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terça-feira, 17 de dezembro de 2013

Será que Kardec leu Darwin?

Por Ademir Xavier 

Sabe-se bem que a segunda metade do século 19 foi uma época extraordinária. Invenções que marcariam o progresso no século seguinte, descobertas científicas inigualáveis que modificariam a visão científica do mundo e conquistas humanas nunca imaginadas foram então realizadas. No palco de revelações em que se converteu a Europa da época, o surgimento do Espiritismo em 1857 com a publicação de "O Livro dos Espíritos" e a publicação de "Sobre a Origem das Espécies por meio de seleção natural" por Charles Darwin (1809-1882) em 1859 contam como "algumas" das realizações notáveis.

Em um artigo recente (1), Paulo Neto analisa o argumento corrente de que Kardec antecipou Darwin, o que é comum se ouvir nos meios espíritas. Essa questão dá origem a uma pequena 'querela' (2) entre os que sustentam que Kardec antecipou Darwin e os que acham o contrário, inclusive que Kardec teria feito uso dos trabalhos do emintente cientista inglês. Para o autor do artigo citado:

Ficamos boquiabertos, tamanha a nossa surpresa diante de tal infirmação, pois, para nós, foi Kardec quem se utilizou da teoria de Darwin, conforme iremos demonstrar.

E, na conclusão do artigo:

Para nós, foi Kardec que se aproveitou da teoria da evolução das espécies de Darwin para voltar com o assunto e, como já havia suporte científico, os Espíritos foram mais explícitos na questão, reformulando o que disseram anteriormente, para afirmarem sobre a evolução do espírito através do reino animal.

Em que consiste a demonstração proposta? Consistiu sumariamente em comparar trechos da 1a edição de 'O Livro dos Espíritos' (LE, a saber a questão #127) e a questão #607 que reproduzimos abaixo: 

607. Dissestes (190) que o estado da alma do homem, na sua origem, corresponde ao estado da infância na vida corporal, que sua inteligência apenas desabrocha e se ensaia para a vida. Onde passa o Espírito essa primeira fase do seu desenvolvimento? 

“Numa série de existências que precedem o período a que chamais humanidade.”

Essa resposta é comparada à da questão #127 da primeira edição onde o estado da 'alma do homem' não é identificado como tendo migrado entre outras espécies. No que segue abaixo, tecemos alguns comentários para mostrar que a questão é muito mais complexa do que se pode imaginar tão só a partir da comparação dos textos propostos.

Alguns comentários relevantes

O significado do termo 'alma do homem' pode ter evoluído da primeira para a segunda edição. No primeiro caso, ela pode se referir à alma do homem como ser encarnado e dispondo de consciência plenamente desenvolvida para o estado da 'humanidade';

A sugestão de influência das ideias de Darwin na obra kardequiana não tem respaldo em evidência alguma. Pelo contrário, pode-se dizer de forma segura que a ideia de que as espécies se modificavam era amplamente conhecida na época da primeira edição do LE na forma de um conjunto de teorias de transformismo de espécie. O que não se conhecida era o mecanismo pelo qual isso ocorreria;

A época em que essas ideias se desenvolveram não dispunha de meios de comunicação como os que temos hoje. Segundo o prof. Silvio Chibeni (3), é bastante provável que Kardec não tenha tido acesso à obra de Darwin e que, portanto, sua opinião reflete o ponto de vista conhecido entre a elite intelectual francesa da segunda metade do século XIX;

Assim, o conhecimento de Kardec sobre a evolução pode totalmente ser compreendido no contexto do conhecimento da época, inclusive no momento da publicação da 1a edição.
Ainda segundo o prof. S. Chibeni (3): 

"Eu também suspeito, como você, que o Kardec não acompanhava a literatura especializada em biologia (ou história natural, como se chamava à época), especialmente de um país de língua inglesa. Além disso, o livro do Darwin que trata do homem é o 'The Descent of Man', de 1871. No 'The Origin of Species', ele evita falar no homem, ao propor a teoria da seleção natural (e note-se que essa teoria é que é a teoria importante e original de Darwin, não a evolução, que já era amplamente admitida)." (grifos meus)

Portanto, o que Darwin escreveu em 1859 na  "Origem das Espécies" apenas por inferência se aplicaria ao homem no contexto histórico da época. Que a ideia da evolução não era novidade então (inclusive no tempo da 1a edição) pode ser compreendido por inúmeros trabalhos posteriores sobre a história da evolução natural, trabalhos que, inclusive, sugerem fortemente que Darwin se escorou em outros (4). O próprio mecanismo da evolução foi co-descoberto pelo grande espiritualista inglês Alfred R. Wallace. O trabalho de Robert Chambers (1802-1871) , Fig. 1, por exemplo, causou um grande furor antes de Darwin. 


Fig. 1 Esta figura foi extraída do livro "Vestígios da História Natural da Criação" de Robert Chambers e mostra o modelo de desenvolvimento dos peixes (F), répteis (R), pássaros (B) dando origem aos mamíferos (M). O livro de Chambers foi publicado em 1844, demonstrando que a ideia da descendência entre espécies já era conhecida bem antes de 'O Livro dos Espíritos' e da 'Origem das Espécies'. Segundo o artigo 'Transmutation of species'. 

O que diz "A Gênese"

Em um texto posterior em "A Gênese" , de 1868, (Capítulo XI) podemos ler, no parágrafo 15:

Da semelhança, que há, de formas exteriores entre o corpo do homem e o do macaco, concluíram alguns fisiologistas que o primeiro é apenas uma transformação do segundo. Nada aí há de impossível, nem o que, se assim for, afete a dignidade do homem. Bem pode dar-se que corpos de macaco tenham servido de vestidura aos primeiros Espíritos humanos, forçosamente pouco adiantados, que viessem encarnar na Terra, sendo essa vestidura mais apropriada às suas necessidades e mais adequadas ao exercício de suas faculdades, do que o corpo de qualquer outro animal. Em vez de se fazer para o Espírito um invólucro especial, ele teria achado um já pronto. Vestiu-se então da pele do macaco, sem deixar de ser Espírito humano, como o homem não raro se reveste da pele de certos animais, sem deixar de ser homem.

Fique bem entendido que aqui unicamente se trata de uma hipótese, de modo algum posta como princípio, mas apresentada apenas para mostrar que a origem do corpo em nada prejudica o Espírito, que é o ser principal, e que a semelhança do corpo do homem com o do macaco não implica paridade entre o seu Espírito e o do macaco." (grifo meu)

Veja que, em 1868, Kardec considerava a possibilidade de transformação das espécies ainda como uma hipótese. E, mais para frente, no parágrafo 16:

"Admitida essa hipótese, pode dizer-se que, sob a influência e por efeito da atividade intelectual do seu novo habitante, o envoltório se modificou, embelezou-se nas particularidades, conservando a forma geral do conjunto (nº 11). Melhorados, os corpos, pela procriação, se reproduziram nas mesmas condições, como sucede com as árvores de enxerto. Deram origem a uma espécie nova, que pouco a pouco se afastou do tipo primitivo, à proporção que o Espírito progrediu. O Espírito macaco, que não foi aniquilado, continuou a procriar, para seu uso, corpos de macaco, do mesmo modo que o fruto da árvore silvestre reproduz árvores dessa espécie, e o Espírito humano procriou corpos de homem, variantes do primeiro molde em que ele se meteu. O tronco se bifurcou: produziu um ramo, que por sua vez se tornou tronco.  

Como em a Natureza não há transições bruscas, é provável que os primeiros homens aparecidos na Terra pouco diferissem do macaco pela forma exterior e não muito também pela inteligência. Em nossos dias ainda há selvagens que, pelo comprimento dos braços e dos pés e pela conformação da cabeça, têm tanta parecença com o macaco, que só lhes falta ser peludos, para se tornar completa a semelhante." (grifos meus)

Ora, em nenhum desses trechos transparece a ideia da seleção natural, mas, os conceitos estão de acordo com o que era conhecido antes de Darwin, ainda no campo das hipóteses. Portanto, é bastante claro que Kardec não leu nada de Darwin, mesmo em 1868. Também é de estranhar que esses trechos não tenham sido citados no trabalho (1). O assunto é, portanto, bem mais complexo do que a simples comparação de trechos limitados pode permitir.

Uma razão importante para considerar a falta de consideração de Kardec por essas teorias modernas em sua época era, provavelmente, a sua falta de tempo e a quantidade de trabalhos acumulados com a codificação (3).

Ressaltamos ainda que o Espiritismo é uma das poucas doutrinas religiosas que aceitam abertamente a noção de evolução e o mecanismo de sua operação, sustentando a proposta de que esse mecanismo serviria de base ao desenvolvimento do espírito.

Referências e notas

(1) Revista Espiritismo & Ciência nº 108. São Paulo: Mythos Editora, nov/2013, p. 18-22. Uma versão em PDF deste trabalho pode ser baixada aqui.

(2) No caso, esse ainda é um debate de reduzida importância frente a outros temas centrais do Espiritismo.

(3) Comunicação particular com Silvo Chibeni.

(4) Personalidades como: J. B. Lamarck (1744-1829), T. Malthus (1766-1834), Comte de Buffon (1707-1788), A. R. Wallace (1823-1913, praticamente um "co-descobridor" da seleção natural), E. Darwin (1731-1802), C. Lyell (1797-1875), J. Hutton (1726-1797) e mesmo G. Curvier (1769-1831) exerceram influência considerável sobre C. Darwin, assim como Robert Chambers.

Fonte: Blog "A Era do Espírito" - http://eradoespirito.blogspot.com.br/2013/11/sera-que-kardec-leu-darwin.html

quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

Deus, sua infinita bondade e nossa sede insaciável de felicidade



Se Deus nos criou com uma sede insaciável de felicidade, é porque o nosso destino, a trancos e barrancos, deve ser mesmo de salvação, a qual, porém, deverá ser num futuro distante, com a evolução do espírito através das reencarnações.

Os líderes religiosos não espíritas detestam a reencarnação, porque eles pregam a nossa salvação ou libertação, mas com a condição de termos que passar por eles, quando essa doutrina nos mostra que a salvação é conseguida por nós mesmos pela nossa evolução espiritual e moral. Quando eles ensinam a verdade, até que eles podem orientar as pessoas para se salvarem. Mas a profissão deles é realmente prejudicada pelo fenômeno da reencarnação.

A nossa evolução moral e espiritual é real, pois até Jesus evoluiu. “Tendo sido aperfeiçoado, tornou-se o Autor da salvação eterna para todos que lhe obedecem.” (Hebreus 5: 9). “Até que todos nós cheguemos à unidade da fé e do pleno conhecimento do Filho de Deus, à perfeita varonilidade, à medida da estatura da plenitude de Cristo.” (Efésios 4: 13). Temos realmente que reencarnar muitas vezes, até chegarmos à estatura moral do nível de aperfeiçoamento de Jesus Cristo. “Diante de mim se dobrará todo joelho, e toda língua dará louvores a Deus.” Isso vai acontecer no futuro com a evolução dos espíritos humanos. “Somos transformados de glória em glória.” (2 Coríntios 3:3). “Mesmo que nosso homem exterior se corrompa, contudo o nosso homem interior se renova de dia em dia.” (2 Coríntios 4: 16). E Jesus fala também na regeneração no futuro. (Mateus 19: 28). 

Os teólogos apegam-se muito ao lado material do homem, que veio do pó e ao pó retornará (Eclesiastes 12: 7), deixando em segundo plano o homem espiritual, interior e imortal. E, assim, pregam a ressurreição do espírito, mas para eles, ela tem que ser junto com o corpo, quando a Bíblia diz que a ressurreição é só do espírito. (1  Coríntios  15: 44). “Carne e sangue não podem herdar o reino de Deus.” (1 Coríntios 15: 50). “Os ressuscitados são como os anjos.” (Mateus 22: 30). Anjos são espíritos humanos de alto nível de evolução e significam enviados de Deus ou do mundo espiritual para nós, justamente porque são muito evoluídos. Todos os corpos vêm do pó e para o pó retornam. E a Bíblia não diz que, depois que eles voltam para o pó, eles retornam à vida, pois voltam ao seu pó em definitivo. “Tu és pó e ao pó retornarás.” (Gênesis 3: 19). Esse é o destino do homem exterior.

Para os teólogos católicos, enquanto estamos aqui na Terra, nós podemos nos salvar por nós mesmos e por Deus. Morrendo o corpo e indo a alma para o Purgatório, só Deus nos pode ajudar a sairmos de lá. Daí a importância das preces para as almas. Isso é uma exaltação da matéria, da carne, pois só enquanto temos corpo, poderíamos fazer algo para a nossa libertação. No entanto, Jesus disse: “O espírito é o que vivifica; carne e sangue para nada aproveita.” (João 6: 63).

Se Deus nos deu capacidade e liberdade para pecarmos; se Deus não é prejudicado com os pecados; se é o espírito que ressuscita; se Deus nos ama com amor infinito; se a misericórdia divina não termina jamais, pois é também infinita; se a nossa evolução espiritual é uma realidade pelas reencarnações; se temos sempre uma sede insaciável de uma felicidade perene e para sempre; se Deus não quer que nenhum de nós se perca (Mateus 18: 14), não vão ser suficientemente tão poderosos os teólogos e os “diabos” para porem em dúvida a nossa salvação! 

José Reis Chaves escreve às segundas-feiras, no diário de Belo Horizonte, O TEMPO e é autor dos livros: “A Face Oculta das Religiões”, Ed. EBM (SP), “O Espiritismo Segundo a Bíblia”, Editora e Distribuidora de Livros Espíritas Chico Xavier, Santa Luzia (MG), “A Reencarnação na Bíblia e na Ciência” Ed. EBM (SP)  e “A Bíblia e o Espiritismo”, Ed. Espaço Literarium, Belo Horizonte (MG) –  www.literarium.com.br.

quinta-feira, 5 de julho de 2012

La Moral En La Doctrina Espirita

 Por Manuel S. Porteiro

La moral es muy importante en la vida de los hombres, Jesús, como Krishna y como otros espíritus luminosos que supieron ordenar al hombre sin imponerle claudicaciones, no fundaron ninguna religión positiva; enseñaron, sí, una moral sublime, idéntica para todos los hombres, sin sujeción a tiempos, lugares ni circunstancias, sin casuística ni acomodos, moral que lo mismo sirve para realizar el ideal de felicidad humana en este mundo, que para guiar al espíritu en la senda de su progreso indefinido. Esta moral es esencialmente idéntica a la que se desprende de la filosofía espiritista, pero esta última tiene el valor de su fundamento científico, de sustituir el parabolismo de aquélla con una forma racional de explicación y dar también al hombre su razón de ser moral.

El Espiritismo viene hoy a levantar la moral caída, a darle una base científica, a demostrar que lo que ayer fue intuición filosófica, es hoy verdad positiva; viene a  probar con hechos que los principios morales entran grados de desarrollo, que son propios del espíritu, no del organismo ni de la materia, que la moralidad se manifiesta en cada uno según el grado de evolución alcanzado; viene a demostrar que el hombre es un espíritu encarnado, sujeto a continua evolución, que ha vivido en anteriores existencias en estados biológicos interiores y que una vez abandonado su cuerpo material, continúa evolucionando progresivamente, subiendo de tramo en tramo la escala infinita de su progreso, en este o en otros mundos más en armonía con su desarrollo espiritual, que la mayor capacidad moral e intelectual depende del esfuerzo propio de cada ser, de la actividad que despliegue para alcanzarla, que la adquisición de esta capacidad, siempre creciente en su infinito desarrollo, consiste en el ejercicio de todas sus facultades y aptitudes, inspiradas en el bien y puestas al servicio de sus semejantes y, en lo posible, de los demás seres que le rodean; viene a establecer la fraternidad universal sobre las mismas leyes de la evolución, demostrando que la solidaridad no es una palabra vacía, por cuanto no puede existir progreso moral individual, sin progreso colectivo, ni éste sin aquél y que, por consiguiente, cuanto más bien hacemos a los demás, más bien nos hacemos a nosotros mismos; viene a dar al ser una sanción justa y ecuánime, natural y divina, que está en las leyes de su propia evolución, en el principio de causalidad, que nos enseña que toda causa produce un efecto proporcional, que toda acción tiene en sí misma las consecuencias de su bondad o de su maldad, sanción, a la cual no escapan las intenciones ni las circunstancias; viene, en fin, a reafirmar la creencia en un Ser supremo, principio inteligente, creador eterno, manantial de sabiduría, de amor, de justicia, de bondad y de belleza, de donde emanamos y adonde vivimos, sin percatarnos de nuestra pequeñez y al mismo tiempo de nuestra grandeza.

De este conocimiento que se desprende del Espiritismo científico, de las manifestaciones mismas de los seres que han vivido en la tierra y superviven a la muerte con la visión de sus existencias pasadas, de sus mensajes mismos, se desprende la moral espírita, moral sublime que, como hemos dicho, abraza todo lo que hay de bueno y de justo en las demás filosofías y religiones, verdadera ciencia deductiva que descansa en principios inalterables y universales.

La moral espírita enseña a practicar el bien sin interés de recompensas, premios ni castigos, a no ser bueno por temor ni por cálculo, sino porque el bien es la ley suprema de nuestra vida, aumenta nuestra riqueza espiritual, nos eleva y nos engrandece; a proceder con justicia en todos los actos de nuestra vida. Ante el dilema si hemos de ser buenos, justos y veraces, cuando la bondad, la justicia y la verdad nos perjudican, o si hemos de ser todo lo contrario cuando la maldad, la injusticia y la mentira nos benefician, la moral espírita se inclina decididamente por lo primero.

Nos enseña también a practicar la caridad con altruismo, con amor y con delicadeza, demostrándonos que lo que hacemos en bien de los demás es en nuestro bien propio, y que, al obrar así, no hacemos más que cumplir con un deber de solidaridad; a proteger al débil y amparar al desgraciado, cualquiera que sea su debilidad y su desgracia; a levantar al caído, a instruir al ignorante, a ver en cada delincuente un hermano, que hay que redimir con amor, y en cada delito, un enemigo que hay que combatir sin piedad; a no juzgar ni castigar, ni a dar derecho ni atribuciones a nadie para que juzgue ni castigue, considerando que todos somos pecadores y delincuentes en más o menos grado, que los pecados y delitos son propios de nuestra imperfección y de muestro atraso y que, para atenuarlos, hay que instruir, educar y suprimir en lo posible las causas que los producen; a obrar bien con entereza y con rectitud, sin temor a la crítica mundana; a gozar de todos los placeres de la vida, con honestidad y moderación, prefiriendo siempre los placeres  espirituales y, en fin, a trabajar y vivir del producto de nuestro propio trabajo, considerando éste no como un fin sino como un medio para el ejercicio y desarrollo de todas nuestras facultades espirituales y para domar nuestro espíritu de sus rudezas y sus bajas pasiones.

La moral espírita es evolucionista, en el sentido de que se irá imponiendo paulatinamente  a medida de la comprensión y del progreso moral de los individuos y los pueblos, pero en su esencia y en sus principios es absoluta, no admite términos medios, y en sus mandatos es radical e imperativa; no dice al hombre: haz el bien con arreglo a tal o cual circunstancia; sé justo con relación a tal o cual época o lugar; di la verdad, pero que ella no lastime a tales o cuales mentiras, a tales o cuales injusticias, a tales o cuales convencionalismos o intereses. Por el contrario, afirma categóricamente: sé bueno, sé justo, sé veraz, aunque el mundo y sus prejuicios se resientan por tu bondad, por tu justicia, por tu verdad.

La moral espírita es, pues, una moral de principios; no es una moral de circunstancias que, como la establecida por la ley civil y por las costumbres sociales, se adapta al medio y a la estructura económica y política de la sociedad; no es una moral que beneficia los intereses de unos en detrimento de los intereses de los demás; por el contrario, tiende a mancomunar los intereses particulares en un solo interés general, haciendo que todos los hombres sean solidarios en la producción y en el goce de la riqueza social, de acuerdo con sus fuerzas, sus aptitudes y con sus necesidades; no tiene clases, no admite prerrogativas ni categorías sociales su sanción, a todos los alcanza por igual según sean sus acciones, el grado de comprensión, el mérito o demérito de cada uno; y ante el Juez Supremo, que falla en la conciencia y en las leyes de la misma evolución, no caben títulos ni riquezas, ni castas, ni absurdos privilegios sociales.

Enseña la humildad (en el límite de la suavidad y de la modestia), sin humillación ni rebajamiento, aconseja la tolerancia, pero sin descender al consentimiento del mal, ni convivir con él. El juicio crítico que tiende a su mayor grado de perfeccionamiento del individuo y de la sociedad, es una facultad que debe emplearse contra el crimen y la injusticia; consentir éstos, convivir con ellos, no es una virtud, sino más bien una cobardía, que puede ocasionar mayores males que los que tolera.

La nueva moral que desprende del Espiritismo científico viene, pues, a transformar por completo la sociedad, y a su influencia se deberá la desaparición de muchos crímenes, de muchas injusticias, de muchas mentiras e inmoralidades que se tienen hoy por muy morales y muy sagradas; y, en cambio, se afianzarán muchas verdades, muchas virtudes, muchas aspiraciones justas que la moral hipócrita de nuestra sociedad desecha como cosas moralmente malas.

Esta doctrina redentora, lejos de ser rígida disciplina, impuesta arbitrariamente a la conciencia, es un código de amor, de paz, de esperanzas, de consuelos, de promesas y de infinitas satisfacciones espirituales. El que esto escribe, ha sentido en su alma el bálsamo consolador de esta doctrina en sus momentos de desvaríos, cuando las recrudescencias de la vida laceraban sin piedad su corazón. Al borde de más de un abismo ha encontrado en esta moral sublime el apoyo para no caer; y reconfortado su espíritu por la visión de un superior destino, volvió los ojos a la luz con la alegría de vivir, huyendo de las negruras abismales donde la amargura, el despecho o la pasión lo hacían zozobrar. Y este milagro, que se habrá producido en la conciencia de muchos espiritistas sólo puede hacerlo la convicción profunda que nos da el Espiritismo.

Extraído del libro Origen de las Ideas Morales – Manuel S. Porteiro
Livro originalmente publicado en 1998 pelo Movimiento de Cultura Espírita – CIMA, en Caracas, Venezuela.

sábado, 19 de fevereiro de 2011

Kardec Y Darwin

Por José Reis Chaves*

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Kardec y Darwin fueron dos grandes científicos que vinieron al mundo en el arborecer del Siglo 19. El primero, un médico francés y alumno de Pestalozzi, fue Codificador del espiritismo el segundo era un naturalista y fisiólogo ingles. Kardec pesquisó la evolución de los Espíritus. Darwin la de los cuerpos biológicos.

Nosotros somos espíritus inmortales. Y el Nazareno dijo que nosotros debemos buscar la perfección de Dios. Nosotros somos hoy los espíritus de los hombres de entonces inclusive los de las cavernas. Y después de innumerables reencarnaciones, llegamos a la evolución y perfección en la que nos encontramos actualmente. ¡Si no hubiese evolución y las reencarnaciones que la posibilitan, seriamos forzados a pensar que Dios fue muy injusto con aquellos espíritus de otrora de los hombres de las cavernas, que solo habrían vivido más como bichos que como seres humanos propiamente dicho! La evolución es, pues, una ley natural tan real como lo es la de la Gravedad, y es hasta sagrada.

La Iglesia, como afirma el sabio francés padre Francisco Brune, cree en la vida después de la muerte, o la llamada vida eterna, más en la práctica a actuado como si ella no existiese, pues no la estudia, y es hasta contraria a su estudio. La misma cosa se puede decir de nuestros hermanos protestantes. Eso nos hace recordar de que el Maestro afirmo, al referirse a los sacerdotes judíos de su época: “No entran en el reino de los Cielos, y no dejan a otros entrar!”. Es necesario, pues, que los católicos y protestantes despierten también para el estudio del espíritu, y no solo del cuerpo. “La carne para nada aprovecha, lo que importa es el espíritu que da vida” (Juan 6,63).

Fue revolucionario el libro de Darwin: “Del Origen de las Especies” (1859), principalmente porque el entro en choque con las ideas de la interpretación literal de la Biblia, cuando la exégesis y hermenéutica aun eran muy elementales y tímidas. La Iglesia estaba pues, sin fuerza moral para enfrentar aquel poderoso materialismo efervescente, después de la Revolución Francesa, la que se agravaba más aun por el hecho de ella estar, justamente en aquella época, dejando la Inquisición. Fue cuando surgieron también los no menos revolucionarios libros científicos y espiritualistas de Kardec, entre ellos el “Libro de los Espíritus” (1857), los cuales dieron un verdadero “chega-para-lá” en las ideas materialistas y anti-religiosas de Darwin y de sus contemporáneos Marx y Comte. Por eso decimos con el escritor y pastor presbiterano de Rio de Janeiro, Noemias Marien”: “El mayor reformador del Cristianismo no es Lutero, más si Allan Kardec. “De Hecho, hasta Kardec, no se había hecho aun un estudio racional y científico de la Biblia.

Darwin fue unos de los grandes científicos de la evolución de la vida material, y Kardec lo fue de la evolución de la vida del espíritu en la materia y fuera de la materia!

*Autor del libro “La Cara Oculta de las Religiones” (Ed. Martin Claret)

Traducido por M. C. R.

sexta-feira, 2 de abril de 2010

A Idéia de Deus na Evolução da História

Por Herculano Pires

Em épocas pré-históricas, nos alicerces da humanidade, os homens "infra" primitivos sem domínio de símbolos verbais e com produção mental ainda fragmentada, bem no início da formação da individualidade e sem domínio do pensamento contínuo, estabeleceram contatos mediúnicos, ora feito pelos tutores espirituais a darem instruções e inspirações utilizando do conjunto de emoções, crenças e vivências limitadíssimas do homem primitivo para passá-las, ora o contato com desencarnados da própria tribo e com espíritos pré-humanos da natureza (elementais).

Este contato era natural, ou induzido por beberagens e fumos alucinógenos, levando-os ao transe, às vidências, às curas através das energias ectoplásmicas e magnéticas, e sobretudo através do desdobramento espiritual. Levaram este homem primitivo a criar as suas crenças, movidos pelo anseio íntimo e desconhecido pela comunhão com a divindade, à volta ao lar, à reintegração com a grande mãe.

Vejamos o que nos diz Herculano Pires:

(..) Kardec já havia esclarecido que os fatos espíritas são de todos os tempos, uma vez que a mediunidade é uma condição natural da espécie humana. Mas é com Bozzano que temos a primeira penetração espírita no exame antropológico e sociológico do homem primitivo, revelando-nos, com base em investigações científicas, as formas pré-históricas do fenômeno mediúnico. Aliás, os estudos de Bozzano levam-nos mais longe, pois revelam também as origens mediúnicas da religião. Temos assim uma teoria espírita da gênese da crença na sobrevivência, que se apresenta como uma síntese das teorias opostas da teologia e da sociologia.

Para maior clareza do nosso estudo, servimo-nos do esquema que nos fornece o chamado "método cultural", dos antropólogos ingleses, aplicado por John Murphy, com pleno êxito, em seus estudos sobre as origens e a história das religiões. Método usado na antropologia cultural e no estudo das religiões comparadas, aplica-se perfeitamente às necessidades de clareza do nosso estudo. Seu esquema é constituído pelos "horizontes culturais", dentro dos quais o desenvolvimento humano pode ser analisado na amplitude de cada uma das suas fases. É evidente que não vamos muito além do esquema. Nosso intuito não é o estudo antropológico, nem o das religiões comparadas, mas apenas o escla- recimento do problema espírita. Os "horizontes culturais" são os meios em que se desen-volveram as diferentes fases da evolução humana. A expressão é metafórica. Chama-se, por exemplo, "horizonte primitivo", o mundo do homem primitivo. A palavra "horizonte" mos-tra que devemos encarar esse homem dentro dos limites da nossa visão, de todas as condi-ções do meio físico e social em que ele vivia, na paisagem cultural fechada pelos horizontes do mundo primitivo. (...)

O "horizonte primitivo" é geralmente dividido em três formas: o primitivo propriamente dito, o anímico e o agrícola. Em nosso esquema, reduzimos as duas primeiras formas a uma única: o "horizonte tribal", que nos permite abranger numa visão geral o problema mediú-nico do homem primitivo, e destacamos a terceira forma, dando-lhe autonomia. Isso porque o horizonte agrícola tem interesse especial no tocante à mediunidade. Assim, nosso esque-ma da fase pré-histórica do Espiritismo é o seguinte: horizonte tribal, agrícola, civilizado, profético e espiritual. Até o "horizonte profético", segundo Murphy. O "horizonte espiritu-al" é uma formulação nova, exigida pelo Espiritismo.

O horizonte tribal caracteriza-se pelo mediunismo primitivo. Adotamos a palavra " mediunismo", criada por Emmanuel para designar a mediunidade em sua expressão natural, pois é evidente que ela corresponde com precisão ao nosso objetivo. Mediunismo são as práticas empíricas da mediunidade. Dessa maneira, temos as formas sucessivas do mediunismo primitivo, do mediunismo oracular e do mediunismo bíblico, só atingindo a mediunidade positiva no horizonte espiritual, que surge com o Espiritismo. Somente com o Espiritismo a mediunidade se define como uma condição natural da espécie humana, recebe a designação precisa de "mediunidade" e passa a ser tratada de maneira racional e científica.

Os fatos espíritas — assim chamados os fenômenos ou as manifestações mediúnicas — são de todos os tempos. As práticas mágicas ou religiosas, baseadas nessas manifestações, constituem o Mediunismo, pois são práticas mediúnicas. A doutrina espírita é uma interpretação racional das manifestações mediúnicas. Doutrina ao mesmo tempo científica, filosófica e religiosa, pois nenhum desses aspectos pode ser esquecido, quando tratamos de fenômenos que se relacionam com a vida do homem na ter-ra e sua sobrevivência após a morte, sua vida e seu destino espiritual. É enorme a confusão feita pelos sociólogos neste assunto, seguindo de maneira desprevenida a confusão proposital feita pelos adversários do Espiritismo. Os estudos sociológicos do mediunismo referem-se sempre ao espiritismo. Entretanto, a palavra "Espiritismo", criada por Allan Kardec, em 1857, e por ele bem explicada na introdução de "O Livro dos Espíritos", designa uma doutrina por ele elaborada, com base na análise dos fenômenos mediúnicos e graças aos esclarecimentos que os Espíritos lhe forneceram, a respeito dos problemas da vida e da morte. As práticas do chamado "sincretismo religioso afro-brasileiro", por exemplo, não são espíritas. (...)

O antropomorfismo é uma espécie de fase preparatória do animismo. A fase em que o ho-mem primitivo ainda não desenvolveu suficientemente o seu psiquismo, e em que interpreta todas as coisas em termos exclusivamente humanos. Quer dizer, aplica ao exterior as noções rudimentares que possui da natureza humana, dando forma humana aos elementos naturais. Podíamos aplicar-lhe o principio de Protágoras, o sofista: "O homem é a medida de todas as coisas." Mas uma medida por assim dizer afetiva, sem o controle da razão. É pelo sentimento, e não pelo raciocínio, que o homem primitivo humaniza o mundo.

Estamos diante de um processo de adoração rudimentar, em que o homem parece adorar a si mesmo nas coisas exteriores.

O Antropomorfismo se revela por duas formas, que tanto podem ser sucessivas como podem ser simultâneas, o que é difícil precisar. Admitindo que sejam sucessivas podemos citar como primeira forma a vital, ou seja, àquela em que o homem primitivo projeta nas coisas o seu sentimento vital, dando vida as coisas inanimadas. A segunda forma, é a volitiva, em que o homem projeta também a sua vontade, e por isso mesmo personaliza as coisas. Neste grau, nos deparamos com o desenvolvimento do animismo, a fase em que o homem vai dar não apenas, vida e vontade aos objetos e coisas, mas a sua própria alma.

A Doutrina Espírita nos mostra que o processo do Antropomorfismo é auxiliado pelos fenômenos mediúnicos. O simplismo da projeção anímica nas coisas exteriores,(entenda-se aqui anímica não no sentido espírita, mas no sentido de irradiar a si mesmo, seu âmago, seus impulsos e visões inconscientes), complica-se com a resposta dessas coisas ao homem, através da ação natural dos espíritos. É evidente que o homem primitivo tem que interpretar as coisas de acordo com as suas experiências de vida. A razão se forma na experiência. O homem enquadra o mundo nas concepções nascentes da razão. Enche estas concepções, como queria KANT, com o conteúdo das sensações. Mas estas concepções não ficam paradas, são dinâmicas a própria experiência. E essa experiência implica os fatos mediúnicos.

As superstições dos selvagens, as suas práticas mágicas, não eram e nem podiam ser de natureza abstrata, imaginária. Decorriam como tudo na vida primitiva de realidades positivas e de fatos concretos conhecidos naturalmente pelo homem primitivo.Somente nos momentos de grande refinamento intelectual, quando os homens constroem o seu mundo próprio, de abstrações mentais, e se encastelam nas suas tentativas de explicação racional das coisas, é que essas realidades passam a ser negadas, por uma reduzida elite. O materialismo é, portanto, uma espécie de flor de estufa, artificial, cultivada em compartimentos de vidro, que isolam a mente da realidade complexa da natureza.

Podemos formular uma verdadeira escala da adoração, embora esses degraus possam ser simultâneos e não sucessivos, o simples fato de existirem essas gruas, mostra que a adoração, resultando de um sentimento inato no homem, desenvolve-se em um verdadeiro processo. No grau mais baixo temos a Litolatria que é a adoração de pedras, rochas e relevos do solo; no grau seguinte a Fitolatria ou adoração vegetal de plantas, flores e bosques; logo acima a Zoolatria ou adoração de animais; e somente em um grau mais elevado, a Mitologia propriamente dita com a sua forma clássica de Politeísmo. Cada uma dessas fases é ligada a outra por uma fase intermediária em que os elementos de adoração se misturam; e os resíduos das várias fases permanecem ainda nos sistemas religiosos da atualidade.

Como Fetichismo, oriundo de sua fase tribal, com os fetiches básicos da terra mãe e do céu pai, e a fusão da experiência e da imaginação, com o desenvolvimento mental do homem no progresso natural do mediunismo surge a mitologia popular. Empregnada de mistérios e magismos e surge também a primeira forma de religião.

A transição que se efetua por uma maneira bastante conhecida. É um processo de fusão, que encontramos ao longo de todo o desenvolvimento espiritual do homem. O Fetichismo se funde com o culto dos Ancestrais. através do mediunismo. Os fetiches como a Terra e o Céu, misturasse aos ancestrais, identificam-se a eles, na imaginação em desenvolvimento. A mente rudimentar não sabe ainda fazer distinções precisas. Assim, por exemplo, 0síris, que foi um antepassado e como tal recebeu um culto familiar, transforma-se numa personificação da terra, com o seu poder de fecundação, ou no próprio Nilo, cujas águas sustentam a vida. A projeção anímica se realiza, nesse caso, através de uma experiência concreta. A mitologia nasce da História, pois a existência histórica de Osíris é convertida em mito, pela necessidade de racionalização do mundo.

O exemplo egípcio é fecundo em vários sentidos. Não só demostra essa transformação dos deuses, como também nos fornece as raízes históricas de vários dogmas, sacramentos e instituições das religiões dominantes em nosso mundo.

Os egípcios mantiveram-se apegados à zoolatria, como os indianos se mantêm até hoje. O escaravelho dos amuletos, a adoração do Boi Ápis em Mênfis, de Íbis na bacia do Nilo, dos Crocodilos em Tebas e do Bode de Mendes no Delta, são exemplos da arraigada zoolatria egípcia. Mas há casos de ambivalência, como o do Crocodilo, que era adorado em Tebas e na região do Lago Noeris, mas caçado em Elefantina. A zoolatria passa por uma fase de humanização, que culmina na fusão de elementos animais com as figuras humanas. O caso da deusa Hator é típico. Essa deusa, que eqüivale á Ceres dos romanos e à Deméter dos gregos, ora é apresentada com orelhas de vaca, ora com chifres, ora com o bucrânio, ou ainda com este e o sistro. A lei de adoração de que fala Kardec, evolui dos animais para as formas humanas, mas de maneira lenta. Os resíduos animais se conservam ainda nas figuras dos deuses antropológicos, como nas próprias imagens de Hórus, com cabeça de falcão.

Digamos isto de maneira mais clara, se possível. No processo de desenvolvimento da lei de adoração, os resíduos animais são projetados nas figuras humanas dos deuses, como no caso das orelhas e dos chifres da deusa Hator. Mas, ao mesmo tempo, o conhecimento que o homem obteve, através da experiência mediúnica, da existência de seres espirituais, semelhantes aos seres humanos, permitirá o agrupamento dos deuses em famílias e fará que as famílias humanas sofram a intervenção divina. É o caso dos deuses gregos, que se enamoravam das "filhas dos homens". O caso de Pitágoras, que não era filho de seu pai humano, mas do deus Apolo. O caso da teogamia egípcia, de que derivam as, doutrinas. teogâmicas das religiões cristãs. Segundo essa doutrina, os Faraós eram portadores de dupla natureza, a humana e a divina, porque eram filhos da rainha com o deus-solar. Não eram, portanto, filhos de um homem, e nem mesmo de um homem-deus, mas do próprio Deus, que através de processos divinos fecundava a rainha. O conhecimento desses processos históricos é indispensável ao espírita, para imunizá-lo contra as deturpações místicas ou supersticiosas da doutrina, tão comuns num mundo que, apesar de se orgulhar do seu progresso científico, ainda não se libertou de sua pesada herança mitológica

JEOVÁ, DEUS AGRÁRIO

Quando estudamos religião comparada, ou história das religiões, o exame do "horizonte agrícola" nos revela a natureza agrária do deus bíblico Iavé ou Jeová. As diferenças fundamentais existentes entre o Deus bíblico dos Hebreus e o Deus evangélico dos cristãos decorre da diferença de "horizontes". Jeová é um Deus mitológico, em fase de transição para o "horizonte espiritual". Nasceu, como todos os deuses agrários, pôr um processo sincrético. Nele se fundem a experiência concreta da sobrevivência humana, obtida através dos fatos mediúnicos, e a exigência de racionalização do mundo, manifestada nas elaborações mitológicas. Ao mesmo tempo, concepções várias, e até mesmo contraditórias, originadas ao longo da vida tribal e da vida agrícola, também se misturam nessa figura bíblica. Daí as suas contradições, que dão margem a tantas críticas, oriundas da incompreensão do fenômeno e da ignorância do processo histórico.

Encontramos em Jeová, num verdadeiro conflito, as características de deus-tribal e deus-universal, de deus-familiar e deus-popular, de deus-lar e deus-mitológico. Como deus-tribal, Jeová é o guia e o protetor das tribos de Israel, e como deus-universal pretende estender suas leis a todos os povos. Como deus-familiar, é o clássico "Deus de Abraão, Isaac e Jacó", protetor de uma linhagem de pastores, e como deus-popular, é o protetor de todos os descendentes de Abraão. Como deus-lar, e o Espírito que falava a Terá e a Abraão em Ur, à revelia dos deuses-nacionais dos caldeus, e como deus-mitológico, é aquele que declara na Bíblia ‘Eu sou o que sou", tendo a terra por escabelo de seus pés e o céu por morada infinita de sua grandeza sobre-humana.

O mesmo sincretismo que já estudamos no caso dos deuses egípcios aparece no deus- hebraico. Se A deusa Hator, por exemplo, tinha orelhas de vaca, Jeová ordena matanças, misturando em sua natureza características humanas e divinas. Protege especialmente um povo, uma raça, com ferocidade tribal, e se não exige mais os antigos sacrifícios humanos, entretanto exige os sacrifícios animais e vegetais. Suas monumentais narinas, embora invisíveis, dilatam-se gulosas, como as de Moloc, aspirando o fumo dos sacrifícios. No Templo de Jerusalém, à maneira do que acontecia com os templos gregos, havia locais especiais para os sacrifícios sangrentos e os incruentos. Assim como Pitágoras, vegetariano, podia oferecer ao deus Apolo, na ara especial do templo, sacrifícios vegetais, assim também os hebreus podiam escolher a espécie de homenagens que deviam prestar a Jeová.

Há um encadeamento perfeito no processo histórico, que não podemos perder de vista. Graças a esse encadeamento os Espíritos puderam dizer a Kardec que o Espiritismo é o restabelecimento do Cristianismo, o que vale dizer: a última fase do desenvolvimento histórico do Cristianismo. Quando sabemos que este originou-se no solo do Judaísmo, representando um desenvolvimento natural da religião judaica, então compreendemos que o Espiritismo, como queria Kardec e como sustentava Leon Denis, é o ponto mais alto que podemos atingir, até hoje, em nossa evolução religiosa. Jeová, o deus-agrário, transforma-se no Pai evangélico, para chegar à "Inteligência Suprema", no espiritismo. Jeová se depura, e com ele se depuram os ritos do seu culto, que pôr fim se transformam na "adoração em espírito e verdade", de que falava Jesus.

LIVRO DOS ESPÍRITOS (PERGUNTAS 01 e 04)

01) QUE É DEUS?


Resp.: Deus é inteligência suprema, causa primária de todas as coisas.

04) ONDE SE PODE ENCONTRAR A PROVA DA EXISTÊNCIA DE DEUS?

Resp: Num axioma que aplicais as vossas ciências: "Não há efeito sem causa". Procurai a causa de tudo que não é obra do homem e vossa razão vos responderá. Para crer em Deus, é suficiente lançar os olhos as obras da criação. O universo existe. Ele tem, portanto, uma causa. Duvidar da existência de Deus seria negar que todo efeito tem uma causa, e avançar que o nada pôde fazer alguma coisa.

GLOSSÁRIO:

* Antropomorfismo: a- sm . crença ou doutrina que atribui a Deus ou a deuses formas ou atributos humanos. b- fil. . aplicação a algum domínio da realidade ( social, biológico, físico, etc...) de linguagem ou de conceitos próprios ou de seu comportamento.

* Sofística: s.f. Parte da lógica que ensina a refutar sofismas.

* Volitiva - volição: ato pelo qual a vontade se determina por alguma coisa.

* Animismo: a concepção que utilizamos neste texto é a da psicologia segundo a qual os povos naturais atribuem a todos os seres da natureza uma ou várias almas. Não confundir com o termo animismo utilizado na doutrina espírita designado para determinar as capacidade psíquicas da alma humana.

* Fetichismo: culto de objetos inanimados. Fetiche: objeto venerado como uma forma de divindade pelos selvagens.

* Mediunismo: práticas mediúnicas em sua expressão natural sem estarem necessariamente sendo realizadas dentro do Espiritismo.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

* O Livro dos Espíritos (Allan Kardec)

* O Espírito e o Tempo (Herculano Pires)

* Revista "A Reencarnação" (Federação Espírita do RS)

Fonte: Luz No Caminho - Herculano Pires

domingo, 8 de novembro de 2009

Hereditariedade fisiológica e hereditariedade psíquica

Por Domério de Oliveira

Sob a ótica da Medicina Legal, hereditariedade é o fenômeno biológico pelo qual se opera a transmissão de caracteres físicos e morais dos pais aos filhos. Temos, assim, a hereditariedade fisiológica que, por si mesma, não pode explicar determinados fatos que vão além dos seus acanhados limites. Há certas particularidades, no campo da hereditariedade, que demonstram heranças que nada têm a ver com os caracteres biológicos dos ascendentes. Filhos de pais, sem quaisquer índices de inteligência, nascem com faculdades intelectivas fulgurantes e com inatas vocações para as artes, para a ciência, para a literatura, a música e outros ramos do conhecimento. Assim sendo, a hereditariedade, no seu amplo sentido, para ser melhor compreendida, tem de ser completada, também, com o conceito da hereditariedade psíquica, ou seja, aquela herança que o Espírito já traz consigo mesmo, quando retorna o vaso carnal. Meus amigos, quem, a não ser o Espírito Imortal, pode constituir o fio condutor que, através de um contínuo nascer e morrer de formas, rege o desenvolvimento da evolução? Sim, através das múltiplas vivências, o Espírito vai amadurecendo e acumulando experiências, bem como, vai adquirindo cultura, patrimônio inalienável que o acompanha. Daí, então, a hereditariedade psíquica que transcende as barreiras da hereditariedade fisiológica. Esse conceito de hereditariedade psíquica, por certo, conduz à inevitável conclusão extraída de fatos já vivenciados relativos à sobrevivência de um Princípio Psíquico depois da morte. Sócrates já nos ensinava que "viver é recordar".

Os animais, nossos irmãozinhos menores, também, possuem o seu "corpo astral", (Perispírito), que sobrevive à morte do corpo físico e que é, justamente, aquele "fio condutor", ligando as numerosas fases das reencarnações.

Sim, meus amigos, se o Psiquismo, (Espírito), já está demonstrado, como fazendo parte dos fenômenos biológicos, forçoso é admitir que ele, assim como sobrevive à morte orgânica, deva preexistir ao nascimento. Ao Espírito são confiados os últimos produtos da vida e a continuidade do transformismo evolutivo, como Unidade Diretora que é de todas as suas formas sucessivas. A hereditariedade nos apresenta determinados fenômenos que só podem ser explicados à luz da hereditariedade psíquica, ou seja, o Espírito herdando de si mesmo as suas qualidades ou os seus defeitos. Quantas vezes, os filhos superam os pais e os gênios nascem de antepassados medíocres! Como pode o mais ser gerado pelo menos?

Entre pais e filhos prevalecem mais as semelhanças orgânicas do que as qualidades psíquicas. Notemos que a gênese do psiquismo, a formação do instinto, da consciência, por certo, são problemas de outra maneira insolúveis, caso não sejam analisados e equacionados à luz da legítima herança psíquica.

Um rio não pode criar-se a si mesmo; também o Espírito não pode criar-se a si mesmo. E, como o rio, o Espírito percorre uma longa distância, vencendo os acidentes da jornada, para alcançar a amplidão do oceano. Não podemos aceitar a tese de algumas crenças de que a Alma nasce com o corpo. Nesta hipótese, se a Alma nasce com o corpo fatalmente deve morrer com o corpo e, nesse caso, a lógica nos conduzirá ao mais desesperado materialismo. Isso não é verdade, porque já está provada cientificamente a sobrevivência do Espírito.

Meus amigos, tudo obedece a uma lei fatal de causalidade, uma lei íntima, invisível e inviolável, contra a qual nada podem a astúcia e a prepotência. Nunca se pode fugir às conseqüências das próprias ações. O Bem ou o mal que alguém faz, o faz para si mesmo.

Devemos considerar que antes da hereditariedade fisiológica, há uma hereditariedade psíquica que se sobrepõe àquela, resumindo todas as nossas obras e encerrando o nosso destino.

Mantemos com os nossos Pais uma relação de afinidade. Por isso mesmo reencarnamos nos ambientes onde devemos reencarnar e cruzamos com aquelas criaturas que devemos cruzar, ou por um toque de bem querer ou para restabelecimento de elos partidos.

Nossos Espíritos, normalmente, escolhem o lugar e o tempo em que, prescientes das provas, as têm que vencer.

Curvemo-nos, assim, ante nossa hereditariedade psíquica, pois, espiritualmente, somos os nossos próprios herdeiros e, assim sendo, temos que arcar com a partilha dos nossos Bens ou dos nossos males.

Fonte: Jornal Verdade e Luz Nº 166 Novembro de 1999