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domingo, 20 de março de 2016

[ESE] - Os Tormentos Voluntários

FÉNELON
Lyon, 1860


O homem está incessantemente à procura da felicidade, que lhe escapa a todo instante, porque a felicidade sem mescla não existe na Terra. Entretanto, apesar das vicissitudes que formam o inevitável cortejo desta vida, dele poderia pelo menos gozar de uma felicidade relativa. Mas ele a procura nas coisas perecíveis, sujeitas às mesmas vicissitudes, ou seja, nos gozos materiais, em vez de buscá-la nos gozos da alma, que constituem uma antecipação das imperecíveis alegrias celestes. Em vez de buscar a paz do coração, única felicidade verdadeira neste mundo, ele procura com avidez tudo o que pode agitá-lo e perturbá-lo. E, coisa curiosa, parece criar de propósito os tormentos, que só a ele cabia evitar.

Haverá maiores tormentos que os causados pela inveja e o ciúme? Para o invejoso e o ciumento não existe repouso: sofrem ambos de uma febre incessante. As posses alheias lhes causam insônias; os sucessos dos rivais lhes provocam vertigens; seu único interesse é o de eclipsar os outros; toda a sua alegria consiste em provocar, nos insensatos como eles, a cólera do ciúme. Pobres insensatos, com efeito, que não se lembram de que, talvez amanhã, tenham de deixar todas as futilidades, cuja cobiça lhes envenena a vida! Não é a eles que se aplicam estas palavras: “Bem-aventurados os aflitos, porque serão consolados”, pois os seus cuidados não têm compensação no céu.

Quantos tormentos, pelo contrário, consegue evitar aquele que sabe contentar-se com o que possui, que vê sem inveja o que não lhe pertence, que não procura parecer mais do que é! Está sempre rico, pois, se olha para baixo, em vez de olhar para cima de si mesmo, vê sempre os que possuem menos do que ele. Está sempre calmo, porque não inventa necessidades absurdas, e a calma em meio das tormentas da vida não será uma felicidade?

domingo, 6 de dezembro de 2015

[ESE] - A fé e a Caridade

Disse-vos, não há muito, meus caros filhos, que a caridade, sem a fé, não basta para manter entre os homens uma ordem social capaz de os tornar felizes. Pudera ter dito que a caridade é impossível sem a fé. Podereis encontrar, na verdade, impulsos generosos mesmo em pessoas privadas de religião; porém, essa caridade austera, que só com abnegação se pratica, com um constante sacrifício de todo interesse egoísta, somente a fé pode inspirá-la, pois só ela nos faz carregar com coragem e perseverança a cruz desta vida.

Sim, meus filhos, é inútil que o homem ávido de gozos procure iludir-se sobre o seu destino nesse mundo, pretendendo ser-lhe lícito ocupar-se unicamente com a sua felicidade. Sem dúvida, Deus nos criou para sermos felizes na eternidade; entretanto, a vida terrestre deve servir unicamente ao nosso aperfeiçoamento moral, que mais facilmente se adquire com o auxílio dos órgãos físicos e do mundo material. Sem levar em conta as vicissitudes ordinárias da vida, a diversidade dos vossos gostos, de vossos pendores e de vossas necessidades, é também um meio de vos aperfeiçoardes, exercitando-vos na caridade. Com efeito, só a poder de concessões e sacrifícios mútuos podeis manter a harmonia entre elementos tão diversos.

Tereis, contudo, razão, se afirmardes que a felicidade está destinada ao homem nesse mundo, desde que ele a procure, não nos gozos materiais, sim no bem. A história da cristandade fala de mártires que se encaminhavam alegres para o suplício. Hoje, na vossa sociedade, para serdes cristãos, não precisa nem o holocausto do martírio, nem o sacrifício da vida, mas única e simplesmente o sacrifício do vosso egoísmo, do vosso orgulho e da vossa vaidade. Triunfareis, se a caridade vos inspirar e se a fé vos sustentar. 

Espírito protetor. (Cracóvia, 1861.)

(O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. XI - Amar o próximo como a si mesmo - Instrução dos Espíritos)

quarta-feira, 9 de julho de 2014

Movimento e Pesquisas Espíritas

Por Carlos Antônio de Barros

Muita gente em nosso meio acredita que a Doutrina Espírita esteja pronta e acabada. Assim pensa os espíritas religiosos. Logo, não tem porquê nem para quê acrescentar algo mais em nome da Ciência.

A palavra "inacabada", contudo, soa como herética aos ouvidos dos espíritas religiosos que acham não ter mais o que estudar e pesquisar, em face do "complemento definitivo" feito com os livros psicografados por Chico Xavier sob a orientação do seu orientador espiritual, Emmanuel.

Os espíritas que simpatizam com o aspecto científico da Doutrina não se conformam com a ideia de segui-la no formato "igrejificado", respingada de dogmas e atavismos teológicos que a deixa obscurecida pela fé cega.

Esta pendenga doutrinária, infelizmente, acabou dividindo o movimento em grupos que, soberbamente, classificam Allan Kardec como "superado" e que decidiram pesquisar a Bíblia para explicar o Espiritismo, com o propósito de trazer "novas luzes" para O Evangelho Segundo o Espiritismo.

Os espíritas filosóficos - aqueles que se autodenominal de "livres pensadores", correm por fora de todo esse imbróglio preservando-se de atritos e contendas inúteis.

Alguns desses filósofos, evidentemente, admiram a sede conhecimentos dos espíritas científicos e pretendem dividir com estes as pesquisas que o Espiritismo "inacabado" tanto reclama.

Grupos, núcleos e associações espíritas estão se mobilizando em todo o País, implementando projetos para formar novos pesquisadores imbuídos do espírito perspicaz e investigativo de Kardec. Não se sabe ao certo se os projetos vão tomar a dimensão desejada e encontrar respostas em meio a tantas questões que permeiam o complexo campo da Ciência Espírita.

O saudoso e respeitado pesquisador paulista, José Herculano Pires (1914-1979), refere-se à Epistemologia Espírita - Estudo Crítico do Conhecimento Científico à Luz do Espiritismo, como indispensável à sua compreensão.

Segundo Herculano Pires, Kardec examina a posição epistemológica do Espiritismo na "Introdução do Estudo da Doutrina", que abre O Livro dos Espíritos. Resta saber, portanto, quem se interessou e leu essa relevante introdução.

Um texto que a maioria dos espíritas acha chato porque não traz nenhuma revelação dos mais sombrios umbrais ou alguma curiosidade sobre a colônia Nosso lar.

Lembrando: a posição epistemológica do Espiritismo não pode ser modificada a bel prazer dos espíritas entusiasmados com o seu pseudo-saber.

Fonte: Kardec Ponto Com

quinta-feira, 6 de março de 2014

Os Religiosos Católicos presentes na Doutrina Espírita

Por Maria das Graças Cabral

Muito comumente causa espanto aos neófitos da Doutrina dos Espíritos, encontrar nomes de veneráveis santos católicos, na condição de grandes Mestres da Espiritualidade, que trouxeram os fundamentos do Espiritismo.  

Nos Prolegômenos de O Livro dos Espíritos, além de grandes pensadores da humanidade do quilate de Sócrates e Platão, mencionam-se os nomes de santos da Igreja Católica tais como: São João Evangelista, Santo Agostinho, São Vicente de Paulo, São Luís, dentre outros religiosos que se manifestaram nas obras fundamentais espíritas.

Podemos citar Fénelon, destinado pela família para a carreira eclesiástica. Começou seus estudos no colégio dos Jesuítas em Cahors. Continuou os Estudos junto aos Jesuítas em Paris e manteve contatos com o seminário de Saint-Sulpice. (Fonte: http://www.geae.inf.br/pt/biografias/ - Acessado em 04/11/2012)

Outro religioso católico presente na codificação foi Lamennais, que nasceu em uma família burguesa. Foi um escritor brilhante, tornando-se uma figura influente e controversa na história da Igreja católica francesa. Com 34 anos de idade, Lamennais foi ordenado padre. Na condição de escritor fluente, político e filósofo, esforçou-se para combinar a política liberal com o Catolicismo Romano, após a Revolução Francesa. (Fonte: http://www.geae.inf.br/pt/biografias/ - Acessado em 04/11/2012)

Também sacerdote das hostes católicas foi Lacordaire, nascido em 12 de maio de 1802, numa cidade francesa perto de Dijon, tornou-se vigário da famosa Catedral de Notre-Dame, em Paris. A força da sua oratória atraía milhares de leigos para o culto. Em 1839 entrou para a Ordem Dominicana na França, trabalhando pela sua restauração, desde que a Revolução Francesa a tinha largamente subvertido. (Fonte: http://www.espiritismogi.com.br/biografias/- Acessado em 04/11/2012)

Constata-se nas mensagens de tais espíritos, esparsas nas obras fundamentais, um discurso bem próprio dos clérigos católicos. Veja-se a título de exemplo, um pequeno trecho de Santo Agostinho falando do “mal como remédio” da alma:
 “Vossa terra é por acaso um lugar de alegrias, um paraíso de delícias? A voz do profeta não soa ainda aos vossos ouvidos? Não clamou ele que haveria choro e ranger de dentes para os que nascessem neste vale de dores? Vós que nele viestes viver, esperai, portanto lágrimas ardentes e penas amargas, e quanto mais agudas e profundas forem as vossas dores, voltai os olhos ao céu e bendizei ao Senhor, por vos ter querido provar”!
E adiante acrescenta: “Se, no auge de vossos mais cruéis sofrimentos, cantardes em louvor ao Senhor, o anjo da vossa guarda vos mostrará o símbolo da vossa salvação e o lugar que devereis ocupar um dia”. (O Evangelho Segundo Espiritismo. Capítulo V. item 19) (grifo nosso).
Identifica-se claramente um sacerdote a falar aos fiéis das “penas” acerbas impingidas pelo “Senhor”, aos “pecadores” que vivem nesse “vale de dores”, utilizando-se de um vocabulário próprio do catolicismo, e que ainda se faz presente muito fortemente em seu discurso.

Não obstante, viajando no tempo e aportando no século XX, nos deparamos com os médiuns brasileiros, Francisco Cândido Xavier e Divaldo Pereira Franco, considerados os ícones do Espiritismo no Brasil e no mundo. E aí, mais uma vez observa-se a presença ostensiva de religiosos católicos à frente da divulgação da Doutrina Espírita.

No caso do conhecido médium Francisco Cândido Xavier, seu famoso mentor asseverava ter sido em sua última encarnação, o padre jesuíta Manoel da Nóbrega, que aos 27 anos, foi ordenado pela Companhia de Jesus (1544), fazendo-se pregador. Viajou por Portugal, Galiza e o resto da Espanha na pregação do Evangelho. Surpreendido com o convite do rei D. João III, embarcou na armada de Tomé de Sousa (1549). Chegaram à Bahia em 29 de março de 1549 e, celebrada a primeira missa, ter-se-ia voltado para seus auxiliares e dito: “Esta terra é nossa empresa.” (http://pt.wikipedia.org/- Acessado em 04/11/2012).

Quanto ao não menos famoso médium e divulgador mundial do Espiritismo, Divaldo Pereira Franco, assevera este, ter como mentora, a freira católica Joanna de Ângelis. Segundo o médium, Joanna “no século I, vivera como Joana de Cusa, uma das maiores colaboradoras da obra de Jesus, inclusive citada no evangelho como uma das mulheres piedosas, tendo sida queimada viva ao lado de seu único filho, juntamente com outros cristãos no Coliseu de Roma”. Em 12/11/1651 nascia no México Sór Juana Inés de La Cruz, tendo sida a maior poetisa da língua hispânica; muito competente em teologia, medicina, direito canônico e astronomia. Foi teatróloga, musicista, pintora e poliglota. Falava e escrevia, fluentemente, seis idiomas.

Em 11/12/1761 nascia em Salvador-Bahia Sóror Joana Angélica de Jesus que posteriormente tornou-se freira. Em 1822, em defesa da honra das jovens do seu Convento, foi assassinada por um soldado português, tornando-se mártir da independência do Brasil. Joanna de Ângelis também vivera no século XIII, de 16/07/1194 à 11/08/1253. Segundo a mentora, ficou conhecida como irmã Clara de Assis, fundadora da ordem feminina Franciscana. Mais tarde, em 15 de agosto de 1255 foi canonizada pelo papa Alexandre IV como Santa Clara de Assis. (Clara de Assis)”. (Fonte: http://pt.wikipedia.org/ - Acessado em 04/11/2012).

Diante do exposto, no que concerne aos Espíritos que participaram efetivamente na Codificação da Doutrina Espírita, observa-se em suas biografias, que não viviam a experiência religiosa numa condição de reclusos em monastérios. Pelo contrário, todos foram grandes filósofos, e/ou cientistas, que já pensavam e estudavam as questões cruciais da humanidade, envolvendo a moralidade humana, a educação, e os grandes conflitos sociais.

Desenvolviam teorias filosóficas que se adequassem ao catolicismo, formando entendimento religioso a ser acatado e adotado pela Igreja (instituição). Na realidade, objetivavam encontrar um “elo” que justificasse a vida com todas as suas complexas consequencias ao Deus e supremo criador, coadunando-se tais pensamentos com as “verdades” dogmáticas e bíblicas, adotadas pela Igreja Católica Apostólica Romana.

Não obstante, tais personalidades quando do retorno ao mundo espiritual, foram expandindo seus conhecimentos, mudando seus entendimentos, obviamente que orientados pelos grandes “Mestres da Espiritualidade”, e assim se prepararam para a grande empreitada de trazer à humanidade, nos albores do século XIX, as grandes revelações que estavam gravadas em nossos “arquétipos”, apropriando-me do termo junguiano, e que considerávamos sobrenatural ou fantástico.

Vieram provar a existência e imortalidade do Espírito e todas as suas consequências, respondendo ao clássico questionamento humano: - “Quem sou? De onde vim? Prá onde vou?” E dentro de suas respectivas áreas de conhecimento, foram desenvolvendo todo um grandioso trabalho que suplantou muitas das convicções que defendiam em encarnações transatas, na condição de encarnados.

Oportuno ressaltar, que a Doutrina dos Espíritos baseia-se no principio evolutivo para todos os seres da criação. Fica claro que este processo envolve tanto o aspecto intelectual como moral, e não está adstrito às experiências no corpo físico.  A Doutrina é farta em exemplos trazidos pelos testemunhos de Espíritos que se reportam aos seus estudos e observações feitos no mundo espiritual.

A esse respeito em O Livro dos Espíritos, quando trata do Mundo Espírita ou dos Espíritos, Kardec indaga aos Mestres Espirituais “de que maneira se instruem os Espíritos errantes”, e a resposta dada é a seguinte: - “Estudam o seu passado e procuram o meio de se elevarem. Vêem e observam o que se passa nos lugares que percorrem; escutam os discursos dos homens esclarecidos e os conselhos dos Espíritos mais elevados que eles, e isso lhes proporciona idéias que não possuíam”. (O Livro dos Espíritos – pergunta 227)

Daí entende-se porque, os Espíritos católicos avançaram mais rapidamente rumo ao conhecimento Espírita. Observe-se que já acreditavam na vida espiritual, embora com uma visão limitada de céu, purgatório e inferno. Acreditavam nas manifestações dos santos e demônios e nos milagres realizados pelos santos intercessores. Portanto, estavam mais preparados para entender à dinâmica que envolve o mundo material e o mundo espiritual.  

Por outro lado, não se identifica dentre os Espíritos religiosos da Codificação, pastores protestantes. A esse respeito, entende-se que diante de uma maior rigidez interpretativa da bíblia, da não aceitação radical da comunicabilidade dos mortos, onde só aceitam a manifestação do demônio, torna-se muito mais complexa a compreensão e aceitação da Doutrina Espírita.

Na realidade, o protestantismo está mais voltado ao Deus mosaico, e na busca pelo sucesso na vida material. Isto por entenderem, que a morte os levará a um estado de sono profundo até a chegada do Juízo Final. Por conseguinte, não oram pelos mortos nem admitem sua comunicabilidade. Aliás, só trabalham de forma efetiva com o exorcismo - que é a expulsão do demônio - pois segundo suas convicções, este procura seduzir a humanidade tomando a forma de pessoas queridas e veneráveis para conduzí-las ao inferno. Daí se mostrarem menos refratários à compreensão e aceitação dos princípios Espíritas.

Para finalizar far-se-á alguns comentários sobre os mentores religiosos dos médiuns Francisco Cândido Xavier e Divaldo Pereira Franco, na condição de divulgadores da Doutrina Espírita para o Brasil e o mundo. Observa-se que ao contrário dos Espíritos da codificação que vieram trazer os novos paradigmas para o Espírito humano, os referidos mentores, buscam introduzir aos princípios Espíritas alguns aspectos de suas convicções religiosas católicas.

Fácil compreender, pois o progresso de cada ser humano tem seu rítmo próprio. Portanto, não se daria tão rapidamente as mudanças de “vícios” religiosos arraigados, próprios de espíritos que passaram por várias encarnações vivenciando a dogmática religiosa católica, defendida e abraçada com profunda convicção. Observe-se que para estes não havia conflitos entre seus pensamentos e o que estava posto pela Igreja que serviam e amavam.

É fato que hoje se dizem espíritas e trabalham como divulgadores do espiritismo. Não obstante, sempre que podem, buscam distorcer aquilo que os incomoda na Doutrina Espírita, por entenderem em desacordo com as crenças religiosas que professaram por tantas encarnações e que ainda trazem gravadas em seus Espíritos, como convicções a serem respeitadas.

Em contrapartida, é óbvio que tais Espíritos encontram em seus médiuns um “campo de convicções religiosas” que se coaduna perfeitamente com seus interesses. Daí, a perfeita sintonia que permite sem o menor obstáculo, a divulgação espírita eivada dos rituais e credos iminentemente católicos.

Percebe-se esta forte presença, por exemplo, no “culto do evangelho no lar” - com a jarra de água para fluidificar, o caderno com os nomes dos que deverão receber a ajuda espiritual, a leitura do evangelho e de livros de mensagens de textos bíblicos – nada mais ritualístico e católico.

Portanto, diante das considerações acima expostas, pode-se entender porque o catolicismo ainda se faz tão presente no meio espírita. Porque ainda precisamos casar nas igrejas católicas, batizar nossas crianças, mandar rezar missa de sétimo dia para nossos mortos, levar flores para depositar aos pés das imagens de Nossa Senhora, Bezerra de Menezes, São Francisco de Assis, etc..

Porque ainda fazemos promessas e romarias para os santos. Porque procuramos usar a cor branca e cobrir com toalhas brancas as mesas de reunião mediúnica, como se cobrem os altares das igrejas católicas. Por isso fazemos as filas para receber passes e beber a água fluidificada, como fazíamos as filas para receber a comunhão nos templos católicos.

Efetivamente, são muitos os comportamentos atávicos que ainda estamos longe de nos libertar, por estarem incrustados em nossos Espíritos, em razão das inúmeráveis encarnações abraçando a Igreja Católica como a portadora da verdade inquestionável, a representante de Deus na Terra, e único laço de ligação entre o homem e o Criador.

Fonte: Um Olhar Espirita - http://umolharespirita1.blogspot.com.br/2012/11/os-religiosos-catolicos-presentes-na.html

sábado, 17 de agosto de 2013

A hora é mesmo extrema!

Por Sergio Aleixo

Mais equívocos em traduções dos textos de Kardec, e agora, salvo exceções indicadas, todos em edições L.A.K.E. ou F.E.E.S.P., por J. Herculano Pires...[1]

1 - N. 189 de O Livro dos Espíritos. Onde se lê: “Em sua origem, os Espíritos não têm mais do que uma existência instintiva, possuindo apenas a consciência de si mesmos e de seus atos”, leia-se, na verdade: “Em sua origem, os Espíritos não têm mais do que uma existência instintiva, mal possuindo consciência de si mesmos e de seus atos”. No francês: “A leur origine, les Esprits n'ont qu'une existence instinctive et ont à peine conscience d'eux-mêmes et de leurs actes”. Uma coisa é “mal possuir consciência de si”, outra, “possuir apenas a consciência de si”.

2 - N. 673 de O Livro dos Espíritos. Onde se lê: “Já vos disse, por isso mesmo, que Deus desaprova as cerimônias que fazeis para as vossas preces, pois há muito dinheiro que poderia ser empregado mais utilmente”, leia-se, na verdade: “Não quero dizer com isto que Deus desaprove as cerimônias que praticais para a ele orardes, mas muito dinheiro se gasta aí que poderia ser mais utilmente empregado”. No francês: “Je ne dis pas pour cela que Dieu désapprouve les cérémonies que vous faites pour le prier, mais il y a beaucoup d'argent qui pourrait être employé plus utilement qu'il ne l'est”. Uma coisa é Deus condenar as cerimônias, outra, que não as condene.

3 - N. 11 do cap. XXVIII de O Evangelho Segundo o Espiritismo. Onde se lê: “Além do nosso anjo guardião, que é sempre um Espírito superior a nós, temos os Espíritos protetores”, leia-se, na verdade: “Além do nosso anjo guardião, que é sempre um Espírito superior, temos os Espíritos protetores”. No original: “Outre notre ange gardien, qui est toujours un Esprit supérieur, nous avons des Esprits protecteurs”. Esta inserção: “a nós”, só se verifica a partir da 59.ª edição da L.A.K.E., de 2003, ausente nas anteriores e, por exemplo, na 14.ª da F.E.E.S.P., de 1998, o que isenta, evidentemente, Herculano Pires. Uma coisa é “um Espírito superior”, outra, “um Espírito superior a nós”, sobretudo num contexto especialíssimo, em que Kardec define os tipos e elevações dos espíritos que se nos ligam, adiante esclarecendo de modo a não restar dúvida: “Deus nos deu um guia principal e superior em nosso anjo guardião, e guias secundários nos nossos Espíritos protetores e familiares”. No original: “Dieu nous a donné un guide principal et supérieur dans notre ange gardien, et des guides secondaires dans nos Esprits protecteurs et familiers”. Portanto, todo anjo guardião é espírito protetor, todavia nem todo espírito protetor é anjo guardião, precisamente porque este, como assegura o mestre, é sempre um Espírito superior.

4 - N. 23 do cap. IV de O Evangelho Segundo o Espiritismo. Onde se lê: “4.º) a conservação da individualidade, com o progresso infinito, segundo a doutrina espírita”, leia-se, na verdade: “4.º a individualidade com progressão indefinida (ou indefinita), segundo a doutrina espírita”. No original: “4.º l'individualité avec progression indéfinie, selon la doctrine spirite”; portanto, progression indéfinie, não infinie. Uma coisa é que o progresso da alma seja indefinito, outra, que o seja infinito. Kardec, aliás, postula que a ascensão da alma ao bem absoluto deve ter um limite, porque jamais chegaria à felicidade perfeita se estivesse a subir incessantemente. (Cf. Revista Espírita. Set/1862. Poesias Espíritas. Peregrinações da Alma. Observação.) Nada obstante, Evandro N. Bezerra, para a F.E.B., preferiu traduzir os dizeres do mestre: “progrès successif et indéfini de l'âme”, por “progresso contínuo e infinito da alma”. Melhor, a opção de Julio A. Filho, para a EDICEL: “progresso sucessivo e indefinido da alma”; a corroborá-la está a escolha de Salvador Gentile, para o I.D.E. (Cf. Revista Espírita. Nov/1863. Pluralidade das Existências e dos Mundos Habitados. Pelo Dr. Gelpke.)

5 - N. 7 do cap. XXI de O Evangelho Segundo o Espiritismo. Onde se lê: “Antes que as relações mediúnicas fossem conhecidas, eles exerciam a sua ação de maneira mais ostensiva pela inspiração, pela mediunidade inconsciente, auditiva ou de incorporação”, leia-se, na verdade: “Antes que as relações mediúnicas fossem conhecidas, eles exerciam a sua ação de maneira menos ostensiva, pela inspiração, pela mediunidade inconsciente, auditiva ou falante”. No francês: “Avant que les rapports médianimiques fussent connus, ils exerçaient leur action d'une manière moins ostensible, par l'inspiration, la médiumnité inconsciente, auditive ou parlante”. Na 58.ª edição, de 2002, “mais ostensiva” dá lugar ao correto: “menos ostensiva”; sem qualquer aviso, porém, da editora L.A.K.E., o que retira credibilidade da publicação, pois, com a morte de Herculano Pires em 1979, sua obra forçosamente se petrifica, e não se pode, sem aviso, nela mexer a bel-prazer, para bem ou para mal. Permanece, contudo, a opção equívoca do mestre paulista por mediunidade “de incorporação”. Kardec escreveu mediunidade “falante”. Pode um espírito agir sobre as cordas vocais do médium sem necessariamente haver “incorporação” desse espírito no corpo do médium. Esta palavra, aliás, não é do Espiritismo. Kardec acabou admitindo a pertinência do termo “possessão” em A Gênese, XIV, 47-48 e, antes disso, na Revista Espírita de dezembro de 1863: “Dissemos que não havia possessos no sentido vulgar do termo, mas subjugados. Queremos reconsiderar esta asserção, posta de maneira um tanto absoluta, já que agora nos é demonstrado que pode haver verdadeira possessão, isto é, substituição, embora parcial, de um espírito encarnado por um espírito errante”. (Um Caso de Possessão. Senhorita Júlia. F.E.B., p. 499.)

[A lista permanecerá em aberto.]
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[1] Afora os nove casos elencados no cap. 9 do meu livro O Primado de Kardec. Oito deles de âmbito febiano, um, relativo ao I.D.E. http://oprimadodekardec.blogspot.com.br/2011/02/capitulo-9-tradutor-traidor.html.

Fonte:
Ensaios da Hora Extrema - http://ensaiosdahoraextrema.blogspot.com.br/2013_07_20_archive.html

quinta-feira, 14 de março de 2013

[VÍDEO] - Palestra de Sérgio Aleixo sobre o Controle Universal do Ensino dos Espíritos

O orador, escritor e palestrante espírita Sérgio Aleixo, vice-presidente da Associação de Divulgadores do Espiritismo do Rio de Janeiro (ADE-RJ), realiza palestra sobre o Controle Universal do Ensino dos Espíritos.

domingo, 30 de setembro de 2012

[ESE] - Aliança da Ciência com a Religião

Por Allan Kardec

A Ciência e a Religião são as duas alavancas da inteligência humana. Uma revela as leis do mundo material, e a outra as leis do mundo moral. Mas aquelas e estas leis, tendo o mesmo princípio, que é Deus, não podem contradizer-se. Se umas forem à negação das outras, umas estarão necessariamente erradas e as outras certas, porque Deus não pode querer destruir a sua própria obra. A incompatibilidade, que se acredita existir entre essas duas ordens de idéias, provém de uma falha de observação, e do excesso de exclusivismo de uma e de outra parte. Disso resulta um conflito, que originou a incredulidade e a intolerância.

São chegados os tempos em que os ensinamentos do Cristo devem receber o seu complemento; em que o véu lançado intencionalmente sobre algumas partes dos ensinos deve ser levantado, em que a Ciência, deixando de ser exclusivamente materialista, deve levar em conta o elemento espiritual; e em que a Religião, deixando de desconhecer as leis orgânicas e imutáveis, essas duas forças, apoiando-se mutuamente e marchando juntas, sirvam uma de apoio para a outra. Então a Religião, não mais desmentida pela Ciência, adquira uma potência indestrutível, porque estará de acordo com a razão e não se lhe poderá opor a lógica irresistível dos fatos.

A Ciência e a Religião não puderam entender-se até agora, porque, encarando cada uma as coisas do seu ponto de vista exclusivo, repeliam-se mutuamente. Era necessária alguma coisa para preencher o espaço que as separava, um traço de união que as ligasse. Esse traço está no conhecimento das leis que regem o mundo espiritual e suas relações com o mundo corporal, leis tão imutáveis como as que regulam o movimento dos astros e a existência dos seres. Uma vez constatadas pela experiência essas relações, uma nova luz se fez: a fé se dirigiu à razão, esta nada encontrou de ilógico na fé, e o materialismo foi vencido.

Mas nisto, como em tudo, há os que ficam retardados, até que sejam arrastados pelo movimento geral, que os esmagará, se quiserem resistir em vez de se entregarem. É toda uma revolução moral que se realiza neste momento, sob a ação dos Espíritos. Depois de elaborada durante mais de dezoito séculos, ela chega ao momento de eclosão, e marcará uma nova era da humanidade. São fáceis de prever as suas conseqüências: ela deve produzir inevitáveis modificações nas relações sociais, contra o que ninguém poderá opor-se, porque elas estão nos desígnios de Deus e são o resultado da lei do progresso, que é uma lei de Deus.

Fonte: O Evangelho Segundo o Espiritismo - tradução de José Herculano Pires

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

[ESE] - A Ingratidão dos Filhos e os Laços de Família


Santo Agostinho, 1862

A ingratidão é um dos frutos mais imediatos do egoísmo, e revolta sempre os corações virtuosos. Mas a dos filhos para com os pais tem um sentido ainda mais odioso. É desse ponto de vista que a vamos encarar mais especialmente, para analisar-lhe as causas e os efeitos. Nisto, como em tudo, o Espiritismo vem lançar luz sobre um dos problemas do coração humano.

Quando o Espírito deixa a Terra, leva consigo as paixões ou as virtudes inerentes à sua natureza, e vai no espaço aperfeiçoar-se ou estacionar, até que deseje esclarecer-se. Alguns, portanto, levam consigo ódios violentos e desejos de vingança. A alguns deles, porém, mais adiantados, é permitido entrever algo da verdade: reconhecem os funestos efeitos de suas paixões, e tomam então boas resoluções; compreendem que, para se dirigirem a Deus, só existe uma senha – caridade. Mas não há caridade sem esquecimento das ofensas e das injúrias, não há caridade com ódio no coração e sem perdão.

É então que, por um esforço inaudito, voltam o seu olhar para os que detestaram na Terra. À vista deles, porém, sua animosidade desperta. Revoltam-se à idéia de perdoar, e ainda mais a de renunciarem a si mesmos, mas sobretudo a de amar aqueles que lhes destruíram talvez a fortuna, a honra, a família. Não obstante, o coração desses infortunados está abalado. Eles hesitam, vacilam, agitados por sentimentos contrários. Se a boa resolução triunfa, eles oram a Deus, imploram aos Bons Espíritos que lhes dêem forças no momento mais decisivo da prova.

Enfim, depois de alguns anos de meditação e de preces, o Espírito se aproveita de um corpo que se prepara, na família daquele que ele detestou, e pede, aos Espíritos encarregados de transmitir as ordens supremas, permissão para ir cumprir sobre a Terra os destinos desse corpo que vem de se formar. Qual será, então, a sua conduta nessa família? Ela dependerá da maior ou menor persistência das suas boas resoluções. O contacto incessante dos seres que ele odiou é uma prova terrível, da qual às vezes sucumbe, se a sua vontade não for bastante forte. Assim, segundo a boa ou má resolução que prevalecer, ele será amigo ou inimigo daqueles em cujo meio foi chamado a viver. É assim que se explicam esses ódios, essas repulsas instintivas, que se notam em certas crianças, e que nenhum fato exterior parece justificar. Nada, com efeito, nessa existência, poderia  provocar essa antipatia. Para encontrar-lhe a causa, é necessário voltar os olhos ao passado.

Oh!, espíritas! Compreendei neste momento o grande papel da Humanidade! Compreendei que, quando gerais um corpo, a alma que se encarna vem do espaço para progredir. Tomai conhecimento dos vossos deveres, e ponde todo o vosso amor em aproximar essa alma de Deus: é essa a missão que vos está confiada e da qual recebereis a recompensa, se a cumprirdes fielmente. Vossos cuidados, a educação que lhe derdes, auxiliarão o seu aperfeiçoamento e a sua felicidade futura. Lembrai-vos de que a cada pai e a cada mãe, Deus perguntará: “Que fizestes da criança confiada à vossa guarda?” Se permaneceu atrasada por vossa culpa, vosso castigo será o de vê-la entre os Espíritos sofredores, quando dependia de vós que fosse feliz. Então vós mesmos, carregados de remorsos, pedireis para reparar a vossa falta: solicitareis uma nova encarnação, para vós e para ela, na qual a cercareis de mais atentos cuidados, e ela, cheia de reconhecimento, vos envolverá no seu amor.

Não recuseis, portanto, o filho que no berço repele a mãe, nem aquele que vos paga com a ingratidão: não foi o acaso que o fez assim e que vo-lo enviou. Uma intuição imperfeita do passado se revela, e dela podeis deduzir que um ou outro já odiou muito ou foi muito ofendido, que um ou outro veio para perdoar ou expiar. Mães! Abraçai, pois, a criança que vos causa aborrecimentos, e dizei para vós mesmas: “Uma de nós duas foi culpada”. Merecei as divinas alegrias que Deus concedeu à maternidade, ensinando a essa criança que ela está na Terra para se aperfeiçoar, amar e abençoar. Mas, ah! Muitas dentre vós, em vez de expulsar por meio da educação os maus princípios inatos, provenientes das existências anteriores, entretém e desenvolvem esses princípios, por descuido ou por uma culposa fraqueza. E, mais tarde, o vosso coração ulcerado pela ingratidão dos filhos, será para vós, desde esta vida, o começo da vossa expiação.

A tarefa não é tão difícil como podereis pensar. Não exige o saber do mundo: o ignorante e o sábio podem cumpri-la, e o Espiritismo vem facilitá-la, ao revelar a causa das imperfeições do coração humano.

Desde o berço, a criança manifesta os instintos bons ou maus que traz de sua existência anterior. É necessário aplicar-se em estudá-los. Todos os males têm sua origem no egoísmo e no orgulho. Espreitai, pois, os menores sinais que revelam os germens desses vícios e dedicai-vos a combatê-los, sem esperar que eles lancem raízes profundas. Fazei como o bom jardineiro, que arranca os brotos daninhos à medida que os vê aparecerem na árvore. Se deixardes que o egoísmo e o orgulho se desenvolvam, não vos espanteis de ser pagos mais tarde pela ingratidão. Quando os pais tudo fizeram para o adiantamento moral dos filhos, se não conseguem êxito, não tem do que lamentar e sua consciência pode estar tranqüila. Quanto à amargura muito natural que experimentam, pelo insucesso de seus esforços, Deus reserva-lhes uma grande, imensa consolação, pela certeza de que é apenas um atraso momentâneo, e que lhe será dado acabar em outra existência a obra então começada, e que um dia o filho ingrato os recompensará com o seu amor. (Ver cap. XIII, nº 19)

Deus não faz as provas superiores às forças daquele que as pede; só permite as que podem ser cumpridas; se isto não se verifica, não é por falta de possibilidades, mas de vontade. Pois quantos existem, que em lugar de resistir aos maus arrastamentos, neles se comprazem: é para eles que estão reservados o choro e o ranger de dentes, em suas existências posteriores. Admirai, entretanto, a bondade de Deus, que nunca fecha a porta ao arrependimento. Chega um dia em que o culpado está cansado de sofrer, o seu orgulho foi por fim dominado, e é então que Deus abre os braços paternais para o filho pródigo, que se lança aos seus pés. As grandes provas, — escutai bem, — são quase sempre o indício de um fim de sofrimento e de um aperfeiçoamento do Espírito, desde que sejam aceitas por amor a Deus. É um momento supremo, e é nele sobretudo que importa não falir pela murmuração, se não se quiser perder o fruto da prova e ter de recomeçar. Em vez de vos queixardes, agradecei a Deus, que vos oferece a ocasião de vencer para vos dar o prêmio da vitória. Então quando, saído do turbilhão do mundo terreno, entrardes no mundo dos Espíritos, sereis ali aclamado, como o soldado que saiu vitorioso do centro da refrega.

De todas as provas, as mais penosas são as que afetam o coração. Aquele que suporta com coragem a miséria das privações materiais, sucumbe ao peso das amarguras domésticas, esmagadas pela ingratidão dos seus. Oh!, é essa uma pungente angústia! Mas o que pode, nessas circunstâncias, reerguer a coragem moral, senão o conhecimento das causas do mal, com a certeza de que, se há longas dilacerações, não há desesperos eternos, porque Deus não pode querer que a sua criatura sofra para sempre? O que há de mais consolador, de mais encorajador, do que esse pensamento de que depende de si mesmo, de seus próprios esforços, abreviar o sofrimento, destruindo em si as causas do mal? Mas, para isso, é necessário não reter o olhar na Terra e não ver apenas uma existência; é necessário elevar-se, pairar no infinito do passado e do futuro. Então, a grande justiça de Deus se revela aos vossos olhos, e esperais com paciência, porque explicou a vós mesmos o que vos parecia monstruosidade da Terra. Os ferimentos que recebestes vos parecem simples arranhaduras. Nesse golpe de vista lançado sobre o conjunto, os laços de família aparecem no seu verdadeiro sentido: não mais os laços frágeis da matéria que ligam os seus membros, mas os laços duráveis do Espírito, que se perpetuam, e se consolidam, ao se depurarem, em vez de se quebrarem com a reencarnação.

Os Espíritos cuja similitude de gostos, identidade do progresso moral e a afeição, levam a reunir-se, formam famílias. Esses mesmos Espíritos, nas suas migrações terrenas, buscam-se para agrupar-se, como faziam no espaço, dando origem às famílias unidas e homogêneas. E se, nas suas peregrinações, ficam momentaneamente separados, mais tarde se reencontram, felizes por seus novos progressos. Mas como não devem trabalhar somente para si mesmos, Deus permite que Espíritos menos adiantados venham encarnar-se entre eles, a fim de haurirem conselhos e bons exemplos, no interesse do seu próprio progresso. Eles causam, por vezes, perturbações no meio, mas é lá que está a prova, lá que se encontra a tarefa. Recebei-os, pois, como irmãos; ajudai-os, e, mais tarde, no mundo dos Espíritos, a família se felicitará por haver salvo do naufrágio os que, por sua vez, poderão salvar outros.

Fonte: O Evangelho Segundo o Espiritismo

sexta-feira, 20 de julho de 2012

[ESE] - O Suicídio e a Loucura

Por Allan Kardec

A calma e a resignação adquiridas na maneira de encarar a vida terrena, e a fé no futuro, dão ao Espírito uma serenidade que é o melhor preservativo da loucura e do suicídio. Com efeito, a maior parte dos casos de loucura são provocados pelas vicissitudes que o homem não tem forças de suportar. Se, portanto, graças à maneira por que o Espiritismo o faz encarar as coisas mundanas, ele recebe com indiferença, e até mesmo com alegria, os revezes e as decepções que em outras circunstâncias o levariam ao desespero, é evidente que essa força, que o eleva acima dos acontecimentos, preserva a sua razão dos abalos que o poderiam perturbar.

O mesmo se dá com o suicídio. Se excetuarmos os que se verificam por força da embriaguez e da loucura, e que podemos chamar de inconscientes, é certo que, sejam quais forem os motivos particulares, a causa geral é sempre o descontentamento. Ora, aquele que está certo de ser infeliz apenas um dia, e de se encontrar melhor nos dias seguintes, facilmente adquire paciência. Ele só se desespera se não ver um termo para os seus sofrimentos. E o que é a vida humana, em relação à eternidade, senão bem menos que um dia? Mas aquele que não crê na eternidade, que pensa tudo acabar com a vida, que se deixa abater pelo desgosto e o infortúnio, só vê na morte o fim dos seus pesares. Nada esperando, acha muito natural, muito lógico mesmo, abreviar as suas misérias pelo suicídio.

A incredulidade, a simples dúvida quanto ao futuro, as idéias materialistas, em uma palavra, são os maiores incentivadores do suicídio: elas produzem a frouxidão moral. Quando vemos, pois, homens de ciência, que se apóiam na autoridade do seu saber, esforçarem-se para provar aos seus ouvintes ou aos seus leitores, que eles nada têm a esperar depois da morte, não o vemos tentando convencê-los de que, se são infelizes, o melhor que podem fazer é matar-se? Que poderiam dizer para afastá-los dessa idéia? Que compensação poderão oferecer-lhes? Que esperanças poderão propor-lhes? Nada além do nada! De onde é forçoso concluir que, se o nada é o único remédio heróico, a única perspectiva possível, mais vale atirar-se logo a ele, do que deixar para mais tarde, aumentando assim o sofrimento.

A propagação das idéias materialistas é, portanto, o veneno que inocula em muitos a idéia do suicídio, e os que se fazem seus apóstolos assumem uma terrível responsabilidade. Com o Espiritismo, a dúvida não sendo mais permitida, modifica-se a visão da vida. O crente sabe que a vida se prolonga indefinidamente para além do túmulo, mas em condições inteiramente novas. Daí a paciência e a resignação, que muito naturalmente afastam a idéia do suicídio. Daí, numa palavra, a coragem moral.

O Espiritismo tem ainda, a esse respeito, outro resultado igualmente positivo, e talvez mais decisivo. Ele nos mostra os próprios suicidas revelando a sua situação infeliz, e prova que ninguém pode violar impunemente a lei de Deus, que proíbe ao homem abreviar a sua vida. Entre os suicidas, o sofrimento temporário, em lugar do eterno, nem por isso é menos terrível, e sua natureza dá o que pensar a quem quer que seja tentado a deixar este mundo antes da ordem de Deus. O espírita tem, portanto, para opor à idéia do suicídio, muitas razões: a certeza de uma vida futura, na qual ele sabe que será tanto mais feliz quanto mais infeliz e mais resignado tiver sido na Terra; a certeza de que, abreviando sua vida, chega a um resultado inteiramente contrário ao que esperava; que foge de um mal para cair noutro ainda pior, mais demorado e mais terrível; que se engana ao pensar que, ao se matar, irá mais depressa para o céu; que o suicídio é um obstáculo à reunião, no outro mundo, com as pessoas de sua afeição, que lá espera encontrar. De tudo isso resulta que o suicídio, só lhe oferecendo decepções, é contrário aos seus próprios interesses. Por isso, o número de suicídios que o Espiritismo impede é considerável, e podemos concluir que, quando todos forem espíritas, não haverá mais suicídios conscientes. Comparando, pois, os resultados das doutrinas materialistas e espírita, sob o ponto de vista do suicídio, vemos que a lógica de uma conduz a ele, enquanto a lógica de outra o evita, o que é confirmado pela experiência.

Fonte: O Evangelho Segundo o Espiritismo - tradução de José Herculano Pires.

segunda-feira, 2 de julho de 2012

Para onde vamos, realmente?



Por Octávio Caúmo Serrano

Morremos; e agora?

Conversávamos com um espírita amigo que se diz encantado com a lógica da nossa doutrina e ele nos disse: - A única coisa que tenho dúvida se realmente existe é a reencarnação.

Levamos um susto! A reencarnação não só é a pedra angular da doutrina espírita, como o é, também, para entendermos a justiça divina: A LEI DE DEUS!

Ninguém conseguirá dar explicações sobre a desigualdade das pessoas no mundo a não ser pelos resgates e provas necessários que vivemos numa nova encarnação.

Ao consultar o capítulo IV, itens 24 e 25, de O Evangelho Segundo o Espiritismo, temos duas mensagens de São Luiz, 1859, que são esclarecedoras: limites da encarnação e necessidade da encarnação.

Mostra-nos o lúcido espírito que à medida que vamos nos desmaterializando, ainda mesmo na Terra, caminhamos mais rápido para a espiritualização, diminuindo a densidade de nossos corpos, quando chegamos, inclusive, a precisar de menos alimento para nos sustentar. Por que isso se dá? Porque somos diferentes uns dos outros. Não há duas almas iguais como não há a mesma digital em dois seres humanos.

Basta observar a vida para sentir a justiça divina. Enquanto neste momento alguns praticam a caridade, outros roubam, matam ou estupram; enquanto uns estudam e esforçam-se outros vivem nos antros em vícios e jogatinas; enquanto pessoas adotam crianças, outras abortam ou matam por diferentes meios; enquanto há doutores que salvam há outros traficantes de órgãos. Como esperar que ao final da vida todos sigam para o mesmo lugar; como desejar que sejam premiados igualmente!

Em mundos de densidade menor que a Terra nossos corpos são mais leves porque estaremos mais espiritualizados. Deslocaremo-nos sem tanto sacrifício, chegando mesmo a deslizar ou volitar.  Chegará o momento em que nós, espíritos, nos confundiremos com nossos corpos que serão fluídicos. Se hoje temos 68 quilos, vivendo em Marte teríamos 26, na Lua 11 e em Plutão 4,5 kgs. Bem mais fácil de nos movimentar, claro!

Isso todos nós podemos conseguir. Basta viver mais moralmente que materialmente enquanto na Terra, para reencarnar em mundos menos densos. Qualquer outra solução que não o esforço próprio será privilégio. E o único privilégio que Deus concede a seus filhos e dar-lhes oportunidades iguais para que possam lutar pelo próprio progresso. Fora isso, nem pagando, nem rezando, nem vivendo nas clausuras poderemos conseguir. “A cada um segundo suas obras” já nos foi ensinado há milênios. Continua valendo!

Se você é como o meu amigo espírita do começo do texto, cheio de dúvidas, passe a pensar servindo-se do bom senso. Só assim entenderá Deus e concluirá pela importância, justiça e misericórdia da reencarnação. O resto é conversa fiada!

Jornal O Clarim - julho de 2012

quinta-feira, 5 de abril de 2012

[ESE] - Buscai e Achareis

Por Allan Kardec

Ajuda-te E O Céu Te Ajudará


1 – Pedi, e dar-se-vos-á, buscai, e achareis; batei, e abrir-se-vos-á. Porque todo o que pede, recebe; e o que busca, acha; e a quem bate, abrir-se-á. Ou qual de vós, porventura, é o homem que, se seu filho lhe pedir pão, lhe dará uma pedra? Ou, porventura, se lhe pedir um peixe, lhe dará uma serpente? Pois se vós outros, sendo maus, sabeis dar boas dádivas a vossos filhos, quanto mais vosso Pai, que está nos Céus, dará boas dádivas aos que lhas pedirem. (Mateus, VII: 7-11).

2 – Segundo o modo de ver terreno, a máxima: Buscai e achareis, é semelhante a esta outra: Ajuda-te e o céu te ajudará. É o princípio da lei do trabalho, e por conseguinte, da lei do progresso. Porque o progresso é o produto do trabalho, desde que é este que põe em ação as forças da inteligência.

Na infância da Humanidade, o homem só aplica a sua inteligência na procura de alimentos, dos meios de se preservar das intempéries e de se defender dos inimigos. Mas Deus lhe deu, a mais do que ao animal, o desejo constante de melhorar, ou seja, essa aspiração do melhor, que o impele à pesquisa dos meios de melhorar a sua situação, levando-o às descobertas, às invenções, ao aperfeiçoamento da ciência, pois é a ciência que lhe proporciona o que lhe falta. Graças às suas pesquisas, sua inteligência se desenvolve, sua moral se depura. Às necessidades do corpo sucedem as necessidades do espírito: após o alimento material, ele necessita do alimento espiritual. É assim que o homem passa da selvageria à civilização.

Mas o progresso que cada homem realiza individualmente, durante a vida terrena, é coisa insignificante, e num grande número deles, até mesmo imperceptível. Como, então, a Humanidade poderia progredir, sem a preexistência e a reexistência da alma? Se as almas deixassem a Terra todos os dias, para não mais voltar, a Humanidade se renovaria sem cessar com as entidades primitivas, que teriam tudo a fazer e tudo a aprender. Não haveria razão, portanto, para que o homem de hoje fosse mais adiantado que o dos primeiros tempos do mundo,pois que, para cada nascimento, o trabalho intelectual teria de recomeçar. A alma voltando, ao contrário, com o seu progresso já realizado, e adquirindo de cada vez alguma experiência a mais, vai assim passando gradualmente da barbárie à civilização material, e desta à civilização moral. (Ver cap. IV, nº 17).

3 – Se Deus tivesse liberado o homem do trabalho físico, seus membros seriam atrofiados; se o livrasse do trabalho intelectual, seu espírito permaneceria na infância, nas condições instintivas do animal. Eis porque ele fez do trabalho uma necessidade, e lhe disse: Busca e acharás; trabalha e produzirás; e dessa maneira serás filho das tuas obras, terás o mérito da sua realização, e serás recompensado segundo o que tiveres feito.

4 – É em virtude da aplicação desse princípio que os Espíritos não vêm poupar ao homem o seu trabalho de pesquisar, trazendo-lhe descobertas e invenções já feitas e prontas para a utilização, de maneira a só ter que tomá-las nas mãos, sem sequer o incômodo de um pequeno esforço, nem mesmo de pensar. Se assim fosse, o mais preguiçoso poderia enriquecer-se, e o mais ignorante tornar-se sábio, ambos sem nenhum esforço, e atribuindo-se o mérito do que não haviam feito. Não, os Espíritos não vêm livrar o homem da lei do trabalho, mas mostrar-lhe o alvo que deve atingir e a rota que  leva a ele, dizendo: Marcha e o atingirás! Encontrarás pedras nos teus passos; mantém-te vigilante, e afasta-as por ti mesmo! Nós te daremos a força necessária, se quiseres empregá-la. (O Livro dos Médiuns, cap. XXVI, nº 291 e segs.).

5 – Segundo a compreensão moral, essas palavras de Jesus significam o seguinte: Pedi à luz que deve clarear o vosso caminho, e ela vos será dada; pedi a força de resistir ao mal, e a tereis; pedi a assistência dos Bons Espíritos, e eles virão ajudar-vos, e como o anjo de Tobias, vos servirão de guias; pedi bons conselhos, e jamais vos serão recusados; batei à nossa porta, e ela vos será aberta; mas pedi sinceramente, com fé, fervor e confiança; apresentai-vos com humildade e não com arrogância, sem o que sereis abandonados às vossas próprias forças, e as próprias quedas que sofrerdes constituirão a punição do vosso orgulho.

É esse o sentindo dessas palavras do Cristo: Buscai e achareis, batei e abrir-se-vos-á.

Olhai as Aves do Céu


6 – Não queirais entesourar para vós tesouros na Terra, onde a ferrugem e a traça os consomem, e onde os ladrões os desenterram e roubam. Mas entesourai para vós tesouros no céu, onde não os consomem a ferrugem nem a traça, e onde os ladrões não o desenterram nem roubam. Porque onde está o tesouro, aí está também o teu coração.

Portanto vos digo: Não andeis cuidadosos da vossa vida, que comereis, nem para o vosso corpo, que vestireis. Não é mais a alma do que a comida, e o corpo mais do que o vestido? 

Olhai para as aves do céu, que não semeiam, nem segam, nem fazem provimentos nos celeiros; e, contudo, vosso Pai celestial as sustenta. Porventura não sois muito mais do que elas? E qual de vós, discorrendo, pode acrescentar um côvado à sua estatura?

E por que andais vós solícitos pelo vestido? Considerai como crescem os lírios do campo; eles não trabalham nem fiam; digo-vos mais, que nem Salomão, em toda a sua glória, se cobriu jamais como um destes. Pois se ao feno do campo, que hoje é e amanhã é lançado no forno. Deus veste assim, quanto mais a vós, homens de pouca fé?

Não vos aflijais, dizendo: Que comeremos, ou que beberemos, ou com que nos cobriremos? Porque os gentios é que se cansam por estas coisas. Porquanto vosso Pai sabe que tendes necessidade de todas elas. Buscai primeiramente o Reino de Deus e a sua justiça, e todas estas coisas se vos acrescentarão. E assim não andeis inquietos pelo dia de amanhã. Porque o dia de amanhã a si mesmo trará seu cuidado; ao dia basta a sua própria aflição. (Mateus,  19-21, 25-34).


7 – Se tomássemos estas palavras ao pé da letra, elas seriam a negação de toda a previdência e de todo o trabalho, e conseqüentemente, de todo o progresso. Segundo esse princípio, o homem se reduziria a um expectador passivo. Suas forças físicas e intelectuais não seriam postas em atividade. Se essa tivesse sido a sua condição normal na Terra, ele jamais sairia do estado primitivo, e se adotasse agora esse princípio, não teria mais nada a fazer. É evidente que não poderia ter sido esse o pensamento de Jesus, porque estaria em contradição com o que ele já dissera em outras ocasiões, como no tocante às leis da natureza. Deus criou o homem sem roupas e sem casa, mas deu-lhe a inteligência para produzi-las.(Ver cap. XIV, nº 6 e cap. XXV, nº 2).

Não se pode ver nestas palavras, portanto, mais do que uma alegoria poética da Providência, que jamais abandona os que nela confiam, mas com a condição de que também se esforcem. É assim que, se nem sempre os socorre com ajuda material, inspira-lhes os meios de saírem por si mesmos de suas dificuldades. (Ver cap. XXVII, nº 8)

Deus conhece as nossas necessidades, e a elas provê, conforme for necessário. Mas o homem, insaciável nos seus desejos, nem sempre contenta-se com o que tem. O necessário não lhe basta, ele quer também o supérfluo. É então que a Providência o entrega a si mesmo. Freqüentemente ele se torna infeliz por sua própria culpa, e por não haver atendido as advertências da voz da consciência, e Deus o deixa sofrer as conseqüências, para que isso lhe sirva de lição no futuro. (Ver cap. V, nº 4).

8 – A Terra produz o suficiente para alimentar a todos os seus habitantes, quando os homens souberem administrar a sua produção, segundo as leis de justiça, caridade e amor ao próximo. Quando a fraternidade reinar entre os povos, como entre as províncias de um mesmo império, o que sobrar para um determinado momento, suprirá a insuficiência momentânea de outro, e todos terão o necessário. O rico, então, considerará a si mesmo como um homem que possui grandes depósitos de sementes: se as distribuir, elas produzirão ao cêntuplo, para ele e para os outros; mas, se as comer sozinho, se as desperdiçar e deixar que se perca o excedente do que comeu, elas nada produzirão, e todos ficarão em necessidade. Se as fechar no seu celeiro, os insetos as devorarão. Eis por que Jesus ensinou: Não amontoeis tesouros na Terra, pois são perecíveis, mas amontoai-os no céu, onde são eternos. Em outras palavras: não deis mais importância aos bens materiais do que aos espirituais, e aprendei a sacrificar os primeiros em favor dos segundos. (Ver cap. XVI, nº 7 e segs.).

Não é através de leis que se decretam a caridade e a fraternidade. Se elas não estiverem no coração, o egoísmo as asfixiará sempre. Fazê-las ali penetrar, é a tarefa do Espiritismo.

Não Vos Canseis Pelo Ouro


9 – Não possuais ouro nem prata, nem leveis dinheiro nas vossas cintas; nem alforje para o caminho, nem duas túnicas, nem calçado, nem bordão, porque digno é o trabalhador do seu alimento.

10 – E em qualquer cidade ou aldeia que entrardes, informai-vos de quem há nela digno, e ficai ali até que vos retireis. E ao entrardes na casa, saudai-a, dizendo: Paz seja nesta casa. E se aquela casa na realidade o merecer, virá sobre ela a vossa paz; e se não o merecer, tornará para vós a vossa paz. Sucedendo não vos querer alguém em casa, nem ouvir o que dizeis, ao sair para fora da casa, ou da cidade, sacudi o pó de vossos pés. Em verdade vos afirmo isto: menos rigor experimentará no dia do juízo a terra de Sodoma e de Gomorra, do que aquela cidade. (Mateus, X: 9-15).


11 – Estas palavras, que Jesus dirigia aos seus apóstolos, ao enviá-los anunciar a boa nova pela primeira vez, nada tinham de estranho naquela época. Estavam de acordo com os costumes patriarcais do Oriente, onde o viajor era sempre bem recebido. Mas então eles eram raros. Entre os povos modernos, o aumento das viagens teria de criar novos costumes. Só encontramos agora os do tempo antigo nas regiões distantes, onde o tráfico intenso ainda não penetrou. Se Jesus voltasse hoje a Terra, não poderia mais dizer aos seus apóstolos: Ponde-vos a caminho sem provisões.

Juntamente com o seu sentido próprio, essas palavras encerram um sentido moral bastante profundo. Jesus ensinava, assim, aos seus discípulos, a se confiarem à Providência. Além, desde de que nada possuíam, eles não podiam tentar a cupidez dos que os recebiam. Era um meio pelo qual distinguiram os caridosos dos egoístas, e por isso lhes disse: “Informai-vos de quem é digno de vos receber”, ou seja, de quem é suficientemente humano para abrigar o viajor que nada pode pagar, porquanto esses são dignos de ouvir as vossas palavras e é pela sua caridade que os reconhecereis.

Quanto aos que nem sequer os quisessem receber, nem ouvir, o recomendou aos apóstolos que os amaldiçoassem? Ou recomendou que se impusessem a eles, e usassem de violência, para os constranger a se converterem?: Não, mas que se retirassem pura e simplesmente, à procura de gente de boa vontade.

Assim diz hoje o Espiritismo aos seus adeptos: Não violenteis nenhuma consciência; não forceis ninguém a deixar a sua crença para adotar a vossa; não lanceis o anátema sobre os que não pensam como vós. Acolhei os que vos procuram e deixem em paz os que vos repelem. Lembrai-vos das palavras do Cristo: antigamente o céu era tomado por violência, mas hoje o será pela caridade e a doçura. (Ver cap. IV, nº 10 e 11).

O Evangelho Segundo o Espiritismo - Capítulo 25
Tradução de José Herculano Pires

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

A Los Médiums


Por Mercedes Cruz Reyes

¿Eres médium?

¿Estudiaste como se debe desarrollar la mediúmnidad?

¿Sabes la responsabilidad que implica el ejercer la mediúmnidad?

El señor ha querido que la luz se hiciera para los hombres y que penetrase en todas partes por la voz  de los espíritus, con el fin de que cada uno pudiera adquirir la prueba de la inmortalidad; con este objeto los espíritus se manifiestan  hoy en día, en todos los puntos de la tierra y la mediúmnidad  que se revela en las personas  de todas las edades y condiciones, en los hombres y en las mujeres, en los niños y en los ancianos, es una de las señales del complemento de los tiempos predichos.

Para conocer las cosas del mundo visible y descubrir los secretos  de la naturaleza material, Dios ha dado al hombre la vista del cuerpo, los sentidos  y los instrumentos especiales; con el telescopio penetran  sus miradas  en las profundidades del espacio, y con  el microscopio ha descubierto el mundo de lo infinitamente pequeño. Y para penetrar en el mundo invisible le ha dado la mediúmnidad.

Los Médiums son los interpretes  encargados de transmitir a los hombres  las enseñanzas de los espíritus, “son los órganos materiales por los cuales se expresan los espíritus  para hacerse inteligibles a los hombres” Su misión es santa, porque tiene por objeto abrir horizontes  de la vida eterna.

Los Espíritus vienen a instruir al hombre sobre sus destinos futuros, a fin de conducirles por el camino del bien, y no para ahorrarle  el trabajo material que debe tomarse  en la tierra para su adelantamiento, ni para favorecer su ambición y su codicia. De esto deben penetrarse muy bien los Médiums para no hacer mal uso de sus facultades.

El que comprende la gravedad  del mandato de que está revestido, lo cumple religiosamente;  si convirtiera en distracción o diversión para el o para los otros una facultad dada con un fin tan formal y que le pone en relación con los seres de ultratumba, su conciencia se lo echaría  en cara como un acto sacrílego.

Los Médiums como interpretes de la enseñanza de los espíritus, deben hacer un papel importante en la transformación moral que se opera; los servicios que puedan prestar están en razón de la buena dirección que den a sus facultades, porque los que siguen  una mala senda, son más perniciosos que útiles a la causa del espiritismo; por las malas impresiones  que producen, retardan más de una conversión. Por eso se les pedirá cuenta del mal uso que han hecho de una facultad que les fue dada para el bien de sus semejantes.

El médium que quiera conservar la asistencia de los buenos espíritus, debe trabajar en su propio mejoramiento; el que quiera ver aumentar  y desarrollar su facultad, debe progresar moralmente y abstenerse de todo lo que pudiese desviarle de su objeto providencial.

Si los buenos espíritus se sirven algunas veces de instrumentos imperfectos, es para dar buenos consejos y procurar conducirles al bien; pero si encuentran corazones endurecidos, y si sus avisos no son escuchados, entonces se retiran y los malos tienen el campo libre. 

Para obtener la asistencia de los buenos espíritus y separar a los espíritus ligeros y mentirosos, los Médiums deben  ser formales; sin la formalidad la mediúmnidad  es una facultad estéril  que puede redundar en perjuicio del que la posee, porque puede degenerar en una obsesión peligrosa.

El médium que comprende su deber, en lugar de enorgullecerse por una facultad que no le pertenece puesto que puede serle retirada, atribuye a Dios las cosas buenas que obtiene; si sus comunicaciones  merecen elogios, no se envanece, porque sabe  que son independientes de su merito personal, y da gracias a Dios por haber permitido que los buenos espíritus  vengan a manifestársele.  Si dan lugar  a critica, no se ofende por ellos, porque no son obra de su propio espíritu; dice que ha sido un mal instrumento  y que no posee todas las cualidades  necesarias para oponerse a la intervención de los malos espíritus; por eso el médium a de procurar adquirir  estas facultades, y solicitar por medio de la oración, la fuerza que le falta.

Extraído del Evangelio Según el espiritismo

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Saint Germain, Novo "Governador do Planeta" ou apenas um Bon Vivant?

Por Artur Felipe Azevedo

Segundo ensina a Doutrina Espírita, Jesus de Nazaré representa "o tipo da perfeição moral a que a humanidade pode aspirar na Terra" (O L.E., questão 625), sendo que Allan Kardec, com absoluta clareza, classifica-o, na dissertação IX do cap. XXXI de "O Livro dos Médiuns", como "o espírito puro por excelência". Já na questão 625 de "O Livro dos Espíritos", Kardec indaga: "Qual o tipo mais perfeito que Deus ofereceu ao homem para lhe servir de guia e modelo?", e os Espíritos responderam simplesmente: "— Vede Jesus".

Em "O Evangelho Segundo o Espiritismo, logo no primeiro capítulo, nos é ensinado que "O Cristo foi o iniciador da mais pura, da mais sublime moral, da moral evangélico-cristã, que há de renovar o mundo, aproximar os homens e torná-los irmãos; que há de fazer brotar de todos os corações a caridade e o amor do próximo e estabelecer entre os humanos uma solidariedade comum; de uma moral, enfim, que há de transformar a Terra, tornando-a morada de Espíritos superiores aos que hoje a habitam. É a lei do progresso, a que a Natureza está submetida, que se cumpre, e o Espiritismo é a alavanca de que Deus se utiliza para fazer que a Humanidade avance.

São chegados os tempos em que se hão de desenvolver as ideias, para que se realizem os progressos que estão nos desígnios de Deus. Têm elas de seguir a mesma rota que percorreram as ideias de liberdade, suas precursoras. Não se acredite, porém, que esse desenvolvimento se efetue sem lutas. Não; aquelas ideias precisam, para atingirem a maturidade, de abalos e discussões, a fim de que atraiam a atenção das massas. Uma vez isso conseguido, a beleza e a santidade da moral tocarão os espíritos, que então abraçarão uma ciência que lhes dá a chave da vida futura e descerra as portas da felicidade eterna. Moisés abriu o caminho; Jesus continuou a obra; o Espiritismo a concluirá".

Não obstante tais claros ensinamentos, estabelecendo que a transformação da humanidade, lenta e gradativa, se dará através da compreensão das Leis de Deus transmitidas a nós por intermédio de espíritos missionários do quilate de Jesus e da própria Doutrina Espírita, os seguidores do espírito Ramatis, influenciados, assim como ocorrera com Hercílio Maes, pelas ideias teosóficas, apresentam Saint Germain como um espírito do mesmo quilate de Jesus, e, o que é ainda mais surpreendente, como o "novo governador do Planeta Terra". Tal "novidade", bem ao gosto dos "universalistas", que em alto e bom som propagam aos quatro ventos que a Doutrina estaria "ultrapassada" e carente de "complementos", é encontrada nos livros de um dos mais recentes médiuns de Ramatis, Roger Bottini, do Rio Grande do Sul, ao qual já nos referimos nos artigos "Universalismo Crístico ou Misticismo Anti-Espirítico" e "Insistindo nos Mesmos Erros". Em seu livro "A Nova Era", lemos que "os já aprovados para a Nova Era ingressarão em uma época de novos aprendizados sob a orientação do mestre Saint Germain", referindo-se aos indivíduos que sobreviverem às devastadoras catástrofes supostamente provocadas por um planeta chamado "Absinto", repetindo, assim, as mesmas previsões feitas por Ramatis a Hercílio Maes e que não se cumpriram nas datas previstas (de 1992 a 1999). Jesus, ao seu turno, segundo eles, assumiria atividades superiores, pois teria encerrado a sua missão, ficando o planeta aos cuidados de Saint Germain.

Pois bem, mas quem seria Saint Germain? Segundo a Teosofia e a seita esotérica chamada "Grande Fraternidade Branca", com base nos escritos de Annie Besant, Charles Leadbeater e Alice Bailey, Saint Germain seria um "Mestre Ascensionado do Sétimo Raio de Luz Cósmica" ou "Chama Violeta", que, dois mil anos após a vinda de Jesus, receberia a incumbência de substitui-lo na "Era de Aquário". Ainda segundo os autores acima citados, Saint Germain teria sido o descobridor do elixir da vida eterna, tendo se tornado, consequentemente, imortal.

No entanto, da versão acima o que se tem são apenas descrições sem qualquer comprovação ou documentação histórica, oriunda apenas de relatos de pessoas que sequer o conheceram pessoalmente e que já possuíam uma inclinação mística bastante acentuada, digamos assim, carecendo de completa credibilidade. Já o filósofo Rousseau e o político Horace Walpole o conheceram. O "Conde" (de) Saint Germain chegou à corte francesa em 1743, com passado nebuloso. Muitos chegaram a duvidar da autenticidade de seu título nobiliárquico. Era um virtuose do violino, mestre da alquimia e de outras ciências ocultas, um modismo da época. E tinha grande lábia. Não demorou a conquistar a confiança do rei Luís XV. A sua fama de dom-juan e uma suspeita de falsificação de joias entretanto macularam sua imagem. Em 1746, teve de sair fugido para não ser preso ou vitimado por alguma vingança. Voltou a aparecer em Versalhes em 1758. O rei o enviou a missões de espionagem na Inglaterra, Holanda e Áustria. Na Itália, virou amigo de Casanova, que se transformou em seu parceiro de farra. Para toda bela mulher, revelava possuir o elixir da eterna juventude. O truque funcionava especialmente com jovens da corte e criadas crédulas. Acabou, porém, desvirginando a filha de um nobre que o estava hospedando. Achou melhor sumir de novo. Depois, foi avistado diversas vezes na Europa, sempre com nomes diferentes: conde de Tsarogy, conde Welldone, marquês de Montferrat. Na época, já estava em decadência. Foi tido como charlatão na corte do rei Frederico da Prússia ao dizer que transformava chumbo em ouro. Supostamente, morreu amargurado em 1784.

Na Revista Espírita de fevereiro de 1859, o espírito São Luis é questionado, ao tratar do tema "Os Agêneres", se o conde de Saint-German não pertencia à categoria dos agêneres. A resposta foi simples e direta: - Não; era um hábil mistificador.

Caberá ao leitor analisar se alguém com as características citadas acima realmente estaria em condições de servir de guia e modelo da humanidade... Da mesma forma, sem infantilmente colocarem-se como vítimas de perseguição, cabe aos auto-intitulados "espíritas universalistas", em especial os seus representantes e autores dessas obras em tantos pontos em completa oposição ao Espiritismo, darem explicações para tamanho disparate, que se soma aos outros tantos que já identificamos e mencionamos em artigos anteriores.