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terça-feira, 7 de dezembro de 2010

Filosofia Espiritualista

Por João Alberto Vendrani Donha

O termo "espiritualismo" foi colocado no jargão filosófico no século XIX, por Victor Cousin, quando elaborou o programa dessa filosofia no prefácio de sua obra "Du vrai, du beau e du bien". Ele assim se expressou: "A nossa verdadeira doutrina, a nossa verdadeira bandeira é o Espiritualismo, essa filosofia tão sólida como generosa, que começou em Sócrates e Platão, que o Evangelho difundiu no mundo, que Descartes colocou nas formas severas do gênio moderno, ... que no princípio deste século (XIX) Royer Collard veio reabilitar no ensino público ao passo que Chateaubriand e Madame de Staël a transportaram para a literatura e para a arte ... Essa filosofia ensina a espiritualidade da alma, a liberdade e a responsabilidade das ações humanas, as obrigações morais, a virtude desinteressada, a dignidade da justiça, a beleza da caridade; e além dos limites desse mundo, ela mostra um Deus, autor e modelo da humanidade ... Essa filosofia é a aliada natural de todas as causas justas". (1)

Victor Cousin nasceu em paris em 1792. Foi sucessor de Royer Collard na cátedra de história da filosofia na faculdade de letras de sua cidade e exerceu enorme influência na filosofia francesa da primeira metade do século XIX. Foi considerado durante muito tempo o filósofo ditador do pensamento francês, até que bateu de frente com um ditador de verdade, o Napoleão III, e retirou-se para Cannes, onde morreu em 1867. Em sua juventude foi um entusiasta do idealismo alemão, tornando-se bom divulgador de Kant, Fichte, Schlling e Hegel na França. Mas o cerne de sua filosofia é o ecletismo. Ele acreditava que nenhum dos sistemas filosóficos detém toda a verdade, assim como, nenhum deles pode ser descartado como falso. São verdades incompletas. Trata-se pois, de se buscar uma conciliação, aproveitando-se o que há de certo em cada um deles. (2)

A filosofia espiritualista francesa do século XIX surgiu como reação ao exagerado materialismo pós-revolucionário, que no momento se manifestava no cientificismo positivista. Teve representantes em vários países, começando por Maine de Biran (1766-1824), na própria França, passando pelos italianos Mazzini, Gioberti e outros, pelo alemão Lotze, entrando pelo século XX com Henry Bérgson (1859-1941). Na França vamos encontrar, ainda, em uma vertente tradicionalista católica do espiritualismo, Joseph De Maistre e Felicité De Lamennais.

De Maistre, nascido na Sabóia em 1753 e falecido em Turim em 1821, teve enorme projeção filosófica na França, mas sua vida política foi ligada à Itália. A idéia central de sua filosofia era a existência da providência divina manifestando-se na história e provocando a evolução da humanidade. Tal como Lamennais (1782-1854), De Maistre acredita que a razão individual é incapaz de conhecer a verdade plena, necessitando da fé e da razão universal. Por suas posições religiosas chegou a ser chamado de "profeta do passado". Mas, ao menos em um de seus discursos, em sua obra "Soirées de Saint-Petersbourg", de quando era embaixador do rei Vitor Emanuel I na Rússia, publicada em 1821, faz profecias futuristas. E Kardec as transcreve na Revista Espírita de abril de 1867. Vejamos alguns trechos de De Maistre: "Várias profecias contidas no Apocalipse se referiam a nossos tempos modernos. Um desses escritores, até chegou a dizer que o acontecimento estava começando, e que a mão francesa deveria ser o grande instrumento da maior das revelações... Deus fala uma primeira vez aos homens no Monte Sinai e esta revelação foi concentrada, por motivos que ignoramos, nos estreitos limites de um só povo e de um só país. Após quinze séculos, uma segunda revelação se dirigiu a todos os homens sem distinção, e é a que desfrutamos... juntai a espera dos homens escolhidos e vereis se os iluminados estão errados ao encarar como mais ou menos próxima uma terceira explosão da onipotente bondade em favor do gênero humano..."

Logo após a leitura desse discurso, em sessão da Sociedade de Paris de 22 de março de 1867, Kardec invocou o espírito De Maistre, que confirmou sua previsão sobre a terceira revelação e disse participar ativamente dela, ainda que anônimo, do plano espiritual.

O outro expoente do espiritualismo já citado, Lammenais, é o campeão de comunicações mediúnicas em toda a história kardequiana da Revista Espírita, quase sempre pela mediunidade do Sr. Didier. Enquanto que Madame de Staël é, também, uma das entidades que mais se comunicam, e Chateaubriand faz ali sua aparição em 1860.

Quanto a Cousin, não o encontramos citado na Revista Espírita, mas não podemos negar que Kardec professe um ecletismo semelhante ao dele pois adota na ciência, encarada como vestíbulo da filosofia, um rigoroso positivismo, e na própria filosofia, um espiritualismo aliado a todas as justas causas da humanidade.

Em outro discurso, inserido na mesma edição da Revista em que aborda DeMaistre, Kardec diz: "Moisés e o Cristo tiveram sua função moralizadora. A gênios de uma outra ordem são deferidas as missões científicas. Ora, como as leis morais e as leis da ciência são leis divinas, a religião e a filosofia não podem ser verdadeiras senão pela aliança destas leis". E, a seguir, faz um brilhante resumo do espiritualismo espírita: "O Espiritismo é baseado na existência do princípio espiritual, como elemento constitutivo do universo; repousa sobre a universalidade e a perpetuidade dos seres inteligentes, sobre seu progresso indefinido, através dos mundos e das gerações; sobre a pluralidade das existências corporais, necessárias ao seu progresso individual; sobre sua cooperação relativa, como encarnados e desencarnados, na obra geral, na medida do progresso realizado; na solidariedade que une todos os seres de um mesmo mundo e dos mundos entre si".

Uma manifestação mais explícita do ecletismo de Cousin está na Revista Espírita de março de 1862, onde o pintor seiscentista Nicolas Poussin, através da psicografia do mesmo Sr. Didier, propõe uma aliança entre o realismo e o idealismo para salvar a pintura do século XIX.

Talvez por todas estas conexões Kardec tenha colocado no frontispício das edições atualizadas do Livro dos Espíritos a expressão "Filosofia Espiritualista".

Referências
1.Nicola Abbagnano; Dicionário de Filosofia; verbete "espiritualismo"; Editora Mestre Jou.
2.Luís Castagnola; História da Filosofia; 5a. parte, Cap. III; Edições Melhoramentos.

sábado, 15 de maio de 2010

Como entender a ORTODOXIA – coerência - Espírita?

Por Nelson Free Man*

Segundo Allan Kardec, “a experiência nos confirma todos os dias que as dificuldades e as decepções que encontramos na prática do Espiritismo - doutrina fundada sobre a crença na existência dos Espíritos e em suas manifestações - têm sua origem na ignorância dos princípios dessa ciência.”

O Espiritismo, mesmo que alguns neguem, fez grandes progressos desde a sua divulgação para a humanidade, mas o seu maior progresso se fez a partir do momento que entrou no caminho filosófico e passou a ser apreciado por pessoas esclarecidas.

O Espiritismo não se solidariza com as extravagâncias que são cometidas em seu nome, assim também como dizia A.Kardec “como a verdadeira ciência não o é com os abusos da ignorância nem a verdadeira religião não o é com os excessos do fanatismo”.

O Espiritismo, abordando as questões mais graves da filosofia em todos os ramos da ordem social, compreendendo ao mesmo tempo o homem físico e o homem moral, é por si só toda uma ciência e uma filosofia que não se apreende em algumas horas, como qualquer outra ciência.

É crítico sério do Espiritismo, e por seus seguidores assim considerado, somente aquele que tenha visto tudo, estudando e se aprofundando com paciência e perseverança, qualidades essas próprias de um observador consciencioso. Que demonstrasse o seu saber sobre o assunto, de idêntica forma que o mais esclarecido dos seus seguidores e estudiosos o fizesse e, ainda assim, que tivesse alcançado os seus conhecimentos em outros lugares que não nos romances. Seria aquele a quem não se poderia apresentar nenhum postulado que ele não conhecesse, tampouco qualquer argumento que deixasse de passar pela sua meditação. Que contestasse a base da Doutrina dos Espíritos não por meras negações ou inserções contraditórias, maculando a lógica e o crivo da razão na doutrina apresentados, mas que pudesse comprovar, enfim, causas mais lógicas daquelas que o Espiritismo apresenta.

Esse crítico ou esse inovador ainda está por vir. Se vier.

Sendo o Espiritismo toda uma ciência e toda uma filosofia, para que alguém possa conhecê-lo seriamente, a primeira condição é a dedicação a um estudo sério e compenetrado; não pode ser aprendido por curiosidade ou brincadeira. O Espiritismo aborda todas as questões que interessam aos humanos, tem um campo imenso de ensinamentos e é nas conseqüências que deve ser mais bem examinado. Crer nos Espíritos não é suficiente para autoproclamar-se espírita esclarecido.

Quando se menciona a palavra ortodoxia, está-se referindo a um conceito pronto e acabado dentro dos seus fundamentos e da sua base. E é desse conceito que todo aquele que defende a ortodoxia Espírita se vale, seguindo a rota segura preconizada nas orientações e esclarecimentos apontados no CUEE (Controle Universal dos Ensinamentos dos Espíritos).

É a partir desse conceito que todo Espírita deve buscar os meios de aprender e também ensinar. Que não se espante o Espírita com a palavra ensinar; não significa que se deva fazer do alto de uma cátedra ou de uma tribuna. Ensinar também é conversar, debater, trocar idéias, seja por explicações, seja por experiências. O desejo maior de todo aquele que queira ser um Espírita esclarecido e coerente com a doutrina é que o seu esforço alcance resultados, e é por isso que deve dar conselhos sempre proveitosos para os que queiram se instruir por si mesmos. Só assim esses encontrarão meios mais seguros de chegar ao seu objetivo: a evolução e o progresso do Espírito.

Há, no meio Espírita, uma imensidão de espiritualistas. Mesmo sendo o Espírita um espiritualista de origem, aqueles não podem, ainda, serem considerados Espíritas, segundo os princípios da doutrina mencionados em O Livro dos Espíritos, Introdução, I -ESPIRITISMO E ESPIRITUALISMO, pois que conservam os traços do apego aos rituais, aos sacramentos, à hierarquia ministerial e sacerdotal, aos avatares religiosos, às oferendas, ao misticismo e à idolatria a personagens espirituais, ainda que a Doutrina dos Espíritos esclareça a sua inconsistência para as coisas do Espírito.

Acredita-se que para se convencer alguém basta mostrar os fatos. E que esses fatos, sendo fundamentados com lógica e sustentados pelo crivo da razão, bastariam para demover ao mais ferrenho espiritualista. A experiência mostra que não é o melhor a se fazer, pois há pessoas a quem nem um argumento ou fundamento bem sustentados é suficiente e não as convencem. Difícil saber porque isso acontece, porém é possível tecer algumas considerações explicativas que podem ser demonstradas.

Para o espiritualista-refratário, será em vão reunir todas as provas ou argumentos lógicos; ele contestará todas, porque não admite o Espiritismo, por si só. É preciso, antes de tudo, dar-lhe tempo de amadurecer os ensinamentos da Doutrina, para que possa compreender o desapego a que se acostumou durante sua vida.

Há o espiritualista-orgulhoso, e para esse não existem dúvidas, apenas a negação absoluta, à qual raciocina à sua maneira. A maioria deles teima com as suas opiniões apenas por orgulho, pois acredita, por amor-próprio, que são obrigados a persistir espiritualista. Persistem, apesar de todos argumentos e provas lógicas contrários, porque não querem se rebaixar às evidências do raciocínio e da razão. Esses são os mais difíceis de convencer, pois muitas vezes, sob falsa aparência de sinceridade dizem: “concordo com a Doutrina, mas ela precisa se atualizar com as doutrinas milenares”. Há os que vaidosamente, como se francos fossem, dizem: “a Doutrina é limitada para a minha capacidade de compreensão”. Com essas pessoas não há nada a fazer, já que o orgulho e a vaidade sobrepõem-se ao Espiritismo.

Há, ainda, o espiritualista-indiferente. Até compreendem que são “espíritas” por indiferença, podendo-se até dizer que é “por falta de coisa melhor”. Não que sejam indiferentes de caso pensado, pois o que mais desejariam é crer integralmente e exclusivamente no Espiritismo como ele é, mas a indiferença para a leitura e para o estudo leva-os a seguirem o que lhes é apresentado. E esse é o que tem o contingente mais numeroso entre os “espíritas”.

O fato de alguém defender a ortodoxia (coerência) Espírita, não quer dizer que outra qualquer forma de crença deixe de ser válida afinal, cada um usa o seu conhecimento e a sua crença naquilo que mais o conforta e responde aos seus anseios de momento. Da mesma forma, não quer dizer que alguém que compreenda os fundamentos da DE e os defenda sem qualquer inserção ou sincretismo de outra crença ou práticas que o Espiritismo esclarece que sejam desnecessárias para o crescimento e progresso do indivíduo, o torne um SER mais evoluído ou superior.

Todos nós estamos evoluindo e progredindo de alguma forma. Todos nós somos falíveis e deixamos transparecer, quando menos esperamos, as nossas fraquezas, notadamente as fraquezas morais.

Defender a pureza doutrinária do Espiritismo é buscar melhorar a nossa conduta como um todo. Alguns avançam, outros ainda têm um longo caminho pela frente, e nesse caminho está vencer a vaidade, o orgulho e a intolerância. Não quer dizer que sabendo quase tudo da DE em seus detalhes, que esse caminho já tenha sido percorrido.

Quanto a perceber comportamentos e posturas que não condiziriam com o conhecimento da Doutrina, não caberia a nós fazermos tais julgamentos de valor moral sobre ninguém, mesmo porque se estamos todos juntos, é para que possamos aprender uns com os outros.

Que procuremos fazer a nossa parte, sempre que possível.

Se estivermos aptos a fazer uma análise de palavras ou escritos, que sejamos duros, porém comedidos na abordagem.

Que tenhamos sempre argumentos e fundamentos que façam o outro compreender o seu erro.

Somente com tolerância e paciência, mas com palavras que não deixem margens à dúvidas, é que poderemos traçar um caminho mais proveitoso para todos nós seguidores do Espiritismo.

Não desistir e não desanimar.

Todo trabalho para frutificar, necessita de uma boa aragem e uma boa semeadura.

Muitas vezes, encontraremos intempéries morais para prejudicar nossa lavoura, mas devemos sempre persistir.

*extraído, reformatado, redimensionado e compilado a partir de O Livro dos Espíritos e O Livro dos Médiuns.

segunda-feira, 12 de outubro de 2009

Espiritismo ou Kardecismo?

Por Luiz Antonio Milleco

"De um tempo para cá um estranho fenômeno ocorre em nosso meio: pessoas respeitáveis aceitam a Doutrina Espírita, entusiasmam-se com seus postulados e se beneficiam da consolação por Ela propiciada. No entanto, chegado o momento das definições, afirmam-se não espíritas, mas espiritualistas ou "kardecistas".

Quanto ao espiritualismo, a definição é incompleta, já que todas as crenças baseadas na existência da alma são espiritualistas.

E quanto ao "kardecismo"?

As origens históricas do termo, embora não possam situar-se no tempo, são perfeitamente caracterizadas quanto aos fatos. Ao chegarem ao Brasil, os escravos trouxeram consigo suas crenças, seus cultos, que ali se fundiram, com o crescimento das crenças indígenas e católicas. Esses grupos étnicos já praticavam a mediunidade. Ora, com o aparecimento entre nós da Doutrina Espírita, uma de cujas bases principais é exatamente o fenômeno mediúnico, foram inevitáveis as generalizações. Tudo quanto se referisse ao intercâmbio com o outro plano era considerado Espiritismo.

Tal equívoco ocasionou lamentáveis deturpações. Não queremos aqui discriminar os grupos afro. Há entre eles os que, embora divergindo da Doutrina Espírita quanto ao aspecto religioso e à prática mediúnica, lêem Allan Kardec, adotam seus postulados filosóficos e servem ao próximo com desprendimento e abnegação.

Não se pode negar, entretanto, as deturpações a que nos referimos acima. Eram comuns em certos setores da imprensa manchetes como: "Assassinato em um Centro Espírita", "Incorporado pelo Guia Fulano...". Além disso, não são raros os folhetos em que se lê: "Madame Fulana de tal. Vidente Espírita, soluciona todos os problemas, resolve caso de amor e dinheiro, prevê o futuro..." etc.

Resultado: para não se embarafustarem com toda esta confusão, alguns companheiros abrem mão do termo espírita e preferem a expressão "kardecista". Haverá, porém, algum fundamento para tal posição?

Em primeiro lugar, Allan Kardec sempre fez questão de assinalar que, ao contrário de todas as doutrinas anteriores, o Espiritismo não foi fundado por homens, mas é conseqüência das revelações trazidas pelo Plano Espiritual.

Em segundo lugar, não podemos descartar a gama de preconceitos que envolve a substituição dos termos espírita e Espiritismo pelos termos "kardecista" e "kardecismo".

Não querem, estes companheiros, que suas crenças sejam confundidas com aquelas que, para eles, são "inferiores". Não querem ser identificados como "feiticeiros" ou "macumbeiros". Tal confusão, no entanto, não advém deste ou daquele termo, mas da posição de cada um perante a vida e diante de si mesmo.

Ao invés de simplificarmos as coisas dando à Doutrina Espírita nomes que ela não possui, chamando-a "kardecismo", "mesa branca", "Espiritismo Científico", etc., arquemos com os incômodos das explicações; e, definindo-nos claramente como espíritas, esclareçamos simplesmente os que nos abordem sobre o que é, e o que não é Espiritismo".

Fonte: Revista Espírita Harmonia - nº 34 - agosto de 1997

Luiz Antonio Millecco Filho (Rio de Janeiro, 30 de junho de 1932 - 5 de fevereiro de 2005) foi musicoterapeuta, médium, escritor e conferencista espírita brasileiro.

domingo, 20 de setembro de 2009

O Espiritismo e a Mulher

Por Léon Denis

Encontram-se, em ambos os sexos, excelentes médiuns; é à mulher, entretanto, que parecem outorgadas as mais belas faculdades psíquicas. Daí o eminente papel que lhe está reservado na difusão do novo Espiritualismo.

Malgrado às imperfeições inerentes a toda criatura humana, não pode a mulher, para quem a estuda imparcialmente, deixar de ser objeto de surpresa e algumas vezes de admiração. Não é unicamente em seus traços pessoais que se realizam, em a Natureza e na Arte, os tipos da beleza, da piedade e da caridade; no que se refere aos poderes íntimos, à intuição e adivinhação, sempre foi ela superior ao homem. Entre as filhas de Eva é que obteve a antiguidade as suas célebres videntes e sibilas. Esses maravilhosos poderes, esses dons do Alto, a Igreja entendeu, na Idade Média, aviltar e suprimir, mediante os processos instaurados por feitiçaria. Hoje encontram eles sua aplicação, porque é sobretudo por intermédio da mulher que se afirma a comunhão com a vida invisível.

Mais uma vez se revela a mulher em sua sublime função de mediadora que o é em toda a Natureza. Dela provém a vida; e ela a própria fonte desta, a regeneradora da raça humana, que não subsiste e se renova senão por seu amor e seus ternos cuidados. E essa função preponderante que desempenha no domínio da vida, ainda a vem preencher no domínio da morte. Mas nós sabemos que a morte e a vida são uma, ou antes, são as duas formas alternadas, os dois aspectos contínuos da existência.

Mediadora também é a mulher no domínio das crenças. Sempre serviu de intermediária entre a nova fé que surge e a fé antiga que definha e vai desaparecendo. Foi o seu papel no passado, nos primeiros tempos do Cristianismo, e ainda o é na época presente.

O Catolicismo não compreendeu a mulher, a quem tanto devia. Seus monges e padres, vivendo no celibato, longe da família, não poderiam apreciar o poder e o encanto desse delicado ser, em quem enxergavam antes um perigo.

A antiguidade pagã teve sobre nós a superioridade de conhecer e cultivar a alma feminina. Suas faculdades se expandiam livremente nos mistérios. Sacerdotisa nos tempos védicos, ao altar doméstico, intimamente associada, no Egito, na Grécia, na Gália, às cerimônias do culto, por toda a parte era a mulher objeto de uma iniciação, de um ensino especial, que dela faziam um ser quase divino, a fada protetora, o gênio do lar, a custódia das fontes da vida. A essa compreensão do papel que a mulher desempenha, nela personificando a Natureza, com suas profundas intuições, suas percepções sutis, suas adivinhações misteriosas, é que foi devida a beleza, a força, a grandeza épica das raças grega e céltica.

Porque, tal seja a mulher, tal é o filho, tal será o homem. É a mulher que, desde o berço, modela a alma das gerações. É ela que faz os heróis, os poetas, os artistas, cujos feitos e obras fulguram através dos séculos. Até aos sete anos o filho permanecia no gineceu sob a direção materna. E sabe-se o que foram as mães gregas, romanas e gaulesas. Para desempenhar, porém, tão sagrada missão educativa, era necessária a iniciação no grande mistério da vida e do destino, o conhecimento da lei das preexistências e das reencarnações; porque só essa lei dá à vida do ser, que vai desabrochar sob a égide materna, sua significação tão bela e tão comovedora.

Essa benéfica influência da mulher iniciada, que irradiava sobre o mundo antigo como uma doce claridade, foi destruída pela lenda bíblica da queda original.

Segundo as Escrituras, a mulher é responsável pela proscrição do homem; ela perde Adão e, com ele, toda a Humanidade; atraiçoa Sansão. Uma passagem do Eclesiastes a declara “uma coisa mais amarga que a morte”. O casamento mesmo parece um mal: “Que os que têm esposas sejam como se não as tivessem” – exclama Paulo.

Nesse ponto, como em tantos outros, a tradição e o espírito judaico prevaleceram, na Igreja, sobre modo de entender do Cristo, que foi sempre benévolo, compassivo, afetuoso para com a mulher. Em todas as circunstâncias a escuda ele com sua proteção; dirige-lhe suas mais tocantes parábolas. Estende-lhe sempre a mão, mesmo quando decaída. Por isso as mulheres reconhecidas lhe formam uma espécie de cortejo; muitas o acompanharão até a morte.

A situação da mulher, na civilização contemporânea, é difícil, não raro dolorosa. Nem sempre a mulher tem para si os usos e as leis; mil perigos a cercam, se ela fraqueja, se sucumbe, raramente se lhe estende mão amiga. A corrupção dos costumes fez da mulher a vítima do século. A miséria, as lágrimas, a prostituição, o suicídio – tal é a sorte de grande número de pobres criaturas em nossas sociedades opulentas.

Uma reação, porém, já se vai operando. Sob a denominação de feminismo, um certo movimento se acentua legítimo em seu princípio, exagerado, entretanto, em seus intuitos; porque ao lado de justas reivindicações, enuncia propósitos que fariam da mulher, não mais mulher, mas cópia, paródia do homem. O movimento feminista desconhece o verdadeiro papel da mulher e tende a transviá-la do destino que lhe está natural e normalmente traçado. O homem e a mulher nasceram para funções diferentes, mas complementares. No ponto de vista da ação social, são equivalentes e inseparáveis.

O moderno Espiritualismo, graças às suas práticas e doutrinas, todas de ideal, de amor, de equidade, encara a questão de modo diverso e resolve-a sem esforço e sem estardalhaço. Restitui a mulher seu verdadeiro lugar na família e na obra social, indicando-lhe a sublime função que lhe cabe desempenhar na educação e no adiantamento da Humanidade. Faz mais, reintegra-a em sua missão de mediadora predestinada, verdadeiro traço de união que liga as sociedades da Terra às do Espaço.

A grande sensibilidade da mulher a constitui o médium por excelência, capaz de exprimir, de traduzir os pensamentos, as emoções, os sofrimentos das almas, os altos ensinos dos Espíritos celestes. Na aplicação de suas faculdades encontra ela profundas alegrias e uma fonte viva de consolações. A feição religiosa do Espiritismo a atrai e lhe satisfaz as aspirações do coração, as necessidades de ternura, que estendem, para além do túmulo, aos entes desaparecidos. O perigo para ela, como para o homem, está no orgulho dos poderes adquiridos, na suscetibilidade exagerada. O ciúme, suscitando rivalidades entre médiuns, torna-se muitas vezes motivo de desagregação para os grupos.

Daí a necessidade de desenvolver na mulher, ao mesmo tempo que os poderes intuitivos, suas admiráveis qualidades morais, o esquecimento de si mesma, o júbilo do sacrifício, numa palavra, o sentimento dos deveres e das responsabilidades inerentes à sua missão mediatriz.

O Materialismo, não ponderando senão o nosso organismo físico, faz da mulher um ser inferior por sua fraqueza e a impele à sensualidade. Ao seu contato, essa flor de poesia verga ao peso das influências degradantes, se deprime e envilece. Privada de sua função mediadora, de sua imaculada auréola, tornada escrava dos sentidos, não é mais um ser instintivo, impulsivo, exposto às sugestões dos apetites mórbidos. O respeito mútuo, as sólidas virtudes domésticas desaparecem; a discórdia e o adultério se introduzem no lar; a família se dissolve, a felicidade se aniquila. Uma nova geração, desiludida e céptica, surge do seio de uma sociedade em decadência.

Com o Espiritualismo, porém, ergue de novo a mulher a inspirada fronte; vem associar-se intimamente à obra de harmonia social, ao movimento geral das idéias. O corpo não é mais que uma forma tomada por empréstimo; a essência da vida é o espírito, e nesse ponto de vista o homem e a mulher são favorecidos por igual. Assim, o moderno Espiritualismo restabelece o mesmo critério dos Celtas, nossos pais; firma a igualdade dos sexos sobre a identidade da natureza psíquica e o caráter imperecível do ser humano, e a ambos assegura posição idêntica nas agremiações de estudo.

Pelo Espiritismo se subtrai a mulher ao vértice dos sentidos e ascende à vida superior. Sua alma se ilumina de clarão mais puro; seu coração se torna o foco irradiador de ternos sentimentos e nobilíssimas paixões. Ela reassume no lar a encantadora missão que lhe pertence, feita de dedicação e piedade, seu importante e divino papel de mãe, de irmã e educadora, sua nobre e doce função persuasiva.

Cessa, desde então, a luta entre os dois sexos. As duas metades da Humanidade se aliam e equilibram no amor, para cooperarem juntas no plano providencial, nas obras da Divina Inteligência.

terça-feira, 30 de junho de 2009

Partida de um adversário do Espiritismo para o mundo dos Espíritos


Revista Espírita de outubro de 1865.

O artigo trata de um eclesiástico que era um "colérico" adversário declarado do Espiritismo. Era um homem instruído, e de inteligência superior à média.

Um grupo de estudos espíritas resolve evocá-lo, ao que o guia do médium informa que deveriam "ir devagar" na entrevista, pois o espírito daquele eclesiástico ainda estaria de certo modo resistente à propagação da Doutrina Espírita, apesar de seu estado como Espírito.

No decorrer da entrevista, podemos observar que o Espírito afirma compreender a veracidade da Doutrina Espírita, mas resiste, e procura justificar a necessidade de uma "oligarquia clerical".

O Espírito procura conduzir à conclusão de que o Espiritismo terminaria em cismas, divisões por infiltrações, deturpações ou algo do gênero.

Dentre as observações do Espírito, em que podemos perceber seus preconceitos terrestres, há um trecho que destaco a seguir:

Ditado do Espírito de um abade, antigo adversário do Espiritismo:

"(...)

Admitamos vossa doutrina confirmada; hei-la escutada, estendendo por toda a parte suas ramificações, no povo como na classe rica, no operário como no literato, e será este último [o literato] que vos prestará o concurso mais eficaz, mas que resultaria de tudo isso? Na minha opinião, hei-lo:

- Já se operaram divisões entre vós. Duas grandes seitas existem entre os Espíritas: os Espiritualistas da escola americana e os Espíritas da escola francesa; mas não consideremos senão esta última. Ela é una? não.

Eis, de um lado, os Puristas ou Kardecistas, que não admitem cada verdade senão depois de um exame atento, e a concordância de todos os dados; é o núcleo principal, mas não é o único;

diversos ramos, depois de terem se infiltrado nos grandes ensinos do centro, separam-se da mãe comum para formar seitas particulares;

outros, não inteiramente destacados do tronco, emitem opiniões subversivas.

Cada chefe de oposição tem seus aliados; os campos não estão ainda desenhados, mas se formam, e logo eclodirá a cisão.

Eu vo-lo digo, o Espiritismo, como as doutrinas filosóficas que o precederam, não poderá ter uma longa duração. Ele foi, cresceu; mas agora está no auge, e já desce. Faz sempre alguns adeptos, mas, como o Saint-Simonismo, como o Fourierismo, como os Teosófos, ele cairá, para ser talvez substituído, mas cairá, eu o creio firmemente.

(...)"

Allan Kardec, após citar tal entrevista, faz uma interessante refutação.

Sobre o que se refere ao destaque que citei, do abade, Kardec diz:

"(...)

Na assimilação que estabeleceis entre o Espiritismo e outras doutrinas filosóficas há falta de exatidão. Não foram os homens que fizeram o Espiritismo o que ele é, nem que farão o que será mais tarde; foram os Espíritos por seus ensinos: os homens não fizeram senão colocar em obra e coordenar os materiais que lhe são fornecidos.

Esse ensino não está ainda completo, e não se deve considerar o que deram até este dia senão como os primeiros degraus da ciência; pode-se compará-lo às quatro regras por relação aos matemáticos, e não estamos nele ainda senão nas equações de primeiro grau; é porque muitas pessoas não lhe compreendem ainda nem a importância nem o alcance. Mas os Espíritos regulam seus ensinos à sua vontade, e não depende de ninguém fazê-los ir mais depressa ou mais suavemente se não quiserem; eles não seguem mais os impacientes que não se coloquem a reboque dos retardatários.

O Espiritismo não é mais a obra de um único Espírito como não é a de um único homem; é a obra dos Espíritos em geral.

Segue-se que a opinião de um Espírito sobre um princípio qualquer não é considerada pelos espíritas senão como uma opinião individual, que pode ser justa ou falsa, e não tem valor senão quando é sancionada pelo ensino da maioria, dado sobre os diversos pontos do globo.

Foi esse ensino universal que fez o que ele é, e que fará o que será.

Diante desse poderoso critério caem necessariamente todas as teorias particulares que sejam o produto de idéias sistemáticas, seja de um homem, seja de um Espírito isolado. Uma idéia falsa pode, sem dúvida, agrupar ao seu redor alguns partidários, mas não prevalecerá jamais contra aquela que é ensinada por toda a parte."

"O Espiritismo, que vem apenas de nascer, mas que já levanta questões da mais alta gravidade, coloca necessariamente em efervescência uma multidão de imaginações.

Cada um vê a coisa de seu ponto de vista; daí a diversidade dos sistemas eclodidos em seu início, e dos quais a maioria já caiu diante da força do ensino geral.

Ocorrerá o mesmo com todos aqueles que não estão na verdade; porque ao ensino divergente de um Espírito, dado por um médium, sempre se oporá o ensino uniforme de milhões de Espíritos, dado por milhões de médiuns.

É a razão pela qual certas teorias excêntricas viveram apenas alguns dias, e não saíram do círculo onde nasceram; privadas de sanção, não encontram na opinião das massas nem ecos nem simpatias, e se, além disso, ferem a lógica e um vulgar bom senso, provocam um sentimento de repulsa que lhes precipita a queda.

O Espiritismo possui, pois, um elemento de estabilidade e de unidade que tira de sua natureza e de sua origem, e que não é o próprio de nenhuma das doutrinas filosóficas de concepção puramente humana; é o escudo contra o qual virão sempre se quebrar todas as tentativas feitas para derrubá-lo ou dividi-lo.

Essas divisões não podem jamais ser senão parciais, circunscritas e momentâneas."

"Falais das seitas que, em vossa opinião, dividem os espíritas, de onde concluís a ruína próxima de sua doutrina; mas vos esqueceis de todas aquelas que dividiram o Cristianismo desde seu nascimento, que o ensangüentaram, que o dividem ainda, e cujo número, até este dia, não se eleva a menos de trezentos e sessenta. No entanto, apesar das dissidências profundas sobre os dogmas fundamentais o Cristianismo ficou em pé, prova de que é independente dessas questões de controvérsias.

Por que quereríeis que o Espiritismo, que se liga por sua própria base aos princípios do Cristianismo, e que não é dividido senão sobre questões secundárias se elucidando cada dia, sofresse divergência de algumas questões pessoais, quando tem um ponto de união tão poderoso: o controle universal?

O Espiritismo estaria, pois, hoje dividido em vinte seitas, o que não é e não será, que isso não levaria a nenhuma conseqüência porque é o trabalho de nascimento. Se divisões fossem suscitadas por ambições pessoais, por homens dominados pelo pensamento de se fazerem chefes de seitas, ou de explorarem a idéia em proveito de seu amor-próprio ou de seus interesses, estes seriam, sem contradita, os menos perigosos.

As ambições pessoais morrem com os indivíduos, e se aqueles que quiseram se elevar não têm por eles a verdade, suas idéias morrem consigo, e talvez antes deles; mas a verdade verdadeira não poderia morrer.

Estais no verdadeiro, senhor abade, dizendo que haverá ruínas no Espiritismo, mas isso não é como o entendeis. Essas ruínas serão a de todas as opiniões errôneas que fervem e se fazem luz; se todas estão no erro, todas elas cairão, isto é inevitável; mas se houver uma só delas que esteja na verdade, ela sobreviverá infalivelmente."

"Duas divisões bastante marcantes, e às quais poder-se-ia realmente dar o nome de seitas, se formaram há alguns anos sobre o ensino de dois Espíritos que, se vestindo com nomes venerados, tinham captado a confiança de algumas pessoas; hoje, isso não é mais questão. Diante do que caíram? Diante do bom senso e da lógica das massas de uma parte, e diante do ensino geral dos Espíritos de acordo com esta mesma lógica."

"Contestareis o valor deste controle universal pela razão de que os Espíritos não sendo senão as almas dos homens são igualmente sujeitos a erro? Mas estaríeis em contradição convosco mesmo. Não admitis que um concilio geral tem mais autoridade do que um concilio particular, porque é mais numeroso; que sua opinião prevalece sobre a de cada padre, de cada bispo, e mesmo sobre a do Papa? Que a maioria faz lei em todas as assembléias dos homens? E não quereríeis que os Espíritos, que governam o mundo sob as ordens de Deus tivessem também seus concílios, suas assembléias? O que admitis entre os homens como sanção da verdade, o recusais aos Espíritos? Esqueceis, pois, que se, entre eles, há deles inferiores, e não é a eles que Deus confia os interesses da Terra, mas aos Espíritos superiores que venceram as etapas da humanidade e cujo número é incalculável?"

"E como nos transmitem as instruções da maioria?

É pela voz de um único Espírito ou de um único homem?

- Não, mas, como eu o disse, pela de milhões de Espíritos e de milhões de homens.

É num único centro, numa cidade, num país, numa casta, num povo privilegiado como outrora os israelitas?

- Não, é por toda a parte, em todos os países, em todas as religiões, entre os ricos e entre os pobres."

"Como quereis que a opinião de alguns indivíduos, encarnados ou desencarnados, possa se impor sobre esse conjunto formidável de vozes? Crede-me, senhor abade, essa sanção universal vale quanto a de um concilio ecumênico.

O Espiritismo é forte, precisamente porque se apoia sobre essa sanção e não sobre opiniões isoladas.

Proclama-se imutável no que ensina hoje, e diz que não tem mais nada a aprender? Não, porque seguiu até hoje, e seguirá no futuro, o ensino progressivo que lhe será dado, e aí ainda está para ele uma causa de força, uma vez que não se deixará jamais se distanciar pelo progresso.

(...)"

Allan Kardec

Revista Espírita
Outubro de 1865

Postagem do usuário Sávio da comunidade "Eu sou Espírita - Espiritismo" do Orkut.

segunda-feira, 22 de junho de 2009

Espiritismo e Espiritualismo

por Allan Kardec, em 1857

Para as coisas novas necessitamos de palavras novas, pois assim o exige a clareza de linguagem, para evitarmos a confusão inerente aos múltiplos sentidos dos próprios vocábulos. As palavras espiritual, espiritualista, espiritualismo têm uma significação bem definida; dar-lhes outra, para aplica-las à Doutrina dos Espíritos, seria multiplicar as causas já tão numerosas da anfibologia. Com efeito, o espiritualismo é o oposto do materialismo; quem quer que acredite haver em si mesmo alguma coisa além da matéria é espiritualista; mas não se segue dai que creia na existência dos Espíritos ou em suas comunicações com o mundo visível.

Em lugar das palavras espiritual e espiritualismo, empregaremos, para designar esta última crença, as palavras espírita e espiritismo, nas quais a forma lembra a origem e o sentido radical e que por isso mesmo têm a vantagem de ser perfeitamente inteligíveis, deixando para espiritualismo a sua significação própria. Diremos, portanto, que a Doutrina Espírita ou o Espiritismo tem por princípio as relações do mundo material com os Espíritos ou seres do mundo invisível. Os adeptos do Espiritismo serão os espíritas, ou, se o quiserem, os espiritistas.

Como especialidade O Livro dos Espíritos contém a Doutrina Espírita; como generalidade liga-se ao Espiritualismo, do qual apresenta uma das fases. Essa a razão por que traz sobre o título as palavras: Filosofia Espiritualista.

Fonte: O Livro dos Espíritos