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quarta-feira, 9 de julho de 2014

Movimento e Pesquisas Espíritas

Por Carlos Antônio de Barros

Muita gente em nosso meio acredita que a Doutrina Espírita esteja pronta e acabada. Assim pensa os espíritas religiosos. Logo, não tem porquê nem para quê acrescentar algo mais em nome da Ciência.

A palavra "inacabada", contudo, soa como herética aos ouvidos dos espíritas religiosos que acham não ter mais o que estudar e pesquisar, em face do "complemento definitivo" feito com os livros psicografados por Chico Xavier sob a orientação do seu orientador espiritual, Emmanuel.

Os espíritas que simpatizam com o aspecto científico da Doutrina não se conformam com a ideia de segui-la no formato "igrejificado", respingada de dogmas e atavismos teológicos que a deixa obscurecida pela fé cega.

Esta pendenga doutrinária, infelizmente, acabou dividindo o movimento em grupos que, soberbamente, classificam Allan Kardec como "superado" e que decidiram pesquisar a Bíblia para explicar o Espiritismo, com o propósito de trazer "novas luzes" para O Evangelho Segundo o Espiritismo.

Os espíritas filosóficos - aqueles que se autodenominal de "livres pensadores", correm por fora de todo esse imbróglio preservando-se de atritos e contendas inúteis.

Alguns desses filósofos, evidentemente, admiram a sede conhecimentos dos espíritas científicos e pretendem dividir com estes as pesquisas que o Espiritismo "inacabado" tanto reclama.

Grupos, núcleos e associações espíritas estão se mobilizando em todo o País, implementando projetos para formar novos pesquisadores imbuídos do espírito perspicaz e investigativo de Kardec. Não se sabe ao certo se os projetos vão tomar a dimensão desejada e encontrar respostas em meio a tantas questões que permeiam o complexo campo da Ciência Espírita.

O saudoso e respeitado pesquisador paulista, José Herculano Pires (1914-1979), refere-se à Epistemologia Espírita - Estudo Crítico do Conhecimento Científico à Luz do Espiritismo, como indispensável à sua compreensão.

Segundo Herculano Pires, Kardec examina a posição epistemológica do Espiritismo na "Introdução do Estudo da Doutrina", que abre O Livro dos Espíritos. Resta saber, portanto, quem se interessou e leu essa relevante introdução.

Um texto que a maioria dos espíritas acha chato porque não traz nenhuma revelação dos mais sombrios umbrais ou alguma curiosidade sobre a colônia Nosso lar.

Lembrando: a posição epistemológica do Espiritismo não pode ser modificada a bel prazer dos espíritas entusiasmados com o seu pseudo-saber.

Fonte: Kardec Ponto Com

terça-feira, 12 de março de 2013

Em cima do muro tem um espaço de aprendizado


Por Riviane Damásio

O que me leva a esta reflexão? Tenho visto por aqui, ali e acolá, uma guerra ideológica que inflama os ânimos de paraquedistas, incautos e bem-intencionados de plantão. Ideológica porque se propõe a defesa de lados visivelmente antagônicos na forma de entender e viver a Doutrina dos Espíritos.

Um destes lados, vulgarmente é classificado como místico e outro de ortodoxo, sendo que o primeiro numa apressada e estereotipada leitura e entendimento “peca” ao não se fechar na compilação kardequiana acabando por vezes por abrir o leque para práticas e procedimentos que “ainda” não encontraram eco na codificação, e o outro lado, numa mesma leitura apressada e estereotipada peca ao se fechar na codificação de tal forma que cai num ostracismo intelectual cerceador do novo. 

Confesso sentir uma grande admiração por algumas pessoas que se encontram classificadas nos extremos que citei. Não todas, claro, pois algumas considero mesmo de uma permissividade que beira o descaso com a doutrina espírita e outras, de uma irredutibilidade que ultrapassa a intransigência. No meio destes dois extremos conheci gente maravilhosa! Amigos que juntos, na mesma sintonia de busca pela nossa própria “verdade”, nos conduziu inclusive a criar uma comunidade Espírita.

Particularidades à parte, me peguei no meio destes conflitos que vêm se reacendendo em ambientes que freqüento, com a seguinte reflexão: Acreditamos que a vida não acaba aqui, somos espíritos imortais que após a morte do corpo físico, teremos ainda incontáveis caminhos a trilhar. Com qual “verdade” iremos reencarnar nestes caminhos? No seio de que família? Espiritualista? Espírita? Islâmica? Budista? Judia? Católica? Protestante? Evangélica? Hinduísta? Teremos oportunidade de retomarmos o caminho da doutrina no ponto onde estamos hoje? 

Se não reencarnarmos logo, faremos um percurso errático de aprendizado de doutrinas ou de valores morais, ideológicos ou não? Quem nos receberá do outro lado? Vestido de que doutrina estará o espírito condutor no nosso novo caminho? Haverá mesmo doutrinas delimitadas neste espaço desconhecido ou nossas armaduras são risíveis aos nossos amigos espirituais?

Busco então, em meio à tantas dúvidas, um exercício de convivência diária. Tento viver a minha escolha, a forma como “eu” entendo e percebo a doutrina tentando não ferir as escolhas alheias. Não por pensar a minha como sendo a melhor ou a mais correta, mas por pensar que é a que me calça bem e confortável, a que me serve mais como espírito imperfeito que sou.

Sem demagogias agradeço aos que pensam diferente de mim e cruzam meu caminho, mesmo que em alguns momentos eu não resista a uma ironia ou a um olharzinho superior (sei que serei responsabilizada por isto também). É o diferente que me instiga nesta passagem. Que me faz viajar em busca do conhecimento e da validação das minhas idéias. Mas quero antes de tudo, tratar este diferente de mim com respeito, que deve ser a base da minha evolução, da minha reforma lenta mas ascendente. 

Sei que de nada me adiantará uma sabedoria intelectual estéril, se eu não aprender a sabedoria emocional e a partir daí exercitar o “conviver” com estes amigos que hoje reconheço como antagônicos, mas que talvez me aguardem do outro lado, para me acolher e me ensinar o que o meu olhar crítico e meu coração endurecido se recusaram a ver e sentir nesta encarnação!