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sábado, 15 de agosto de 2009

Allan Kardec, o chefe druída

Por Mauro Quintella

Influenciados pela moda que varria a França, os Baudin (Émile-Charles, Clémentine e as filhas Caroline e Julie) começaram a conversar com uma mesa girante em 1853, quando ainda moravam na colônia francesa da Ilha da Reunião, na costa oriental da África.

Como em outros lugares, logo constatou-se que a mesa era movida pelas almas dos mortos.

Depois de algum tempo, as reuniões passaram a ser dirigidas por um espírito, que se apresentou como o guia espiritual da família. Interrogado a respeito do seu nome, o ser invisível respondeu:

- Chamem-me pelo que sou, o zéfiro da verdade.

Zéfiro era o nome de um vento típico da região. O apelido pegou.

Certa noite, o guia previu que seus protegidos mudariam brevemente para Paris:

- Émile arrumará seus negócios e entrará na Escola Naval. Caroline e Julie tomarão professoras mais competentes e encontrarão seus noivos. E eu procurarei contato com um velho amigo e chefe, desde o nosso tempo de druidas.

Nessa época, os Baudin não tinham a menor intenção de morar na França. No entanto, uma crise no comércio do café e do açúcar, principais produtos das atividades agrícolas e comerciais de Émile-Charles, obrigou-os a mudar para a Corte em 1855. Zéfiro os acompanhou. Ou foi o contrário?

As reuniões continuaram em Paris. Numa noite, Zéfiro escreveu:

- Nosso dia de glória já chegou.

O Sr. Baudin pediu mais explicações. O espírito amigo respondeu:

- Vamos ter, afinal, o convívio de nosso velho chefe druida!

- Aquele que você esperava encontrar em Paris?

- Sim, ele mesmo, em pessoa. Você vai trazê-lo aqui. Caroline vai atraí-lo.

- Você pode me dizer o nome dele?

- Allan Kardec!

Émile achou o nome estranhíssimo e deu o diálogo por encerrado.

As sessões dos Baudin davam-se num clima de total descontração e sem qualquer formalismo.

Na hora combinada, a casa enchia-se de curiosos, convidados pela família ou recomendados pelos amigos do clã.

Nessa época, os espíritos já tinham abandonado as mesas girantes e se comunicavam através da psicografia indireta, escrevendo num quadro de ardósia (uma lâmina de pedra, portátil). Caroline, Julie e Clémentine funcionavam como médiuns, segurando uma cestinha de vime (corbelha, do francês corbeille), em cujo bico amarravam um lápis de pedra.

Os participantes faziam perguntas, que eram respondidas na ardósia e lidas em voz alta. Após a leitura das respostas, seguiam-se comentários nos mais diversos tons, revelando o espanto de uns e o contentamento de outros.

Zéfiro, o dirigente espiritual da casa, gostava de pilheriar e alfinetar os consulentes antes de dirigir-lhes a palavra.

Certa noite, o Sr. Denizard Rivail, educador lionense radicado em Paris, compareceu à reunião, acompanhado de sua esposa, Amelie Boudet, a convite do próprio Émile-Charles. O pai Baudin os havia conhecido numa sessão de mesa girante na casa da Sra. Planemaison, na qual Rivail aprofundava seu recente interesse pelos fenômenos espíritas.

O espírito guia dos Baudin os recebeu efusivamente, saudando o professor com as seguintes palavras:

- Salve, caro pontífice, três vezes salve!

Lida em voz alta, a saudação arrancou risadas da platéia.

O Sr. Baudin, meio envergonhado, explicou a Rivail que Zéfiro era muito espirituoso e tinha o costume de brincar com os visitantes. O professor não se agastou e respondeu sorrindo:

- Minha bênção apostólica, prezado filho!

Nova risada geral. Zéfiro, porém, redargüiu que tinha feito uma saudação respeitosa, a um verdadeiro pontífice, pois Rivail havia sido um grande chefe druida, no tempo da invasão da Gália pelo Imperador Júlio César.

Os druidas eram os sacerdotes do povo celta, uma etnia que habitava várias extensões da antiga Europa.

Essa área compreendia Portugal e Espanha (a oeste), a Cordilheira dos Cárpatos (a leste), a Bélgica (ao norte) e a Itália (ao sul), passando pela Irlanda, Inglaterra, País de Gales, Escócia, França, Dinamarca, Suíça, Áustria e Alemanha.

Júlio César invadiu a Gália (atual França) no Século 58 a.C. e denominou os celtas locais de gauleses. Segundo Zéfiro, ele e Rivail estavam reencarnados nessa época e local.

O termo druida quer dizer consciência do carvalho, a árvore sagrada dos celtas. Os futuros sacerdotes, escolhidos na classe aristocrática, submetiam-se, desde crianças, a intenso aprendizado junto aos druidas mais velhos.

Os druidas não limitavam sua ação à religião, acumulando a função de juízes, professores, médicos, conselheiros militares e guardiões da cultura céltica. O cargo não era exclusivo dos homens, pois também existiam druidesas.

Viviam integrados na comunidade e podiam se casar. Estimulavam os homens a combater o mal e a praticar bravuras e as mulheres a serem o ponto de união entre o céu e a terra. Júlio César os perseguiu duramente porque insuflavam a resistência ao domínio romano. Segundo o próprio Imperador, foi na Gália que ele viveu a mais árdua de suas campanhas.

Os celtas dominavam diversas áreas do conhecimento humano, como a fitoterapia, a agricultura, a tecelagem, a mineração, a cerâmica, a pecuária, a metalurgia e a astronomia. Inventaram a roda de madeira, o barril e a carroça. No campo artístico, cultivavam a música, a poesia, a escultura, a ourivesaria e a joalheria

O que unia os povoados, vencendo as grandes distâncias que os separavam, não era a obediência a um único rei, mas a língua, a arte e a religião.

A filosofia religiosa dos celtas era muito avançada.

Acreditavam numa Divindade única, que podia ser cultuada como homem (Deus ou o céu) ou mulher (Deusa ou a terra). Como não admitiam templos, seus cerimoniais eram realizados ao ar livre, nos campos e florestas, debaixo de grandes carvalhos.

Além disso, criam na imortalidade da alma, na reencarnação, no livre-arbítrio, na lei de causa e efeito, na evolução espiritual, na inexistência de penas eternas, nas esferas espirituais, na existência de elementais (duendes, fadas, gnomos, etc.) e na proteção dos Espíritos superiores.

Um celta não morria, pois a morte era apenas um ponto no meio da estrada.

Só houve uma coisa negativa: os druidas proibiram a palavra escrita como instrumento de preservação da história céltica, por temerem que textos escritos caíssem em mãos escusas.

Por isso, todo o conhecimento desse povo era transmitido oralmente e se perdeu muito no decorrer dos séculos.

Com a queda do grande chefe Vercingetórix, no ano de 52 a.C., toda a Gália acabou rendendo-se, pouco a pouco, aos exércitos romanos, mais treinados e portadores de armas mais leves e manejáveis. No final do Século I a.C., todos os domínios celtas, exceto a Irlanda e a Escócia, estavam submetidos a Roma. A falta de unificação política, geográfica e militar das tribos também colaborou para o sucesso de Júlio César.

Com a forte repressão política aos druidas, movida pelo Imperador, a cultura céltica foi perdendo sua força e, no final do Século I d.C., a quase totalidade dos celtas estava "romanizada" ou misturada à multidão de povos que invadiu o continente europeu.

O druidismo passou então a ser uma prática fechada e esotérica. Isso, porém, não impediu que muitos druidas aceitassem as idéias de Jesus de Nazaré, quando o Cristianismo primitivo chegou à Europa. No entanto, o nascente Catolicismo romano não gostou desse sincretismo e ajudou a perseguir os sacerdotes celtas. Pode-se dizer que o desaparecimento dos druidas é diretamente proporcional ao crescimento e fortalecimento da Igreja Católica.

Como os grandes druidas eram conhecidos como as serpentes da sabedoria, São Patrício regozijava-se de ter acabado com as "serpentes" da Bretanha.

A vitória final teria sido de Roma se não existisse a reencarnação. Utilizando-se desse mecanismo natural, o druida Allan Kardec renasceu no Século XIX para dar continuidade ao seu trabalho no campo científico, filosófico e religioso.

O local escolhido foi a cidade de Lyon, na atual França, antiga Gália, no ano de 1804. Seu novo nome seria Hippolyte Léon Denizard Rivail. Educado na Suíça, mudou-se, depois, para Paris, capital cultural do mundo.

Durante muitos anos, o ex-druida dedicou-se ao estudo e prática da Educação. Todavia, aos 50 anos, atraído pelos fantasmagóricos fenômenos que invadiram o globo, sua atenção voltou-se integralmente para as questões transcendentais da vida.

Convencido que os estranhos acontecimentos eram produzidos por espíritos, Rivail começou a fazer-lhes várias perguntas sobre as causas e características das coisas. Desse material saiu sua primeira obra sobre o assunto, O Livro dos Espíritos. Estava inaugurada a nova filosofia espiritualista, que ele chamou de Espiritismo.

Já sabendo que era um druida reencarnado, através da revelação do Espírito Zéfiro, Rivail preferiu assinar O Livro com seu antigo nome celta, a fim de separar seu trabalho de educador do de autor espírita. Fechava-se, assim, um ciclo palingenético, pessoal e histórico.

O espírito Kardec/Rivail completava sua tarefa de condutor de almas e as grandes teses druídicas ressurgiam no bojo da novel Doutrina Espírita. Tudo sobre o mesmo solo gaulês.

Esses fatos, porém, não aconteceram sem a resistência de uma velha inimiga dos druidas. A Igreja Católica tentou denegrir o Espiritismo de várias maneiras. Mas essa já é outra história...

Bibliografia:

* O Livro dos Espíritos e sua tradição Histórica e Lendária - Silvino Canuto de Abreu, Edições LFU, São Paulo, 1992.
* Os Celtas - Venceslas Kruta, Editora Martins Fontes, São Paulo, 1979.
* Internet - (diversas páginas sobre celtas).

(Publicado no Jornal A Voz do Espírito - Edição 89: Janeiro - Fevereiro de 1998)

terça-feira, 11 de agosto de 2009

BIOGRAFIA - Victor Hugo

Victor Hugo
26/02/1802, Besançon, França

22/05/1885, Paris, França


Victor Hugo, autor de "Os miseráveis" e "O Corcunda de Notre Dame", entre outros, era filho de Joseph Hugo e de Sophie Trébuchet. Nasceu em Besançon, mas passou a infância em Paris.

Em 1819 fundou, com os seus irmãos, uma revista, o "Conservateur Littéraire" (Conservador Literário) e no mesmo ano ganhou o concurso da Académie des Jeux Floraux, instituição literária francesa fundada no século 14.

Aos 20 anos publicou uma reunião de poemas, "Odes e Poesias Diversas", mas foi o prefácio de sua peça teatral "Cromwell" que o projetou como líder do movimento romântico na França.

Victor Hugo casou-se com Adèle Foucher e durante a vida teve diversas amantes, sendo a mais famosa Juliette Drouet, atriz sem talento, a quem ele escreveu numerosos poemas.

O período 1829-1843 foi o mais produtivo da carreira do escritor. Seu grande romance histórico, "Notre Dame de Paris" - mundialmente conhecido como "O Corcunda de Notre Dame" - (1831), o conduziu à nomeação de membro da Academia Francesa, em 1841.

Criado no espírito da monarquia, o escritor acabou se tornando favorável a uma democracia liberal e humanitária. Eleito deputado da Segunda República, em 1848, apoiou a candidatura do príncipe Luís Napoleão, mas se exilou após o golpe de Estado que este deu em dezembro de 1851, tornando-se imperador. Hugo condenou-o vigorosamente por razões morais em "Histoire d'un Crime".

Durante o Segundo Império, em oposição a Napoleão III, viveu em exílio em Jersey, Guernsey e Bruxelas. Foi um dos poucos a recusar a anistia decidida algum tempo depois.

A morte da sua filha, Leopoldina, afogada por acidente no Sena, junto com o marido, fez com que o escritor se deixasse levar por experiências espíritas relatadas numa obra "Les Tables Tournantes de Jersey" (As Mesas Moventes de Jersey).

A partir de 1849, Victor Hugo dedicou sua obra à política, à religião e à filosofia humana e social. Reformista, desejava mudar a sociedade mas não mudar de sociedade. Em 1870 Hugo retornou à França e reatou sua carreira política. Foi eleito primeiro para a Assembléia Nacional, e mais tarde para o Senado. Não aderiu à Comuna de Paris mas defendeu a anistia aos seus integrantes.

De acordo com seu último desejo, foi enterrado em um caixão humilde no Panthéon, após ter ficado vários dias exposto sob o Arco do Triunfo.

Fonte: UOL Educação

quarta-feira, 24 de junho de 2009

O Início do Espiritismo no Brasil

Capítulo do Livro "O Espiritismo ao alcance de todos"

Entre 1853 e 1854 surgiram no Brasil notícias sobre os fenômenos das "mesas girantes" que ocorriam principalmente nos Estados Unidos da América e na Europa, publicadas no Jornal do Commércio, do Rio de Janeiro, do Diário de Pernambuco, de Recife, e em O Cearense, de Fortaleza.

Primeiro Centro Espírita do Mundo - Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas, fundada em 1º de abril de 1858, por Allan Kardec.

Primeiro Centro Espírita do Brasil - Grupo Familiar de Espiritismo, instalado em 17 de setembro de 1865, às 30h30m, por Luís Olímpio Teles de Menezes, na cidade de Salvador, na Bahia.

Em 1866, Luís Olímpio Teles de Menezes publica o opúsculo O Espiritismo – Introdução ao Estudo da Doutrina Espírita, contendo páginas extraídas e traduzidas de O Livro dos Espíritos. Diante dos ataques expressos em Pastoral de D. Manuel Joaquim da Silveira, Arcebispo da Bahia e Primaz do Brasil, Luís Olímpio escreve carta aberta em defesa do Espiritismo, em que, conforme consta da obra Espiritismo Básico, de Pedro Franco Barbosa, ele afirma:

"O Espiritismo tem de passar por provas rudes, e nelas Deus reconhecerá sua coragem, sua firmeza e sua perseverança. Os que se ausentam por um simples temor, ou por uma decepção, assemelham-se a soldados que somente são corajosos em tempo de paz, mas que, ao primeiro tiro, abandonam as armas".

Luís Olímpio Teles de Menezes foi professor primário, estenógrafo, funcionário da Assembléia Legislativa e Oficial da Biblioteca Pública da Bahia. Falava o inglês, o francês, o castelhano e o latim. Escreveu nos seguintes periódicos: Diário da Bahia, Jornal da Bahia, A Época Literária e publicou o romance Os Dois Rivais.

Primeiro jornal espírita do Brasil - O Eco do Além Túmulo, publicado em julho de 1869, em Salvador, com o esforço de Luís Olímpio Teles de Menezes. Contava com 56 páginas e chegou a circular até no exterior – Londres, Madri, Nova Iorque, Paris. Aparecem referências ao Eco do Além Túmulo na Revista Espírita, edição de outubro de 1869.

Primeiro Centro Espírita do Rio de Janeiro - "Sociedade de Estudos Espiríticos – Grupo Confúcio", fundado em 2 de agosto de 1873. Faziam parte dele elementos da alta sociedade da Corte (Capital do Império), entre eles Joaquim Carlos Travassos e Bittencourt Sampaio. O Grupo se extinguiu em 1879.

Segundo periódico espírita do Brasil - "Revista Espírita, lançada em 10 de janeiro de 1875, pelo Grupo Confúcio, redigida e dirigida por Antônio da Silva Neto.

Neste ano de 1875 vão aparecendo as traduções para o português das obras de Allan Kardec, feitas por Joaquim Carlos Travassos, com pseudônimo de Fortúnio, e editadas pelo Grupo Confúcio. Ainda neste ano, o tradutor oferece a Bezerra de Menezes um exemplar de O Livro dos Espíritos.

Em 23 de março de 1876 é fundada, no Rio de Janeiro, a "Sociedade de Estudos Espíritas Deus, Cristo e Caridade", da qual participavam Bittencourt Sampaio e Antônio Luís Sayão. Mais tarde, a entidade passou a se denominar "Sociedade Acadêmica Deus, Cristo e Caridade".

Havia divergências entre os espíritas do Rio de Janeiro, que de acordo com os pontos de vista defendidos se dividem em místicos e cientificistas, o que resultou na criação de várias instituições.

A data de 28 de agosto de 1881 registra a perseguição oficial ao Espiritismo. Nos periódicos O Cruzeiro e Jornal do Commércio, do Rio de Janeiro, foi anunciada a ordem policial proibindo o fundamento da "Sociedade Acadêmica Deus, Cristo e Caridade e dos Centros filiados.

Em 6 de setembro de 1881, uma comissão de espíritas é recebida pelo Imperador D. Pedro II, que promete não haver mais perseguições aos espíritas, porém elas continuaram a ocorrer. Em 21 de setembro do mesmo ano, a comissão retorna ao Imperador, que volta a afirmar sua intenção de não permitir perseguições aos espíritas.

Ainda em 6 de setembro de 1881 é realizado o Primeiro Congresso Espírita do Brasil, com o objetivo de reunir e orientar as instituições espíritas.

Em 28 de agosto de 1882 é realizada a Primeira Exposição Espírita do Brasil, na sede da Sociedade Acadêmica Espírita Deus, Cristo e Caridade. A data, aliás, recordava o início da perseguição policial ao Espiritismo.

Em 21 de janeiro de 1883, Augusto Elias da Silva, fotógrafo português radicado no Brasil, publica o Reformador, com seus próprios recursos e cuja direção intelectual fica a cargo do Major Francisco Raimundo Ewerton Quadros. Também neste ano, Augusto Elias da Silva promove encontra fraternal dos espíritas, em virtude das divergências entre os integrantes das instituições espíritas da ocasião: "Grupo dos Humildes", "Sociedade Acadêmica Deus, Cristo e Caridade", "Centro da União Espírita do Brasil" e "Grupo Espírita Fraternidade", situados no Rio de Janeiro.

Em 2 de janeiro de 1884 é instalada, na Rua da Carioca nº 120 – sobrado – Rio de Janeiro, a Federação Espírita Brasileira, sendo seu primeiro Presidente o Major Ewerton Quadros, anteriormente já citado.

Em 15 de junho de 1886, Bezerra de Menezes, diante de mais de 1.500 pessoas, no Salão da Guarda Velha (na rua de igual nome, hoje Av. 13 de maio) faz sua profissão de fé espírita.

Em 1889, Bezerra de Menezes assume a presidência da Federação Espírita Brasileira, em substituição a Ewerton Quadros. Bezerra instituiu o estudo sistematizado de O Livro dos Espíritos em reuniões públicas realizadas no salão da Federação.

Dada a crise administrativa e financeira que passava a Federação, comprometida ainda pelas divergências dos líderes espíritas, e com a renúncia de Julio César Leal, após sete meses no cargo, Bezerra de Menezes, em 3 de agosto de 1895, aceita assumir novamente a presidência da Federação Espírita Brasileira.

Em 10 de dezembro de 1911, a Federação Espírita Brasileira se transfere para a Av. Passos, antiga Rua do Sacramento. Em 27 de outubro de 1937, a Federação é fechada pela Polícia e reaberta três dias depois, por ordem do Dr. Macedo Soares, então Ministro da Justiça.

Em 5 de outubro de 1949, é assinado o Pacto Áureo, na sede da Federação Espírita Brasileira, visando à unificação dos espíritas, fortalecendo os laços de fraternidade. É, então, criado o Conselho Federativo Nacional (CFN), composto dos representantes das entidades adesas à Federação Espírita Brasileira.

Não se deve perder de vista que tanto no Rio de Janeiro, como na Bahia e em todo o Brasil se desenvolvia e se expandia a prática mediúnica da Umbanda e de outros credos afro-brasileiros.

Leitura Complementar:

1. Espiritismo Básico – Pedro Franco Barbosa – FEB.
2. Grandes Espíritas do Brasil – Zêus Wantuil – FEB.
3. Os Intelectuais e o Espiritismo – Ubiratan Machado – Ed. Antares
4. Bezerra de Menezes – F.Acquarone – Ed. Aliança.

Capítulo do Livro "O Espiritismo ao alcance de todos"

Retirado do site Espirito.org.br

terça-feira, 23 de junho de 2009

segunda-feira, 22 de junho de 2009

Allan Kardec, as Mesas Girantes e os Espíritos

Em 1855, Hippolyte Léon Denizard Rivail, professor francês de aritmética, pesquisador de astronomia e magnetismo, foi convidado por um amigo seu, o sr. Fortier, a ver de perto estas manifestações que ocorriam nos salões da capital francesa. Rivail era discípulo de Pestalozzi, chamado de pai da pedagogia moderna, e casado com Amélie Gabrielle Boudet. Nascido em 03 de outubro de 1804, na cidade de Lyon, já ouvira sobre o assunto das mesas girantes e não entendia bem o que estava acontecendo. Homem criterioso, Rivail não se deixava levar por modismos e como estudioso do magnetismo humano acreditava que todos os acontecidos poderiam estar ligados à ação das próprias pessoas envolvidas, e não de uma possível intervenção espiritual.

O professor então participou de algumas sessões, e algo começou a intrigá-lo. Percebeu que muitas das respostas emitidas através daqueles objetos inanimados fugiam do conhecimento cultural e social dos que faziam parte do "espetáculo". Como os móveis, por si só, não poderiam mover-se, fatalmente havia algum tipo de inteligência invisível atuando sobre os mesmos, e respondendo aos questionamentos dos presentes.

Rivail presenciava a afirmação daqueles que se manifestavam, dizendo-se almas dos homens que viveram sobre a Terra. Foi então, que uma das mensagens foi dirigida ao professor. Um ser invisível disse-lhe ser um Espírito chamado Verdade e que ele, Rivail, tinha uma missão a desenvolver, que seria a codificação de uma nova doutrina .

Atento aos dizeres do Espírito, e depois de muitos questionamentos à entidade, pois não era homem de impressionar-se com elogios, resolveu aceitar a tarefa que lhe fora incumbida.

O Espírito de Verdade disse-lhe ser de uma falange de Espíritos superiores que vinha até aos homens cumprir a promessa de Jesus, no Evangelho de João, capítulo XIV; versículos 15 a 26: "E eu rogarei ao Pai e ele vos dará outro Consolador, para que fique convosco para sempre; o Espírito de Verdade, que o mundo não pode receber, porque não o vê nem o conhece; mas vós o conhecereis, porque habita convosco e estará em vós... Mas, aquele Consolador, o Espírito Santo, que o Pai enviará em meu nome, esse vos ensinará todas as coisas, e vos fará lembrar de tudo quanto vos tenho dito".

Através dos Espíritos, Rivail descobriu que em uma de suas encarnações anteriores foi um sacerdote druida, de nome Allan Kardec.

Foi então que resolveu adotar este pseudônimo durante a codificação da nova doutrina, que viria a se chamar Doutrina Espírita ou Espiritismo. Kardec assim procedeu para que as pessoas, ao tomarem conhecimento dos novos ensinamentos espirituais, não os aceitassem por ser ele, um conhecido educador, quem estivesse divulgando. Mas sim, que todos os que tivessem contato com a boa nova a aceitassem pelo seu teor racional e sua metodologia objetiva, independente de quem a divulgasse ou a apoiasse.

A Codificação

A partir daí foram 14 anos de organização da Doutrina Espírita. No início, para receber dos Espíritos as respostas sobre os objetivos de suas comunicações e os novos ensinamentos, Kardec utilizou um novo mecanismo, a chamada cesta-pião: um tipo de cesta que tinha em seu centro um lápis. Nas bordas das cestas, os médiuns, pessoas com capacidade de receber mais ostensivamente a influência dos Espíritos, colocavam suas mãos, e através de movimentos involuntários, as frases-respostas iam se formando. Julie e Caroline Baudin, duas adolescentes de 14 e 16 anos respectivamente, foram as médiuns mais utilizadas por Kardec no início.

Com o decorrer do tempo, a cesta-pião foi dando lugar à utilização das próprias mãos dos médiuns, fenômeno que ficou conhecido como psicografia.

Todas as perguntas e respostas feitas por Kardec aos Espíritos eram revisadas e analisadas várias vezes, dentro do bom senso necessário para tal. As mesmas perguntas respondidas pelos Espíritos através das médiuns eram submetidas a outros médiuns, em várias partes da Europa e América. Assim, o codificador viajou por cerca de 20 cidades. Isso para que as colocações dos Espíritos tivessem a credibilidade necessária, pois estes médiuns não mantinham contato entre eles, somente com Kardec.

Este controle rígido de tudo o que vinha de informações do mundo espiritual ficou conhecido por "Controle Universal do Ensino dos Espíritos" (CUEE). Disto, estabeleceu-se dentro da Doutrina Espírita que qualquer informação vinda do plano espiritual só terá validade para o Espiritismo se for constatada em vários lugares, através de diversos médiuns, que não mantenham contato entre si. Fora isso, toda comunicação espiritual será uma opinião particular do Espírito comunicante.

Com todo um esquema coerentemente montado, Allan Kardec preparou o lançamento das cinco Obras Básicas da Doutrina Espírita, a Codificação, tendo início em 1857 com o lançamento de "O Livro dos Espíritos". Estes livros contêm toda a teoria e prática da doutrina, os princípios básicos e as orientações dos Espíritos sobre o mundo espiritual e sua constante influenciação sobre o mundo material.

Durante a codificação, Kardec lançou um periódico mensal chamado "Revista Espírita", em 1858. Nele, comentava notícias, fenômenos mediúnicos e informava aos adeptos da nova doutrina o crescimento da mesma e sua divulgação. Servia várias vezes como fórum de debates doutrinários, entre partidários e contrários ao Espiritismo.

A Revista Espírita foi a semente da imprensa doutrinária.

No mesmo ano, Kardec viria a fundar a Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas. Constituída legalmente, a entidade passou a ser a sociedade central do Espiritismo, local de estudos e incentivadora da formação de novos grupos.

Allan Kardec desencarnou em 31 de março de 1869, aos 65 anos, vítima de um aneurisma. Sua persistência e estudo constantes foram essenciais para a elaboração do movimento espírita e organização dos ensinos do Espírito de Verdade.

Fonte: Espiritismo.org