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sábado, 5 de março de 2011

Fenômenos espíritas e suas consequências filosóficas

Por Cairbar Schutel

Os fatos espíritas manifestam-se, hoje, em toda a parte; eles constituem uma voz que parte de todos os pontos do globo e repercute, de quebrada em quebrada, despertando o homem da letargia e animando-o a marchar, desassombradamente, pela estrada da espiritualidade que conduz à Vida Eterna. Pode-se dizer que não há uma só cidade do mundo, uma só aldeia, ainda nos mais longínquos recantos do planeta, em que manifestações extraordinárias não sejam verificadas, com a admiração de uns, e má vontade e repulsa de outros. Nos meios humildes, como na alta sociedade, nas zonas científicas, como entre os elementos clericais, os fenômenos espíritas de caráter ostensivo se constituíram a grande luz que vem iluminar aos homens o porto de salvamento. Não há uma só família que não conte um fato “extranormal” com ela ocorrido.

Isso vem nos provar que os fenômenos espíritas têm um caráter verdadeiramente providencial. E nem de outro modo pode-se ver esses fatos ostensivos, espontâneos, independentes de toda a vontade humana e de todos os poderes terrestres, fatos, digamos de passagem, que assinalam uma inteligência superior às inteligências da terra, cheia de previsão, de concisão e altamente científica.

Quem ler com atenção os relatos das sessões de materializações, de moldagens, de apports, de fotografias, testemunhadas por homens como William Crookes, Russel Wallace, Oliver Lodge, Paul Gibier, César Lombroso, Ernesto Bozzano e centenas de outros sábios de responsabilidade moral e científica, não pode negar o grande valor moral e científico dessas manifestações, fenômenos tão transcendentes que todos esses sábios unidos – físicos, químicos, fisiologistas, anatomistas, etc., são incapazes de os reproduzir em sua mínima parte.

Em vista disso, poderão esses fatos serem recebidos como ocorrências simplesmente anormais, sem uma causa-mestre que tem intuitos superiores, determinativos a um fim moral e de alta relevância espiritual?

Certamente não se pode concluir que um efeito inteligente deixe de ter, a seu turno, uma causa inteligente e um intuito qualquer, digno da nossa observação, do nosso estudo e da nossa meditação. Todos os fenômenos da vida intelectual, ainda os mais rudimentares, têm uma causa e um objetivo, como verificamos na vida dos seres que povoam o nosso mundo. Não se acende uma luz sem que um fator não se mova, um intermediário não apareça e não se veja o fim a que aquela luz se destina.

A fenomenologia espírita, verificada em todas as épocas e em todos os países, por todas as gerações que viveram neste mundo, tem sido, em todos os tempos, o princípio básico da fé que dignifica o ser humano.

Antigamente, devido à deficiência da inteligência para julgar as coisas espirituais, ela foi atirada para a classe das coisas sobrenaturais, e os “espertos” que tomaram a si a missão de guiar os homens guardaram-na na “urna dos milagres” para, mais comodamente, manterem o seu domínio sobre as massas.

Os filósofos e os sábios, adstritos a uma psicologia retardatária que havia cristalizado todos os seus métodos de ensino, não puderam compreender o alcance desses fatos que só eram recebidos, religiosamente, pelos filhos do povo.

Percorrendo a obra dos estudos fisiológicos, embora desde tempos idos os fenômenos psíquicos tivessem larga extensão, ficamos na obscuridade sobre a existência ou não existência da alma, o que prova que a antiga psicologia não fornecia aos sábios de então os elementos precisos para a resolução do maior de todos os problemas que deve resolver a sorte do destino humano.

Foi preciso que novas mentalidades viessem desbravar o campo do Animismo, forçando, depois, as barreiras do sobrenatural e do mistério, para que a luz raiasse nos horizontes, e um novo método de estudo desse criação à Psicologia Experimental, que estendeu a sua área às regiões inexploradas da alma humana, nesta fase da vida, alongando a sua ação ao mundo ultrassensível que nos rodeia e para onde teremos que ir.

E, desse estudo experimental, chegou-se à conclusão dos intuitos morais e científicos dos fenômenos psíquicos, base fundamental do Animismo e do Espiritismo, que se acham em íntima ligação com todas as ciências, dando-lhes um cunho superior de progresso, completando-as com as novas verdades que vêm tirá-las das dificuldades em que se acham, para resolverem certos problemas, cuja obscuridade veda a sua ação progressiva na perfeição das gentes, na evolução de todos os conhecimentos que devem constituir e proporcionar o bem-estar dos povos. Oferecendo a todos as insígnias inconfundíveis da alta Moral Cristã, com todos os Ensinos filosóficos do seu Instituidor, os fenômenos espíritas, parte integrante da Revelação sobre a qual Jesus disse haver fundado a sua Igreja, são, de fato, as demonstrações claras, legíveis e palpáveis da Imortalidade, única base verdadeira da Fé, do Amor e da Sabedoria.

Sem os fatos, não há religião, nem ciência que possa prevalecer. À química se pede reações; à matemática, números; à física, leis de equilíbrio. Para merecer o nome de ciência, é preciso que se demonstre esta ou aquela com provas positivas.

Os fenômenos psíquicos, não há, absolutamente, dúvida, trazem à destra a luz que ilumina e a verdade que salva. Só por eles, podemo-nos convencer da sobrevivência espiritual, ou seja, da sobrevivência individual e, consequentemente, dos nossos deveres para com os nossos semelhantes e para com Deus.

As consequências filosóficas dos fatos espíritas trazem-nos, como contribuição de progresso e bem-estar, leis olvidadas pelos homens e destinadas a estabelecerem na Terra o reinado da Fraternidade, sob a Paternidade de Deus.

Não queiram os nossos adversários transviar os objetivos da Fenomenologia Espírita, atribuindo-lhes teorias malsãs que não se coadunam com os seus fatos. Lembre-se bem de que todas as teorias aventadas para darem explicações dos fenômenos caíram por terra por insustentáveis.

“Os fatos são persistentes” – como disse o Prof. Lombroso e, em face dos fatos, o investigador perspicaz e inteligente há de verificá-los de natureza anímica e de natureza espírita, mas, sejam uns ou sejam outros, nenhuma explicação eles podem ter, sem a existência da alma e sua sobrevivência à morte do corpo carnal. Essa é a verdade que ninguém, com bons fundamentos, ousará contestar.

Publicado na RIE em julho de 1934

quinta-feira, 13 de maio de 2010

As Penas Futuras Segundo o Espiritismo

Por Otávio Caúmo Serrano

No capítulo VII da primeira parte do livro “O Céu e o Inferno”, encontramos interessantes questões sobre a vida futura.

As explicações do Espiritismo sobre a crença na vida futura, não se fundamentam em teorias nem em sistemas preconcebidos, mas nas constantes observações oferecidas pelas almas que deixaram a matéria e gravitam na erraticidade nos diferentes planos evolutivos.

Há quase século e meio, essas informações são cuidadosamente anotadas, comparadas e selecionados e formam um compêndio que esclarece devidamente o estado das almas no mundo espiritual.

Quando levamos em conta a universalidade das informações, observamos que as pessoas que viveram em diferentes raças, credos, condições sociais ou intelectuais, religiões, e mesmo ateus, confirmam que a sua situação atual é decorrência do seu próprio passado.

Ao reencarnar, o espírito vem com uma programação geral, tendo como base os velhos erros e acertos, sem que isso determine um destino fatalista. Submete-se às provas e expiações que mais possam ajudá-lo a livrar-se do passado delituoso e fazê-lo avançar na escala espiritual. Há vezes que, além dos fatos da encarnação imediatamente anterior, há outros pendentes de outras passagens pelos planetas que já podem ser enfrentados. Porém, se forem penosos, só poderão ser atendidos por um espírito amadurecido e com capacidade para vencer problemas mais graves. Se ele ainda não tem condição, as provas e as expiações serão ainda suaves, em atenção à pouca capacidade do espírito, no atual momento, e as mais difíceis ficam para outra oportunidade.

A vida do espírito na erraticidade e a sua intenção ou não, conhecimento ou não, aceitação ou não de encarnar depende da situação em que se encontra. A maioria dos que desencarnam na Terra continuam imperfeitos e sofrem na espiritualidade todas as conseqüências dos defeitos que carregam. É este grau de pureza ou impureza que o faz feliz ou infeliz no plano espiritual.

Para ser ditoso o espírito necessita da perfeição. Como isso é raro neste mundo, é fácil concluir-se que a erraticidade que circunda o planeta é ainda um vale de lágrimas, semelhante ao mundo material. É essa comunidade que nos rodeia e influencia os nossos pensamentos, exigindo de nós muita oração e vigilância.

A compreensão e a crença nessa verdade farão os homens melhorar para sofrer menos. Cada um tratará de construir com sabedoria seu próprio futuro para ficar livre das dores.

Estas notícias deixam claro que não há castigo de Deus porque Deus é a Lei. Não pune nem dá prêmios. Toda imperfeição, e as faltas dela nascidas, embute o próprio castigo em condições naturais e inevitáveis. Assim como toda doença é uma punição contra os excessos, como da ociosidade nasce o tédio, não é necessária uma condenação especial para cada falta ou para cada pessoa em particular. Quando segue a lei o homem pode livrar-se dos problemas pela sua vontade. Logo, pode também anular os males praticados e conseguir a felicidade.

A advertência dos espíritos nessa nossa escalada é objetiva e segura. Dizem que “o bem e o mal que fazemos decorrem das qualidades que possuímos. Não fazer o bem quando podemos, é, portanto, o resultado de uma imperfeição.” Observem que não basta não fazer o mal. É preciso fazer o bem.

Os espíritos advertem, também, que não é suficiente que o homem se arrependa do mal que fez, embora seja o primeiro e importante passo; são necessárias a expiação e a reparação.

Quando falta ao espírito a crença na vida futura, fica difícil ele lutar por algo que não acredita e, nesse caso, pratica o mal sem preocupar-se com futuras conseqüências.
Por isso, é comum aos espíritos atrasados acreditarem que continuam vivos, materialmente, mesmo após a desencarnação. Continuam com as mesmas necessidades que tinham quando eram humanos. Sentem fome, frio e enfermidades, como qualquer encarnado.

Tudo o que acontece a qualquer um de nós está inscrito na nossa consciência. Dela não podemos fugir por mais longe que estejamos do lugar onde cometemos as faltas.
A solução para ter a consciência tranqüila é reparar os erros e desfazer-se do presente que nos atormenta. Quanto mais demoramos na reparação mais sofremos. Não devemos adiar. Nas suas lições, já nos ensinou Jesus: “Reconcilia-te com teu adversário enquanto estás a caminho.”

No próprio capítulo em questão de “O Céu e o Inferno”, há uma indagação que todos nós certamente já fizemos algum dia: Por que tanto sofrimento? “Deus não daria maior prova de amor às suas criaturas criando-as infalíveis, perfeitas, nada mais tendo a adquirir, quer em conhecimento quer em moralidade?” Mas a resposta é óbvia. Deus poderia tê-lo feito, mas não o fez para que o progresso constituísse uma lei geral. Deixou o bem e o mal entregue ao livre-arbítrio de cada um, a fim de que o homem sofresse as dores dos seus erros, mas também o prazer dos seus acertos. E dando “a cada um, segundo as suas obras, no Céu como na Terra.” Esta é a Lei da Justiça Divina. Se assim não fosse, a vida não teria tempero.

O sofrimento, em resumo, é inerente à imperfeição. Livre-se o homem da imperfeição pela sua própria vontade e anulará os males dela decorrentes; conquistará nesse momento a sonhada felicidade

sexta-feira, 2 de outubro de 2009

O Espiritismo, por Allan Kardec

O Espiritismo é uma doutrina filosófica de efeitos religiosos, como qualquer filosofia espiritualista, pelo que forçosamente vai ter às bases fundamentais de todas as religiões: Deus, a alma e a vida futura. Mas, não é uma religião constituída, visto que não tem culto, nem rito, nem templos e que, entre seus adeptos, nenhum tomou, nem recebeu o título de sacerdote ou de sumo-sacerdote. Estes qualificativos são de pura invenção da crítica.

As crenças que propugna, as tendências que manifesta e o fim a que visa se resumem nas proposições seguintes:

1º) O elemento espiritual e o elemento material são os dois princípios, as duas forças vivas da Natureza, as quais se completam uma a outra e reagem incessantemente uma sobre a outra, indispensáveis ambas ao funcionamento do mecanismo do Universo.

Da ação recíproca desses dois princípios se originam fenômenos que cada um deles, isoladamente, não tem possibilidade de explicar.

À Ciência, propriamente dita, cabe a missão especial de estudar as leis da matéria.

O Espiritismo tem por objeto o estudo do elemento espiritual em suas relações com o elemento material e aponta na união desses dois princípios a razão de uma imensidade de fatos até então inexplicados.

O Espiritismo caminha ao lado da Ciência, no campo da matéria: admite todas as verdades que a Ciência comprova; mas, não se detém onde esta última pára: prossegue nas suas pesquisas pelo campo da espiritualidade.

2º) Sendo o elemento espiritual um estado ativo da Natureza, os fenômenos em que ele intervém estão submetidos a leis e são por isso mesmo tão naturais quanto os que derivam da matéria neutra.

Alguns de tais fenômenos foram reputados sobrenaturais, apenas por ignorância das leis que os regem. Em virtude desse princípio, o Espiritismo não admite o caráter de maravilhoso atribuído a certos fatos, embora lhes reconheça a realidade ou a possibilidade. Não há, para ele, milagres, no sentido de derrogação das leis naturais, donde se segue que os espíritas não fazem milagres e que é impróprio o qualificativo de taumaturgos que umas tantas pessoas lhes dão.

O conhecimento das leis que regem o princípio espiritual prende-se de modo direto à questão do passado e do futuro do homem. Cinge-se a sua vida à existência atual? Ao entrar neste mundo, vem ele do nada e volta para o nada ao deixá-lo? Já viveu e ainda viverá? Como viverá e em que condições? Numa palavra: donde vem ele e para onde vai? Por que está na Terra e por que sofre aí? Tais as questões que cada um faz a si mesmo, porque são para toda gente de capital interesse e às quais ainda nenhuma doutrina deu solução racional. A que lhe dá o Espiritismo, baseada em fatos, por satisfazer às exigências da lógica e da mais rigorosa justiça, constitui uma das causas principais da rapidez de sua propagação.

O Espiritismo não é uma concepção pessoal, nem o resultado de um sistema preconcebido. É a resultante de milhares de observações feitas sobre todos os pontos do globo e que convergiram para um centro que os coligiu e coordenou. Todos os seus princípios constitutivos, sem exceção de nenhum, são deduzidos da experiência. Esta precedeu sempre a teoria.

O Espiritismo não é solidário com aqueles a quem apraza dizerem-se espíritas, do mesmo modo que a Medicina não o é com os que a exploram, nem a sã religião com os abusos e até crimes que se cometam em seu nome. Ele não reconhece como seus adeptos senão os que lhe praticam os ensinos, isto é, que trabalham por melhorar-se moralmente, esforçando-se por vencer os maus pendores, por ser menos egoístas e menos orgulhosos, mais brandos, mais humildes, mais caridosos para com o próximo, mais moderados em tudo, porque é essa a característica do verdadeiro espírita.

É-se espírita pelo só fato de simpatizar com os princípios da doutrina e por conformar com esses princípios o proceder. Trata-se de uma opinião como qualquer outra, que todos têm o direito de professar, como têm o de ser judeus, católicos, protestantes, simonistas, voltairiano, cartesiano, deísta e, até, materialista.

Coerente com seus princípios, o Espiritismo não se impõe a quem quer que seja; quer ser aceito livremente e por efeito de convicção. Expõe suas doutrinas e acolhe os que voluntariamente o procuram. Não cuida de afastar pessoa alguma das suas convicções religiosas; não se dirige aos que possuem uma fé e a quem essa fé basta; dirige-se aos que, insatisfeitos com o que se lhes dá, pedem alguma coisa melhor.

Assim, desde o começo, o Espiritismo lançou raízes por toda parte. A História nenhum exemplo oferece de uma doutrina filosófica ou religiosa que, em dez anos, tenha conquistado tão grande número de adeptos. Entretanto, não empregou, para se fazer conhecido, nenhum dos meios vulgarmente em uso; propagou-se por si mesmo, pelas simpatias que inspirou.

O Espiritismo proclama a liberdade de consciência como direito natural; reclama-a para os seus adeptos, do mesmo modo que para toda a gente. Respeita todas as convicções sinceras e faz questão da reciprocidade. Da liberdade de consciência decorre o direito de livre-exame em matéria de fé. O Espiritismo combate a fé cega, porque ela impõe ao homem que abdique da sua própria razão; considera sem raiz toda fé imposta, donde o inscrever entre suas máximas: Não é inabalável, senão a fé que pode encarar de frente a razão em todas as épocas da Humanidade.

Fonte: KARDEC, Allan. Obras Póstumas.