Por Ricardo Malta
Não é novidade que o Espiritismo possui os seus adversários. Embora desafetos declarados, o materialismo e a religião sempre estiveram unidos contra essa Doutrina. Para tanto, não medem esforços. Todo argumento é válido, mesmo que seja falso. É comum a ressurreição de temas já debatidos, esclarecidos e ultrapassados, porém, às vezes, com uma roupagem nova.
Em verdade, os críticos nos deixam confusos, pois não sabemos onde termina a má-fé e em que momento começa a ignorância quanto ao assunto.
É óbvio que o Espiritismo pode ser criticado, por pessoas de boa-fé, mas é de “lógica elementar que o crítico conheça, não superficialmente, mas, a fundo, aquilo de que fala, sem o que, sua opinião não tem nenhum valor” (Kardec, Allan. O que é o Espiritismo, 1987).
Não raro, confundem a opinião pessoal de um Espírito, seja qual for, com os nobres princípios doutrinários. É nítido que desconhecem o método do controle universal do ensino dos Espíritos, que encontra suas bases delineadas na introdução de O Evangelho Segundo o Espiritismo.
É conhecido e notório, entre os verdadeiros estudantes da matéria, que a “única garantia séria do Ensino dos Espíritos está na concordância que exista entre as revelações que eles façam espontaneamente, por meio de grande número de médiuns estranhos uns aos outros, e em diversos lugares” (Kardec, Allan. O Evangelho Segundo o Espiritismo, 2010).
Por consequência lógica, fácil perceber que “todo princípio que não recebeu a consagração do controle da generalidade, não pode ser considerado parte integrante dessa mesma doutrina, mas uma simples opinião isolada, da qual o Espiritismo não pode assumir a responsabilidade” (Kardec, Allan. A Gênese, 2007).
Nesse ínterim, podemos observar, por exemplo, que, se há teorias errôneas escritas na obra A Gênese, contraditas pela ciência atual, os críticos esqueceram-se de ler a introdução do volume, onde Allan Kardec afirma que algumas informações ali contidas eram a título hipotético e que deveriam ser consideradas meras opiniões pessoais, a fim de não pesar a sua responsabilidade sobre a Doutrina.
Os mais simples pesquisadores e estudantes sabem que os Espíritos são apenas as almas dos homens desenfaixados do envoltório carnal. Eles não sabem tudo a respeito de qualquer assunto. É possível obter os mais significativos ensinamentos filosóficos e científicos, bem como dissertações triviais e tolas. Tudo depende do grau evolutivo do Espírito comunicante.
Eis, portanto, a importância de passar todas as comunicações mediúnicas pelo crivo da razão e do método do controle da universalidade do ensino dos Espíritos.
É assim, por exemplo, que não há o desmentido do princípio da reencarnação, pelo contrário, inúmeras pesquisas científicas ratificam essa lei natural. O mesmo ocorre com a fenomenologia mediúnica, pesquisada, inclusive, por respeitados cientistas e institutos internacionais. Será que os críticos estão atualizados nesse sentido? Por via das dúvidas, sugiro a leitura do seguinte artigo: Evidências científicas atuais sobre a existência da vida após a morte. [1]
Comumente afirmam que Kardec pode ter sido vítima de embustes ou mesmo errado em suas observações. De fato, se as pesquisas ficassem adstritas à apenas uma única pessoa, no caso, Kardec, nada nos levaria a admitir a veracidade da fenomenologia mediúnica, por exemplo. Todavia, os contraditores deveriam saber que, após o Codificador do Espiritismo, inúmeros estudos vierem à baila. Afinal, será que ignoram as laboriosas e judiciosas experiências levadas a efeito por homens como Gustave Geley, William Crookes, R. Wallace, Gabriel Delanne, Ernesto Bozzano, Alexandre Aksakof, Frederic Zöllner, De Rochas, Hermínio C. Miranda, etc. Enfim, compulsaram os anais científicos do Espiritismo, in totum? Difícil acreditar que exista um crítico que chegou nesse nível de profundidade.
Pedem provas, estas não faltam. Não querem estudar, desejam que o espírita resuma mais de um século e meio de pesquisas num diálogo informal. Para tal desiderato, seria necessário um curso preliminar da matéria, no mínimo. Não é exagero de nossa parte. Como falar de comunicação mediúnica com alguém que desconhece a existência, características e funções do perispírito?
Por outro lado, a convicção não surge apenas com a exibição de um punhado de fenômenos. É imperioso o estudo contínuo, assíduo e sério. Após laboriosas pesquisas, teóricas e práticas, que devem durar alguns anos, o pesquisador terá condições de confrontar dados, experiências, opiniões, e, por fim, tirar suas próprias conclusões. É lamentável que esse caminho não seja percorrido pelos pseudo-críticos.
O que é possível constatar, na realidade, é que a esmagadora maioria dos adversários do Espiritismo o desconhece. Também não há o sincero desejo de compreendê-lo em sua essência. Nenhuma prova, por mais robusta que seja, irá fazer um incrédulo obstinado aceitar a veracidade dos fenômenos. Aliás, “muitas vezes, a insistência em querer convencê-lo o leva a crer em sua importância pessoal, o que constitui razão para que ele se obstine ainda mais” (Kardec, Allan. O Livro dos Médiuns, 2009).
E o que dizer dos fanáticos religiosos? Impossível dialogar com um fundamentalista. Os maiores absurdos são aceitos cegamente, isto é, sem exame racional. Para eles, basta estar escrito no “livro sagrado” de sua religião. Têm medo de estudar o Espiritismo. São repetitivos em seus argumentos ultrapassados. Comumente recitam trechos bíblicos fora de contexto, adulterados ou mal interpretados. Ignoram os estudos espíritas e são mal orientados por lideres religiosos. São cegos guiando outros cegos (Mateus 15:14).
Por fim, conclui-se, por lógica elementar, que “o espiritualismo simplório e o materialismo atrevido são os dois polos da estupidez humana” (Pires, J. Herculano. Agonia das Religiões, 2009).
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[1] http://espiritualismocientifico.blogspot.com.br/2012/08/evidencias-cientificas-atuais-sobre.html
Fonte: http://estudofilosoficoespirita.blogspot.com.br/
Ótima reflexão, amigo Ricardo. Seria bom acrescentar que entre os críticos do Espiritismo há os críticos que são adeptos e nem por isso refletem melhor sobre alguns pontos ainda não provados cientificamente.
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