírito que causa a morte do corpo; esta é que determina a partida do Espírito.

O Espiritismo, pelos fatos cuja observação ele faculta, dá a conhecer os fenômenos que acompanham essa separação, que, às vezes, é rápida, fácil, suave e insensível, ao passo que doutras é lenta, laboriosa, horrivelmente penosa, conforme o estado moral do Espírito, e pode durar meses inteiros.

Considerações Gerais

Normalmente, a encarnação não é uma punição para o Espírito, conforme pensam alguns, mas uma condição inerente à inferioridade do Espírito e um meio de ele progredir. A obrigação que tem o Espírito encarnado de prover o alimento ao corpo, à sua segurança, ao seu bem-estar, o força a empregar suas faculdades em investigações, a exercitá-las e desenvolvê-las. Útil, portanto, ao seu adiantamento é a sua união com a matéria. Daí o constituir uma necessidade a encarnação. Além disso, pelo trabalho inteligente que ele executa em seu proveito, sobre a matéria, auxilia a transformação e o progresso material do globo que lhe serve de habitação. É assim que, progredindo, colabora na obra do Criador, da qual se torna fator inconsciente.

Todavia, a encarnação do Espírito não é constante, nem perpétua: é transitória. Deixando um corpo, ele não retoma imediatamente outro. Durante mais ou menos considerável lapso de tempo, vive da vida espiritual, que é a sua vida normal, de tal sorte que insignificante vem a ser o tempo que lhe duram as encarnações, se comparado ao que passa no estado de Espírito livre.

No intervalo de suas encarnações, o Espírito progride igualmente, no sentido de que aplica ao seu adiantamento os conhecimentos e a experiência que alcançou no decorrer da vida corporal; examina o que fez enquanto habitou a Terra, passa em revista o que aprendeu, reconhece suas faltas, traça planos e toma resoluções pelas quais conta guiar-se em nova existência, com a idéia de melhor se conduzir. Desse jeito, cada existência representa um passo para frente no caminho do progresso, uma espécie de escola de aplicação.

Fonte: “A Gênese” – Allan Kardec

domingo, 8 de novembro de 2009

Hereditariedade fisiológica e hereditariedade psíquica

Por Domério de Oliveira

Sob a ótica da Medicina Legal, hereditariedade é o fenômeno biológico pelo qual se opera a transmissão de caracteres físicos e morais dos pais aos filhos. Temos, assim, a hereditariedade fisiológica que, por si mesma, não pode explicar determinados fatos que vão além dos seus acanhados limites. Há certas particularidades, no campo da hereditariedade, que demonstram heranças que nada têm a ver com os caracteres biológicos dos ascendentes. Filhos de pais, sem quaisquer índices de inteligência, nascem com faculdades intelectivas fulgurantes e com inatas vocações para as artes, para a ciência, para a literatura, a música e outros ramos do conhecimento. Assim sendo, a hereditariedade, no seu amplo sentido, para ser melhor compreendida, tem de ser completada, também, com o conceito da hereditariedade psíquica, ou seja, aquela herança que o Espírito já traz consigo mesmo, quando retorna o vaso carnal. Meus amigos, quem, a não ser o Espírito Imortal, pode constituir o fio condutor que, através de um contínuo nascer e morrer de formas, rege o desenvolvimento da evolução? Sim, através das múltiplas vivências, o Espírito vai amadurecendo e acumulando experiências, bem como, vai adquirindo cultura, patrimônio inalienável que o acompanha. Daí, então, a hereditariedade psíquica que transcende as barreiras da hereditariedade fisiológica. Esse conceito de hereditariedade psíquica, por certo, conduz à inevitável conclusão extraída de fatos já vivenciados relativos à sobrevivência de um Princípio Psíquico depois da morte. Sócrates já nos ensinava que "viver é recordar".

Os animais, nossos irmãozinhos menores, também, possuem o seu "corpo astral", (Perispírito), que sobrevive à morte do corpo físico e que é, justamente, aquele "fio condutor", ligando as numerosas fases das reencarnações.

Sim, meus amigos, se o Psiquismo, (Espírito), já está demonstrado, como fazendo parte dos fenômenos biológicos, forçoso é admitir que ele, assim como sobrevive à morte orgânica, deva preexistir ao nascimento. Ao Espírito são confiados os últimos produtos da vida e a continuidade do transformismo evolutivo, como Unidade Diretora que é de todas as suas formas sucessivas. A hereditariedade nos apresenta determinados fenômenos que só podem ser explicados à luz da hereditariedade psíquica, ou seja, o Espírito herdando de si mesmo as suas qualidades ou os seus defeitos. Quantas vezes, os filhos superam os pais e os gênios nascem de antepassados medíocres! Como pode o mais ser gerado pelo menos?

Entre pais e filhos prevalecem mais as semelhanças orgânicas do que as qualidades psíquicas. Notemos que a gênese do psiquismo, a formação do instinto, da consciência, por certo, são problemas de outra maneira insolúveis, caso não sejam analisados e equacionados à luz da legítima herança psíquica.

Um rio não pode criar-se a si mesmo; também o Espírito não pode criar-se a si mesmo. E, como o rio, o Espírito percorre uma longa distância, vencendo os acidentes da jornada, para alcançar a amplidão do oceano. Não podemos aceitar a tese de algumas crenças de que a Alma nasce com o corpo. Nesta hipótese, se a Alma nasce com o corpo fatalmente deve morrer com o corpo e, nesse caso, a lógica nos conduzirá ao mais desesperado materialismo. Isso não é verdade, porque já está provada cientificamente a sobrevivência do Espírito.

Meus amigos, tudo obedece a uma lei fatal de causalidade, uma lei íntima, invisível e inviolável, contra a qual nada podem a astúcia e a prepotência. Nunca se pode fugir às conseqüências das próprias ações. O Bem ou o mal que alguém faz, o faz para si mesmo.

Devemos considerar que antes da hereditariedade fisiológica, há uma hereditariedade psíquica que se sobrepõe àquela, resumindo todas as nossas obras e encerrando o nosso destino.

Mantemos com os nossos Pais uma relação de afinidade. Por isso mesmo reencarnamos nos ambientes onde devemos reencarnar e cruzamos com aquelas criaturas que devemos cruzar, ou por um toque de bem querer ou para restabelecimento de elos partidos.

Nossos Espíritos, normalmente, escolhem o lugar e o tempo em que, prescientes das provas, as têm que vencer.

Curvemo-nos, assim, ante nossa hereditariedade psíquica, pois, espiritualmente, somos os nossos próprios herdeiros e, assim sendo, temos que arcar com a partilha dos nossos Bens ou dos nossos males.

Fonte: Jornal Verdade e Luz Nº 166 Novembro de 1999

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Apometria é uma prática espírita?

Por Iso Jorge Teixeira

A Apometria não faz parte da Doutrina Espírita. O termo apometria é derivado do grego Apó- preposição significando além de e fora de e Metron- relativo à medida. Segundo aqueles que a aplicam, representaria o clássico desdobramento entre o corpo físico e os "corpos" espirituais do ser humano. Não seria propriamente uma técnica mediúnica e sim uma "técnica de separação desses componentes".

Diz-se que "um médico da turma de 50", "espírita", JOSÉ LACERDA DE AZEVEDO teria iniciado o método no Brasil; no entanto, não sabemos em que Faculdade teria se formado o tal "médico da turma de 50". Posteriormente, em 1965, o porto-riquenho LUIS RODRIGUES teria aplicado a técnica com outro nome. JOSÉ LACERDA teria tentado a metodologia em sua esposa, Dona Yolanda, que seria médium.

Diz-se, também, que teria sido identificado um tal "grande complexo hospitalar na dimensão espiritual denominado Hospital Amor e Caridade". Bem, o internauta que leu nosso artigo neste site sobre a erraticidade já conhece a nossa opinião sobre os chamados "hospitais" da erraticidade, isto é, são fantasias espirituais sem a menor base científica nem doutrinária para validá-los como verdadeiros.

Ora, a apometria é então uma técnica totalmente estranha à Doutrina Espírita, pois segundo esta não existem "corpos espirituais", a Doutrina faz referência apenas ao perispírito. Logo se observa, ao estudarmos o assunto, que se trata de uma técnica que absorve conceitos da Teosofia e do hinduísmo e não é por acaso que a Sra. L. é uma entusiasta desse método, pois adota os princípios do ramatisismo. Apesar de respeitar o seu ponto de vista, repudiamos com veemência a catalogação dessa técnica de desdobramento como espírita, até porque em Espiritismo não há técnicas.

Dizem aqueles que praticam a Apometria que ela "apresenta resultado eficaz em todos (o grifo é nosso) os pacientes, mesmo nos oligofrênicos" (cf. página da Internet intitulada 'Algumas notas sobre Apometria'). Assim, essa técnica seria aplicável para tratamento, inclusive, de deficientes mentais. Ora, em Medicina não existe nenhum tratamento em que se obtém eficácia em todos os casos e até hoje não há cura para os deficientes mentais; logo, a afirmação de cura desses pacientes é, no mínimo, leviana.

O método, em resumo, consistiria em se aplicar "pulsos magnéticos concentrados e progressivos" no "corpo astral" do paciente e, "por sugestão" comandar-se-ia seu afastamento. Desdobrar-se-iam o médium e o doente para contato com "entidades médicas do astral" !!! Está visto que não há a menor cientificidade no método: é um amontoado de termos, sem a menor possibilidade de controle científico e com o falso pressuposto de que os Espíritos estariam à disposição dos médiuns em dias e horas marcados. Enfim, parece-nos um verdadeiro Ôba, Ôba espiritual...

Só para se ter uma idéia: na propaganda de um livro que trata especificamente do assunto, diz o autor que tratou de 16.000 casos nos últimos 10 anos, ou seja, uma média de 1.600 casos por ano... Como conseguir-se o desdobramento de um paciente, do médium e doutrinar os Espíritos num hospital espiritual em tão pouco tempo de trabalho?! Num "estalar de dedos" ?...

Desculpe-me, a Sra. L., mas não recomendamos esse método para ninguém; além disso, ele pouco difere da Projeciologia, tão divulgada pelo Dr. WALDO VIEIRA, que abandonou o Espiritismo para dedicar-se a ministrar Cursos sobre isso...

Finalizando este tópico, diremos que o conhecimento da técnica da Apometria demonstra que a imaginação humana não tem limites, principalmente quando se quer auferir dividendos com a credulidade das pessoas, pois dentro deste barco encontram-se alguns médicos, psicólogos, etc., inescrupulosos; a julgar-se pela propaganda já referida. Não citamos nomes das pessoas porque não queremos personalizar e, embora não conheçamos a Sra. L. - que parece ser de boa-índole - dar-lhe-emos este conselho: saia dessa canoa, ela não está furada não, ela nunca teve fundo!...

Enfim, há um adágio atribuído a ALBERT EINSTEIN que, infelizmente, temos repetido em nossos artigos: "HÁ DUAS COISA INFINITAS: O UNIVERSO E A TOLICE DOS HOMENS".

Fonte: Portal do Espírito

sábado, 15 de agosto de 2009

Um estudo sobre a dor

Por Claudia Cardamone

“Ninguém sofre, de um modo ou de outro, tão somente para resgatar o preço de alguma coisa. Sofre-se também angariando os recursos precisos para obtê-la." (Emmanuel, do livro “Aulas da Vida”).

Primeiramente vamos definir a palavra dor. De acordo com o Dicionário Aurélio, dor pode ser uma sensação desagradável, variável em intensidade e em extensão de localização, produzida pela estimulação de terminações nervosas especiais, pode ser um sofrimento moral, mágoa, pesar ou aflição, e por fim dor pode ser sinônimo de dó, compaixão e condolência. Com base no Wikipédia, a dor é uma sensação desagradável, que varia desde desconforto leve a excruciante, associada a um processo destrutivo atual ou potencial dos tecidos que se expressa através de uma reação orgânica e emocional.

Existem aspectos para a dor. A dor física é aquela que surge de um ferimento ou de uma doença, funcionando como um alarme de que há algo errado no funcionamento do corpo; se não existisse a dor, provavelmente não sobreviveríamos, porém esta dor física afeta a pessoa como um todo. A dor moral é aquela que advém do sofrimento, da emoção. A dor espiritual surge da perda de significado, sentido e esperança, ela é reconhecida quando dizemos que “dói a alma”. O aconselhamento espiritual é uma das necessidades mais solicitadas pelos que estão morrendo e por seus familiares. Claro que estes três aspectos interrelacionam-se e nem sempre é fácil distinguir um do outro.

Todas as pessoas consideradas normais têm horror à dor física. Mas a dor se impõe ao homem como um instrumento necessário para que ele possa compreender e observar a lei da autopreservação. Quando a dor é maior do que conseguimos suportar, simplesmente caímos em estado inconsciente.

Um aspecto importante da dor é o aspecto mental, pois a maioria das dores físicas é exagerada pela nossa reação mental a elas. Muitas vezes, em um acidente, os pais, preocupados em amparar e proteger seus filhos, não sentem a dor de um ferimento, porém assim que suas emoções se acalmam, percebem o ferimento e sentem dor. Muitas vezes eles dizem nem terem tido tempo para pensar nisso.

Em "O Livro dos Espíritos", Capítulo VI, Parte 2ª: “257. O corpo é o instrumento da dor, se não é sua causa primária, é pelo menos a imediata. A alma tem a percepção dessa dor: essa percepção é o efeito. A lembrança que ela conserva pode ser muito penosa, mas não pode implicar ação física. Com efeito, o frio e o calor não podem desorganizar os tecidos da alma; a alma não pode regelar-se nem queimar. Não vemos, todos os dias, a lembrança ou a preocupação de um mal físico produzir os seus efeitos? E até mesmo ocasionar a morte? Todos sabem que as pessoas que sofreram amputações sentem dor no membro que não mais existe. Seguramente não é esse membro a sede, nem o ponto de partida da dor: o cérebro conservou a impressão, eis tudo. Podemos, portanto, supor que há qualquer coisa de semelhante nos sofrimentos dos Espíritos depois da morte (...)”

“O perispírito é o liame que une o Espírito à matéria do corpo; é tomado do meio ambiente, do fluido universal; contém ao mesmo tempo eletricidade, fluido magnético e, até certo ponto, a própria matéria inerte (...) É também o agente das sensações externas. No corpo, estas sensações estão localizadas nos órgãos que lhes servem de canais. Destruído o corpo, as sensações se tornam generalizadas. Eis porque o Espírito não diz que sofre mais da cabeça que dos pés (...) Liberto do corpo, o Espírito pode sofrer, mas esse sofrimento não é o mesmo do corpo; não obstante, não é também um sofrimento exclusivamente moral, como o remorso, pois ele se queixa de frio ou de calor (...) A dor que sente não é dor física propriamente dita: é um vago sentimento interior, de que o próprio espírito nem sempre tem perfeita consciência, porque a dor não está localizada e não é produzida por agentes exteriores; é, antes, uma lembrança também penosa (...)”.

Um espírito já desencarnado pode acreditar estar sentindo dor, pois sua mente ainda mantém a percepção desta dor. Ele não sente uma dor física, pois esta dor é inerente ao corpo, que já não existe mais, mas por estar muito apegado à matéria e acreditar que possui um corpo, sua mente “percebe” a dor.

Desde o século passado, a ciência já conhece quais os neurônios envolvidos na percepção da dor, mas o mais importante é o processo mental que irá interpretar esta dor. Ou seja, a forma como é expressa esta dor está fortemente ligada à cultura, à personalidade, às experiências anteriores, à memória e ao ambiente do indivíduo. Desta forma, podemos concluir que a dor é um processo mental interpretativo, não passa de uma opinião pessoal. Sem dúvida é uma sensação em uma ou mais partes do organismo, mas sempre é desagradável, e, portanto, representa uma experiência emocional. Estamos diante de um fenômeno dual, de um lado a percepção da sensação e de outro a resposta emocional do indivíduo a ela. Assim, nem sempre quem está sentindo dor está sofrendo. O sofrimento é uma questão subjetiva e está mais ligada à moral da pessoa. Nem toda dor leva ao sofrimento e nem todo sofrimento requer a presença de dor física. A dor sempre representa um estado psicológico, muito embora saibamos que a dor na maioria das vezes apresenta uma causa física imediata.

Já dizia Emmanuel: “Toda dor física é um fenômeno, enquanto que a dor moral é essência.” (O Consolador, Francisco Cândido Xavier).

Muitas vezes esta dor, que no plano biológico é como uma advertência de utilidade incontestável, repercute na vida psicológica do indivíduo, extrapolando esta utilidade biológica e dependendo da sua intensidade poderá assumir dimensões tais que gerariam um desejo de se eliminar a própria vida. Na verdade, não é uma verdadeira vontade de eliminar a vida, mas um desejo de pôr fim a uma dor interpretada como intolerável.

A Psicologia já vem afirmando algo nesta direção; diz esta ciência que dar significado à condição sofrida freqüentemente reduz ou mesmo elimina o sofrimento a ela associado. A transcendência seria provavelmente a forma mais poderosa na qual alguém pode ter sua integridade restaurada.

Desde que renascemos, até a desencarnação, estamos sempre diante da dor e do sofrimento. A Doutrina Espírita não faz apologia da dor, apenas nos esclarece o porquê da dor.

“É necessário sofrer para adquirir e conquistar. Aqueles que não sofreram, mal podem compreender estas coisas.” (Léon Denis, Cap. XXVI do livro “O Problema do Ser, do Destino e da Dor”).

Claudia Cardamone nasceu em 31 de outubro de 1969, na cidade de São Paulo/SP. Formada em Psicologia, no ano de 1996, pelas FMU em São Paulo. Reside atualmente em Santa Catarina, onde trabalha como artesã. É espírita e trabalhadora da Associação Espírita Seareiros do Bem, em Palhoça/SC.

quarta-feira, 5 de agosto de 2009

Visão Espírita do Homem

Por Deolindo Amorim

Já se sabe que o perispírito não é uma invenção do Espiritismo, como não é um conceito abstrato. É um elemento real, que tem propriedades e toma formas visíveis. Com o Espiritismo, entretanto, em virtude das experiências mediúnicas que já se acumularam até hoje, o estudo desse “corpo intermediário” necessariamente se tornou mais específico, permitindo que se lhe reconheçam propriedades relevantes no mecanismo psico-fisiológico. Além de outros autores, considerados clássicos na literatura espírita, Gabriel Delanne dedicou boa parte de seus trabalhos ao perispírito, e trouxe, por isso mesmo, uma contribuição significativa e ainda válida em toda a plenitude. Estudou ele, por exemplo, as “Provas da existência do perispírito - sua utilidade - seu papel”, no alentado livro O Espiritismo perante a Ciência. E, assim, em toda a obra de Delanne, realmente portentosa, há o que se estudar e pensar a respeito do perispírito. Não se precisaria fazer referência a outros, aliás bastante conhecidos no meio espírita, porque não temos objetivo de erudição nesta breve crônica jornalística. Queremos acentuar, sim, o perispírito ou mediador fluídico tem funções próprias no composto humano, não é uma criação imaginária...

Na antigüidade oriental, como na grega, como entre doutores da Igreja, admitiu-se claramente a existência de uma “substância”, um corpo, um elemento equivalente, afinal de contas, entre as duas realidades fundamentais: a matéria e o Espírito. Os nomes são diversos e, por isso, há uma infinidade de expressões para traduzir a significação do perispírito (terminologia do Espiritismo) no conjunto psicossomático. Existem até uns tantos preciosismos de linguagem, verdadeiras sutilezas verbais para dizer o que seja, no fundo, esse “corpo bioplásmico”, segundo a moderníssima denominação resultante de experiências realizadas na Rússia. Há contextos espiritualistas em que se encontra o perispírito, dividido ou apresentado sob outras rubricas, com as especificações que lhe são atribuídas. Mas o que é fundamental no caso é a existência, necessária, de um elemento que se interpõe no binômio corpo-espírito. A Doutrina Espírita prefere chamá-lo simplesmente de perispírito, com explicações acessíveis a todos os níveis de instrução.

Sob o ponto de vista histórico, entretanto, além do que já se encontra em velhas fontes orientais, como noutros ramos da literatura antiga, convém considerar que na Escolástica primitiva, muito influenciada por Platão e Agostinho, também se admitiu a constituição trinária do ser humano:

1) a alma habita numa casa que lhe é essencialmente estranha; o corpo é o albergue, o hábito, o recipiente, o invólucro da alma; além de semelhante imagem, é também usada a do matrimônio.

2) o corpo e a alma estão unidos por um “spiritus physucys”, que serve de intermediário;

3) corpo e alma estão unidos pela personalidade como em uma espécie de união hipostática.

(Barnarco Bartmann - “Teologia Dogmática” - I vol., Edições Paulinas)

Tão forte lhe parece a união da alma com o corpo, com a intercalação desse - “spiritus physucus”, que funciona como intermediário, que o Autor chega a compará-la a uma espécie de união hipostática, isto é, união do Verbo divino com a natureza humana. A idéia de um “invólucro” ou “intermediário”, uma vez que o Espírito precisa de um revestimento para que possa conviver com o corpo, faz parte dos contextos espíritas, sejam quais forem os nomes que se lhe dêem. É o perispírito, sem tirar nem por.

Como o perispírito, a reencarnação, por sua vez, também já teve adeptos na Igreja, embora contra ela se tenha pronunciado e firmado sentença o Concílio de Constantinopla. Mas o certo é que Orígenes, teólogo e exegeta, defendeu a tese da preexistência, o que, aliás, é fato muito citado. Outros teólogos, como se sabe, adotaram a tese “criacionista”, isto é, a criação da alma com o corpo ou para o corpo. Justamente nesse ponto, um dos maiores doutores de sua época - Santo Agostinho - se defrontou com dificuldades para conciliar a criação da alma com o “pecado original”. Quem o diz é ainda Bartmann, na mesma obra (já referida), e ele próprio, o autor de “Teologia Dogmática”, também encontra obscuridade. Vejamos: Se é incompreensível que a alma derive do ato corpóreo da geração, todavia também o criacionismo apresenta não pequenas dificuldades. Já Santo Agostinho não sabia explicar como a alma, criada por Deus, podia nascer com o pecado original. A dificuldade conserva seu valor também para nós. Outra dificuldade pode surgir da consideração de uma criação contínua até o fim do mundo, de um número incalculável de atos diretos de Deus. mas o ponto-chave do problema, como denuncia o Autor, está justamente nesta decorrência da tese “criacionista”: Pareceria, por fim, necessário admitir uma cooperação imediata de Deus, nas numerosas gerações manchadas pela culpa. Não se pode responder à primeira dificuldade senão recorrendo ao mistério do pecado original. E no mistério esbarra tudo, não há mais saída para o raciocínio...

Contrapondo-se à idéia da criação do Espírito juntamente com o corpo, a Doutrina Espírita propõe outra análise do problema, nestes termos:

“Donde vem a aptidão extranormal que muitas crianças em tenra idade revelam, para esta ou aquela arte, para esta ou aquela ciência, enquanto outras se conservam inferiores ou medíocres durante a vida toda?”

“Donde, em certas crianças, o instinto precoce que revelam para os vícios ou para as virtudes, os sentimentos inatos de dignidade ou de baixeza, contrastando com o meio em que elas nasceram?” (O Livro dos Espíritos - questão 222).

Se, realmente, o Espírito fosse criado por Deus no ato do nascimento, seria o caso de admitir, ainda que por absurdo, criação de indivíduos que nascem com tendências para a perversão ou para a delinqüência. Seria obra de Deus?!...

A tese da preexistência explica as inclinações inatas para o bem ou para o mal, embora a Doutrina Espírita não negue a influência fortíssima da educação, do meio social, da cultura e de outros fatores contingentes. Mas o Espírito, ao voltar à Terra, pela reencarnação, traz certa bagagem de conhecimentos, virtudes ou vícios, responsáveis pelo curso de sua existência, com todos os altos e baixos deste mundo. Deus não iria criar para a vida um Espírito que já estivesse marcado com as paixões inferiores. Todos começam “simples e ignorantes” - ensina a Doutrina - mas o próprio arbítrio, que é indispensável à experiência individual, pode desviar o Espírito da rota mais justa e levá-lo aos despenhadeiros morais. “Simples e ignorantes” é a expressão textual da Doutrina “O Livros dos Espíritos - questões 115-121-133-634. É o ponto de partida. Daí por diante, cada qual adquire sua experiência através das vidas sucessivas. É um princípio que nos faz compreender a responsabilidade individual, ao passo que, se admitíssemos a criação juntamente com o corpo, chegaríamos a esta conclusão a fatal: se a criatura é má, se abusa de suas faculdades ou de seus recursos para dar expansão a tendências viciosas, não é responsável por seu procedimento, uma vez que nasceu assim, foi criada assim por Deus, colocada no corpo, ao nascer, com todas as suas mazelas morais. No entanto, o princípio da responsabilidade individual é válido no tempo e no espaço, segundo o Espiritismo.

Outra, portanto, é a perspectiva da reencarnação, que já teve defensores no seio da Igreja, embora condenada, mais tarde, como heresia. O desenvolvimento do Espírito modifica o perispírito, e este, pela ação plasmadora, tem influência sobre o corpo. Como já vimos, não apenas Platão, luminar da constelação grega da antigüidade, esposou a concepção trinária do homem, mas entre escolásticos também houve partidários dessa concepção. O homem tríplice não desagrega a unidade básica do EU. Com esta visão antropológica, a Doutrina Espírita situa o homem na Terra, em relação ao presente e ao passado, apontando-lhe o caminho do futuro, sem ilusões nem quimeras.

(Obreiros do Bem - Agosto de 1976)