Mostrando postagens com marcador apometria. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador apometria. Mostrar todas as postagens

quarta-feira, 16 de abril de 2014

Apometria e Espiritismo

Por Carmem Paiva de Barros

A apometria, considerada por seus praticantes como "um revolucionário método desobsessivo", foi criada pelo conceituado pesquisador e médico espírita carioca José Lacerda, na década dos anos 50, na cidade de Porto Alegre (RS).

O movimento em favor da apometria passou pela região Centro-Oeste do Brasil, desaguando em Goiás e no Distrito Federal, com a perspectiva de realizar tratamentos espirituais muito mais eficazes que a conhecida desobsessão, indicada pelo espírito André Luiz.

A novidade conquistou a simpatia de conhecidos e respeitáveis médiuns e médicos espíritas.

A CONCAFRAS, movimento religioso de exaltação a poetisa potiguar Auta de Souza, se incumbiu de levar para outros Estados a apometria, sempre com a proposta de "revolucionar a metodologia de tratamento desobsessivo nos Centros Espíritas".

A exemplo do que ocorreu em tantos outros Estados brasileitos, a apometria encontrou compo fértil na Paraíba. Alguns Centros Espíritas facilmente assimilaram as práticas do novo método desobsessivo, apontado como "eficiente" no tratamento de espíritos intransigentes aos ensinamentos morais de Jesus.

Segundo opinião do médium e tribuno baiano Divaldo Pereira Franco (ver jornal DESPERTADOR, edição de julho/agosto de 2008, de São Paulo), "(...) as práticas da apometria estão em total desacordo com as recomendações de O Livro dos Espíritos e ainda tem a pretensão de ser apresentada como um passo avançado do movimento espírita, no qual Allan Kardec estaria ultrapassado".

Na Paraíba, a apometria ficou conhecida como "a desobsessão do passa-passa".

Certa feita, assisti uma reunião onde pude observar a forma grosseira, desrespeitosa e anticristã de como eram tratados os espíritos (aos milhares, na ótica dos médiuns videntes presentes).

A "manada" de espíritos recebia tratamento de "choque", com ameaça de serem levados ao magma (substância ainda ebulição) da Terra, sem nenhum resquício de misericórdia da parte dos doutrinadores e do coordenador do trabalho.

Em determinado trecho do seu comentário sobre a absurda prática, Divaldo Franco diz textualmente que "aqueles que adotam esses métodos novos, primeiro não conhecem as bases kardequianas; e se alguém prefere a apometria, divorcie-se do Espiritismo. É um direito! Mas não misture para não confundir".

O médium baiano tem razão.

A Doutrina Espírita centraliza-se no amor, na compaixão, na misericórdia, na indulgência e no respeito incondicional à condição moral em que se encontram os espíritos rebeldes, que passaram pela vida terrena sem qualquer preocupação com o processo reeducativo que a reencarnação lhes determinava.

Aqueles médiuns e trabalhadores que subestimam os métodos convencionais da desobsessão feita com Jesus no coração, precisam estudar as obras kardequianas para o seu próprio benefício e proteção espiritual.

A apometria é um método pseudocientífico. Não faz parte da proposta espírita e cristã da "amar ao próximo como a si mesmo"

>>> Artigo publicado no jornal TRIBUNA ESPÍRITA, edição de março/abril de 2013,
de João Pessoa, PB.

Retirado do blog Kardec Ponto Com: http://kardecpontocom.blogspot.com.br/p/carlos-meus-artigo.html

quarta-feira, 21 de abril de 2010

Apometria: Ingênua técnica de desdobramento, com desdobramentos perigosos

Por Iso Jorge Teixeira

Nesta tela, exemplo de rigor estilístico conquistado pelo pintor, o caráter de suspensão espacial é favorecido pela exótica e sugestiva fantasia.

O Editor do site A Jornada encaminhou-nos indagação da Sra. L. do dia 30/03/02, diz ela: "Gostaria que a minha dúvida fosse encaminhada a algum dos médicos que tem Coluna neste site para esclarecimentos sobre:

- HIV sob a vista espiritual; tratamento de pessoas portadoras numa Casa Espírita Apométrica; procedimentos, etc.

- QUIMIOTERAPIA - como age nos corpos sutis, até que ponto usá-la ?

Obrigada e meu fraternal abraço a todos

L. " .

Em princípio, as perguntas da Sra. L. estão prejudicadas por distorções terminológicas; assim, ela fala em "Casa Espírita Apométrica" e "corpos sutis". As Casas Espíritas não usam ou não deveriam usar a apometria; não há nenhuma relação entre Apometria e Espiritismo. Parece que a Sra. L. é ramatisista e ramatisismo não é Espiritismo e quem diz isso não somos nós somente: J. HERCULANO PIRES era dessa essa opinião e CARLOS B. IMBASSAHY também é; aí estão nomes de peso do Espiritismo brasileiro. Quanto aos "corpos sutis", não são admitidos pelo Espiritismo, este só admite um "corpo" sutil, o perispírito...

HIV sob a vista espiritual. O HIV (Human Immuno-deficiency Virus) é um retro-vírus produtor de uma síndrome extremamente grave - a AIDS (Acquired Immuno-deficiency Syndrome) -, em que o indivíduo fica exposto a uma série de infecções oportunistas em função de uma deficiência das suas defesas orgânicas portanto, é uma doença orgânica, não há dúvida nenhuma.

Do ponto de vista espiritual, acreditamos que a SIDA (ou AIDS) é resultante do mau uso do livre-arbítrio durante a encarnação ou em encarnação pretérita. É o que costumam denominar lei de causa-e-efeito, que preferimos chamar lei de reajuste em ação. Esta lei atua, automaticamente, em conseqüência de atos de encarnação atual em que se prioriza a sensualidade em detrimento das virtudes espirituais, como por exemplo: na homossexualidade, heterossexualidade promíscua, uso e abuso de drogas ilícitas injetáveis, enfim, atos irresponsáveis; mas também em conseqüência de atos reprováveis em encarnações pretéritas - nestes casos, a contaminação dar-se-á através de transfusões sangüíneas, principalmente. A propósito destes casos, muitas vezes argumenta-se que uma pessoa de boa índole, com doença sangüínea que necessita de constantes transfusões, deveria ser poupada de tão grave enfermidade e exclamam: por que DEUS permite que ela seja contaminada pelo vírus HIV?! Este questionamento é daquele que só admite a encarnação única e assim, seria até injustiça de DEUS! Mas se considerarmos as encarnações pretéritas e futuras, então, veremos a Justiça e Providência de DEUS atuando em toda a sua plenitude.

Enfim, a SIDA é o "remédio" amargo atuando, não como castigo, mas como reajuste para o reequilíbrio espiritual da pessoa, ou seja, a cada um segundo as suas obras, cumprindo-se assim a finalidade da encarnação (cf. resp. à questão 167 de O Livro dos Espíritos).

Apometria. Como já dissemos, a Apometria não faz parte da Doutrina Espírita. O termo apometria é derivado do grego Apó- preposição significando além de e fora de e Metron- relativo à medida. Segundo aqueles que a aplicam, representaria o clássico desdobramento entre o corpo físico e os "corpos" espirituais do ser humano. Não seria propriamente uma técnica mediúnica e sim uma "técnica de separação desses componentes".

Diz-se que "um médico da turma de 50", "espírita", JOSÉ LACERDA DE AZEVEDO teria iniciado o método no Brasil; no entanto, não sabemos em que Faculdade teria se formado o tal "médico da turma de 50". Posteriormente, em 1965, o porto-riquenho LUIS RODRIGUES teria aplicado a técnica com outro nome. JOSÉ LACERDA teria tentado a metodologia em sua esposa, Dona Yolanda, que seria médium.

Diz-se, também, que teria sido identificado um tal "grande complexo hospitalar na dimensão espiritual denominado Hospital Amor e Caridade". Bem, o internauta que leu nosso artigo neste site sobre a erraticidade já conhece a nossa opinião sobre os chamados "hospitais" da erraticidade, isto é, são fantasias espirituais sem a menor base científica nem doutrinária para validá-los como verdadeiros.

Ora, a apometria é então uma técnica totalmente estranha à Doutrina Espírita, pois segundo esta não existem "corpos espirituais", a Doutrina faz referência apenas ao perispírito. Logo se observa, ao estudarmos o assunto, que se trata de uma técnica que absorve conceitos da Teosofia e do hinduísmo e não é por acaso que a Sra. L. é uma entusiasta desse método, pois adota os princípios do ramatisismo. Apesar de respeitar o seu ponto de vista, repudiamos com veemência a catalogação dessa técnica de desdobramento como espírita, até porque em Espiritismo não há técnicas.

Dizem aqueles que praticam a Apometria que ela "apresenta resultado eficaz em todos (o grifo é nosso) os pacientes, mesmo nos oligofrênicos" (cf. página da Internet intitulada 'Algumas notas sobre Apometria'). Assim, essa técnica seria aplicável para tratamento, inclusive, de deficientes mentais. Ora, em Medicina não existe nenhum tratamento em que se obtém eficácia em todos os casos e até hoje não há cura para os deficientes mentais; logo, a afirmação de cura desses pacientes é, no mínimo, leviana.

O método, em resumo, consistiria em se aplicar "pulsos magnéticos concentrados e progressivos" no "corpo astral" do paciente e, "por sugestão" comandar-se-ia seu afastamento. Desdobrar-se-iam o médium e o doente para contato com "entidades médicas do astral" !! Está visto que não há a menor cientificidade no método: é um amontoado de termos, sem a menor possibilidade de controle científico e com o falso pressuposto de que os Espíritos estariam à disposição dos médiuns em dias e horas marcados. Enfim, parece-nos um verdadeiro Ôba, Ôba espiritual...

Só para se ter uma idéia: na propaganda de um livro que trata especificamente do assunto, diz o autor que tratou de 16.000 casos nos últimos 10 anos, ou seja, uma média de 1.600 casos por ano... Como conseguir-se o desdobramento de um paciente, do médium e doutrinar os Espíritos num hospital espiritual em tão pouco tempo de trabalho?! Num "estalar de dedos" ?...

Desculpe-me, a Sra. L., mas não recomendamos esse método para ninguém; além disso, ele pouco difere da Projeciologia, tão divulgada pelo Dr. WALDO VIEIRA, que abandonou o Espiritismo para dedicar-se a ministrar Cursos sobre isso...

Finalizando este tópico, diremos que o conhecimento da técnica da Apometria demonstra que a imaginação humana não tem limites, principalmente quando se quer auferir dividendos com a credulidade das pessoas, pois dentro deste barco encontram-se alguns médicos, psicólogos, etc., inescrupulosos; a julgar-se pela propaganda já referida. Não citamos nomes das pessoas porque não queremos personalizar e, embora não conheçamos a Sra. L. - que parece ser de boa-índole - dar-lhe-emos este conselho: saia dessa canoa, ela não está furada não, ela nunca teve fundo!...

Enfim, há um adágio atribuído a ALBERT EINSTEIN que, infelizmente, temos repetido em nossos artigos: "HÁ DUAS COISA INFINITAS: O UNIVERSO E A TOLICE DOS HOMENS".

Quimioterapia . A Sra. L. pergunta como age a quimioterapia nos corpos sutis e até que ponto usá-la? Aqui, novamente a pergunta está prejudicada pela expressão "corpos sutis". Como vimos, a Doutrina só admite um "corpo" sutil - o perispírito; que aliás, é pouco conhecido na sua estrutura íntima. Logo, falar-se em "corpos" sutis é usar uma linguagem, de antemão, obscura, do Ocultismo.

A Sra. L. confere uma tal importância aos "corpos sutis" que chega a duvidar da ação benéfica da quimioterapia ao questionar: "até que ponto usá-la?". Ora, a quimioterapia é extremamente importante para as pessoas que apresentam vários tipos de lesões malignas (câncer), apesar dos seus inúmeros efeitos colaterais, sérios, ela tem prolongado a vida de muitas pessoas, que passam a viver com razoável qualidade de vida (há inúmeros exemplos disso no meio artístico, como é público e notório).

Quanto à ação dos quimioterápicos sobre os "corpos sutis", ou melhor, sobre o perispírito, qualquer coisa que se afirmar será uma temeridade, posto que até hoje não se conhece completamente o mecanismo de ação de muitos quimioterápicos sobre o corpo físico, imagine-se, então, sobre o perispírito!!

Se os ramatisistas, vegetarianos roxos, vêem com horror a alimentação carnívora, principalmente a questão do sangue derramado dos animais, além das supostas "substâncias tóxicas" para os "corpos sutis" - confundindo-se digestão com putrefação - o que diriam da ação dos quimioterápicos sobre os corpos sutis?? Verdadeiros horrores! Digam o que disserem, pois todos têm o direito de dizer o que pensam, mas nada provaram...

Contudo, não acreditamos que uma substância grosseira como um quimioterápico possa ter ação sobre os "corpos sutis", mesmo dinamizado em fórmulas homeopáticas. A propósito, disse KARDEC:

"Os medicamentos homeopáticos, por sua natureza etérea, têm uma ação de certa forma molecular; sem contradita podem, mais que outros, agir sobre certas partes elementares e fluídicas dos órgãos e lhes modificar a constituição íntima." (ALLAN KARDEC. Revista Espírita - Jornal de estudos psicológicos. 1867, EDICEL, SP, p. 71). Enfim, ele mostra que os medicamentos homeopáticos poderiam inibir ou excitar a expressão de um sentimento, mas o sentimento não deixaria de subsistir; então, seria um mero paliativo. A seguir, diz KARDEC:

"Não se pode agir sobre o ser espiritual senão por meio espiritual!"
(op. cit., p. 71).

Será que teria passado pelo pensamento de alguém, recomendar aos doentes em tratamento quimioterápico, que o suspendam pelos efeitos colaterais e os submetam a um "tratamento" apométrico?!... Acreditamos que não, pois isto seria uma conduta de aprendiz de feiticeiro, mesmo com todo o aparato do suposto Hospital Espiritual "Amor e Caridade"; aliás, Amor e Caridade têm sido palavras fáceis de pronunciar e difíceis de se encontrar, como diria o sambista; e o "samba" da apometria é o "samba do crioulo doido" como diria STANISLAU PONTE PRETA.

Enfim, procuramos analisar uma técnica, muito ingênua, exótica, com inúmeras fantasias e ações pseudocientíficas, incomprováveis, cujas conseqüências são imprevisíveis; pois além de iludir a boa-fé de pessoas simples, abre campo para a atuação dos inescrupulosos, encarnados e desencarnados.

Iso Jorge Teixeira é Psiquiatra e Livre-Docente de Psicopatologia e Psiquiatria da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ).

Fonte: Portal do Espírito

sábado, 13 de março de 2010

Fantoches da ilusão, bom senso ou somos "donos da verdade"?

Por Jorge Hessen

Infelizmente, os Centros Espíritas estão repletos de modismos e práticas vazias de sentido, oriundos da falta de conhecimento das recomendações básicas do Espiritismo. Muitas Instituições Espíritas mantêm práticas e/ou discussões estéreis em torno de temas como: crianças índigo; Chico é ou não é Kardec? Ubaldismos, ramatisismos, apometria, cromoterapias, e tantos outros enfadonhos "ismos" e "pias", empurrados goela abaixo no corpo doutrinário. Há médiuns que confiam, cegamente, nos efeitos das pomadas "cura tudo", como se essa enganosa prática lhes fosse trazer algum benefício. Por relevantes razões, devemos estar atentos às impertinências desses visionários, propagadores de placebos "bentos". Outros, pela apometria, creem revolucionar o universo da "cura espiritual", mas, a bem da verdade, a cura das obsessões não se consegue por um simples toque de mágica apométrica, como fazem os ilusionistas com uma varinha de condão. Desobsessão não ocorre de um momento para outro, pois, quase sempre, é um tratamento que depende de um longo prazo. Portanto, não tão rápida como sói acreditar alguns incautos apometristas de plantão.

O legítimo Centro Espírita não promete a cura para quem o procura. A Doutrina Espírita afirma que a "cura" de uma influência espiritual (obsessão) ou doença física depende de uma série de fatores, entre os quais a modificação moral do enfermo, sua necessidade de disciplina mental, seus problemas relacionados com encarnações anteriores e, sobretudo, se há ou não a concessão divina para a solução da dificuldade.

O sofrimento é, sempre, a conseqüência de atos que contrariam as Leis de Deus. É o período necessário para que o Espírito, encarnado ou desencarnado, reflita sobre sua natureza íntima e decida por onde e quando reparar as faltas cometidas, pois Nosso Eterno Pai respeita a nossa singularidade. Já o sofrimento compulsório é uma imposição do Divino Criador, quando o Espírito, deliberadamente, persiste no erro ou insiste no mal, e Ele é o Único que sabe como agir, para o bem do filho rebelde, e até quando deva, ele, sofrer.

O Centro Espírita é um pronto-socorro aos necessitados de amparo e esclarecimento, seja através da evangelização, das orações, dos tratamentos espirituais, ou seja, pelas orientações morais e materiais. A Casa Espírita oferece as bênçãos do passe, que é um método, tradicionalmente, eficaz para transmitir fluidos magnéticos e espirituais, pelas mãos dos médiuns sobre a fronte daqueles que se encontram - moral e fisicamente - descompensados, fortalecendo-lhes o corpo físico e o tecido espiritual, ou seja, o perispírito. É evidente que o passe não poderá, em tempo algum, ser aplicado com movimentos bruscos, utilizando-se de objetos, de baforadas de cigarro ou charuto, de estalos de dedos, cânticos estranhos, toque direto no corpo do paciente, e, muito menos, ainda, estando incorporado e, psicofonicamente, verbalizando "aconselhamentos" para o receptor. Isso não é prática recomendável pelos Orientadores Espirituais.

Há confrades que insistem em usar trajes especiais no Centro. Cabe alertá-los de que o Espiritismo não adota paramentos especiais para exercê-lo e o que dignifica o trabalhador espírita é a pureza de intenções. A Doutrina Espírita não adota enfeites, amuletos, colares, roupas brancas ("significando o bem") ou roupas pretas ou vermelhas ("significando o mal"). Os trabalhadores cônscios da realidade Espírita trajam roupas normais, de forma simples, até porque, a discrição deve fazer parte dos que trabalham para o Cristo.

Há médiuns que se ajoelham diante de imagens sagradas e de determinadas pessoas; mantêm-se genuflexos e beijam a mão dos responsáveis pela Casa Espírita, como forma de reverenciá-los; benzem-se; sentam-se no chão; fazem sinais cabalísticos; e outros, por incrível que pareça, proferem palavras esquisitas (mantras) para evocar os Espíritos. Casa Espírita séria não comporta imagens de Santos ou personalidades do movimento espírita; amuletos de sorte; figuras que afastam ou atraem maus Espíritos; incensos, preces cantadas, velas e outros quejandos alienantes. Como se não bastasse, há, ainda, palestrantes que promovem, das tribunas, verdadeiros shows da própria imagem, mise-en-scène, essa, protagonizada pelos ilustres oradores, que não abrem mão da ridícula imposição do "Dr." antes do nome. Há Instituições Espíritas que cobram taxas para o ingresso nos congressos, simpósios, seminários, tendo, como meta, o fomento de querelas doutrinárias.

A questão é: como evitar esses disparates? Como agir, com tolerância cristã, ante os Centros mal orientados, com dirigentes perturbados, com médiuns obsidiados, com oradores "show-men"? Enfim, como agir, diante dos espíritas cegos, que querem guiar outros cegos?

Para os líderes "mornos bonzinhos", é interessante a prática do "lavo as maõs" do "laissez faire", "laissez aller", "laissez passer". Porém, os Benfeitores espirituais dizem o contrário e nos advertem que cabe, a nós, a obrigação intransferível de defender os ensinamentos de Allan Kardec, seja, OBVIAMENTE, pelo exemplo diário do amor fraterno, seja pela coragem do debate elevado.

A Casa Espírita que se orienta pelos ensinamentos dos Espíritos superiores não realiza práticas bizarras, pois elas nada têm a ver com a Doutrina codificada por Allan Kardec. O Espiritismo ensina, tão somente, a moralização do indivíduo, e o Projeto Espírita é desprovido de aparatos exteriores. Suas propostas terapêuticas, como as de Jesus, fundamentam-se na instrução moral e na reposição de energias e fluidos espirituais, seja pela fluidificação da água, seja pela imposição das mãos através do passe, mas sempre e, fundamentalmente, pelos pensamentos elevados.

Os Centros que praticam as terapias ou rituais aqui denunciados, têm liberdade para fazê-lo, porém, não deveriam nominar-se "Espíritas". O bom senso sussurra para que os seus estatutos sejam alterados, IMEDIATAMENTE. Até porque, é por causa das Casas Espíritas mal dirigidas que existe uma confusão muito grande a respeito do que seja Doutrina Espírita ou Espiritismo. Os que estão fora do movimento, e não conhecem a Doutrina Espírita, creem que "o espiritismo é coisa do diabo"; que "comunicação com os mortos é pecado"; que "espírita não acredita em Deus, muito menos em Jesus Cristo"; que "espírita não ora"; que "espírita faz macumba, sacrifica animais, tem rituais"; que "os espíritas são lunáticos, loucos e desequilibrados"; e, ainda, afirmam que "se alguém entrar nessa "coisa" de Espiritismo, jamais poderá sair". Isso, porque, essas pessoas não sabem que as palavras, "espírita e espiritismo", foram criadas em 1857, na França, pelo Codificador da Doutrina Espírita, Allan Kardec.

Sabemos que, para alguns confrades "mornos bonzinhos" (!?), o tema que abordamos, aqui, ressona como algo obscuro, subjetivo, mas vale lembrar-lhes que qualquer escritor sensato não se coloca como imprescindível, e muitíssimo menos, ainda, tenta impor sua idéia, e nem, tampouco, considera seu ponto de vista o mais acertado, devendo ser aceito por todos, esperando adesões sem questionamentos. Chega a ser primário demais estarmos, aqui, afirmando, para os leitores, que não somos donos da verdade. Que a nossa opinião é, apenas, um ponto de vista pessoal, fruto de diuturno estudo das obras basilares e resultante de observação pessoal dos fatos, o que, obviamente, difere da experiência dos outros, que - sabemos - não pode ser desconsiderada no contexto. Se alguém insiste nas práticas inócuas, aqui descritas, com certeza, não está bem informado sobre o que seja Espiritismo.

Os Códigos Evangélicos nos impõem a obrigatória fraternidade para com os adeptos equivocados, o que não equivale dizer que devamos nos omitir quanto à oportuna admoestação, para que a Casa Espírita não se transforme em academia de fantoches dos distúrbios psíquicos.

domingo, 11 de outubro de 2009

Apometrias, Correntes Magnéticas e outras peripécias

Por Jorge Hessen

Devemos respeitar todas as crenças isso é óbvio, acatar preconceitos, pontos de vista e normas de quaisquer pessoas que não lêem pela nossa cartilha doutrinária, isso é sensato, mas isso não siginifica dizer aprová-los, adotá-los, divulgá-los, recomendá-los. Não isso, não! Temos obrigações intransferíveis para com a Doutrina Espírita. É absolutamente necessário que defendamos os princípios doutrinários com simplicidade e dedicação, sem intolerância, sem radicalismos, mas sem concessões indesejáveis, sem contemporizações piegas. A determinação, a experiência e a prática dos médiuns mais amadurecidos dos quilates de um Francisco Cândido Xavier e um Divaldo Pereira Franco, entre outros, têm nos demonstrado, sempre, a necessidade da vigilância com relação à necessidade da preservação da pureza dos preceitos básicos da Doutrina Espírita.

Observamos, incomodados, as muitas discussões estéreis de temas como: crianças índigo; Chico é a "reencarnação" de Kardec(!?); ubaldismos, ramatisismos, cromoterapias, desobsessão por corrente magnética e tantos outros esquisitos "ismos" e "pias", enxertados nas hostes doutrinárias. Aceita-se e pior ainda difunde-se o poder "curador" de cristais sem a menor reflexão consciente (se a tese fosse legítima a lógica sussurra que os residentes de Cristalina e Cristalândia NUNCA ficariam doentes). Confiam, cegamente, nos efeitos das pomadas "mediunizadas", como se essa prática enganosa lhes fosse trazer algum benefício. Promovem-se, nas tribunas, verdadeiros shows da própria imagem e do próprio nome, shows esses protagonizados pelos ilustres oradores, que não abrem mão da vaidosa distinção do "Dr". antes dos próprios nomes. Há os que imitam sem nenhum escrúpulo o orador Divaldo Franco, com direito a receber o Bezerra e tudo o quem tem direito no final da palestra. Criam-se associações com notáveis profissionais de pretensos "espíritas". Muitos outros se projetam nos trabalhos assistenciais, para galgarem espaços na ribalta da política partidária. Não é de hoje o fenômeno das práticas exóticas nas hostes doutrinárias, fatos esses que fazem, realmente, a diferença entre Espiritismo como Doutrina dos Espíritos e espiritismo como doutrina dos espiritas..

Segundo algumas conveniências de arrecadação, propiciam as famosas "churrascadas espíritas", disfarçadas de almoço fraterno, em nome do Cristo(!?), pasmem! Confeccionam rifas "beneficentes"; agendam desfiles de moda, "de caráter filantrópico", e, o que é pior, cobram taxas para o ingresso nos eventos espíritas, quais sejam: congressos, simpósios, seminários, e, por aí vai a charanga. Até quando?

Há um insustentável pendor para a dimensão do misticismo de confrades idólatras, que, quiçá, leram alguma "coisinha" aqui, e outra ali, sobre a doutrina espírita e se dizem seguidores convictos, quando, na realidade, nada mais são do que "espíritas de superfície". Somos sempre advertidos sobre a obrigação intransferível de preservarmos os ensinamentos de Allan Kardec, seja pelo exemplo diário do amor fraterno (ISSO É ÓBVIO!), seja pela coragem do debate elevado.

Muitas pessoas me têm escrito, insistindo no tema - apometria. Informo-lhes, freqüentemente, que a teoria e a prática da técnica apométrica (e suas "leis" e conceitos) estão em pleno desacordo com os princípios doutrinários codificados por Allan Kardec. Não aconselharíamos incluir essa prática estranha na estrutura do Departamento Doutrinário e Mediúnico das Casas Espíritas, por uma simples questão de BOM-SENSO. Sobre essa esquisita prática, lamentavelmente, encruada por estas bandas do Centro-Oeste, indagamos aos experts, por que os Espíritos não nos revelaram tal proposta "terapêutica"(!), quando tiveram, à sua disposição, excelentes médiuns colaboradores, ao longo do século XX?

Não basta se afirmar "espírita", nem, tampouco, se dizer "médium de qualidade", se essa prática não for exercida conforme preceitua a Codificação Espírita. Respaldados nos estudos sistemáticos que fazemos da Doutrina Espírita -e não dispensamos, de forma alguma, esse hábito- esclarecemos, sempre, que a apometria não é Espiritismo, porquanto as suas práticas estão em total desacordo com as recomendações de "O Livro dos Médiuns". Com essas inoportunas práticas, abrem-se precedentes graves para a implantação de rituais e maneirismos, totalmente, inaceitáveis na prática espírita, que é, fundamentalmente, a doutrina da fé raciocinada.*

Se a apometria é (como afirmam os superficiais e enfadonhos discursos dos líderes dessa prática), mais eficiente que a reunião de desobsessão, REPITO - por que a omissão dos Espíritos Superiores? Por que eles se calaram sobre o assunto? Curioso isso, não? No mínimo, é sintomático. O silêncio dos Espíritos Superiores é, sem dúvida, um presságio de que tal prática é de mal agouro, e, por isso mesmo, ela é circunscrita a poucos e RADICAIS grupos que o mentém. Não conquistou a aceitação universal dos espíritos, razão pela qual não conta com a anuência das Casas Espíritas equilibradas. Percebemos que esses arroubos lúdicos coletivas superlotam alguns Centros Espíritas, em que seus dirigentes vendem a ilusão da "terapia apométrica", como mestres da hipnose, fazendo com que esses centros se tornem um reduto de andróides e curadores de coisa nenhuma, o que é lastimável...

Por relevantes razões, devemos estar atentos às impertinências desses ideólogos quixotescos, dos propagadores dessas terapias inócuas, que pensam revolucionar o mundo da "cura espiritual". Até porque, a cura das obsessões não se consegue por um simples toque de mágica (com a varinha de condão da apometria), de uma hora para outra, mas é, quase sempre, a longo prazo, não tão rápida como se imagina, dependendo de múltiplos fatores, principalmente, da renovação íntima do paciente.

Como se não bastasse, ainda, entra em cena, no rol das bizarrices doutrinárias, uma tal "desobsessão por corrente magnética". Isso mesmo! Desobsessão(!?)

O uso de energia para afastar obsessores, sem a necessária transformação moral (Reforma Íntima), indispensável à libertação real dos envolvidos nos dramas obsessivos, contradiz os princípios básicos do Espiritismo, pois, o simples afastamento das entidades perseguidoras não resolve a obsessão.

O Cristianismo, com a pureza doutrinária do Evangelho e com a simplicidade de organização funcional dos primeiros núcleos cristãos, foi conquistando lenta e seguramente a sociedade de sua época. Porém, com o tempo, sofreu um significativo desgaste ideológico. Corrompeu-se, por força das práticas estranhas ao projeto de Jesus. Atualmente, apesar das advertências dos Espíritos e do próprio Allan Kardec, quanto aos períodos históricos e tendências do movimento, os espíritas insistem em cometer os mesmos erros do passado. Confrades nossos, não conseguindo se adaptar ao Espiritismo, e, conseqüentemente, não compreendendo e não vivenciando suas verdades, vão, aos poucos, adaptando a doutrina às suas fantasias, aos seus limites morais, corrompendo os textos da Codificação, trazendo, para os centros espíritas, práticas dogmáticas de suas preferências místicas. Falta-lhes, no mínimo, o estudo das obras básicas da Codificação Rivailina.*

Das duas, uma: ou Kardec está sendo colocado em segundo plano, preterido por outras obras não recomendáveis, ou está, totalmente, esquecido - o que é pior.

Mas como evitar esse sistema? Como agir, ante os centros mal orientados, com dirigentes perturbados, com médiuns obsidiados, com oradores-estrelas? Enfim, como agir, diante dos espíritas perturbados e pertubadores? Seria interessante a prática do "lavo as maõs" ou a retórica filosófica do "laissez faire", "laissez aller", "laissez passer"? Devemos deixar que os próprios grupos espíritas usem e abusem do livre arbítrio para, por fim, aprenderem a fazer escolhas corretas e adequadas às suas necessidades?

Não nos esqueçamos de que os inimigos, em potencial, do Espiritismo estão mascarados entre os próprios espíritas. Para encerrar nossas reflexões, atentemos para algumas admoestações de Vianna de Carvalho, através de Divaldo Franco, contidas no livro "Aos Espíritas": "O Espiritismo é a grande resposta para as questões perturbadoras do momento. A sua correta prática é exigência destes dias turbulentos, pois os fantasmas do porvir ameaçam-no e distúrbios de comportamento apresentam-se com muita insistência, parecendo vencer as suas elevadas aquisições. Por motivos óbvios, "o Espiritismo deve ser divulgado conforme foi apresentado por Allan Kardec, sem adaptações nem acomodações de conveniência em vãs tentativas de conseguir-se adeptos". É a Doutrina que se fundamenta na razão, e, por isso mesmo, não se compadece com as extravagâncias daqueles que, por meio sub-reptício, em tentando fazer prosélitos, acabam por macular a pureza originária da nossa Doutrina Espírita.

Não faltam tentativas de enxertos de idéias e convenções, de práticas inconvenientes e de comportamentos que não encontram guarida na sua rígida contextura doutrinal que, se aceitos, conduzir-nos-iam a sérios problemas existenciais, não fosse a nossa convicção de que o Espiritismo veio para ficar, e que de nada valem essas investidas do mal. Criar desvios doutrinários, atraindo incautos e ignorantes, causa, sem dúvida, perturbações que poderiam, indiscutivelmente, ser evitadas, se houvesse, por parte dos dirigentes, maior rigor na condução dos trabalhos de algumas Casas Espíritas. Repetimos com Divaldo: "Qualquer enxerto, por mais delicado se apresente para ser aceito, fere-lhe a integridade porque ele [o Espiritsmo] é um bloco monolítico, que não dispõe de espaço para adaptações, nem acréscimos que difiram da sua estrutura básica."

Caríssimos irmãos de ideal, cremos ser indispensável a vigilância de cada espírita sincero, para que o escalracho seitista e sutil da invasão de teses estranhas não predomine no seu campo de ação, terminando por asfixiar a planta boa que é, e cuja mensagem dispensa as propostas reformadoras, caracterizadas pela precipitação e pelo desconhecimento dos seus ensinamentos"- como adverte Vianna de Carvalho.

*Grifos em negrito feitos pelo blog.

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

Apometria é uma prática espírita?

Por Iso Jorge Teixeira

A Apometria não faz parte da Doutrina Espírita. O termo apometria é derivado do grego Apó- preposição significando além de e fora de e Metron- relativo à medida. Segundo aqueles que a aplicam, representaria o clássico desdobramento entre o corpo físico e os "corpos" espirituais do ser humano. Não seria propriamente uma técnica mediúnica e sim uma "técnica de separação desses componentes".

Diz-se que "um médico da turma de 50", "espírita", JOSÉ LACERDA DE AZEVEDO teria iniciado o método no Brasil; no entanto, não sabemos em que Faculdade teria se formado o tal "médico da turma de 50". Posteriormente, em 1965, o porto-riquenho LUIS RODRIGUES teria aplicado a técnica com outro nome. JOSÉ LACERDA teria tentado a metodologia em sua esposa, Dona Yolanda, que seria médium.

Diz-se, também, que teria sido identificado um tal "grande complexo hospitalar na dimensão espiritual denominado Hospital Amor e Caridade". Bem, o internauta que leu nosso artigo neste site sobre a erraticidade já conhece a nossa opinião sobre os chamados "hospitais" da erraticidade, isto é, são fantasias espirituais sem a menor base científica nem doutrinária para validá-los como verdadeiros.

Ora, a apometria é então uma técnica totalmente estranha à Doutrina Espírita, pois segundo esta não existem "corpos espirituais", a Doutrina faz referência apenas ao perispírito. Logo se observa, ao estudarmos o assunto, que se trata de uma técnica que absorve conceitos da Teosofia e do hinduísmo e não é por acaso que a Sra. L. é uma entusiasta desse método, pois adota os princípios do ramatisismo. Apesar de respeitar o seu ponto de vista, repudiamos com veemência a catalogação dessa técnica de desdobramento como espírita, até porque em Espiritismo não há técnicas.

Dizem aqueles que praticam a Apometria que ela "apresenta resultado eficaz em todos (o grifo é nosso) os pacientes, mesmo nos oligofrênicos" (cf. página da Internet intitulada 'Algumas notas sobre Apometria'). Assim, essa técnica seria aplicável para tratamento, inclusive, de deficientes mentais. Ora, em Medicina não existe nenhum tratamento em que se obtém eficácia em todos os casos e até hoje não há cura para os deficientes mentais; logo, a afirmação de cura desses pacientes é, no mínimo, leviana.

O método, em resumo, consistiria em se aplicar "pulsos magnéticos concentrados e progressivos" no "corpo astral" do paciente e, "por sugestão" comandar-se-ia seu afastamento. Desdobrar-se-iam o médium e o doente para contato com "entidades médicas do astral" !!! Está visto que não há a menor cientificidade no método: é um amontoado de termos, sem a menor possibilidade de controle científico e com o falso pressuposto de que os Espíritos estariam à disposição dos médiuns em dias e horas marcados. Enfim, parece-nos um verdadeiro Ôba, Ôba espiritual...

Só para se ter uma idéia: na propaganda de um livro que trata especificamente do assunto, diz o autor que tratou de 16.000 casos nos últimos 10 anos, ou seja, uma média de 1.600 casos por ano... Como conseguir-se o desdobramento de um paciente, do médium e doutrinar os Espíritos num hospital espiritual em tão pouco tempo de trabalho?! Num "estalar de dedos" ?...

Desculpe-me, a Sra. L., mas não recomendamos esse método para ninguém; além disso, ele pouco difere da Projeciologia, tão divulgada pelo Dr. WALDO VIEIRA, que abandonou o Espiritismo para dedicar-se a ministrar Cursos sobre isso...

Finalizando este tópico, diremos que o conhecimento da técnica da Apometria demonstra que a imaginação humana não tem limites, principalmente quando se quer auferir dividendos com a credulidade das pessoas, pois dentro deste barco encontram-se alguns médicos, psicólogos, etc., inescrupulosos; a julgar-se pela propaganda já referida. Não citamos nomes das pessoas porque não queremos personalizar e, embora não conheçamos a Sra. L. - que parece ser de boa-índole - dar-lhe-emos este conselho: saia dessa canoa, ela não está furada não, ela nunca teve fundo!...

Enfim, há um adágio atribuído a ALBERT EINSTEIN que, infelizmente, temos repetido em nossos artigos: "HÁ DUAS COISA INFINITAS: O UNIVERSO E A TOLICE DOS HOMENS".

Fonte: Portal do Espírito

domingo, 2 de agosto de 2009

Apometria e as práticas espíritas

Por Jorge Hessen

"Mais vale repelir dez verdades que admitir
uma só mentira, uma só teoria falsa".
Erasto(1)

Muitos confrades recorrem às instituições que praticam apometria, porque o "tratamento" é mais "forte". Afirmam. Os apômetras incautos, hipnotizados pelas trevas, mantêm esse tipo de atitude bizarra sob os aplausos das suas vítimas, psíquica e mentalmente aprisionadas.

Se a apometria é mais "forte" que a reunião de desobsessão, por que a omissão dos Espíritos Superiores? Por que eles se calam sobre o assunto? Curioso isso, não? O silêncio dos Espíritos Superiores é, sem dúvida, um presságio de que tal prática é de mau agouro, e, por isso mesmo, ela é circunscrita a poucos grupos que deveriam deletar o nome Espiritismo dos seus estatutos.

Para quem desconhece, garimpamos alguns filetes de ouro que encontramos nas proposições dessa tal "avançadíssima terapia". Os apômetras confirmam que "a apometria é mais fraterna, por ser mais eficaz".(2) Atua no cerne da obsessão e, com visão de conjunto, pode auxiliar a medicina do futuro na cura holística. (Sic)

Estertoram nas roucas vozes que "a apometria acelera, com qualidade, os morosos atendimentos desobsessivos que, ainda, são realizados em muitas casas de nosso país".(3) (pasmem!) Gritam que "o êxito da apometria reside na utilização da faculdade mediúnica, para se entrar em contato com o mundo espiritual de maneira mais fácil e objetiva, sempre que se quer. Pode, pois, ser utilizada como técnica eficaz no tratamento das obsessões e a eficácia acontece em virtude de os Espíritos protetores estarem no mesmo plano dos assistidos, podendo, portanto, agir com maior profundidade e mais rapidez". (Que coisa, hein!?) Desconhecem, tais confrades, que "a cura das obsessões graves requer muita paciência, perseverança e devotamento."(4) Nossa consciência doutrinária não aceita tanta facilidade - visto que não admitimos seja possível uma transformação tão rápida em Espíritos que cultivam o ódio tão intensamente.

Não satisfeitos, difundem outra pérola: "Os diagnósticos são muito mais precisos e detalhados;(5) as operações astrais são executadas com alta técnica e com o emprego de aparelhagem sofisticada de hospitais muito bem montados em regiões elevadas do Astral Superior. Por ressonância vibratória, o desencarnado recebe certo alívio, uma espécie de calor benéfico que se irradia do corpo vital, mas causa no encarnado o mal-estar de que este se queixa".

Locupletam-se de êxtase com o achado aurífero e afirmam: "na medida em que a humanidade evolui, os véus do desconhecido vão se descortinando e o conhecimento das leis espirituais, que antes era privilégio de poucos, vai sendo revelado, abertamente, aos pesquisadores isentos de preconceitos".

Distantes do regime da lógica, os apômetras proclamam falácias cristalinas do tipo: "Do ponto de vista do Budismo e da Teosofia, os veículos de manifestação da consciência (holossoma) são divididos em sete. Já na ótica do espiritualismo, do Espiritismo heterodoxo (sic) e da Conscienciologia (entre outras linhas de pensamento mais novas), há apenas três veículos (os corpos físico, astral e mental), sendo o energético (duplo etérico ou energossoma) apenas um invólucro que não (com) porta a consciência".(6)

Analisemos esta outra afirmação deles: "A apometria trabalha com sintonia. Não incorpora egos. Não incorpora veículos de manifestação da consciência. Uma vez encerrado o atendimento na casa apométrica, a sessão apométrica pode continuar no astral, a exemplo do que ocorre com sessões espíritas convencionais".(7) (Entenderam? Pois é!) E esta aqui: "com a ajuda dos amparadores extrafísicos (mentores) da sessão apométrica, a sensibilidade espiritual do médium permite uma sintonia com determinada faixa consciencial do paciente e que faça varredura bioenergética e psicométrica em seus chacras, nádis, parachacras e paranádis". (?)

Divaldo Franco admoesta sobre a esquisitice de se colocar "obsessores em cápsulas espaciais" e os dispararem para o mundo da erraticidade. "Não iremos examinar a questão esdrúxula desse comportamento, mas, se eu, na condição de espírito imperfeito que sou, chegasse desesperado a um lugar, pedindo misericórdia e apoio na minha loucura, e outrem, o meu próximo, me exilasse para o magma da Terra, para eu experimentar a dureza de um inferno mitológico ou ser desintegrado, eu renegaria aquele Deus que inspirou esse adversário da compaixão. Ou, se me mandasse em uma cápsula espacial para que fosse expulso da Terra... Com qual autoridade? Quando Jesus disse que o seu reino é dos miseráveis?" (8)

Obsessores retirados do campo mental do obsidiado "a fortiori" e enviados a "outros planetas", ou a estranhos locais ou dimensões extrafísicas, reafirma que, entre os ludibriados apômetras, há grotesca falta de conhecimento da Doutrina Espírita. Acautelemo-nos, pois não basta assiduidade à Casa Espírita. É indispensável que estudemos Kardec com muita seriedade e persistência. Os enunciados contidos na Codificação exigem cautela ao interpretá-los e, sobretudo, humildade ao exercê-los.

Observem o que encontramos neste trecho: "Os que preferem o método clássico de doutrinação religiosa, entronizado ao longo do século XX nos centros espíritas e espiritualistas brasileiros, criticam a Apometria, porque esta não "evangeliza" o espírito obsessor. Todavia, em complexas obsessões espirituais, a tentativa de "evangelizar", "sensibilizar" ou "conscientizar" o espírito obsessor, não surte efeito. Evangelizar magos negros é tão eficaz quanto ensinar lições de fraternidade a um psicopata". E eles concluem desta forma o raciocínio: "Seria "mais fraterno" deixar os pacientes com os chips trevosos e os magos negros e seus asseclas soltos, fazendo o que fazem? Analogamente, seria mais fraterno se nossos policiais não portassem armas de fogo, pois poderiam ferir os bandidos que nos assaltam e nos matam? A correlação é a mesma".(9) (aspas, destaque, etc., tudo, por conta dos apômetras).

O tribuno baiano recorda que "A nossa tarefa é de iluminar, não é de eliminar. O espírito mau, perverso, cruel é nosso irmão na ignorância".(10) A rigor, o uso de energia para afastar obsessores, sem a necessária reforma íntima, indispensável à libertação real dos envolvidos nos dramas obsessivos, contradiz os princípios básicos do Espiritismo, pois, o simples afastamento das entidades rancorosas não resolve a questão. Por essa razão, a apometria, especialmente por suas leis e rituais, não é técnica que se enquadra nos princípios doutrinários espíritas, não sendo, portanto, uma prática recomendável na casa espírita.

Nesse mundo da fantasia da apometria, encontramos uma esmeralda. Vejamos essa: "A principal característica da Apometria radica na abrangência de sua assistência espiritual. A Apometria investiga o corpo astral do paciente, seu habitat (ambiente doméstico e/ou profissional), obsessores locais e não-locais (baseados em outros níveis do umbral). É muito mais poderosa que o passe e a doutrinação convencionais. Detecta e retira equipamentos extrafísicos mecânicos e eletrônicos (paratecnologia) do psicossoma (corpo astral) dos pacientes. Os passes não são meios suficientes nem instrumentos exclusivos para a retirada de chips extrafísicos dos pacientes. Em determinadas circunstâncias, remédios homeopáticos de alta potência destroem ou descolam equipamentos extrafísicos aderidos à aura ou ao psicossoma do paciente. Há uma prática bioenergética chamada "MBE" (mobilização básica energética) (sic) bastante eficiente na destruição de implantes de paratecnologia negativa. A maioria da humanidade é imatura consciencialmente (crianças espirituais): não lê, não estuda, não faz práticas bioenergéticas."(11) (!?) (ficamos verdes, com uma tremenda sensação de impotência diante disso tudo).

Como se observa, os apômetras adotam terminologias diversas daquelas utilizadas pela Doutrina Espírita e conceitos de crenças orientais. Além disso, seus arrazoados batem de frente com o bom senso kardeciano. Que saibamos, não houve manifestações sobre o tema em várias partes do mundo, por meio de médiuns conceituados. Devemos considerar, portanto, que não houve o Controle Universal dos ensinos da técnica, como preconizava Kardec.(12)

Os termos utilizados pelos apômetras impressionam, realmente, os desavisados. Senão, vejamos: "salto quântico, spin, despolarização de memória, campos magnéticos, chips astrais, contagem em português ou grego e pulsos energéticos. As percepções espirituais dos médiuns de suporte das seções de Apometria se dão por clarividência objetiva, intuitiva ou mental. Em diapasão mental adequado, atingem potência quadrática (elevada ao quadrado), em que dez trabalhadores afinados, e em alta sinergia, valem por cem pessoas (o que também se aplica a outros grupos). Daí a importância do grupo apômetra desenvolver aguçado nível técnico, mediúnico e sinérgico".(13)

A essa altura do artigo, os apômetras devem estar horrorizados, dizendo entre si: - O Jorge Hessen deve ter vários chips astrais incrustados no perispírito, deteriorando seu raciocínio... Mas não estamos sós nesse pensamento. Veja o que nosso irmão Divaldo Franco, durante uma larga entrevista concedida no programa Presença Espírita da Rádio Boa Nova, de Guarulhos (SP), em agosto/2001, afirmou: "Não irei entrar no mérito, nem no estudo da apometria, porque eu não sou apômetra, eu sou espírita. O que posso dizer é que a apometria, da forma como os apômetras interpretam, não é Espiritismo, porquanto as suas práticas estão em total desacordo com as recomendações de "O Livro dos Médiuns".(14) Com essas esdrúxulas práticas, abrem-se precedentes graves para a implantação de rituais, totalmente inaceitáveis na prática espírita, que é, fundamentalmente, a doutrina da fé raciocinada. Na prática e nos métodos de libertação dos obsessores, a violência que ditos métodos apresentam, a mim pessoalmente, parece-me tão chocante, que me faz recordar a Lei de Talião, que Moisés suavizou com o Código Legal e que Jesus sublimou através do amor. (...) (15)

Eis o que pensamos a respeito do assunto. Nossos argumentos são por demais consistentes, pois se baseiam em estudos e experiências kardecianas. De nossa parte, sem estrangulamento de qualquer linha de raciocino, acreditamos ser a apometria um método supostamente terapêutico que se pode estudar longe das hostes espíritas para ser melhor avaliado. Desobsessão é coisa séria e não admite placebos inócuos.

Concluímos com a severa admoestação: "Se alguém prefere a apometria, divorcie-se do Espiritismo. É um direito! Mas não misture, para não confundir. (...)". (16)

FONTES:
(1) Kardec, Allan. O Livro dos Médiuns, Ed. FEB, cap. XX, item 230, p. 292.
(2) Disponível em www.comunidade-espiritual.com/blog.php?sub_section=view&id=2654. Acesso em 18-03-08.
(3) Disponível em http://aumpram.org.br/apometria.html. Acesso em 15-03-08.
(4) Kardec, Allan, O Evangelho segundo o Espiritismo, Rio de Janeiro: Ed. FEB , 1998, Cap. 28, item 84.
(5) Disponível em www.geocities.com/Vienna/Strasse/5774/atend.htm. Acesso em 18-03-08.
(6) Disponível em www.comunidade-espiritual.com/blog.php?sub_section=view&id=2654. Acesso em 15-03-08.
(7) Disponível em http:// harmonizacaoambiental.blogspot.com/2008/06/apometria.html. Acesso em 15-03-08.
(8) Entrevista, de Divaldo Pereira Franco no programa Presença Espírita da Rádio Boa Nova, de Guarulhos (SP), em Agosto/2001.
(9) Disponível em http://harmonizacaoambiental.blogspot.com/2008/06/apometria.html. Acesso em 15-03-08.
(10) Entrevista, de Divaldo Pereira Franco no programa Presença Espírita da Rádio Boa Nova, de Guarulhos (SP), em Agosto/2001.
(11) Disponível em http://www.comunidade-espiritual.com/blog.php?sub_section=view&id=2654. Acesso em 18-03-08.
(12) Kardec utilizou na Codificação do Espiritismo o "Controle universal do ensino dos Espíritos", conforme se lê em "O Evangelho segundo o Espiritismo", Introdução, item II - AUTORIDADE DA DOUTRINA ESPÍRITA".
(13) Idem.
(14) Entrevista, de Divaldo Pereira Franco no programa Presença Espírita da Rádio Boa Nova, de Guarulhos (SP), em Agosto/2001.
(15) Idem.
(16) Idem.