Mostrando postagens com marcador fantasias mediúnicas. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador fantasias mediúnicas. Mostrar todas as postagens

quarta-feira, 22 de maio de 2013

Os Piores Inimigos do Espiritismo


Por Jorge Murta

Allan Kardec afirmou certa vez, que os piores inimigos do Espiritismo estariam entre seus pares. Pode parecer declaração demasiadamente dura e radical, mas veio dele mesmo e ele sabia do que estava falando. Hoje, nesse mundo de tanta confusão, o Movimento Espírita se vê envolto em um emaranhado de parvoíces que deixam os espíritas sérios preocupados com o destino da doutrina no mundo. Custa-se a acreditar que uma filosofia tão racional e desbravadora possa ter gerado pessoas com visão tão estreita e engessada da vida.

De duas uma: ou a Doutrina Espírita é defeituosa ou os espíritas não compreenderam seu alcance moral. Sabendo-se da inverdade da primeira hipótese, resta-nos curvar à realidade da segunda. A prova disso está na forma como a Doutrina é praticada nos centros espíritas do país inteiro, com réplicas perfeitas no exterior (principalmente em Portugal e nos Estados Unidos), "formando" adeptos que de espíritas só têm o nome. São os espíritas imperfeitos, de que está cheio o movimento, como por exemplo, os que vêm a público afirmar que Kardec está ultrapassado e que precisa ser reinterpretado, quando ainda nem se conhece a fundo dez por cento do seu pensamento. Consideram-se doutos em Espiritismo por terem lido as obras básicas, e toda a literatura acessória, psicografada ou não. E ler é uma coisa. Estudar, entender e compreender é outra bem diferente.

Vislumbrando as dificuldades pelas quais poderia passar o Espiritismo, advindas da falta de maturidade do homem, Allan Kardec tratou de deixar diretrizes que pudessem garantir a unidade de vistas dentro do pensamento doutrinário, bem como sua expansão com segurança. Idealizou um Comitê Central que funcionasse de forma democrática e o Controle Universal dos Espíritos para as revisões periódicas na doutrina (a cada 25 anos), de modo que não se perdesse no tempo e pudesse acompanhar a evolução do planeta. Nada disso foi seguido pelos homens que fizeram a história espírita.

Os espíritas "modernos" parecem desconhecer tal coisa. E, se conhecem, não dão a menor importância, pois defendem idéias esdrúxulas e contrárias aos fundamentos kardequianos, baseados em escritos ditados por Espíritos enganadores e pseudo-sábios. Essas idéias infiltram-se com facilidade em nosso meio, porque encontram o terreno fértil da ingenuidade e da falta do estudo que faz com que tudo se aceite sem exame, sem critério. É tempo de mudanças. O milênio termina e se inicia uma nova fase para o planeta. Os centros espíritas precisam se preparar para amparar o homem dentro de uma filosofia de vida melhor, mais justa e mais plena de compreensão das coisas divinas.

Para isso, necessita de espíritas sérios, que compreendam o verdadeiro sentido do Espiritismo, que possam trazer para dentro das casas espíritas uma nova ordem de práticas e metas, formando verdadeiramente homens de bem. Que possam retirar dos centros tudo o que não serve para a edificação do ser. Enfim, mostrar aos fariseus modernos a verdadeira face da Doutrina Espírita como agente modificador da humanidade e não como instrumento de gloríolas, de mera promoção pessoal e fábrica de fantasias.

As casas espíritas, inspiradas pelo espírito de sistema, optaram por navegar nas águas rasas do conhecimento, na superficialidade dos ensinos exarados das obras psicografadas de qualidade duvidosa. É comum, muito comum os espíritas saberem de cor as histórias romanceadas das vidas de personagens habitantes das colônias transitórias, mas não sabem sequer de onde surgiu a doutrina que professam. Espalhou-se no meio a idéia de que a leitura das Obras Básicas é muito difícil, melhor fazer um cursinho federativo, ou é melhor que se comece lendo romances e livrinhos de histórias fantasiosas sobre a vida espiritual, que só convencem mentes imaturas e sem senso de racionalidade.

O resultado disso é que quando a pessoa se interessa de fato pelo estudo da Doutrina, já se embrenhou num mundo irreal, já poluiu sua mente com leituras inadequadas e atrapalhadas, tornando-se muito mais difícil à incursão no conhecimento real do Espiritismo e atrasando sobremaneira o avanço da criatura na estrada da compreensão. Os conceitos que já se formaram em sua mente são de complicada reestruturação, e haja tempo para se formar outra mentalidade. São pessoas com um nível de fantasia tão grande acerca da vida terrena e espiritual, que misturam conceitos espíritas com outras doutrinas, terapias alternativas, auto-ajuda, auto-amor e tudo o que pode fazer uma grande confusão nas idéias.

É provado que quanto mais longe a pessoa está dos centros espíritas, mais fácil ela compreende os ensinamentos. Sim, e não é exagero. Mas é sem dúvida um paradoxo. Essa realidade é constatada pela nossa experiência. Observando varias casas e seus métodos, nos deram bem o diagnóstico de situações dramáticas existentes nas casas espíritas. Ou seja, os estudos são escassos, e quando existem são realizados pelos que têm pouco preparo, e que por sua vez, se "preparam" lendo Luiz Sérgio, Hernani T Santana, Patrícia, Lúcius, ou jornais e revistas espíritas já viciados com o espírito corporativista. Não desmerecemos a nobrezas da contribuição destas pessoas na compreensão geral da Doutrina, mas tais conceitos, pouco devem ser tomados como referência, mas que infelizmente é o que acontece neste combalido Movimento.

Os que começam os estudos das obras básicas, levam anos de leitura e custa a compreender a essência da Doutrina, por estarem envolvidos num pernicioso espírito de fantasia, idolatria e acima de tudo num grande equívoco acerca do conhecimento espírita. Mas, perguntamos, onde está o erro? Sabe-se que grande parte dos espíritas do país estão nas classes mais favorecidas intelectualmente. Então, qual a dificuldade? O problema está exatamente na maneira como o sistema está sendo estruturado e politicalizado. Deixando de lado as orientações do Codificador do Espiritismo, desde o início formou-se a industria dos cursos um clima propício à fomentação do irreal, da fantasia esdrúxula transformando-o em Doutrina igrejeira. As obras básicas não são apresentadas para o iniciante, mas sim um curso disso ou daquilo ou seja conhece-se o pensamento de Kardec só através de pessoas que nem sempre conhecem a Doutrina Espírita.

É hora de se fazer algumas reflexões em torno dessa situação. A Doutrina Espírita, na verdade, tem sido uma grande desconhecida nos centros espíritas. O que se ensina está muito longe da realidade. Enquanto se estiver dando importância às histórias contadas pelos oradores de cátedra, que divulgam suas próprias experiências ou as daqueles que escolheram como ídolos, não se chegará à compreensão do que seja a Doutrina dos Espíritos. Bom lembrar que a Codificação é o pensamento do Espírito de Verdade, enquanto as obras da literatura acessória são opiniões de Espíritos, que embora tenham seu valor, não podem ser tomadas como parâmetro para quem deseja adentrar no conhecimento espírita, quanto mais se aprofundar em seu estudo.

O problema é grave e merece atenção dos que estão alerta para as mudanças que se avizinham. Os centros espíritas, em sua maioria, não estão em condições de amparar, com o espírito de fraternidade, racionalidade e disciplina que tanto ensinou o Mestre lionês. Estão envoltos na grande ilusão que caracteriza o tempo atual e que avassala a sociedade como uma doença crônica que mina as resistências do organismo para só então se mostrar quando já causou conseqüências danosas e, por vezes, irreversíveis. O prejuízo causado pela doutrina de superficialidade ensinada pelo sistema oficial e perpetrada pelos seus representantes em congressos, encontros e seminários de toda natureza é enorme e não se pode mais fechar os olhos a essa realidade sob o pretexto da caridade. Caridade maior é desmascarar a hipocrisia, a idolatria e o atraso decorrentes do espírito de fascinação que envolve a maior parte do Movimento Espírita deste e de outros países.

É bastante conhecida a influência que as elites exercem nos diversos setores da sociedade e, como não poderia deixar de ser, também na área da religião. Com suas idéias de cunho puramente humano, elas modificam o verdadeiro sentido dos textos, moldando-os segundo as próprias conveniências. A história é testemunha deste fenômeno.

No movimento espírita de uns anos para cá, vêm se observando mudanças de práticas, hábitos e pensamentos em torno do Espiritismo. Inverteram o papel da casa espírita. Muitos núcleos foram ironicamente transformados em verdadeiros centros de assistência social, com graves prejuízos à obra libertadora do Espírito. (...)

A Doutrina do Consolador, promessa feita por Jesus aos homens, vem sendo interpretada de forma equivocada, sem qualquer baliza racional. Os responsáveis por esta conduta são membros das elites que acabaram assumindo postos de comando nas federações e casas espíritas, formando grupos políticos que só participam quem tem alto cargo político-empresarial. Embora seus pensamentos sejam relativamente úteis, quase sempre trazem o cunho das idéias humanas. Amam as gloriolas sociais, os títulos e o sentar nos primeiros lugares da festa.

Vê-se no movimento espírita uma poderosa influência deles, que podemos considerar os "doutores" do nosso tempo. Semelhante ao que ocorreu no passado, estas pessoas estão interpretando os ensinamentos dos Espíritos à luz do próprio conhecimento e dos interesses pessoais. As personalidades transitórias vêm sendo cultuadas como faziam os Fariseus dos tempos do Cristo. Alguns jornais espíritas, editados por Federações, são verdadeiros templos de vaidades, onde se deleitam orgulhosos escritores, oradores e médiuns. A maioria dos congressos são meros acontecimentos sociais e políticos, onde brilha o culturalismo vazio daqueles que pomposamente dirigem o sistema.

O sistema de pensamento e investigação desenvolvido por Allan Kardec é o grande ausente no Movimento Espírita. No final de sua vida, o Codificador estava só. Alguns detratores seus, que se diziam espíritas, afirmavam que ele queria apoderar-se da verdade e se fazer dono do Espiritismo. Jean Baptiste Roustaing e seus seguidores estavam entre eles.

Pouco antes de desencarnar, o Codificador começou a preparar instruções para salvaguardar o movimento nascente de falsas interpretações. Não chegou a terminar seu trabalho. Quando se lê seus últimos apontamentos, nota-se, com tristeza, que suas preciosas instruções sobre a condução do Movimento Espírita jamais foram seguidas por seus adeptos. Bom número deles sequer conhece suas obras, instrui-se em livros subsidiários nem sempre idôneos e, freqüentemente, é vítima de Espíritos enganadores.

A explícita vaidade que arrasta os incautos aos palcos dos aplausos fáceis, afastando-os da condição de humildes servos, pois que não trazem no corpo as marcas do íntimo trabalho de renovação moral em direção a Jesus. Essas marcas são de sacrifícios e renúncias, e não de glórias mundanas; são de humildade e não de exaltação; são de sinceridade e não de hipocrisia, lisonja e soberba; são de abnegação, coragem, altruísmo e perseverança. Somos os trabalhadores do Mestre Jesus. Examinemos a nossa consciência e procuremos identificar essas marcas em nós. Certamente teremos dificuldades em encontrá-las, pois para encontrá-las teremos que estudarmos.

Hoje os trabalhadores da seara espírita geralmente julgam-se detentores de muitas luzes. Comportam-se como se escolhidos fossem para desempenhar sublime missão e, considerando-se seres especiais, preocupam-se muito pouco com seu aprimoramento, o que leva muitos a trilhar por caminhos tais que, no mais das vezes, nada de edificante produzem, tornando-se estéreis como a figueira seca.

A Doutrina Espírita, sendo o Consolador prometido por Jesus, trouxe de volta as lições do Mestre, a simplicidade dos núcleos, onde a mensagem divina era ensinada pela inspiração dos Espíritos de Deus. As casas espíritas necessitam reencontrar esse caminho. São elas, através de seus ensinamentos, que poderão despertar as criaturas ao conhecimento da verdade.

O trabalhador espírita, verdadeiramente compenetrado do seu dever, deverá zelar pela seriedade do seu trabalho, entendendo que Jesus só precisa de homens de bem para desenvolver a sublime tarefa de transformação do planeta. Entretanto, enquanto permanecermos enclausurados em castelos de fantasia, enfeitando os centros espíritas com plantas que o Pai celestial não plantou, enquanto não compreendermos o quão pequenos somos diante do poder e sabedoria divinos, infelizmente estaremos caminhando na contramão. E certamente necessitando da mesma reprovação que Paulo fez aos Coríntios há dois mil anos.

Mudar essa mentalidade vigente, conduzindo parte desses seguidores de Allan Kardec ao encontro das instruções do Codificador do Espiritismo, é tarefa urgente. Espera-se que os espíritas sérios reúnam forças em torno desse ideal. Hoje, há diversas pessoas dentro e fora do país que buscam restabelecer essa base doutrinária. Urge estimular os centros espíritas a se ajustarem conforme as orientações da Codificação, fazendo com que se instale neles o gosto pelo estudo, pelo raciocínio e pelo trabalho metódico, faz-se necessário criarmos normas disciplinares, para a admissão e selecionarmos candidatos interessados em ingressar no estudo para humildemente servir na seara do Jesus.

As obrigações fundamentais da vida espírita, o esforço constante para conhecer-se, o estudo regular da doutrina para o desenvolvimento do raciocínio lógico, foram substituídos por preocupações de somenos importância. O assistencialismo tornou-se a principal tarefa dos seguidores de Allan Kardec. Pseudo-professores e falsos líderes semearam no terreno filosófico as duvidosas sementes de Espíritos enganadores, chegaram até ao movimento pelo discurso polido dos intelectuais.

O clima de fascinação que tomou conta do movimento espírita, dando importância excessiva e perniciosa a médiuns e ou oradores, que estimulados pela vaidade e exaltação da personalidade, brilham mais que a própria mensagem em suas aparições públicas.

Há hoje uma natural falta de coragem de grande parte dos formadores de opinião, dirigentes, líderes e jornalistas, em posicionar-se sobre posturas, práticas e atitudes discordantes com a coerência dos ensinos de Jesus, de Allan Kardec e dos Espíritos Superiores.

A irracionalidade criou o espírito de exclusão que tomou conta do movimento espírita impedindo as pessoas de pensarem com seus próprios recursos, exercitando a crítica construtiva e necessária em torno de questões morais e doutrinárias, que considerarem fora do bom senso e da racionalidade. Somente quem fez a "faculdade espírita" é que pode tecer comentários. Criou assim, o separatismo, e com isso a idéia de posições inatingíveis pelo cidadão simples, uma espécie de "vaticano espírita" onde a plebe só serve para ouvir a rotatória e taxativa ciranda melodramática de parábolas evangélicas impossíveis de serem naquela forma colocadas em prática, mas onde oradores elitizados, se deleitam justificando sua "missão" no mais absurdo igrejismo espírita.

A evidente e talvez irreversível desagregação do sistema espírita da sua forma original, segue sustentado na ilusão de uma unificação que só existe em torno da instituição que o representa oficialmente (FEB e federativas estaduais), e não em torno dos ideais de Jesus e Kardec.

A FEB e muitas afiliadas estudam, editam e inserem na sua grade de trabalhos e das casas associadas e também divulga a obra que têm como principal marca derrubar teses kardequianas racionais sobre a origem de Jesus e dos homens em geral: Os Quatro Evangelhos de Roustaing. Um dos maiores inimigos do Espiritismo e detratores dos trabalhos de Kardec.

O pensamento de Roustaing, que nada mais é que o espiritismo católico representa hoje um sistema fortemente alicerçado por entidades espirituais que o alimenta, infiltrado com sutileza na conduta de muitos espíritas e na grande maioria das obras literárias existentes no meio.

As elites adoram a troca pública de amabilidades, uma espécie de doença moral da nossa época. Paulo disse em sua segunda carta a Timóteo que nos últimos tempos haveria criaturas amantes de si mesmas, soberbas, desobedientes à Lei. Com aparência do bem, mas sem a eficácia dele. Entre nós, multiplicam-se esses valores. É a decadência dos que seguem a revelação transmitida pela industria do cursismo espírita.

O trabalho dos centros espíritas está entregue às interpretações de cada dirigente que, bem ou mal, tenta a custa de suor e lagrimas fazer a casa cumprir com suas tarefas. Nunca tivemos um sistema lógico e objetivo a nível nacional ou internacional, que pudesse formar dirigentes e trabalhadores produtivos, com reais condições de servirem às necessidades da Seara. Um amadorismo pueril está presente em toda à parte. A prática doutrinária brilha em letras, discursos e obras materiais, mas em realizações espirituais e objetividade, mostra-se extremamente pobre.

Kardec nos esclarece e com o Espiritismo nos ensina sobre uma lei que a tudo governa: a lei da evolução. É um fato inegável o de que todos nós estamos em constante mutação buscando o progresso. Tomando como base esta lei, Allan Kardec traçou a linha de conduta do verdadeiro espírita, para que todos se esforçassem constantemente para dominar suas más inclinações. Ora, só podemos lutar contra uma tendência ruim se tivermos consciência dela. Para tanto, temos que nos conhecer. Daí surge à necessidade do auto-conhecimento, para se saber dos próprios defeitos e só conseguimos isto através dos estudos das obras básicas, o que muito raramente se vê nas casas espíritas, e depois, da vivência para corrigí-las.

Allan Kardec dizia que uma sociedade é um ser coletivo e que todos os princípios aplicados a uma pessoa poderiam ser igualmente aplicados a ela. Em razão disso, estamos propondo que dirigentes e trabalhadores façam uma sincera avaliação das atividades de suas casas espíritas e que tomem providências para melhorá-las. O movimento espírita vive em estado de apatia doutrinária. Há muito pouco interesse e resultados em torno dos estudos e das práticas relativas ao Espiritismo. Os centros se distanciaram de suas finalidades básicas, dando origem a um vazio que se torna mais patente a cada dia. A Doutrina é o renascimento do cristianismo primitivo e, para bem compreendermos as finalidades do centro espírita, devemos examinar o tipo de trabalho desenvolvido pelos Apóstolos e pelo próprio Allan Kardec.

Todos temos consciência que a obra do Espírito fere mortalmente os interesses terrenos. Entre nós espíritas, houve um grave descuido do "vigiai e orai", ensinado pelo Mestre. O mundo agiu e nós fizemos pouco para impedi-lo. Hoje, não é tempo para a destruição de livros, nem para a perseguição de pessoas, mas queremos chamar a atenção para os métodos hipócritas que existem pelos quais os simples podem ser enganados.

Falta-nos o ânimo dos cristãos primitivos, dos espíritas legitimamente kardequianos. Não é possível continuarmos ouvindo oradores realizarem polidos discursos ufanistas de felicidade, enquanto a humanidade agoniza na mais absurda ignorância e pobreza espiritual, ao lado da FEB. Continuarmos, assistindo às tolas discussões filosóficas em torno da doutrina de Roustaing ou da supremacia da Federação Espírita Brasileira sobre os espíritas do mundo. É chegada a hora dos espíritas sérios pensarem em reunir forças em torno dos ideais de Allan Kardec(...)

O movimento espírita tornou-se um meio contaminado por idéias e práticas estranhas, vindas das mais variadas vertentes do pensamento humano. Hoje grande parte das idéias divulgada pela FEB é a expressão do pensamento católico roustainguista, portanto, a antítese do pensamento kardequiano. A Federação Espírita Brasileira responsável oficial pelo sistema espírita Brasileiro, não seguiu as orientações do mestre Allan Kardec, resultando daí um movimento sem organização e controle devidos.

Para o iniciante, a palestra e o estudo, é a nosso ver depois do exemplo vivo, a mais importante forma de se ensinar Espiritismo. Através do diálogo, acontece as exposições dos fundamentos da doutrina nas reuniões públicas, os espíritos nos brindam com intuições amorosas a luz do Evangelho, com técnica, razão, delicadeza, sentimento, simplicidade e calcados pela ascendência moral.

O momento atual, exige do espírita muita responsabilidade.

E para pré-concluir, cuidado não apenas com as hordas místicas que estamos enfrentando, mas cuidado também com grupos disfarçados de não místicos, mas que se isolam dos demais querendo fazer um espiritismo separatista, alegando um exagerado cientificismo. Ciência espírita não é cientificismo e espiritismo é para todos, não para uma elite, não para uns poucos que se acham o supra-sumo, a ultima bolacha do pacote espírita. Combatemos o misticismo sim, mas eles são arrogantes e destratam os místicos e os espiritas em geral que não pensam como eles.

Pensem nisso!

"Fé inabalável é somente aquela que pode encarar a razão face a face, em todas as épocas da humanidade."

"Nascer, Morrer, Renascer ainda e Progredir sem cessar, tal é a Lei".

"Todo efeito tem uma causa; todo efeito inteligente tem uma causa inteligente; a potência de uma causa está na razão da grandeza do efeito".

"Sejam quais forem os prodígios realizados pela inteligência humana, esta inteligência tem também uma causa primária. É a inteligência superior a causa primária de todas as coisas, qualquer que seja o nome pelo qual o homem a designe".

"Reconhece-se à qualidade dos Espíritos pela sua linguagem; a dos Espíritos verdadeiramente bons e superiores é sempre digna, nobre, lógica, isenta de contradições; respira a sabedoria, a benevolência, a modéstia e a moral mais pura; é concisa e sem palavras inúteis. Nos Espíritos inferiores, ignorantes, ou orgulhosos, o vazio das idéias é quase sempre compensado pela abundância de palavras. Todo pensamento evidentemente falso, toda máxima contrária à sã moral, todo conselho ridículo, toda expressão grosseira, trivial ou simplesmente frívola, enfim, toda marca de malevolência, de presunção ou de arrogância, são sinais incontestáveis de inferioridade num Espírito".

"Reconhece-se o verdadeiro espírita pela sua transformação moral, e pelos esforços que faz para domar as suas más inclinações".

"Caminhando de par com o progresso, o Espiritismo jamais será ultrapassado, porque, se novas descobertas lhe demonstrassem estar em erro acerca de um ponto qualquer, ele se modificaria nesse ponto. Se uma verdade nova se revelar, ela a aceitará"

"Melhorados os homens, não fornecerão ao mundo invisível senão bons espíritos; estes, encarnando-se, por sua vez só fornecerão à Humanidade corporal elementos aperfeiçoados. A Terra deixará, então, de ser um mundo expiatório e os homens não sofrerão mais as misérias decorrentes das suas imperfeições".

"Onde quer que as minhas obras penetram servem de guia, e o Espiritismo é visto sob o seu verdadeiro aspecto, isto é, sob um caráter exclusivamente moral".

"Pelo espiritismo a humanidade deve entrar em uma nova fase, a do progresso moral, que é a sua conseqüência inevitável".

"Antes de fazer a coisa para os homens, é preciso formar os homens para a coisa, como se formam obreiros, antes de lhes confiar um trabalho. Antes de construir, é preciso que nos certifiquemos da solidez dos materiais. Aqui os materiais sólidos são os homens de coração, de devotamento e abnegação".

Se souber de quem são estas palavras, tire suas próprias conclusões.

Fonte: http://espiritismodeverdade.blogspot.com.br/2013/03/os-piores-inimigos-do-espiritismo.html

quarta-feira, 27 de junho de 2012

Males Encomendados

Por Richard Simonetti

1 - Na questão 551, de O Livro dos Espíritos, Kardec pergunta: “Pode um homem mau, com o auxílio de um mau Espírito que lhe seja dedicado, fazer mal ao seu próximo?” A resposta é surpreendente: “Não; Deus não o permitiria.” Não contraria os incontáveis casos de pessoas perseguidas por Espíritos que atendem à evocação maldosa de gente que pretende prejudicá-las?

Há muita fantasia em torno do assunto, envolvendo médiuns supostamente capazes de “contratar” tais Espíritos, supostamente dotados de poderes para prejudicar as vítimas. Se isso fosse tão simples estaríamos todos “fritos”, conforme a expressão popular, à mercê dessas influências.

2 - No entanto, é comum nos depararmos com pessoas assustadas que foram informadas de que estão “amarradas” por artes desses “contratos”.

 É a maneira desonesta usada por gente especializada em impressionar os incautos. Há muita ingenuidade da parte dos consulentes e muita malandragem da parte dos supostos “médiuns”, amedrontando-os para mais facilmente tirar-lhes dinheiro.
      
3 - Não obstante, toda obsessão envolve influências espirituais. Sejam evocadas por médiuns ou tenham a iniciativa de Espíritos malfazejos, não produzem males na vítima?

Consideremos que um Espírito pode nos ocasionar embaraços, envolvendo as pessoas que nos rodeiam ou pressionando nosso psiquismo, mas só será capaz de nos molestar na intimidade da própria consciência se reagirmos de forma desajustada. Então, não é o mal que nos faça que nos afetará, mas o mal que asilarmos em reação à sua influência. Se eu conseguir manter a calma e o equilíbrio, sintonizado com o bem e a verdade, não serei atingido.

4 - Digamos que o Espírito obsidie uma mulher, induzindo- a ao adultério. Não estará fazendo mal ao seu marido?

O mal está com quem o pratica, no caso a esposa que cedeu à influência do Espírito, por guardar tendências compatíveis com o adultério. Vai responder por isso. Se o marido, revelando comportamento machista, agredi-la ou submetê-la à execração pública, então, sim, estará se envolvendo com o mal.

5 - De qualquer forma, haverá sofrimento para ele. Isso não é um mal?

Não podemos confundir com o mal o sofrimento decorrente de algum prejuízo moral ou material que nos façam. Ele está nos sentimentos negativos, no ódio, no rancor, no desejo de vingança…Se não os asilamos no coração, esse mal “periférico” nos fará crescer.

6 - Então o mal acaba se convertendo num bem?

Sem dúvida, mesmo o mal que façamos porquanto, contrariando as leis divinas, somos penalizados por nossa própria consciência que, mais cedo ou mais tarde, nos imporá sofrimentos depuradores, que nos converterão ao Bem.

7 - Por isso  Jesus recomendava o perdão?

Não apenas sete vezes, mas setenta vezes sete, perdão  incondicional, que tira o sofrimento maior, quando nos causam prejuízos, ajudando-nos a manter a própria integridade, sem nos deixarmos arrastar ao revide, este sim, o verdadeiro prejuízo, inspirado pelo mal em nós, quando não relevamos.

8 - Em resumo…

Nenhum Espírito nos induzirá ao mal, se cultivarmos o bem. Mesmo diante de prejuízos que nos cause, conservaremos a própria integridade, evitando os comprometimentos do desequilíbrio. Consideremos, ainda, a questão vibratória, quando assediados por Espíritos que venham por encomenda ou por iniciativa própria: não seremos afetados, desde que mantenhamos uma conduta reta, firma, baseada em princípios de fraternidade e respeito pelo próximo. Atendendo à lei de sintonia psíquica, nenhum Espírito mau nos envolverá se sempre encontrar o bem a reinar em nosso coração.

Revista Internacional de Espiritismo, Julho de 2004.

sábado, 9 de outubro de 2010

A Doutrina Espírita e o Mito de Perseu

Por Francisco Amado

Perseu foi um herói e semideus grego. Sua história começa quando Zeus, numa de suas tantas escapulidas conjugais, transformou-se em chuva de ouro e derramou-se sobre a torre onde vivia a belíssima Danea, filha do rei de Argos.

Uma antiga profecia dizia que o rei seria morto por seu neto, assim, quando Perseu, fruto da relação entre Zeus e Danea, nasceu o rei enclausurou a filha e o neto em um grande baú e lançou-os ao mar. O baú foi guiado por Zeus até a ilha de Sefiro, onde viverem durante longos anos.

Perseu tornou-se um belo e intrépido rapaz. Sua mãe casou mais tarde com o rei Polidectes. Esse vendo que Perseu era corajoso e ambicioso temeu que algum dia pudesse voltar-se contra si, então propôs aos súditos do reino um torneio, o vencedor seria aquele que trouxesse a cabeça da terrível górgona Medusa.

A Medusa era uma criatura monstruosa, o objeto da maldição da deusa Atena. Quando jovem possuía admirável beleza, mas em compensação seu caráter era por demais devassos. Certa feita Atena percebeu que a aparência de Medusa lembrava-lhe os traços, a para não permitir que sua imagem fosse associada à corrupção de Medusa, execrou-a.

As belas madeixas de Medusa foram transformadas em serpentes venenosas, seu corpo macio foi revestido por uma couraça de escamas reptilianas, e para terminar fez com que todos os que olhassem para Medusa fossem transformados em pedra.

Perseu, com a ajuda da deusa Atena, consegui encontrar a terrível Medusa. Para enfrentá-la valeu-se de alguns presentes especiais, asas de Hermes nas sandálias para adquirir velocidade, escudo de Atena e um capacete de invisibilidade. Numa das versões ele ainda ganha uma foice afiada do deus Hermes. Quando se deparou com a Medusa o herói não lhe contemplou diretamente a face, mas usou o escudo que era capaz de refletir perfeitamente as imagens como um espelho.

Assim, olhando indiretamente a criatura, foi capaz de desferir-lhe um golpe mortal. A cabeça da Medusa foi decepada e de dentro dela saíram duas criaturas fantásticas, Pégaso o cavalo alado e o gigante Crisaor. Ambos eram filhos de Netuno com Medusa, mas só poderiam nascer quando essa fosse morta.

Então Perseu voltou vitorioso para casa. Outro episódio marcante de sua história foi o resgate da bela Andrômeda, filha da rainha Cassiopéia. A princesa havia sido oferecida como sacrifício vivo a Cetus, um tenebroso monstro marinho (esqueça o Kraken do filme, que era nórdico e não grego). Perseu matou o monstro utilizando-se da cabeça da Medusa. Por fim casou-se com Andrômeda e voltou para sua terra natal, Argos. Seu avô ao saber do retorno do neto fugiu para Tessália.

Aconteceu que depois Perseu também se norteou para lá, a fim de participar dos jogos fúnebres do rei de Larissa, cidade da Tessália. Enquanto competia arremesso de disco, sem querer projetou o disco na direção de seu avô que se encontrava na plateia, o impacto foi mortal, cumprindo-se assim a desalentadora profecia.

A analogia

A Medusa é um arquétipo de medo.

A petrificação como resultado de seu vislumbre era a própria morte, a aniquilação total da vida. Assim como Perseu, o espírita tem que tomar uma decisão, fugir ou comprometer-se com a doutrina espírita vacinando-se contra a anemia intelectual, que é causada pela raridade dos estudos sérios, causado pela leitura excessiva de romances espiritualistas.

É lógico que debruçar o pensamento sobre si mesmo, e às vezes colocar as nossas próprias “certezas” em dúvida é uma missão perigosa e que geralmente nos petrifica. Se realmente adotamos a doutrina espírita em nossa vida não podemos nos manter tolhidos como estátuas, indiferentes ao estudo sério e continuado. Perseu não fugiu, mas também não se arrostou sem precauções.

Não mirou diretamente para a Medusa, utilizou-se do escudo para ver apenas a imagem, a representação da criatura. Esse é o papel do Livro dos Espíritos. O Livro dos Espíritos é o escudo de Atena.

Não é possível fitar diretamente os espíritos que se comunicam por via mediúnica, mas temos uma ferramenta que nos ajuda abarcar sua subjetividade.

As Obras Básicas em seu todo nos expõe as regras das boas comunicações mediúnicas.

Ela articula os conceitos para que o investigador possa trabalhar inquirir, guerrear, desembainhar a espada para o prélio do conhecimento verdadeiramente espírita. Como as asas nas sandálias O Livro dos médiuns junto com a Revista Espírita pode fazer o herói viajar mais rápido, na contramão dos que se conservam na letargia do senso comum espiritualista.

Pode nos fazer voar acima dos montes gelados da fantasia e do maravilhoso facilitando o desenvolvimento real da doutrina em bases racionais. A Revista Espírita, como a coifa de Hades, nos faz invisíveis. O homem invisível pode fazer tudo, e justamente por isso lhe pesa maior responsabilidade ética.

O homem invisível é aquele que pode de fato agir com justeza moral, pois ele não o fará pelo temor do castigo ou das exigências sociais, ele o fará porque é bom e certo fazer.

E como Perseu o espírita que estuda participa dos jogos fúnebres da sua ignorância enterrando para sempre a falta de saber e a arremessando seu disco da busca da verdade vai cumprir finalmente a profecia de Kardec que é o demarcar uma nova era para a humanidade.

Pense nisso ou continue petrificado com as fantasias mediúnicas.

Fonte: Webartigos.com