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quarta-feira, 27 de junho de 2012

Males Encomendados

Por Richard Simonetti

1 - Na questão 551, de O Livro dos Espíritos, Kardec pergunta: “Pode um homem mau, com o auxílio de um mau Espírito que lhe seja dedicado, fazer mal ao seu próximo?” A resposta é surpreendente: “Não; Deus não o permitiria.” Não contraria os incontáveis casos de pessoas perseguidas por Espíritos que atendem à evocação maldosa de gente que pretende prejudicá-las?

Há muita fantasia em torno do assunto, envolvendo médiuns supostamente capazes de “contratar” tais Espíritos, supostamente dotados de poderes para prejudicar as vítimas. Se isso fosse tão simples estaríamos todos “fritos”, conforme a expressão popular, à mercê dessas influências.

2 - No entanto, é comum nos depararmos com pessoas assustadas que foram informadas de que estão “amarradas” por artes desses “contratos”.

 É a maneira desonesta usada por gente especializada em impressionar os incautos. Há muita ingenuidade da parte dos consulentes e muita malandragem da parte dos supostos “médiuns”, amedrontando-os para mais facilmente tirar-lhes dinheiro.
      
3 - Não obstante, toda obsessão envolve influências espirituais. Sejam evocadas por médiuns ou tenham a iniciativa de Espíritos malfazejos, não produzem males na vítima?

Consideremos que um Espírito pode nos ocasionar embaraços, envolvendo as pessoas que nos rodeiam ou pressionando nosso psiquismo, mas só será capaz de nos molestar na intimidade da própria consciência se reagirmos de forma desajustada. Então, não é o mal que nos faça que nos afetará, mas o mal que asilarmos em reação à sua influência. Se eu conseguir manter a calma e o equilíbrio, sintonizado com o bem e a verdade, não serei atingido.

4 - Digamos que o Espírito obsidie uma mulher, induzindo- a ao adultério. Não estará fazendo mal ao seu marido?

O mal está com quem o pratica, no caso a esposa que cedeu à influência do Espírito, por guardar tendências compatíveis com o adultério. Vai responder por isso. Se o marido, revelando comportamento machista, agredi-la ou submetê-la à execração pública, então, sim, estará se envolvendo com o mal.

5 - De qualquer forma, haverá sofrimento para ele. Isso não é um mal?

Não podemos confundir com o mal o sofrimento decorrente de algum prejuízo moral ou material que nos façam. Ele está nos sentimentos negativos, no ódio, no rancor, no desejo de vingança…Se não os asilamos no coração, esse mal “periférico” nos fará crescer.

6 - Então o mal acaba se convertendo num bem?

Sem dúvida, mesmo o mal que façamos porquanto, contrariando as leis divinas, somos penalizados por nossa própria consciência que, mais cedo ou mais tarde, nos imporá sofrimentos depuradores, que nos converterão ao Bem.

7 - Por isso  Jesus recomendava o perdão?

Não apenas sete vezes, mas setenta vezes sete, perdão  incondicional, que tira o sofrimento maior, quando nos causam prejuízos, ajudando-nos a manter a própria integridade, sem nos deixarmos arrastar ao revide, este sim, o verdadeiro prejuízo, inspirado pelo mal em nós, quando não relevamos.

8 - Em resumo…

Nenhum Espírito nos induzirá ao mal, se cultivarmos o bem. Mesmo diante de prejuízos que nos cause, conservaremos a própria integridade, evitando os comprometimentos do desequilíbrio. Consideremos, ainda, a questão vibratória, quando assediados por Espíritos que venham por encomenda ou por iniciativa própria: não seremos afetados, desde que mantenhamos uma conduta reta, firma, baseada em princípios de fraternidade e respeito pelo próximo. Atendendo à lei de sintonia psíquica, nenhum Espírito mau nos envolverá se sempre encontrar o bem a reinar em nosso coração.

Revista Internacional de Espiritismo, Julho de 2004.

quinta-feira, 5 de maio de 2011

A Fantasia Espírita

"Não sou a causa de todos os males dos quais me acusam"
Por Riviane Damásio

Vejo que alguns espíritas vivem num mundo de realismo fantástico. Além de seus mentores lhe enviarem até ajuda para trocar o pneu furado, costumam travar diálogos cotidianos com os espíritos, de modo muito informal e freqüente, eu diria que "desrespeitoso" até... enxotando-os de perto de si com gracejos, quando estão atrapalhando o sono ou chegaram em momentos inadequados...

A relação "amigo-invisível" lembra em muito os relatos infantis, quando a criança com seu amiguinho invisível, conversa, brinca, ri e divide seu lanche.

A questão é que este convívio tão fácil, vulgar e estreito não está relatado desta forma nem na Doutrina Espírita nem mesmo na quase-doutrina (espiritismo à moda da casa). Ouve-se isto nos diálogos, nos causos, nas biografias de médiuns "famosos", etc...ou seja, nos "offs" da vida.

Somado a isto, vem aquela idéia de que tudo é fenômeno espiritual, não no sentido do fenômeno espírita sério, mas TUDO mesmo.

A luz que apaga de repente foi detonada por energias carregadas do pobre coitado que passou sob o poste. O cão ameaçador que voltou e estancou de repente foi parado pelo mentor que deu um “stop” espiritual (embora diariamente milhares de pessoas sejam vitimadas por assaltos, balas perdidas, mordeduras de cães - e tudo sem a ajudinha básica de espíritos de plantão). O despertar súbito às 3 da madrugada... nossa, uma hora bem significativa, que deve ter um sentido oculto! A dor de cabeça é coisa do obsessor... Se bocejar no Centro Espírita, a coisa está brava.

Se a pressão cair então, fica logo internado no Pronto Socorro espiritual.

Caiu a panela, foi espírito; o telefone tocou e parou, foi espírito; tinha uma manchinha na foto, era um espírito; briga na família, é espiritual, no trabalho, idem; sensação de “deja vu”, não pode ser estresse, são vidas passadas.

O acidente foi reajuste, o vendaval também, até o bolo que murchou no forno foi a lei da "ação e reação".

Cheiro de flores? Não foi o vento que trouxe, foram os espíritos, a página abriu justamente naquele capítulo do Evangelho Segundo o Espiritismo que se encaixa... com o que, mesmo? Ufa!

A água do Evangelho no Lar deu bolinhas, então os espíritos intervieram. Foram eles também que induziram aquele sonho esquisito que deve ter sido uma visita assistencial ao Umbral (quem sonha com o lendário Umbral, está sempre fazendo trabalho solidário, nunca vai visitar amigos), ou então uma colônia desenvolvidíssima que fica às margens de Saturno (deu até para ouvir a música que vinha da casa daquele compositor famoso).

Nada disso isolado, me soa surpreendente, mas tudo junto me parece mais uma viagem de Dorothy ou de Alice ao país das maravilhas espirituais... e o pior, a maioria nem médium "ostensivo" é, e vive nestas fantasias encarnatórias (plagiando as fantasias da erraticidade que nos brindou Iso Jorge).

É tanto fenômeno junto cercando algumas pessoas, que não dá para entender o porque de terem encarnado, pois nesta altura, o véu do esquecimento já foi arrancado há muito tempo e vivem numa verdadeira nudez espiritual que se mescla com a vida terrena.

Eu confesso, tenho muito medo de fantasia espiritual. Dizem que pega e a vacina se chama Kardec, mas aqui no Brasil, deixaram de utilizar...

domingo, 12 de dezembro de 2010

Espíritas escravizados a símbolos, mitos e fantasias

Por Jorge Hessen

Muitas Instituições Espíritas mantêm práticas e/ou discussões estéreis em torno de assuntos como: “crianças índigos”, “Chico é ou não é Kardec?”, “ubaldismos”, “ramatisismos”, “apometria”, “cromoterapias”, “militância na política partidária”, “desobsessão por corrente magnética (com direito a choques anímicos) e tantos outros inusitados "ismos" e "pias". Alguns confrades creem que a apometria vai revolucionar o universo da "cura espiritual". Pasmem! Ora, quem estuda com seriedade os livros de Kardec sabe que a cura das obsessões não se consegue com o toque de mágica apométrica.

Sabemos que foi descomunal o esforço de Allan Kardec para legar à humanidade uma doutrina imune a esses atavismos, vícios religiosos e dogmas de toda natureza. Todavia, como as pessoas são pouco entusiasmadas para o estudo metódico e sério, inventam e impõem práticas bizarras, evocam os “benzedeiros do além” para que venham completar esse vácuo causado pala ausência absoluta de bom senso.

Estamos fazendo, no Brasil, um Espiritismo à moda brasileira. Os centros espíritas praticam um “Espiritismo à moda da casa” (para todos os gostos). Há confrades que insistem em usar trajes especiais nas instituições. Porém, sabemos que o Espiritismo não adota indumentárias especiais, nem enfeites, amuletos, colares, vestes brancas (“significando o bem”) ou vestimentas pretas ou vermelhas (“significando o mal”). Os trabalhadores cônscios da realidade Espírita trajam roupas normais, de forma simples, até porque, a discrição deve fazer parte dos que trabalham para o Cristo.

Há médiuns que se ajoelham diante de imagens “sagradas” e de determinadas pessoas; mantêm-se genuflexos e beijam a mão dos responsáveis pela Casa Espírita, como forma de reverenciá-los; benzem-se; fazem sinais cabalísticos; e outros, por incrível que pareça, proferem palavras esquisitas (mantras) para evocar os Espíritos. Isso é compreensível nos terreiros, mas jamais numa casa de orientação espírita.

O misticismo, a mistificação, a mitificação de entes do além e a introdução de práticas atávicas à doutrina têm se tornado comuns para muitos desavisados “espíritas” que, pela leitura de obras “mediúnicas” vazias de conteúdos dignificantes, perdem a capacidade de análise dos fatos e evocam o posicionamento dos “desencarnados” para todas as situações, deixando de ter uma opinião firme e lógica como se faz necessária, ou como diria o mestre Lionês - uma fé raciocinada!

Como se não bastasse tudo isso, encontramos os idólatras, tais como os “divaldistas”, os “rauteixeiristas” e outros. As pessoas estão endeusando esses companheiros justamente por desconhecerem como é a programação espírita desde o século XIX. Alguns inclusive espelham-se de tal maneira nesses oradores, que copiam até o timbre, a forma de falar e os trejeitos, que são vergonhosamente materializados nas palestras públicas, cujos temas também são plagiados. Pois é! Há palestrantes que promovem, das tribunas, verdadeiros shows da própria imagem, mise-en-scène, esta também protagonizada pelos ilustres diretores de instituições doutrinárias que não abrem mão do uso do pomposo “Dr.” antes do nome.

A questão é: como evitar esses disparates? Como agir, com tolerância cristã, ante os Centros mal orientados, com dirigentes alienados, com médiuns obsidiados, com oradores “show-men”? Enfim, como agir, diante dos cegos que querem guiar outros cegos?

Para os espíritas light (mornos bonzinhos) é interessante a prática do "lavo as mãos" do "laissez faire", "laissez aller", "laissez passer". Porém, os Benfeitores espirituais são peremptórios e nos advertem que cabe a nós a obrigação intransferível de SALVAGUARDAR os ensinamentos de Allan Kardec, pelo exemplo diário do amor fraterno e pela coragem do diálogo elevado.

Os Centros que praticam as inócuas terapias ou rituais aqui descritos têm liberdade para fazê-lo, porém, não deveriam utilizar o termo espírita nas suas diretrizes. O bom senso obriga que os seus estatutos sejam modificados. Há aqueles que vão inventando “guias” para servirem de embaixadores junto aos espíritos superiores para cuidarem dos seus interesses, assim na terra como no além. Será que as peregrinações para lugares “sagrados” como Uberaba, Salvador, Niterói, Paris etc, não se constituem, na essência, como romarias, trazidas dos atavismos de outros credos?

Os Códigos Evangélicos nos impõem a obrigatória fraternidade para com os confrades equivocados, o que não equivale a dizer que devamos nos omitir quanto à oportuna admoestação, para que a Casa Espírita não se transforme em usina de zumbis.

O que se percebe frente ao que está acontecendo é que muitos “espíritas” estão tão escravizados a símbolos, mitos e fantasias quanto os irmãos de outras crenças místicas. Faz-se necessário, então, que as instituições kardecianas busquem uma melhora qualitativa no âmbito da divulgação, assistência social e formação doutrinária, oferecendo tanto aos principiantes quanto aos demais trabalhadores da instituição uma informação segura, sustentada nas obras basilares sistematizadas por Allan Kardec, a fim de que a Doutrina dos Espíritos possa seguir incólume, livre de sincretismos e perigosíssimas promessas de cura, oferecendo placebos desobsessivos, sem o respaldo dos Bons Espíritos.

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Erraticidade e fantasias espirituais

Por Iso Jorge Teixeira

Natureza da vida depois da morte

O Espiritismo é uma Doutrina consoladora por excelência, ele demonstra por fatos patentes a imortalidade da alma, a sua individualidade após a morte e a necessidade de reencarnação para o aperfeiçoamento, pois somos perfectíveis. Todos esses princípios estão resumidos nas questões 149, 150, 152, 166, 166-a, 166-b, 166-c e 223 de O Livro dos Espíritos de ALLAN KARDEC.

Destino das Almas depois da morte

Que acontece com a alma após a morte? A dos bons irão para o céu e a dos maus para o inferno? Haveria um purgatório, um lugar determinado para a ascensão ao céu ou como preparativo para a reencarnação daquelas almas necessitadas de purificação?...

Essas perguntas, exceto a primeira, seriam respondidas com um sim pela maioria dos religiosos brasileiros... Inclusive DANTE ALIGHIERI em sua A Divina Comédia, descreve minuciosamente INFERNO, PURGATÓRIO e CÉU, de maneira genial, embora com os ensinamentos e os conhecimentos "científicos" e míticos medievais e o não menos genial GUSTAVO DORÉ ilustrou magistralmente tal obra, a bico-de-pena.

Curiosamente, alguns confrades sincretizam tais conceitos de céu, inferno e purgatório e admitem coisas semelhantes àquelas descritas n' A Divina Comédia – do obscurantismo medieval –dizendo que após a morte seremos encaminhados para um "Pronto - Socorro Espiritual" e daí, para "colônias espirituais". No entanto, não é isso que está explícito e implícito na Doutrina dos Espíritos; por isso, julgamos importante tratar aqui da questão básica relativa à erraticidade e dos Espíritos errantes...

Que seremos ao desencarnarmos?

Estamos encarnados na Terra para provas e expiações, por isso somos, na esmagadora maioria, Espíritos inferiores. Ao desencarnarmos seremos, na quase totalidade, Espíritos errantes e isso está bem claro na resposta à questão 224 de O Livro dos Espíritos de ALLAN KARDEC, ou seja, nos intervalos da encarnações a alma é um "Espírito errante, que aspira a um novo destino e o espera".

A erraticidade não é um sinal de inferioridade entre os Espíritos, pois estes ali existem em todos os graus (cf. resposta à questão 225, op.cit.), mas somente os Espíritos Puros não são errantes, pois seu estado é definitivo (cf. resposta à questão 226, op. cit.).

Enfim, Espíritos errantes são aqueles em trânsito, que esperam uma oportunidade de reencarnação em nosso planeta ou em outro... Embora possamos evoluir no estado errante – através do estudo do nosso passado e observando os lugares que percorrermos, ouvindo os homens esclarecidos e captando os conselhos dos espíritos mais elevados (cf. resposta à questão 227, op. cit.) –, é através da existência corpórea que pomos em prática as idéias adquiridas na erraticidade (resposta à questão 230 'in fine').

Ora, há uma série de livros mediúnicos em que aparecem Espíritos, com falsa modéstia indisfarçável, que se dizem "imperfeitos" e que estariam "ajudando os irmãozinhos encarnados", durante séculos na erraticidade. Como um deles, num Centro em que freqüentamos, que dizia ser o "pai Joaquim", que – após uma troca de idéias, preparatória, para uma sessão mediúnica –, dirigiu-se diretamente a nós, dizendo:

–– Dr., o Sr. tem preconceito contra os pretos - velhos?

Ao que respondemos, então:

–– É por não ter preconceito que não entendo porque o Sr. se intitula "pai Joaquim"!

Em seguida, ele fez uma longa explanação, aliás repetida em muitos Centros, de que a encarnação preferida dele foi a de um escravo, por isso se intitulava assim. E finalmente disse:

–– Estou aqui neste plano há mais de 300 anos, tenho muitas imperfeições, mas procuro ajudar os irmãozinhos encarnados.

Retrucamos, então:

–– Se está há tanto tempo aí, e com imperfeições, por que não reencarna?...

A seguir, ele (não sei se o Espírito ou o médium) mostrou-se desconcertado, hesitante, sem graça; tropeçou nas palavras e não trouxe nenhum ensinamento novo, somente frases – feitas...

Ou seja, determinados livros mediúnicos estão afastando cada vez mais as pessoas da Doutrina dos Espíritos, pois algumas excrescências doutrinárias são tidas como verdadeira Doutrina... As chamadas "colônias espirituais" são de existência questionável.

Há uma grande falha em nosso movimento espírita ao admitir que fiquemos, quase enclausurados em "colônias espirituais", a receber conselhos de Espíritos, como se aí estivéssemos encarnados, como naquelas imagens de DORÉ sobre a Divina Comédia de DANTE... Até um tal "vale dos suicidas" é creditado como verdadeira Doutrina dos Espíritos!... Contudo, nas obras de KARDEC não há a menor referência nem às colônias espirituais nem ao vale dos suicidas. Seria uma omissão imperdoável da Espiritualidade Superior!

Acreditamos em que, ao desencarnarmos, a nova vida é eminentemente espiritual, nada de mundos especiais, "cópias aperfeiçoadas dos objetos da Terra", como dizem alguns confrades. O mundo da erraticidade é um mundo de reflexão em que nos preparamos para uma nova encarnação, mas essa preparação não tem nada de material.

Alguns argumentam que aqueles Espíritos mais terra-a-terra não conseguiriam viver sem a matéria !!! Ora, se não conseguirem viver sem a matéria, ao desencarnarem não sairão daqui do orbe terrestre, é o que se infere do início da resposta à questão 232 de O Livro dos Espíritos, isto é:

"(...) Quando o Espírito deixou o corpo ainda não está completamente desligado da matéria e PERTENCE ao mundo em que viveu ou um mundo do mesmo grau(...)"– o destaque é nosso.

Espíritos superiores não podem reencarnar-se?

Nunca devemos esquecer-nos de que estamos rodeados de espíritos desencarnados, errantes, e são eles que nos dão boas ou más inspirações. Embora aqui na Terra predominem os maus espíritos, temos também Espíritos Superiores, em menor número, é o caso dos Espíritos – Guias de cada um de nós...

A propósito, é um sofisma afirmar-se que um Espírito Superior teria dificuldade de vir à Terra e seria impossível, em determinado caso, a sua reencarnação terrena; pois, argumentam, o seu fluido é muito diáfano para suportar os fluidos terrenos. Ora, o perispírito é extraído do planeta em que o indivíduo está encarnado (cf. questão 94, op. cit.) ou situado; obviamente, há variações individuais, mas a sua constituição é sempre a mesma para cada orbe.

A Doutrina dos Espíritos é bem clara neste aspecto, ela nos diz em relação aos Espíritos Superiores, os de segunda ordem: "Quando, por exceção, se encarnam na Terra, é para cumprir uma missão de progresso e, então, nos oferece o tipo de perfeição a que a humanidade pode aspirar neste mundo."(cf. item 111, 'in fine', de O Livro dos Espíritos). Um exemplo maravilhoso deste caso foi a encarnação de JESUS (cf. questão 625 , op. cit.) e a este respeito disse KARDEC:

"Jesus é para o homem o tipo de perfeição moral a que pode aspirar a humanidade na Terra(...)" (cf. Comentário ab initio à questão 625, op. cit.).

Sabemos que o assunto é polêmico em relação a JESUS, pois alguns julgam-no um Espírito Puro, de primeira ordem e, por isso, não mais sujeito à encarnação. Mesmo admitindo que JESUS seja um Espírito Puro, qual a impossibilidade de sua encarnação ?... Em nosso modo de entender não há nenhuma impossibilidade, tanto assim que ele reencarnou de fato e há provas disso. Mas não entraremos nesta discussão, pois não é o escopo deste estudo.

Enfim, na erraticidade não existe céu, inferno nem purgatório, em lugares determinados; eles existem sim, na consciência individual. Muitas vezes esses Espíritos atraem-se por sintonia, mas, como Espíritos não são capazes de formar quadrilhas, como do Comando Vermelho, Terceiro Comando, aqui da Terra. São espíritos cujo "inferno" consiste – quando renitentes no mal –, em não poderem por em prática os seus maus pendores e isto está bem claro na resposta à questão 970, 'in fine', de O Livro dos Espíritos:

"Desejam todos os gozos e não podem satisfazê-los. É isso que os tortura".

Muitos confrades temem os obsessores numa reunião mediúnica, alegando até que alguns são chefes de falanges infernais!... Mais importante que doutrinar o obsessor (o que é mais fácil) é levar o obsidiado a desprender-se da sintonia que o liga ao seu algoz, pois afinal de contas ambos são algozes - vítimas.

Epílogo

O Céu, o Inferno, o Purgatório, as Colônias espirituais, são fantasias espirituais sem nenhuma sustentação científico – doutrinária, são elucubrações místicas de Espíritos ainda apegados à matéria e de algumas pessoas simplórias que não conseguem conceber o mundo espiritual sem materialidade.

Ao desencarnarmos na Terra, um planeta inferior, por melhores que sejamos não atingiremos , imediatamente, a condição de Espíritos Puros e por mais obstinados que sejamos no mal, não ficaremos eternamente nessa condição de "legionários infernais", pois a Providência Divina nos dá o livre-arbítrio, propiciando-nos o arrependimento. A Lei Divina é Misericordiosa...

Iso Jorge Teixeira é Psiquiatra. Livre-Docente de Psicopatologia e Psiquiatria da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ).